Insensato Amor

By andressarbs123

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Série irmãs Beaumont - Livro 3 Arabella é a filha mais nova das três princesas do reino de Beaumont, sendo co... More

Epígrafe
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capitulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLI
Capítulo XLII
Capitulo XLIII
Epílogo
Agradecimentos
Spin-off?❤️

Capítulo IX

801 124 16
By andressarbs123


Desde pequena, eu possuía a capacidade de esperar demais das pessoas. Não era um hábito saudável, eu sabia, até porque, depois de tudo que já havia passado, eu já havia aprendido que ninguém é como a gente espera. Olhando para Harry, eu percebi que tinha caído na mesma utopia.

— Como? Como foi capaz de perder o único dinheiro que possuía?

— Eu fiz uma aposta...

Comecei a sair, recolhendo minha caixa de costura da sala.

— Bella, me escute.

— Não quero escutá-lo.

— Era uma boa aposta. Eu estava tentando conseguir todo o dinheiro para que não fosse preciso ir ao Castelo fazê-la se forçar a fingir uma relação de mentira.

— Qual é a próxima coisa que irá apostar? — o encarei, decepcionada. — A cabana? A mim?

— Eu jamais faria isso, Bella.

— Bom, não tem como eu saber, não é mesmo? — segurei a porta do quarto. — Peço licença, irei dormir, boa noite.

Ele segurou a porta antes que eu fechasse.

— Eu durmo aqui agora.

— Pois bem, dormirei na sala, então. — peguei todas as minhas cobertas da cama e levei à frente da lareira. Harry abaixou a cabeça e, tentando se manter nas próprias pernas, cambaleou até o colchão vazio.

Soprei minhas mãos, tentando aquecê-las antes de colocar luvas. Meu corpo demorou a se acostumar com o chão duro, mas, a minha mente logo cedeu, implorando por descanso.


Acordei de um sono bom e profundo, sentindo o meu corpo relaxado e aquecido. Cogitei sobre o porquê do chão estar tão macio quando percebi que, na verdade, eu estava na cama. Me levantei confusa, até perceber que Harry deveria ter me colocado no quarto durante a madrugada.

Havia uma carta ao lado da cama.

Sei que sou um péssimo homem, Bella, e lhe peço perdão por tudo que lhe fiz passar. A aposta foi uma atitude estúpida e desesperada que tive para libertá-la de mim, de uma vez por todas.

Pensei que pudéssemos ser amigos, mas percebi que não sou bom nisso também. Sei que é infeliz aqui, então cumprirei o seu pedido de deixá-la mais sozinha. Aparecerei apenas durante as noites, depois que estiver dormindo, para não incomodá-la, e voltarei a dormir na sala.

Tudo isso acabará logo, eu te prometo, e garanto que devolverei o seu dote de volta para que seja entregue ao seu futuro marido. Se precisar de qualquer coisa, me escreva e coloque debaixo do vaso de flores.

Harry.

Engoli em seco, ainda decepcionada. Dobrei a carta e coloquei em cima da cômoda, tentando não pensar sobre ela. Assim, permaneci durante a semana inteira.

Eu não podia pensar em Harry, porque isso significava admitir que a cabana parecia bem maior do que era sem a presença dele.

Passamos a nos comunicamos por cartas. Eu escrevia para pedir lenha, quando acabava, e evitava sair no bosque nos dias em que ele ia cortar, já que, nessas ocasiões, ele não usava camisa.

A primeira vez que vi suas costas machucadas, com hematomas arroxeados, pensei no que ele tinha dito. O quanto ele tinha tentado ganhar a aposta para me deixar ir. De qualquer forma, não era um caminho pelo qual eu deveria
seguir. Ele não se preocupava comigo. Apenas queria voltar à vida que tinha.

Em uma manhã, quando alguém bateu na porta e eu abri, pensando que era ele, me surpreendi ao encontrar três pares de olhos brilhantes. Reconheci as meninas que Tiana ajudava.

— Princesa Arabella? — as três adolescentes perguntaram juntas, e se curvaram.

— Olá. — sorri, abrindo mais a porta. — Não precisam se curvar. Por favor, entrem.

— Não queremos dar trabalho. — a mais velha disse, segurando o braço da pequena que já tinha dado um passo à frente. — Só viemos te agradecer. Pelos vestidos.

— Não foi nada, eu tinha muito mais do que precisava. Por favor, entrem, não é incômodo algum.

As duas menores olharam para a mais velha, como se pedissem permissão. A maior suspirou, percebendo que seria falta de educação recusar.

— Tudo bem.

As três entraram, se sentando nas cadeiras ao redor da mesinha.

— Como vocês se chamam? — perguntei, enquanto ia para a cozinha e quebrava a cabeça pensando no que ofereceria a elas.

— Eu sou a Beth. — disse a menor, levantando os bracinhos magros.

— Eu sou a Marianne, e essa é a minha irmã Lizzie. — disse a mais velha, sorrindo em minha direção.

Comecei a suar frio. Não tinha nada a oferecer a elas além de frutas e chá, e eu ainda não cozinhava bem. Não era educado servir frutas e chá, e elas moravam longe. Deveriam estar com fome.

— Como a mãe de vocês está?

— Ela não se lembra mais da gente. — respondeu Beth, com olhos tristes. — Só às vezes.

— Deixamos uma vizinha com ela para virmos até aqui. — completou Marianne.

— Eu sinto muito. Não precisavam ter feito todo esse esforço, sei que a casa de vocês é longe.

— O que é isso? — Beth pegou para o pedaço de pano repleto de agulhas que eu havia deixado jogado em cima da mesa.

— Por enquanto, é apenas um pano, mas irá se tornar um vestido. — saí da cozinha. — Ficará igual a esse que estou usando, só terá uma faixa de outra cor.

— A senhora que fez esse? — Lizzie arregalou os olhos.

— Nós queríamos ter aprendido a costurar, mas nossa mãe sempre teve uma saúde frágil. Não conseguiu nos ensinar. — disse Marianne, com a voz desanimada.

— Vocês gostariam de aprender? — sorri, vendo as três se animarem.

Peguei todas as agulhas e panos que tinha e as entreguei, enquanto ensinava nó a nó. Com seus apenas sete anos, Beth era a que mais gostava de falar.

Ela me contou todas as aventuras que vivia e sobre como tinha que lidar com a mania das irmãs mais velhas. Concordei com ela em vários pontos, imaginando como seria divertido se Cecília e Violetta também estivessem aqui.

Lizzie era a que mais demonstrava habilidade e cuidado com as linhas. Quando ela terminou a saia de um vestido, as outras meninas abriram os olhos impressionadas pela rapidez. A porta da cabana abriu devagar enquanto dávamos risada e Harry entrou por ela.

— Senhoritas. — ele se curvou, fazendo as meninas corarem.

— Perdão, senhor, viemos à sua casa sem avisar... — Marianne começou a se desculpar, percebendo a bagunça que havíamos feito. Harry a interrompeu.

— Não se preocupem comigo. A casa é de Arabella. Por favor, fiquem à vontade. — ele saltou os panos que estavam no chão e colocou uma cesta na cozinha enquanto me olhava.

Após uma semana nos evitando, percebi que parecia ter uma década desde que ele me olhava daquela forma. Senti uma agulha perfurar de leve o meu dedo e voltei a olhar para o vestido que fazia, quebrando o contato visual. Sem dizer mais nada, ele saiu.

— O seu marido é muito bonito e educado. — disse Marianne, parecendo ainda estar constrangida por ele ter sorrido para ela. — Queria poder encontrar um como ele.

— Estão realmente apaixonados. Viu a forma como ele a olhou? — suspirou Beth, enquanto Lizzie permanecia concentrada em sua costura, totalmente alheia ao que tinha acontecido.

Sorri para elas, sem saber como responder.
Andei até a cozinha, pegando um lenço para apertar o dedo que tinha sangrado, e encarei a bela cesta. Quando a abri, meu coração se encheu ao ver os mais belos e cheirosos bolinhos recheados e tortas que eu podia servir. Era o lanche perfeito.

Montei a mais bela mesa de chá que consegui. Eu e as meninas comemos e sorrimos até que o horário do ápice do sol chegou e elas precisaram ir embora para prepararem comida para a mãe.

Entreguei todas as peças de costura que elas estavam fazendo, e ambas saíram felizes por terem aprendido algo que gostaram.

No horário do almoço, preparei o ensopado que Harry tinha me ensinado esperando que ele fosse aparecer. Cumprindo a promessa da carta de se afastar, ele não veio, e eu não pude agradecer pela cesta, então a ocasião passou.

Conforme os dias se seguiram, a cabana ficava ainda mais vazia, e tudo começou a ficar estranho. Era embaraçoso não saber onde ele estava.

Na semana seguinte, quando fui ao rio tomar banho, ele estava lá. Corri tanto que tropecei. Quando fui na taverna mostrar os vestidos que havia feito à Tiana, ele engasgou com a bebida que tomava e, quando saiu, derrubou um velhinho. Então, enquanto evitávamos um ao outro, eu procurei algo com que me ocupar.

Não saí mais nos fins de tarde, já que havia aprendido que a floresta não era um bom local para se andar durante a noite. Encontrei uma nova árvore de refúgio, com um bom e seguro galho para que eu me deitasse durante as manhãs e lesse os livros que havia trazido.

Eles já estavam acabando, mas quando terminassem, eu não me importava em ler as histórias de novo.

Procurei sementes na floresta e comecei a tentar plantar um jardim. Tiana me deu uma muda de rosas e eu as coloquei na terra que havia tentando preparar, mesmo possuindo o único conhecimento de observar o que os jardineiros faziam no Palácio. Comecei a regá-las todos os dias, mas elas começaram a morrer.

Quando alguns dias se passaram, outra carta de Harry apareceu debaixo do vaso.

O Rei solicitou a nossa visita hoje à noite. Haverá um baile. Passo para buscá-la quando o sol se pôr. Solicitei uma carruagem.

Harry.

Eu não sabia porque ele se identificava, já que todas as cartas que eu recebia eram dele. Isso fez com que eu me lembrasse da mãe e irmãs. Para onde elas estavam me mandando cartas? Será que o bebê de Cecília já havia nascido?
Qual endereço Harry havia dado a elas?

Certamente, não era o da cabana.

Me arrumei durante o dia inteiro, escolhendo o vestido que eu mais gostava para o baile da noite. Em sua dimensão, ele era volumoso. Possuía um decote quadrado, com rendas que se assemelhavam à uma folhagem na primavera.

As mangas alcançavam os cotovelos e terminavam com delicados babados brancos, que, de forma sutil, se escondia sobre o tom predominante verde menta.

Prendi duas mechas cacheadas frontais do cabelo para trás, e coloquei uma gargantilha de esmeraldas e ouro branco. A parte mais difícil de escolher fora o sapato. Se era um baile, eu provavelmente teria que dançar a noite inteira, então teria que ser algo confortável...

Interrompi meus pensamentos ao imaginar que eu teria que dançar com Harry. Não apenas dançar, mas agir como se fôssemos marido e mulher. Eu não sabia se estava, realmente, preparada para isso.

Ouvi as rodas da carruagem chegarem. Escolhi, às pressas, um sapato de cristais e saí da cabana, engolindo em seco ao ver Harry me esperar, na frente do cocheiro, com os braços para trás.

Ele estava... lindo.

Havia cortado um pouco o cabelo, que da altura dos ombros passou a alcançar o colarinho, que era reto e ia até a metade do pescoço. Seu corpo estava coberto por um casaco longo, bordado com linhas douradas, e uma fina camisa branca de linho se escondia por trás do tecido predominantemente preto.

Seus olhos me percorreram, da mesma forma. Sem saber como agir diante do olhar dele, entrei rápido na carruagem, sem dar a chance de que ele estendesse a mão para me ajudar a subir. Um breve momento depois, ele entrou e se sentou ao meu lado, em silêncio, até os cavalos começarem a andar.

— Nunca vi uma mulher tão bela quanto você nesta noite. — ele disse, baixo, fazendo meu corpo se arrepiar ao escutar novamente a voz dele. Eu não sabia que havia sentido falta disso também.

— Obrigada. O senhor também está...

— Parecendo um Duque? — ele completou a minha fala.

Sorrimos juntos.

— Bella, será uma noite longa, quando quiser ir embora, é só me dizer.

— Eu sei como funciona, devo confessar que estou até um pouco... animada. Gosto de festas.

— Fico feliz. Quando mandei a nossa carta, pedi que sua mãe e irmãs também fossem convidadas. Não sei se elas conseguiriam chegar a tempo. É um caminho muito longo.

— Muito obrigada.

— Eu imaginei que se sentiria mais confortável se elas estivessem lá.

— Sim, de fato. — voltei a olhar para as minhas mãos.

Outro silêncio se estendeu.

— Poderia me informar qual o endereço foi fornecido à minha família? Estive pensando se eles não enviaram cartas.

— Dei a localização de minha antiga moradia, o ducado, e deixei um antigo funcionário responsável pelas correspondências atento para caso chegasse algo. Nada chegou, sinto muito.

Assenti, um pouco decepcionada. Todos deviam estar muito ocupados.

Depois de mais um tempo de silêncio incômodo, a carruagem parou. Harry saiu primeiro e estendeu a mão para que eu descesse. Percebi que não havia mais como fugir. Devíamos entrar juntos, como um casal.

Coloquei a minha mão sob a dele, percebendo que a minha luva era fina demais. A mão dele estava quente. Desviei o olhar, tentando prestar atenção no castelo indescritível à minha frente.

O Palácio de Sírios possuía grandes colunas de pedra, com um enorme lago ao redor. Atravessamos a ponte, em uma fila de vários outros casais, e entramos no grande Salão iluminado. As janelas eram feitas de vitrais e as cortinas possuíam um tom de verde escuro, com o brasão de águia.

Apoiei meu braço ao de Harry e fechei os olhos, apreciando a sinfonia tocada puramente por piano e violino. Cada nota inundou os meus ouvidos me causando um grande prazer. Quando os abri, vi que os olhos azuis dele estavam fixos aos meus.

— Por que está me olhando assim? — perguntei, me sentindo constrangida.

— Não sabia que a música lhe causava um deleite tão considerável.

— É uma de minhas onze paixões. — admiti, observando dezenas de olhares em nossa direção.

— Onze? — ele ergueu as sobrancelhas. — Quais são as dez que faltam?

O ignorei e voltei a andar, sem respondê-lo.

— Não vai me responder?

— Não quero. — sorri por dentro. Não havia percebido que deixá-lo curioso me traria tão grande satisfação.

— Terei que descobrir uma por uma, então. Não será difícil, considerando que é bastante transparente quanto ao que sente.

Abri a boca para insultá-lo quando um homem baixo e, consideravelmente grande em largura apareceu em nossa frente. Ele possuía um grande bigode branco e usava roupas verdes cravadas com linhas de ouro. Em sua cabeça
careca, havia uma pesada coroa.

Me curvei junto com Harry, sentindo meu coração bater mais rápido.

— Vossa Majestade.

— Como os tempos lhe fizeram bem, Arabella. Recordo-me de quando ainda era uma garotinha. — o Rei Declan gargalhou, me causando uma grande surpresa ao me puxar para um abraço.

— O senhor me conheceu?

— Ora, eu era um grande amigo de seu pai, que Deus o tenha.

Sorri de volta, estranhando a expressão rígida de Harry.

— Como está, padrinho?

— Conversaremos mais tarde.

O Rei saiu.

Senti o braço do Duque tenso sob o casaco.

— Está tudo bem?

— Não precisa fazer isso, Bella.

— Isso o que? — o olhei confusa.

— Conversar comigo como antes, sei que a decepcionei.

— Sou boa em perdoar.

— Eu não sou.

— Deveria aprender. Descobrirá que é revigorante perdoar a si mesmo.

— Não se aplica ao meu caso. Não sou um bom homem.

— Bom, eu discordo. — segurei em sua mão. — Se apostar é o seu jeito de tentar lidar com as coisas, deve apenas aprender que há caminhos melhores.

— Não há caminhos melhores para alguém como eu.

— Sempre há. — olhei para a roda de dança, extasiada com os movimentos. Alguns passos eram diferentes do que aprendemos em Beaumont.

— Aí está. — ele sorriu, pela primeira vez na noite. — Sua outra paixão.

— Parabéns. — sorri de volta, observando os casais girarem em perfeita harmonia. — Eu amo dançar.

— Esta é uma paixão que não compartilhamos. — ele olhou fixo para a frente. — Requer muita exposição e um grande gosto à seguir às regras e aos passos estabelecidos.

Senti meu corpo murchar. Se eu não dançasse com ele, com quem mais dançaria?

— No entanto... — ele beijou a minha mão, me pegando de surpresa. — ...eu me submeto a este sacrifício se puder ver seus olhos brilharem outra vez.

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