Capítulo XXVIII

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A culpa pulsava em mim conforme a carruagem balançava. Aland estava me oferecendo a maior distância que podia, quase se esmagando contra a janela enquanto me levava de volta à Sírios para buscar uma égua que não tinha a ver com ele.

Harry, o meu coelho, se acomodou em meu colo parecendo inerte aos meus conflitos. Aland estava sendo um bom amigo, enquanto eu era tinha sido a amiga que disse que ele não era um monstro e tinha reagido exatamente como se ele fosse um.

Eu estava tão envergonhada que não sabia como remediar a situação, então, permaneci olhando para ele em busca de palavras úteis. Enquanto elas não apareciam, admirei o fato das roupas do homem mais desprezível do universo terem ficado perfeitas nele.

Seguindo o meu antigo conselho, as roupas escolhidas eram com gola alta, os sapatos eram completamente fechados e as luvas pretas nas mãos escondiam qualquer parte de escama que pudesse denunciar que ele era parte dragão.
Seus olhos já tinham voltado ao normal, e eu só percebi isso quando eles encontraram os meus.

— Podemos passar na cidade antes, Bella? Eu gostaria de ver como o povo está.

— Sim, claro. — voltei a encarar as minhas próprias mãos. — Será bom eles te conhecerem. Eles precisam de você.

Aland assentiu, parecendo determinado.

— O apoio dos servos do Castelo não é suficiente. A maioria são mulheres e idosos já fracos. Preciso montar a minha própria base de defesa de Dazzo para garantir que Arthur não retorne.

— Você irá conseguir, eu acredito nisso.

A carruagem parou. Aland respirou fundo.
Segurei o vestido para descer quando ele me parou.

— Você não vai, Bella.

— Como assim eu não vou?

— Não quero que esteja perto de mim se as pessoas reagirem mal.

— Eles não vão reagir mal, Aland...

— Não permita que ela saia da carruagem. — ele me interrompeu dando a ordem ao cocheiro, que imediatamente fechou a porta.

— Sim, senhor.

Tentei empurrar a porta, frustrada pelo cocheiro segurar do lado de fora, e planejei mil formas diferentes de bater em Aland quando ele retornasse. De certa forma, eu sabia que no fundo ele achava que estava fazendo aquilo para me proteger, mas era completamente ridículo.

Depois de sobreviver ao maldito do irmão dele, nada mais era capaz de atingir. Coloquei meu coelho de volta na gaiola.

— Alteza, por favor pare se não há de quebrar a porta... — ele começou a falar, até que arregalou os olhos. — Alteza!

Com o cobertor na mão para amaciar a queda, eu já tinha pulado a outra janela, ralado o joelho e corrido. Tentando limpar o suor da testa, o cocheiro veio atrás.

Parei quando vi uma multidão ao redor de um palanque.

— Eu preciso de homens, homens que liderem! — Aland disse, mantendo a postura firme. Senti orgulho dele. — Amigos fiéis que saibam pegar em espadas e que possam me acompanhar nessa jornada. Não os deixarei jamais retornar à escravidão. Cada homem receberá o justo pelo seu trabalho para
sustentar a sua família, sem medo. Por muito tempo, eu estive acorrentado, como vocês, mas agora nós somos livres. Vocês são livres. A escravidão acabou. O antigo reinado acabou.

Me preparei para bater palmas quando uma coisa inesperada aconteceu.

— Você é um bastardo! — uma mulher gritou.

Insensato AmorWhere stories live. Discover now