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By QveenBDD

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+18 โ— ๐’๐“๐ˆ๐๐† [๐‹๐ˆ๐•๐‘๐Ž ๐ˆ] โ— โŽข โ๐€๐‹๐†๐”๐Œ๐€๐’ ๐๐„๐’๐’๐Ž๐€๐’ ๐’๐„ ๐’๐„๐๐“๐„๐Œ encurraladas pelo caos... More

โžณ ๐ƒ๐ข๐ฌ๐œ๐ฅ๐š๐ข๐ฆ๐ž๐ซ [Aviso legal]
โžณ ๐‘๐ž๐š๐๐ข๐ง๐  ๐†๐ฎ๐ข๐๐ž [Dinรขmica].
โžณ ๐๐ซ๐ž๐Ÿ๐š๐œ๐ž ๐•๐จ๐ฅ. ๐ˆ [Recado da autora].
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(Vol. I) Memรณrias Iโ”‚Dias de verรฃo.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Sitiados.
(Vol. I) Memรณrias II โ”‚ Doce dezesseis.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Enterro no asfalto.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚ Telhado de vidro.
(Vol. I) Memรณrias III โ”‚Conto de fadas.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Sobrevivรชncia.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Opulรชncia.
(Vol. I) Memรณrias IV โ”‚Um lar em uma caixa.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Reconhecimento.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚Lua cheia.
(Vol. I) Ano I p.eโ”‚Branca de Neve.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Trofรฉu de caรงa.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Lacrimosa.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Sob o luto.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Heranรงa genรฉtica.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ รŠxodo.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Cercas brancas.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Persistรชncia.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Alรญvio.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Vinho da meia noite.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Bourbon do Kentucky.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Pesadelo.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Cama ou sofรก.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Novelo de lรฃ.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ O que vale a pena.
๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐…๐ข๐ง๐š๐ฅ๐ž โ— Bandeiras Vermelhas.
โžณ ๐๐ซ๐ž๐Ÿ๐š๐œ๐ž ๐•๐จ๐ฅ. ๐ˆ๐ˆ [Recado da autora].
๐’๐“๐ˆ๐๐† โ— (๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐Ž๐Ÿ) โ— ๐๐ซ๐ž๐ฆ๐ข๐ž๐ซ๐ž
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Territรณrio Novo.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Para onde todos vรฃo.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Longe de nรณs.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Ouro verde.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ O som das รกrvores.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Nem sempre uma famรญlia.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Delรญrios desentendidos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ A arte de sentir.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Pacรญfico.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Isca viva.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Mais perto.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Alรฉm do momento.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Tortas de maรงรฃ.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Tormentas.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Boneca de pano.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ De volta.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Barganha.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Do outro lado.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Determinado.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Quase mortos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Puniรงรฃo.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Rodovias.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Renascer.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Asas de inverno.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Tudo por nรณs.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Vilรตes e mocinhos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Sentenciados.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Focos de incรชndio.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Pontas de flechas.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Perdas irreparรกveis.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Rifles amigos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Libertos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Achados e perdidos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Para o inรญcio.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Fogo na colina.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Em busca do cรฉu.
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(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Semeando o verรฃo.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Apenas em sonhos.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Caรงas macias.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Campo minado.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Das estrelas ou mais.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Acima dos mapas.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Fraternos.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Milagres.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Todos os detalhes.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Salvos pelo momento.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Alicerces.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Sem sapatos.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Vidas em curso.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Depois de nรณs.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Bravinha.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Vigรญlia.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Nรฃo pegue.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Em famรญlia.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Neblina.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Contra a corrente.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Supostamente ser.
๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐…๐ข๐ง๐š๐ฅ๐ž โ— Caminhos.
โ— ๐’๐“๐ˆ๐๐† โ— ๐‘Ž๐‘’๐‘ ๐‘กโ„Ž๐‘’๐‘ก๐‘–๐‘ โ—

(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Cavalo de Trรณia.

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By QveenBDD

— Puta merda! Ela está viva? — Uma voz distante exclamou assim que uma luz intensa ofuscou os meus olhos, não me permitindo abri-los.

Um zumbido agudo soava em meu ouvido, dificultando o entendimento do que estava acontecendo à minha volta. E por mais que eu tentasse manter os meus olhos abertos, eles acabavam se fechando drasticamente pelo excesso de claridade e exaustão. Estava morrendo de sede.

— Ela está se transformando? — Notava duas vozes distintas masculinas indo e vindo como se as vozes apenas flutuassem a minha volta sem um corpo físico.

— Está com febre, com toda certeza. — O primeiro disse em tom preocupado.

— Então termina o sofrimento dela, cara. Enfia logo essa faca na cabeça dela. — O outro incentivou quando forcei os meus olhos e vi um homem com uma barba muito bem cortada e uma bandana amarrada em volta da testa. Apenas um borrão embaçado em minha visão.

— O que as mocinhas estão discutindo aí? — A voz cheia de zombaria era conhecida. Merle se aproximava em tom de provocação.

— Olha só a bagunça que você fez, mano! — Um deles repreendeu ao dar espaço para o Dixon.

— Cacete! Acho que a pombinha quebrou uma asa! — Debochou soltando um riso satisfeito logo em seguida. — Uma das balas deve ter furado o porta-malas e acertado a pobre desgraçada. — Deduziu parecendo analisar o meu estado. Porém, os meus olhos cansados estavam se fechando de novo.

— Caralho, o quão azarada uma pessoa precisa ser para levar um tiro dentro de um porta-malas? — Outro comentou fazendo o terceiro rir.

— Pelo contrário, Crowley. O quão sortuda uma pessoa precisa ser para levar um tiro e não morrer? — Merle ponderou em um tom frio bastante sombrio. — É por isso que vocês precisam ter muito cuidado. Se tem uma coisa que essa vadia tem, é sorte! Vamos, a levem até a doutora. Ela precisa estar acordada quando o Governador chegar. — Finalizou quando senti dois pares de braços fortes me agarrarem pelos braços e tornozelos.

Depois disso uma dor insuportável tomou o meu corpo de novo e mais uma vez mergulhei no escuro confortável da minha mente.

Quando finalmente consegui abrir os meus olhos pude notar o pequeno cômodo de cores claras tão simples como uma pousada na cidade. Uma cadeira com mesinha no canto, uma mesa de cabeceira ao lado da cama e um carrinho metálico hospitalar com uma bandeja do meu outro lado.

Eu estava deitada em uma maca de hospital e aparentemente não vestia nada além de um avental azul e um lençol até a altura do meu peito. Franzi o meu cenho em total pânico.

— Merda! Foi tudo um sonho! — Reclamei angustiada ao me sentar rapidamente e acabei sentindo uma fisgada de dor em minha cintura. — Eu sabia! Eu sabia! — Comecei a xingar com os lábios crispados.

A porta acabou sendo aberta e uma mulher negra com um grande coque no cabelo entrou de forma espantada. Ela também estava vestida como uma enfermeira de verdade.

— Ei, mocinha, é melhor você não se agitar muito. — Advertiu esticando suas mãos até me tocar e tentando me fazer deitar de novo.

— Foi tudo um sonho, não foi? — Perguntei ao me deixar ser deitada. — Eu levei uma facada da Big Tina e fiquei em coma durante todos esses dias? Sonhando com um apocalipse zumbi e com... — Olhei para o teto amplamente branco ao me sentir em choque. — Oh meu Deus, Daryl... — Sussurrei angustiada pela simples ideia de nunca o ter encontrado. — Ainda estamos em Jackson? — Encarei a mulher com olhos desesperados.

— Querida, me deixa te explicar algumas coisas. — A mulher sorriu gentilmente e verificou o cateter de soro que estava preso em uma veia da minha mão. — A bala que acertou você foi de raspão, mas se você não ficar quieta você pode ter uma infecção. — Tentou me acalmar.

Levei minha mão até a cintura e senti o enorme curativo feito de bandagem que estava ali.

— Aonde diabos eu estou? O que está acontecendo? — Questionei com expressão de dúvidas ao acreditar que toda a minha teoria do sonho estava completamente errada.

— Não posso te dar essas informações. — A mulher suspirou com pesar. — Mas ele pode. — Gesticulou para trás e rapidamente me permitiu ver Merle entrando naquele quarto com um enorme sorriso satisfeito.

— Ora, ora, ora! Você é dura na queda, não é mesmo? — O Dixon comentou em tom de deboche enquanto a médica saía daquele quarto e nos deixava sozinhos após fechar a porta.

— Vejam só, se não é o meu demônio favorito! — Comentei ao ficar novamente sentada e me encostar na cabeceira da maca para não sentir outra fisgada.

Merle puxou uma das cadeiras de madeira de um canto do cômodo e a colocou bem ao lado da minha cama. Sentando-se nela com o seu encosto virado para frente e suas pernas abertas. O movimento acabou me fazendo analisar mais de perto a prótese bizarra que ele tinha em sua mão decepada.

— O quê? Gostou dela? — Perguntou sacudindo aquela navalha presa na prótese como um Capitão Gancho. — Eu encontrei esses caras quando consegui escapar daquele prédio. Eles me ajudaram e me deram isso. Legal pra cacete, não é? — Contou usando um tom meio sarcástico.

— Bem útil, se você gostar de pão com geleia. — Debochei pendendo minha cabeça. Merle soltou um riso rápido muito seco. — Falando sério agora, Merle, aonde diabos você me trouxe? — Perguntei preocupada ao perceber que aquele cômodo não havia janelas nas quais eu pudesse ver o lado de fora.

— Para um acampamento! — Respondeu abrindo seus antebraços apoiados como se fosse óbvio. — Você disse que não tinha um, certo? Achei que ia gostar da surpresa. — Deu de ombros sem quaisquer problemas. — Surpresa! — Debochou sorrindo mais.

— Náaah, eu prefiro continuar sozinha, obrigada! — Dispensei ao franzir o meu cenho com desconfiança.

— Mesmo? Por que não foi bem isso o que eu ouvi por aí. — O loiro apontou tornando a sua expressão um tanto maldosa. — Pelo o que eu soube, você e o meu irmãozinho caçula estão por aí, juntinhos, rolando pela grama e balançando as moitas, hãm? Não é isso? — Apontou de modo quase ameaçador.

Meus olhos se estreitaram levemente pelo baque da surpresa. Não fazia ideia se Glenn ou Maggie haviam contado alguma coisa, mas isso com certeza mudava os planos. Porém, tentei abrir um sorriso irônico novamente e continuar com a minha pose sarcástica como defesa.

— Ah é? E aonde você soube disso? Nas cartas de tarot? — Debochei soltando um riso rápido. Merle acabou me acompanhando rápido no riso apenas como uma provocação.

— Eu conheço você, pombinha. — Continuou em tom sombrio enquanto o seu sorriso perdia a diversão. — Eu sei que você tenta dominar a cabeça do meu irmão há um bom tempo, mesmo antes dessa merda estourar na nossa cabeça. Torná-lo um "homem de família". Trabalho das nove às cinco. Contas pagas pra madame tomar o seu vinho. A porra de um maricas. E eu também sei... — Ele se curvou mais apenas para se aproximar de forma ameaçadora. — ...Do poder que você acha que tem nas suas palavras. Principalmente, das palavras "dessa boca" entre suas pernas! — Ameaçou com um sorriso maldoso enquanto me olhava intensamente. — Mas nós dois sabemos o que tem aí dentro, não é? Debaixo de toda essa embalagem bonita de garota sulista...

Acabei soltando um riso baixo parecendo uma tosse quando os meus ouvidos não acreditaram no que eu tinha acabado de escutar.

— Dominar Daryl? Sério? Não, não. Esse é o seu passatempo, não o meu. — Neguei balançando a cabeça com precisão. — E se você acha mesmo que o seu "irmãozinho" pode ser convencido com uma foda, cara, você realmente não o conhece mais! — Debochei soltando um riso sarcástico. Merle fechou suas expressões com ódio quando pareceu se controlar.

— Ótimo! Então vamos ter uma reunião em família, hãm? O que acha? Você me leva até onde ele está e nós podemos ter uma conversinha. — Planejou com seus olhos cheios de ameaça.

— Não me leve à mal, mas da última vez que andamos juntos eu tive a minha perna quebrada. — Lembrei em tom ofendido ao lhe mostrar que não cooperaria.

— Aquilo? Bom, podemos dizer que estamos quites, não? Afinal, você decepou a minha mão fora! — Defendeu ao levantar aquela navalha em minha direção como uma ameaça velada. E a minha expressão simpática começou a mudar para algo bem mais sombrio e fúnebre.

— Eu salvei a sua vida! — Corrigi mais irritada ao me sentar melhor e me curvar em sua direção. — Você ficou preso em cima de um prédio porque é um desgraçado! — Cerrei meus punhos sobre o meu colo. — E eu cortei a sua mão fora porque você implorou! — Encarei os olhos azuis profundamente com uma firmeza ameaçadora. — Você implorou por mim como um bebê, Merle, e só nós dois sabemos disso! Mas você sabe que é verdade! — Joguei em sua cara enquanto um sorriso maldoso aparecia em meus lábios.

O Dixon levantou-se de súbito tão rápido que acabou derrubando a cadeira no chão. Levando a navalha em sua prótese em direção ao meu rosto e quase a tocando debaixo do meu queixo quando eu levantei levemente a cabeça para me livrar. E eu acreditei que a única coisa que o impediu de ir em frente foi o fato de alguém ter aberto a porta no mesmo momento.

— Está tudo bem por aqui? — A voz masculina era melodiosa e rouca, carregada de um tom de bom humor simpático, como um locutor de rádio.

— Está, está tudo bem, chefe! — Merle mudou o seu tom de voz para algo mais agradável e então se afastou. — Só matando as saudades de velhos amigos! — Ironizou ao se afastar tranquilamente para longe da maca e levantou de volta aquela cadeira para a sua posição normal.

Um homem branco bastante alto se aproximou com um leve sorriso iluminando os seus lábios. O seu cabelo castanho estava bem cortado e penteado para o lado com algumas nuances grisalhas que lhe davam um certo charme junto aos olhos verdes. Além disso, as suas roupas arrumadinhas e bem vestidas davam uma ideia óbvia de que aquele lugar não era só um acampamento.

— Bom, então acho que eu poderia conversar com a sua amiga um pouco. — Pediu cordialmente enquanto ainda mantinha aquele sorrisinho no rosto.

— Mas é claro! — Merle se dispôs com toda a gentileza do mundo. — Ela é toda sua! — Avisou em um tom totalmente irônico quando se afastou em direção à porta e nos deixou completamente sozinhos.

— Ora, ora! — Eu abri um sorriso surpreso quando analisei o homem se aproximando dos pés à cabeça. — Olhem pra isso, se não é o Mandachuva do lugar. E você é bonitão! — Confessei ao vê-lo puxar levemente aquela cadeira e se sentar sobre ela de maneira despojada. — Sendo sincera, talvez eu possa parecer um pouco mimada agora, mas eu gosto de ser atendida pelo dono, sempre. — Debochei pendendo minha cabeça.

— Mesmo? Como sabe que eu mando nesse lugar? Nós nos conhecemos? — Perguntou de um jeito calmo e ainda sorrindo ao levantar o seu queixo de forma altiva.

— Isso é meio óbvio. Você está bem vestido, tem cara de "Sugar Daddy" e Merle quase se curvou quando te viu. — Apontei de um jeito perspicaz. — O macaco que tem mais banana sempre domina a floresta. — Citei o ditado ao perceber que o homem sorrira mais.

O homem continuou me encarando com uma expressão um pouco divertida enquanto seus olhos pareciam tentar desvendar a minha alma através dos meus. E eu acabei reparando na forma como ele batia o seu polegar levemente sobre seu joelho como um tique nervoso. Ele estava se contendo.

— Bom, você está certa. Eu estou à frente dessa locação. — Admitiu de um jeito indiferente.

— Locação? — Questionei franzindo o cenho sem entender.

— Uma pequena comunidade de sobreviventes. Não tão grande para ser chamada de cidade, mas um dia Woodbury será tão grande quanto. — Falou como se aquilo não fosse um talvez. — As pessoas por aqui me chamam de Governador. É um apelido que surgiu com o tempo, quanto mais lutamos contra isso mais ele pega. — Explicou com falsa modéstia. — Qual é o seu nome? — Perguntou semicerrando seus olhos.

— Qual é o seu favorito? — Respondi rapidamente de volta. Isso acabou fazendo o homem soltar uma risada rápida de contentamento e sacudir sua cabeça levemente de forma positiva. Estava claramente me analisando.

— Engraçado, os seus amigos não são tão receptivos quanto você. — Comparou quando a sua expressão começou a se tornar mais séria e rapidamente o brilho simpático em meu rosto começou a mudar.

Então Glenn e Maggie também estavam ali em algum lugar e, aparentemente, estávamos enfiados em problemas muito maiores do que daríamos conta.

— É porque eu sou uma sobrevivente. — Garanti esboçando um sorriso misterioso. — Muito antes de alguém estourar o cano da fossa do mundo. Eu sei que estou em desvantagem aqui. Não há motivos para adiantar a violência. — Aleguei de forma perspicaz. O Governador voltou a sorrir.

— Mesmo? Então porque não decide cooperar e me conta aonde você e o seu grupo estão acampando? — Revidou quando cruzou suas pernas e uniu suas mãos sobre o colo como um verdadeiro homem de negócios. — Isso facilitaria as coisas para você e os seus dois amigos. Poderíamos levá-los até lá. — Propôs e eu acabei rindo de escárnio.

— Ah, eu agradeço, senhor. Mas infelizmente vou ter que recusar. — Balancei a cabeça e apertei meus lábios fingindo pesar. — É por causa desse cara, sabe? Meu marido. Ou noivo. Namorado. O cara que eu transo, talvez... Eu não sei ao certo ainda, mas... — Gesticulei com confusão antes de voltar ao ponto. — Mas, tem esse lance de fidelidade e eu sei que ele ficaria muito puto da vida comigo se eu desse essas informações, sabe? Acho que você entende. — Tentei apelar para o seu bom senso.

Ele continuou me encarando em silêncio com expressão divertidamente ameaçadora como um demônio em uma moldura luxuosa. E eu continuei:

— Você precisa entender que eu faria o mesmo caso eu estivesse com você. — Apontei de maneira inteligente. — E então, tecnicamente, você deveria estar orgulhoso de mim, na verdade. — Finalizei dando de ombros e apertando os meus lábios.

Me surpreendeu quando ele soltou uma risada rápida parecendo não acreditar no que estava presenciando.

— O que você disse que fazia mesmo, antes do surto dos mortos? — Perguntou de repente, parecendo estar curioso.

— Agente do FBI. — Menti meneando minha cabeça ao lançar um sorriso debochado. — Disfarçada. — Acrescentei como uma piada.

— Como queira, agente. — Ele debochou, mostrando que obviamente não tinha acreditado. — Doutora? — Chamou um pouco mais alto e logo a mulher negra voltou para o quarto. — Quais procedimentos ainda faltam? — Perguntou para a mulher.

— Nenhum, senhor. Só precisa de repouso e trocar os curativos todos os dias. — Alegou ao voltar até o meu lado e começou a retirar aquela borboleta do cateter de soro na minha mão.

— Ótimo! — Agradeceu ao ficar novamente de pé. — Vista suas roupas. Um dos meus homens vai te levar para o seu novo quarto. — Me explicou superficialmente ao apoiar suas mãos nos quadris.

— Espera! Eu quero ver os meus amigos. Quero saber se eles estão bem! — Reclamei quando a mulher me livrou do soro e eu pude me sentar melhor naquela maca.

— Não se preocupe! É para perto deles o lugar para aonde você vai. — Respondeu em um tom totalmente sombrio quando sorriu em minha direção de forma maldosa e então saiu daquele cômodo deixando um arrepio sinistro descendo por minha espinha.

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