Insensato Amor

By andressarbs123

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Série irmãs Beaumont - Livro 3 Arabella é a filha mais nova das três princesas do reino de Beaumont, sendo co... More

Epígrafe
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capitulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLI
Capítulo XLII
Capitulo XLIII
Epílogo
Agradecimentos
Spin-off?❤️

Capítulo III

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By andressarbs123


O dia estava bonito. Borboletas voavam pela minha janela enquanto o sol entrava em meu quarto. O vestido de noiva que me envolvia era bordado com flores e possuía o tecido mais fino e raro importado de Allis.

Meu cabelo estava solto, como eu sempre quis que estivesse, com os cachos ruivos soltos pelos ombros e a maquiagem estava leve, com pouco pó de arroz. Tudo parecia perfeito, mesmo não sendo.

Entrei na carruagem com minha mãe e minhas irmãs, observando o cocheiro sorrir como se aquele fosse o dia mais importante da minha vida. Suspirei, pensando que deveria ser.

O caminho até a igreja pareceu mais curto do que realmente era. A única exigência de Harry era que a cerimônia fosse realizada por um reverendo, na Catedral de Beaumont. Devia ter sido isso que atraíra a afeição de minha mãe. Ele devia ser religioso.

— Eu ainda posso fingir uma dor de barriga. Quando o cocheiro parar, você desce e foge. — Violetta sussurrou em meu ouvido enquanto nossa mãe olhava pela janela. Sorri pela primeira vez no dia.

— Eu estou bem, Vi. Não quero fugir. — sussurrei de volta.

Minha mãe tinha razão. Eu realmente não era como ela. Jamais teria a coragem de sair pelo mundo sem saber me virar.

— Mamãe te ama, Bella. — Cecília segurou minha mão, entrando na conversa com uma voz quase inaudível. Seu vestido rosa e branco estava lindo, digno de uma verdadeira rainha. — Ela não faria isso se não soubesse que você vai ficar bem.

— Eu sei. — engoli uma saliva.

— O que é que vocês três tanto cochicham? — mamãe disse, olhando para nós.

Seu cabelo ruivo preso carregava uma linda coroa de ouro e rubis, que se destacava no volumoso vestido azul, de babados branco e dourado.

Nós quatro rimos, percebendo o quanto ainda parecia vazio a nossa risada sem estar misturada com a de papai.

A carruagem parou. Mamãe abriu ainda mais a cortina da janela, revelando que havíamos chegado. Todo o povo de Beaumont parecia estar em volta da Catedral, gritando "Viva a princesa" em alegria e clima de festa.
O cocheiro abriu a porta e eu desci, engolindo em seco.

Os diamantes da minha diadema brilhavam tanto quanto a aurora. Andei até a porta da igreja, encontrando meu cunhado me esperando com um sorriso solícito no rosto.

Segurei nos braços de Apolo e as portas do salão do palácio foram abertas, revelando a decoração mais bela de todos os meus sonhos. As flores brancas, o tapete dourado, o som de violino... novamente, tudo estava perfeito, sem estar.

Quem eu queria enganar? Eu estava apavorada! Teria a minha primeira noite dali a poucas horas com um homem que só vi uma vez desde que éramos crianças. Como eu estava prestes a me casar com alguém que eu nem conhecia?

O meu chão ruía conforme eu chegava mais perto do altar, com os pés trêmulos. Apolo me lançou um olhar piedoso e colocou a mão por cima de meu braço, como uma espécie de consolo. Até meu cunhado parecia tentar pedir desculpas por eu ser obrigada a passar por aquela situação.

Toda a minha raiva cessou quando o olhei. Ele não tinha culpa. Não tinha culpa por ter se apaixonado por Cecília e por não ter nascido em uma nobreza estabelecida.

Olhei para Violetta e Christian, como padrinhos ao lado do reverendo, de mãos dadas. Vi usava um belo vestido lilás com pedras de cristais, mas o brilho dos seus olhos quando olhava para o marido superava qualquer pedraria.

Também tentei culpar os dois, mas não consegui. Não quando os olhos de minha irmã brilhavam como nunca haviam brilhado na vida ao lado de alguém. Era aquilo que eu queria viver. Um amor que refletisse externamente à minha alma.

Apolo me retirou de meu próprio martírio, entregando minha mão à do Duque.

— Estamos aqui hoje reunidos para unir dois corações. — o reverendo começou falar. — A Princesa Arabella Jane Louise Beaumont e o duque Harry August Sírios de Avondale firmarão um compromisso que durará por toda uma vida. O que Deus uniu o homem não pode separar...

Harry segurou a minha mão, me causando um choque pelo toque. Seus olhos azuis me invadiram com força, como se ele quisesse manter a atenção somente em mim. O medo, então, se transformou em algo diferente. Não consegui decifrar o que era.

— ...irão jurar solenemente perante todos os seus votos... — o reverendo continuava. Não consegui escutar.

— Sorria. — mamãe sussurrou atrás do Duque.

Olhei para o povo, que se apertava para conseguir assistir a cerimônia. Uma criança da vila pulava no fundo, com uma florzinha na mão.

Sentindo a ansiedade me consumir, eu sorri. Harry sorriu de volta. A diferença era que o sorriso dele parecia verdadeiro, e eu constatei que ele possuía o sorriso mais bonito que eu já havia visto em um homem.

O reverendo continuou a falar e, antes que eu entendesse o que estava acontecendo, os lábios do Duque encontraram os meus.

Não foi um simples beijo, tradicional e casto que se era esperado na cerimônia. Foi um beijo avassalador e urgente, que me fez ter sensações que eu nunca antes havia experimentado.

Quando abrimos os olhos, ofegantes, olhamos para a igreja e vimos os olhares assombrados de todos por um beijo tão impróprio ter sido dado publicamente.

No entanto, os segundos de assombro passaram e, para a minha surpresa, todos bateram palmas e gritaram alegres e felizes. Enquanto isso, as minhas pernas ainda estavam tentando associar o que havia acabado de acontecer.


Pétalas das mais diversas flores caíram sobre a minha cabeça conforme eu saía da Igreja com as mãos entrelaçadas ao meu marido, que puxava os meus dedos de forma solta, como se o incomodasse me tocar.

Harry estava diferente. Ele não havia me olhado uma única vez depois do beijo intenso que havia me dado na cerimônia.

A despedida de minha família foi, ao mesmo tempo, difícil e aliviante. Difícil porque eu sabia que, indo morar no reino mais distante de Beaumont, eu teria pouco contato com eles. Aliviante porque eu não precisaria mais da proteção de nenhum deles.

Eu havia julgado o Duque cedo demais. Éramos crianças e não sabíamos o que fazíamos. Talvez a minha mãe tivesse razão. Talvez eu começaria a amá-lo. Ele estava estranho agora, mas não teria me beijado com tanta vontade se não tivesse atração por mim, não era?

Tentei me agarrar a isso, até perceber que eu estava errada.

— Precisaremos parar em hospedagens ao longo do caminho, mas não se preocupe, estará bem acomodada em todas elas. Pegaremos uma embarcação em Allis. A viagem irá durar cerca de dezessete dias.

Foi a única coisa que ele me disse, durante o dia inteiro, além de perguntar a cada hora se eu estava com sede. Ele não havia gostado do beijo? Eu havia feito algo errado?

Assenti, sem vontade de dizer mais nada, e fingi dormir, até que o fingimento se tornou realidade. Acordei com um solavanco da carruagem. O cocheiro abriu a porta e vários homens nos escoltaram até a hospedaria.

Foi estranho escutar o Duque dizer que a reserva era para a noite com a esposa porque eu ainda não havia me acostumado com a expressão, mas não foi o pior. O pior foi ele pedir quartos separados.

Eu não sabia se me sentia aliviada ou rejeitada.
Todas as outras noites se seguiram da mesma forma. O nó em minha garganta aumentava a cada vez que eu pensava em questioná-lo o porquê dele querer se casar comigo se não precisava de dinheiro e não desejava fisicamente uma esposa.

Estávamos à beira mar, olhando para o navio em Áquiles quando o nó desceu.

— Por que? — engoli a saliva. Minhas mãos começaram a tremer enquanto o vento balançava o meu cabelo.

— Por que o que?

— Sabe o que estou perguntando. — continuei olhando para o mar.

Ele não disse nada.

— Porque quis se casar comigo? — insisti.

Recebi apenas silêncio.

— Não vai mais se dirigir a mim? Fez piada comigo quando nos vimos e não poupou palavras para me insultar, mas agora mal consegue me olhar?

— Quando chegarmos, irá entender.

— Tudo bem. — respirei com raiva, e me virei para sair. Ele segurou a minha mão.

— Bella, espere. — ele expirou lentamente. — Não tenho sido um bom parceiro de viagem, não é?

— Não, não tem. — soltei a minha mão da dele e voltei a andar até o meu quarto. Ele me seguiu.

— Há algo que eu possa fazer para lhe ajudar a passar o tempo?

Por um breve momento, a minha mente me traiu trazendo consigo a lembrança do beijo. A repreendi.

— Não desejo mais a sua companhia. — soltei, sentindo o meu estômago se revirar bruscamente. Quase caí para a frente, até que Harry segurou-me pelos braços.

— Você está se sentindo bem?

— Acho que estou... — segurei a ânsia de vômito. — ... enjoada pelo navio.

— Venha, sente-se aqui. — o Duque me guiou até a cama. — Irei pegar um pouco de água.

Assim, ele desapareceu do pequeno cômodo do navio. Me deitei, tentando respirar fundo conforme eu parecia sentir as ondas do mar se agitando dentro de mim. Eu nunca havia viajado em uma embarcação tão longa antes.

— Aqui está. — Harry se sentou ao meu lado e estendeu o copo de água, com o olhar preocupado. — Creio que apenas a água não resolverá. Devo distraí-la.

— Não é preciso. — respondi, com a voz fraca.

Eu havia agido como uma esposa irritantemente frágil que pedia atenção. Já estava arrependida de ter questionado o silêncio dele.

Eu estava esperando demais de um casamento arranjado, comparando com padrões altos demais. Talvez fosse assim que os casamentos normais funcionavam. Sem conversa.

— Sabia que os cachorros do reino de Irina custam mais que a economia do reino de Áquiles? — ele puxou assunto, ignorando totalmente o que eu havia dito.

— Eu realmente...

Me virei, sentindo uma dor súbita em meu estômago reagir de forma instantânea. Antes que eu pudesse segurar, me inclinei o mais rápido que pude aos pés da cama e me assustei ao ver o que havia acabado de acontecer.

Eu havia expelido um almoço inteiro aos pés do Duque.

— Não... não... não... pelos reinos! Me perdoe...

— Não se preocupe comigo, meu bem. — ele sorriu fraco, se levantando. — São apenas sapatos. Irei chamar alguém para limpar.

Não tive coragem de repreendê-lo pelo apelido. Eu estava com tanta vergonha pela situação que, após as moças limparem o chão do quarto, eu mal pude acreditar quando o vi voltar com sapatos novos.

— Se sente melhor?

Assenti, ainda sentindo um leve desconforto pelo balanço do navio.

— Agora a senhorita que não irá conversar comigo?

Ele sorriu.

— Estou constrangida demais pela situação que fiz o senhor passar.

— Não me chame de senhor, Bella. Somos casados. — ele se aproximou, sentando-se novamente ao lado da cama. Mesmo que os lençóis tenham sido trocado, ele foi esperto o bastante para se sentar do lado oposto do incidente. — Sou apenas Harry, e para melhorar a nossa relação, preciso confessar que você ficou encantadora ao longo dos anos.

Eu não estava me sentindo nada encantadora no momento.

— Não precisa dizer isso apenas para que eu me sinta melhor. Não estou tão doente assim.

— Não preciso mentir para agradá-la. Confesso já ter feito isso com outras mulheres, mas não com você.

— Não eleve tanto o seu orgulho. Certamente não era preciso declarar um falso elogio para me revelar que teve muitas conquistas.

Ele sorriu, parecendo gostar da minha resposta.

— Admiro a sua firmeza em me responder, meu bem, mesmo que esteja errada. Pelos seus traços delicados, eu nunca imaginaria que era uma fera.

— Eu não sou uma fera, sou uma dama! — disse alto, fazendo ele sorrir de forma ainda mais larga. Ele estava me provocando. Me incitando à ira. — Eu nunca agi com falta de decoro com nenhum cavalheiro, o senhor...

— Harry.

— O senhor me irrita.

— Harry.

— Lhe chamarei de Harry se parar de me chamar de meu bem.

— Creio que não será possível, meu bem.

— Pois bem então senhor, saia do meu quarto. Estou bem o suficiente e desejo ficar sozinha acompanhada de uma boa literatura em que não haja cavalheiros irritantes.

— Fico feliz em ter sido útil para sua distração, milady. Quando precisar de mim, é só chamar. — ele se aproximou e beijou a minha testa. — Sempre ao seu dispor.



Eu não o chamei. Não foi preciso.

O Duque passou para ver como estava durante todos os dias que restaram da embarcação. Fizemos as refeições juntos no convés e conversamos sobre tudo. Tudo que não envolvia a vida dele após os anos em que nos vimos quando pequenos.

Eu ainda não o conhecia. Mesmo passando boa parte do tempo comigo, ele não se aproximava e evitava me tocar. Harry era educado, engraçado, cortês e charmoso, mas estava escondendo algo de mim. Algo que eu sabia que descobriria logo quando chegássemos ao Palácio.

Eu torcia para que esse algo fosse simplório e de pouca importância, porque eu não podia mais esconder que estava me afeiçoando à presença dele.

Quando saímos do navio e entramos na carruagem, ele estava calado novamente. A cidade passou rapidamente conforme eu me interessava na arquitetura do reino de Sírios.

Diversos Palácios passaram e eu esperava, percebendo que a carruagem não parava em nenhum. Uma floresta densa apareceu, então, e eu imaginei que o Palácio dele ficava mais afastado.

Até que a carruagem parou.

— Chegamos! — o cocheiro avisou, abrindo a porta.

— Deve haver algum engano... — comecei a falar, vendo que estávamos no meio do mato.

Então, Harry desceu e me estendeu a mão.

Sem entender a situação, desci da carruagem e avisei uma cabana pequena, feita de madeira, coberta por um imenso matagal. Havia um cavalo acobreado amarrado no tronco ao lado, e uma pequena chaminé ao topo da estalagem.

— Eu não estou entendendo...

— Bem vinda ao seu novo lar, meu bem.

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