Insensato Amor

By andressarbs123

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Série irmãs Beaumont - Livro 3 Arabella é a filha mais nova das três princesas do reino de Beaumont, sendo co... More

Epígrafe
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capitulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLI
Capítulo XLII
Capitulo XLIII
Epílogo
Agradecimentos
Spin-off?❤️

Capítulo XII

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By andressarbs123


Ignorei Harry por dois dias inteiros, e rasguei todas as cartas que ele deixava. Havíamos voltado ao ponto inicial. Eu sabia que estava agindo de forma irracional, mas não conseguia controlar as minhas emoções. Descobri, dessa forma, que além de não saber mentir, eu também não sabia fingir que estava bem, quando não estava.

Aquelas palavras haviam me magoado. Eu nunca pensei que ele havia me enxergado como uma corrente da qual ele estava ansioso para se livrar, já que ninguém era capaz de prendê-lo. Eu nunca fui dele para que ele ousasse dizer que não me queria, em primeiro lugar!

Exasperada, tentei puxar o galho com o máximo de esforço que eu conseguia para colher a única maçã que tinha no pé. Eu estava com fome, e não estava com disposição para andar até o vilarejo, vender mais alguma coisa e tentar conseguir dinheiro para procurar comida. Parecia trabalhoso demais.

Pedir a ele não era uma opção. Eu ainda tinha o meu orgulho.

Tudo que eu queria, agora, era essa infeliz e inalcançável maçã!

— Eu pego para você. — Harry apareceu em minha frente, com a camisa molhada, como se tivesse acabado de voltar de um banho no rio. Ele levantou o braço sem esforço algum e arrancou a maçã do pé.

A minha maçã!

Ele a estendeu, tentando me olhar nos olhos.

Peguei a fruta e a arremessei longe, saindo de perto dele. Eu estava com raiva de tudo, inclusive da natureza, que havia desperdiçado uma quantidade absurda de beleza viril naquele homem indigno.

— Não vá por aí!

— Eu vou por onde eu quiser!

— Cuidado com...

Senti meus pés escorregarem. Meu corpo foi direto ao chão, em uma poça.

— ... a lama. — ele completou, pressionando os lábios para não dar risada. — Eu tentei avisar.

Grunhi, sentindo nojo ao olhar para o meu próprio corpo coberto de terra molhada e algo a mais que fedia.

— O que é isso? — minha voz saiu, quase chorosa.

— Eu acabei de dar banho em bella aí. — Harry coçou a nuca. — Não queira saber o que é, meu bem.

Me levantei devagar, tentando sugar o que restava da minha dignidade. Nenhuma dama deveria ser submetida a tamanha vergonha.

— Não me chame de meu bem! — empinei o queixo, segurando com vigor a saia do vestido creme, que agora, estava marrom.

— Bella, isso já está ficando ridículo! Nós dois já devíamos ter passado dessa maldita fase!

— Não há como passar da maldita fase se o senhor não deixa de agir como um canalha! — saí da poça e o empurrei, ciente de que estava sujando a camisa limpa dele com as mãos. — Isso era um acordo! Tudo estava bem esclarecido e o senhor, mais do que ninguém, deixou bem claro que eu não era a sua esposa! Não existe um mundo em que você decida que não me quer, porque adivinhe, falso Duque? Eu não te quero!

— Tem razão.

Abri a boca para gritar quando percebi que ele não havia refutado o meu argumento. Ele se ajoelhou em meio ao mato pedregoso, colocando a mão no peito.

— Não importa que eu refute que não tive a intenção de dizer aquilo, foi grosseiro e arrogante. Não posso imaginar como se sentiu ao escutar aquilo. Estou profundamente envergonhado. Imploro que me perdoe.

— Eu realmente tenho! — engoli a minha fúria, abalada por vê-lo tão arrependido.

Me senti desarmada. Era o mínimo que ele podia fazer, mas ainda assim, eu não esperava que ele se ajoelhasse.

— Não posso continuar te prendendo em meus problemas. — ele olhou para baixo, se levantando devagar. — Isso já foi longe demais. Não irei mais atrás do meu ducado, entraremos com o pedido da anulação e você poderá ir embora.

Senti a tensão do meu corpo ir embora. Esse era um acordo bem diferente. Um em que ele não ganhava nada.

— Tudo bem. — assenti, sentindo os outros problemas invadirem a minha mente. — E quanto à minha família?

— Darei a entrada do pedido de anulação quando a sua irmã e o seu cunhado voltarem, como eu havia dito. Se isso não acontecer, veremos depois o que fazemos. Podemos, por favor, voltar a nos comunicar normalmente, agora? Estou sentindo falta da sua companhia. Trouxe mais frutas para você, estão na cozinha.

Assenti, tentando não guardar a parte em que ele disse que tinha sentido a minha falta, e voltei ao lado dele para a cabana.


Terminei de costurar os meus vestidos, me sentindo muito mais confortável ao vestir roupas mais simples e, principalmente, limpas, quando vi Harry cortar troncos e capinar o mato ao redor da cabana o dia inteiro. Quando anoiteceu, ele chamou para comer algo do lado de fora.

— Podermos ir comer na taverna amanhã? Estou com um pouco de dor de cabeça.

— Não vamos sair, Bella, vem. — ele me puxou pela mão, me causando a boa sensação novamente que eu tentava reprimir a todo custo.

Quando saí da cabana, havia uma fogueira na frente e dois troncos cortados, servindo como bancos para sentar. Um grande pedaço de carne assava no fogo, preso em um galho que estava apoiado em duas pedras.

— Essa comida não tem como dar errado hoje. — ele sorriu, me apontando o tronco para que eu me sentasse. Correndo de volta até a cabana, ele me trouxe uma coberta e colocou em meus ombros.

Vi a testa dele suar. Ele havia se esforçado.
Senti a culpa me atingir.

— Harry, não precisa fazer isso. Tem algo que eu não te contei.

— Pode me contar depois, esse pedaço de carne já está bom. — ele se agachou e começou a tirar uma das finas estacas de madeira do fogo.

— A culpa é minha pelo Rei ter descoberto que o casamento não foi consumado. — soltei de uma vez, temendo não ter coragem para contar se demorasse mais.

Harry deixou a carne onde estava.

— Como isso pode ter sido culpa sua, Bella?

— Uma moça apareceu aqui na cabana quando você não estava e eu a ofereci um chá.

— Desde quando sabe fazer chá?

— Desde sempre!

— E por que nunca fez um para mim?

— Harry!

— Tudo bem, pode continuar a história.

— Enfim... — tentei voltar ao ponto em que eu estava. — ... ela apareceu e viu que seus lençóis estavam no chão na sala. Então ela perguntou se não dormíamos juntos.

— E, claramente, você respondeu que dormíamos.

— Essa é a questão. — franci o cenho. — Eu não sei mentir.

Ele suspirou.

— Bella!

— Como eu podia saber que ele trabalhava do Palácio do Rei? Eu não fiz de propósito. Além do mais, se ela tivesse ido na vila iria descobrir que você até finge que nem casado é!

— Não vamos retornar a discussões antigas. — ele terminou de retirar o pedaço de carne, soprou, colocou em um prato e me estendeu. — Não importa mais.

— Vai mesmo desistir de ter suas terras de volta? — apoiei o prato no colo, esperando que a carne esfriasse um pouco.

Agora, pensando em manter vivo o reino de meu pai, comecei a pensar que o ducado de Harry poderia ter mais significado para ele do que eu tinha considerado.

— Eram dos seus pais. — completei, vendo ele olhar para o fogo.

— Não há como eu recuperar.

— Podemos convencê-lo de que o casamento foi consumado.

— Ele não vai acreditar mais, Bella, além disso, já prolongamos essa história por muito tempo. Estou atrasando a sua vida. Sei que sonha em ter um casamento real. Você merece isso. — seus olhos encontraram os meus. — Só peço que repense quanto ao se casar com o príncipe Arthur. Por favor, pense em você, em primeiro lugar, pelo menos uma vez na vida.

— Tudo bem. — voltei a olhar para o meu prato. — Eu vou pensar.

O cantar dos grilos envolveu o ambiente. Levei o garfo à boca, percebendo que foram raras as vezes em que eu comi uma carne tão saborosa. Eu nunca havia ficado em frente à uma fogueira antes, durante a noite, e também nunca tinha visto tantas estrelas juntas em um pequeno espaço de céu que não estava coberto pelas árvores.

— Há quanto tempo mora aqui? — perguntei, tentando não reparar em como Harry era capaz de ficar bonito mesmo usando uma camisa velha e uma calça folgada.

— Dois anos.

— Dois anos? — o olhei, incrédula. — Como conseguiu enganar os outros reinos? Como a minha mãe não ficou sabendo que perdeu tudo que tinha?

— O que acontece em Sírios fica em Sírios. — ele me olhou de volta. — É o legado que o meu padrinho se esforça para cumprir.

— Como você aprendeu a viver assim?

— Assim como?

— Assim. — estendi um braço. — Digo, você possuía a vida de um Duque.

— Nunca me importei muito com luxo, Bella. — ele parou de comer, colocando o prato ao chão. — Quando eu era pequeno, o meu pai me ensinou a caçar. Passávamos dias na floresta até voltar ao Palácio. — ele olhou para o fogo. — Ele costumava dizer que não queria que eu ficasse mimado demais e que iria me ensinar a ser forte.

— Sente falta dele.

Ele olhou para o fogo, sem responder. Ele não concordou nem discordou. Suas feições eram fortes e rígidas, como se ele fosse esculpido em granito.

Senti minha garganta coçar. Eu queria perguntar. Queria saber sobre o passado dele. Sobre a relação com os pais. Sobre a mulher que ele amou. Sobre como ele acabou perdendo tudo em apostas. A curiosidade me corroía.

O silêncio permaneceu. Percebi que não deveria perguntar. Harry era, ao mesmo tempo, o humor e a tragédia, andando lado a lado. A muralha que ele havia criado para que ninguém o conhecesse era alta demais.

Guardava tudo para si, mesmo sem ter mais espaço para acumular tanta bagagem. Ele parecia ter extraído o próprio coração e o enterrado em um buraco escuro, frio e vazio.

Eu não podia julgá-lo. Não sabia como era viver tão sozinha assim, por tanto tempo.
Me levantei, segurando firme a coberta ao corpo.

— Já vai dormir?

— Não. — olhei para trás, respondendo. — Está frio. Irei te preparar o chá.


Naquela noite, eu e Harry tomamos chá e jogamos um jogo que ele havia criado, que tinha por objetivo adivinhar qual era o animal pelo tom sonoro. Demos boas risadas durante a noite enquanto descobrimos que éramos péssimos imitando sons selvagens e, quando a lua subiu ao céu, entramos para dormir.

O chão da cabana estava tão frio que era possível sentir o ar gélido nos pés mesmo com sapatos. Então, sem tentar pensar muito no assunto, disse para dormirmos juntos.

Me arrependi no exato momento em que ele deitou na cama. Com medo de que, quando eu acordasse, eu estivesse abraçado à ele novamente, demorei a dormir.

A lareira da sala que iluminava o quarto se apagou. Tentei acordar Harry, mas ele não se moveu. Me levantei devagar, sentindo o frio me envolver ao sair debaixo dos lençóis, e andei arrepiada pelo vento até a sala na escuridão. Uma risada fez o chão tremer.

— Arabella? Onde está, querida sobrinha? — a voz de Oliver ecoou pelas paredes. Comecei a chorar. Ele não podia estar aqui.

— Eu estou em um pesadelo. — abracei meu próprio corpo, vendo velas serem acesas e o chão se transformar em uma imensa escadaria e as paredes se transformarem no Palácio de Beaumont. — Não, de novo não!

— Arabella! — ele chamou de novo, até segurar meu braço com força. — Te peguei!

— Me solte! — tentei me puxar, inutilmente. Cecília e Apolo apareceram na porta do Salão, tentando entender o que estava acontecendo.

— Sabe o que você é para mim, querida? — ele sussurrou baixo em meu ouvido, deixando uma baba nojenta escorrer. Senti outra lágrima descer. — Nada. Herdou apenas a beleza da sua mãe, mas não tem a coragem dela. É inútil e fraca. Como um rato.

— Vi, porque está desse jeito? — a voz de Cecília ecoou. — Bella não está aqui. Foi Arabella?

— Ceci! — grito, tentando fazê-la me ver. Seus olhos azuis se abrem, em choque, ao mesmo tempo em que Niklaus coloca uma faca em seu pescoço e dois outros homens seguram Apolo.

— O que está acontecendo aqui? Solte-a! Tio Oli! Faça alguma coisa.

— Já estou fazendo, minha querida. — ele responde, apertando meu braço com ainda mais força. Doía tanto quanto a minha alma.

— Eu... eu não estou entendendo... — Cecília nos encarou, perdida. — ...o senhor disse que minha irmã tinha morrido...

— Foi ele, Ceci! — consigo gritar, sentindo a dor do meu corpo ser arrastado pelos infinitos degraus da escada.

— Bom, uma morreu agora.

— Bella! — um grito me despertou. Abri os olhos, ofegante, encontrando o corpo de Harry em cima do meu enquanto os seus olhos me encaravam em completo desespero. Ele soltou a respiração, em alívio. Meu peito doía.

Senti o travesseiro molhado.

— Você já acordou, meu bem. — ele me abraçou forte, enquanto eu apoiei minha cabeça em seu peito. Meu corpo ainda tremia.
— Shhh! Foi só um pesadelo.

Me senti completamente envergonhada.

— Eu...

— Não se precisa explicar, só tente dormir de novo. — ele beijou a minha cabeça. — Eu estou aqui.

Não tentei discutir. Meu maldito e falecido tio tinha razão. Eu era fraca. Tão fraca que não acreditava ser possível ainda ter o mesmo pesadelo, mesmo após os anos que passaram. A lembrança continuava viva, aguda e dolorosa como uma flecha com a ponta envenenada.

Fechei os olhos e tentei me aquecer com o calor de Harry, mesmo sabendo que só seria dessa vez.


Para a paz da Arabella interior que gritava de vergonha pelo que aconteceu durante a madrugada, quando acordei, Harry não estava em casa.

Então, tentando esquecer, peguei uma muda de roupas e fui até o rio, tomar um banho que me despertasse o suficiente.

No caminho de volta, um barulho de algo se movendo entre as flores me fez pular de susto. Me aproximei, com medo de que os efeitos sonoros da noite anterior houvesse, realmente, atraído animais, e sorri ao ver um pequeno coelhinho filhote de pêlo branco e castanho.

Me aproximei com calma, para não assustá-lo, percebendo que ele seria uma presa fácil na floresta. Parecendo corajoso demais para a idade, o coelhinho pulou em minha direção, erguendo as orelhinhas. O peguei no colo e voltei à cabana.

Ao fim da tarde, Harry entrou na cabana com os braços vermelhos e o corpo suado. Ele colocou uma sopa na mesa, dizendo que Tiana havia mandado para comermos.

— O que foi fazer na taverna? — perguntei, pegando os pratos e resolvendo fingir que a noite anterior nunca aconteceu.

— Eu faço alguns trabalhos por lá, de vez em quando. — ele foi até a pia e lavou as mãos com a água do balde. — Fui buscar bebidas no armazém com Jacob.

— Se for voltar à vila amanhã, pode me trazer cenouras?

— Cenouras? — ele ergueu as sobrancelhas. — Claro. Não sabia que gostava de cenouras.

— Não gosto. É para o Harry.

— Eu não gosto de cenouras, meu bem.

— Não estou falando de você. — fui até o quarto e trouxe o coelhinho no colo. — Estou falando desse Harry.

Os olhos azuis dele se abriram em choque.

— Pelos reinos, onde arranjou esse animal?

— Na floresta! — sorri, beijando o meu coelhinho.

— Você deu meu nome para um coelho imbecil? — vi sua expressão humorada ser substituída por raiva.

— Não o insulte! — coloquei as mãos sobre as orelhinhas dele. — Além do mais, nada mais justo, já que você deu o meu nome para a sua égua.

— Encontrasse outro cavalo para dar o troco!

— Por que está se sentindo tão atacado, querido? É só um nome, claramente vocês dois não possuem nenhuma característica em comum. Ele é fofo.

— Exatamente! Meu nome é viril demais para ser usado em um animal... fofo! Vou voltar ao trabalho.

Sorri, me divertindo por irritá-lo. Era disso que eu precisava para parar de pensar no cheiro e no abraço dele na cama.

— Não vai comer aqui? — fingi surpresa.

— Não. — ele saiu irritado. Soltei a risada que segurava.

— Não esqueça as cenouras!

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