Insensato Amor

By andressarbs123

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Série irmãs Beaumont - Livro 3 Arabella é a filha mais nova das três princesas do reino de Beaumont, sendo co... More

Epígrafe
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capitulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLI
Capítulo XLII
Capitulo XLIII
Epílogo
Agradecimentos
Spin-off?❤️

Capítulo XX

747 98 14
By andressarbs123


Nada era tão vazio quanto participar de uma loucura criada na mente de um louco. Depois de alguns dias, você começa a acreditar na realidade que ele inventou, e duvida daquilo que acreditava.

Uma semana se passou desde que eu me tornei a noiva do Príncipe Arthur. Uma semana sem notícias da minha mãe, ou da minha família. A pior semana que já tive na vida. Eu andava pelo Palácio como as plantas que habitavam nos jardins.

Sem vida.

Ele me obrigava a passear com ele todos os dias, e a tocar piano para que ele ouvisse todas as noites. Tinha sido trocada para um quarto maior, com um guarda roupas gigante e os mais luxuosos vestidos disponíveis, comprados a preço de sangue escravo.

Foi o que eu descobri, após conversar todas as noites escondido com Abigail, a serva que, agora, tinha me revelado o seu nome. Ela me contou que era o antigo nome dela, até que ela apanhasse e reconhecesse que não era ninguém e não possuía identidade, se tornando mais uma escrava do reino.

Quando a perguntei sobre o motivo de ninguém de fora saber o que acontecia aqui, ela me revelou que, quem entrasse em Dazzo, não saía. O cocheiro tinha desviado a estrada que levava ao porto, e, pela chuva, escolheu cortar caminho pela cidade. Arthur fazia ronda todas as noites com os carrascos para capturar os forasteiros que pudessem se tornar uma possível ameaça.

Eu me permitia chorar em silêncio, todas as noites, agarrada com Harry — o coelho —, enquanto pensava no homem. A cabana e o sorriso de Harry parecia ter sido uma ilusão cada vez mais distante, a cada dia que passava, como se nunca tivesse acontecido. Um sonho bom, com risadas, provocações e simplicidade.
Aqui, eu tinha tudo, e ao mesmo tempo, não tinha nada.

As comidas sofistificadas se tornavam podres ao paladar. A banheira cravada com detalhes de ouro parecia dura e fria, e os vestidos e jóias novas que me eram dadas de presente todas as manhãs pesavam o meu corpo como um fardo que eu não era mais capaz de suportar.

A tatuagem dourada em meu pulso não desapareceu, nem a sensação de estar ligada a Harry, de alguma forma, em meu interior. Quando eu não tinha pesadelos com Arthur, Harry me encontrava, em um sonho envolto por nuvens espessas.

Era sempre o mesmo padrão. Ele gritava, machucado, e perguntava onde eu estava. Eu gritava, sem voz, e nunca conseguia responder. Por mais que parecesse cada dia mais real, eu sabia que não passavam de sonhos.

Eu não sabia se era pior sonhar e ainda ter um pouco dele todas as noites, ou se era mais confortável esquecê-lo, de uma vez por todas, assim como eu imaginava que ele tivesse me esquecido.

Acordar sentindo uma dor que parecia multiplicada só não era pior do que ser beijada pelo Príncipe, um costume que ele havia adquirido a dois dias. Era sempre forçado, e machucava o meu braço, sempre que ele me puxava. Todas as vezes, como agora, eu tentava não cuspir.

— Sorria quando eu te beijo! — ele me deu um tapa na cara, fazendo o meu rosto arder. Tremi, em estado de choque.

Era a primeira vez que ele me batia.

— Me perdoe.

O rosto dele estava enfurecido.

— Eu não estou feliz com as suas atitudes, Arabella. — ele puxou um papel de dentro do casaco. — Olha o que eu encontrei. Isso é uma carta, e está escrito com a sua letra.

— Não sei o que é isso.

— Não minta para mim! — ele gritou, fechando os punhos. — Achou que os meus servos não encontrariam? Você tentou escrever para a sua mãe. Está tentando fugir de mim!

— Eu só queria saber onde ela estava. Não queria fugir. Você será o meu marido, não gostaria de estar em qualquer outro lugar que não seja ao seu lado.

Mudando drasticamente de expressão, ele sorriu. Eu tinha aprendido a mentir. Qualquer coisa que eu dissesse sempre parecia agradá-lo.

— Você me ama, não ama, Arabella? — ele se aproximou, cheirando o meu pescoço. Engoli a vontade de chorar.

— Sim, eu amo.

— Me perdoe, querida. Nunca mais irei te bater. Eu só estava estressado. Compreendi mal a sua intenção. É claro que está com saudade de sua mãe, você deseja ter uma família. Não sentirá mais falta deles quando tivermos os nossos filhos.

Estremeci, tentando empurrar o medo que me consumia todas as noites de que ele tentasse me tocar. Todas as vezes que ele tentava evoluir os beijos, eu pedia que esperássemos até o casamento, e essa era a única coisa que o impedia.

— Sim, é exatamente isso. — respondi, vendo a máscara dele torta. Ele a consertou.

— Logo estaremos unidos para sempre, meu amor. Até que a morte nos separe. — ele acariciou a minha bochecha com o polegar. — Por enquanto, precisamos aguardar. Precisarei fazer uma viagem de urgência, volto em três dias.

Meus olhos se abriram, em esperança. Talvez fora das muralhas fosse mais fácil fugir.

— Posso acompanhá-lo?

Ele sorriu.

— Não. Sei que irá sentir a minha falta, mas passará mais rápido do que imagina.

Assenti, recebendo outro beijo forçado, que embrulhou o meu estômago. Quando voltei ao meu quarto, vomitei e lavei a boca até sentir que não havia mais uma única maldita saliva dele em mim. Abigail apareceu, minutos depois, e ajudou a segurar o meu cabelo.

— Ele vai viajar. É uma boa chance.

Olhei para ela, sentindo o meu corpo fraco, e concordei com a cabeça.

— Temos três dias para ir embora daqui.



— Bella? Bella, onde você está? — era a voz de Harry. As nuvens estavam maiores, e eu só conseguia ver parte do seu cabelo.

— Eu estou aqui! — consegui, finalmente, dizer.

As nuvens começaram a se dissipar. Os olhos dele me encontraram, e com fervor, ele correu em minha direção e me tomou nos braços, me girando. De alguma forma, eu conseguia sentir o seu perfume. Era o mesmo cheiro de sândalo, âmbar e couro. O abracei de forma com mais força, sentindo as lágrimas descerem.

— Isso parece tão real.

— É real, Bella. — ele desfez o abraço, tocando em meu rosto. — Eu acredito que é real. Não sei explicar como, mas tenho dormido mais que o necessário na esperança de te encontrar nesses sonhos. Você me chama todas as noites e eu tenho viajado como um louco tentando te achar. Ninguém sabe para onde você foi.

— Você... está me procurando? — senti meu peito se apertar. — Isso não faz sentido. Você disse que não me queria. Que não podia ser o meu marido.

— Como eu poderia não te querer? Eu te desejo desde o dia em que derrubou o sapato em mim naquela bendita árvore!

— Do que... — senti as lágrimas descerem. — ... do que está falando?

— Vou tentar falar tudo de uma vez antes que esse sonho maluco acabe. — ele prosseguiu, me olhando de forma ardente. — Tentei não te olhar no casamento e nem isso consegui. A beijei como gostaria de ter te beijado e me torturei para não tocá-la novamente. Tentei ser um imbecil para afastá-la, mas não suportava vê-la magoada. Eu senti... senti que estava traindo a memória de Jenny por amar tanto assim outra mulher que não fosse ela. Eu achava que já tinha sentido algo forte antes, até você chegar. Quando me perguntou aquele dia o que era amor, foi como se eu tivesse sido lançado a pedras. Só consegui pensar em você.

— O que disse? — senti minhas pernas fracas.

— Eu te deixei ir porque eu te amo, Arabella! — ele me tomou para si. — A amo tanto que não me achei digno de te merecer. Eu ainda sinto o seu cheiro pela casa. Guardo as flores que você espalhou por cada cômodo e não consigo mais dormir na cama sem ter você comigo. Quase coloquei fogo na cabana. Estou enlouquecendo sem você.

— Harry...

— Você disse que o beijo não tinha significado nada, e me agradeceu quando eu perguntei se você queria ir embora. Sei que não sente o mesmo, e tem razão. Não sou digno de você, fui um completo covarde, e por isso peço perdão. — seus lábios roçaram nos meus. — Não consegui não te amar. Pensava que não podia carregar esse sentimento porque se eu te perdesse, não suportaria, e eu tinha razão. Não suportei quando te perdi, Bella.

O beijei, sentindo uma lágrima descer junto ao beijo. Foi um beijo terno e doce, como se eu tivesse voltado para casa e sido plantada de volta ao jardim do qual tinha sido arrancada. Harry colocou a mão entre o meu cabelo e me puxou mais para si, demorando mais no beijo que parecia ser especial demais para ser interrompido.

— Eu te agradeci porque pensei que era o que você quisesse ouvir. Oh Harry, você não me perdeu. — respondi em seus lábios, vendo ele sorrir por inteiro, até com os olhos. Era a primeira vez que eu conhecia aquele sorriso. Era sincero, luminoso e sensual, ao mesmo tempo.

Ver Harry sorrir era gostoso como tocar em um tecido aveludado enquanto uma brisa fresca passa pelo pescoço, quase como uma carícia.

— Eu nunca mais a deixarei ir. Me perdoe, meu bem.

Dessa vez, o beijo foi intenso, poderoso e determinado. Deixei que a escuridão fosse levada embora de dentro de mim, e que o alvorecer entrasse enquanto ele me tomava nos braços. Estávamos ligados. Ele era meu, por inteiro, e me amava, assim como eu era dele.

Senti que nunca mais queria acordar.

Harry me beijou até que eu sentisse as minhas costas escoradas em uma árvore. Não havia mais nuvens escuras. Um campo florido com rosas das mais diversas cores apareceu ao nosso redor, e ele me olhou intensamente, como se não houvesse nada que tão belo que pudesse desviar os olhos dele dos meus.

Ele afastou uma mecha do meu cabelo, e mudou a expressão ao olhar para o lado esquerdo do meu rosto.

— Você está machucada. O que foi isso, Bella? Onde você está?

— Eu não quero pensar sobre isso. — senti uma lágrima descer. — Não quero acordar e ter esperanças. Você não é real.

— Me diga onde está, e eu irei te buscar. Não importa se isso é um sonho ou não, eu irei até o fim dos reinos atrás de você.

As rosas começaram a murchar, rapidamente. As nuvens espessas voltaram e eu senti o corpo de Harry ser afastado do meu.

— Arabella? — uma voz alta feminina ecoou no sonho, fazendo o chão tremer em consonância com uma forte ventania.

— Harry! — gritei, sentindo o medo me invadir.

— Bella! — o grito dele saiu abafado.

— Dazzo! Eu estou em Dazzo, no Palácio! — tentei gritar, mas não consegui mais enxergá-lo.

A luz se dissipou, e a escuridão me engoliu.

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