STING โ— [๐‹๐ˆ๐•๐‘๐Ž ๐ˆ] โ— dar...

By QveenBDD

203K 19.5K 16K

+18 โ— ๐’๐“๐ˆ๐๐† [๐‹๐ˆ๐•๐‘๐Ž ๐ˆ] โ— โŽข โ๐€๐‹๐†๐”๐Œ๐€๐’ ๐๐„๐’๐’๐Ž๐€๐’ ๐’๐„ ๐’๐„๐๐“๐„๐Œ encurraladas pelo caos... More

โžณ ๐ƒ๐ข๐ฌ๐œ๐ฅ๐š๐ข๐ฆ๐ž๐ซ [Aviso legal]
โžณ ๐‘๐ž๐š๐๐ข๐ง๐  ๐†๐ฎ๐ข๐๐ž [Dinรขmica].
โžณ ๐๐ซ๐ž๐Ÿ๐š๐œ๐ž ๐•๐จ๐ฅ. ๐ˆ [Recado da autora].
โ— ๐‚๐€๐’๐“ โ—
๐’๐“๐ˆ๐๐† โ— (๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐Ž๐Ÿ) โ— ๐๐ซ๐ž๐ฆ๐ข๐ž๐ซ๐ž
(Vol. I) Memรณrias Iโ”‚Dias de verรฃo.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Sitiados.
(Vol. I) Memรณrias II โ”‚ Doce dezesseis.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Enterro no asfalto.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚ Telhado de vidro.
(Vol. I) Memรณrias III โ”‚Conto de fadas.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Sobrevivรชncia.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Opulรชncia.
(Vol. I) Memรณrias IV โ”‚Um lar em uma caixa.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Reconhecimento.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚Lua cheia.
(Vol. I) Ano I p.eโ”‚Branca de Neve.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Trofรฉu de caรงa.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Lacrimosa.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Sob o luto.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Heranรงa genรฉtica.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ รŠxodo.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Cercas brancas.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Persistรชncia.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Alรญvio.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Vinho da meia noite.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Bourbon do Kentucky.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Pesadelo.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Cama ou sofรก.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Novelo de lรฃ.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ O que vale a pena.
๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐…๐ข๐ง๐š๐ฅ๐ž โ— Bandeiras Vermelhas.
โžณ ๐๐ซ๐ž๐Ÿ๐š๐œ๐ž ๐•๐จ๐ฅ. ๐ˆ๐ˆ [Recado da autora].
๐’๐“๐ˆ๐๐† โ— (๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐Ž๐Ÿ) โ— ๐๐ซ๐ž๐ฆ๐ข๐ž๐ซ๐ž
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Territรณrio Novo.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Para onde todos vรฃo.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Longe de nรณs.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Ouro verde.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ O som das รกrvores.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Nem sempre uma famรญlia.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Delรญrios desentendidos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ A arte de sentir.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Pacรญfico.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Isca viva.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Mais perto.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Alรฉm do momento.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Tortas de maรงรฃ.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Tormentas.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Boneca de pano.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ De volta.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Barganha.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Do outro lado.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Determinado.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Quase mortos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Puniรงรฃo.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Rodovias.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Renascer.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Asas de inverno.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Tudo por nรณs.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Vilรตes e mocinhos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Sentenciados.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Focos de incรชndio.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Pontas de flechas.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Perdas irreparรกveis.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Rifles amigos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Libertos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Achados e perdidos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Para o inรญcio.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Fogo na colina.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Em busca do cรฉu.
๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐…๐ข๐ง๐š๐ฅ๐ž โ— Moinhos de neve.
โžณ ๐๐ซ๐ž๐Ÿ๐š๐œ๐ž ๐•๐จ๐ฅ. ๐ˆ๐ˆ๐ˆ [Recado da autora].
๐’๐“๐ˆ๐๐† โ— (๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐Ž๐Ÿ‘) โ— ๐๐ซ๐ž๐ฆ๐ข๐ž๐ซ๐ž
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Semeando o verรฃo.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Apenas em sonhos.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Caรงas macias.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Campo minado.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Das estrelas ou mais.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Acima dos mapas.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Fraternos.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Milagres.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Todos os detalhes.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Salvos pelo momento.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Alicerces.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Sem sapatos.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Vidas em curso.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Depois de nรณs.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Vigรญlia.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Nรฃo pegue.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Em famรญlia.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Cavalo de Trรณia.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Neblina.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Contra a corrente.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Supostamente ser.
๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐…๐ข๐ง๐š๐ฅ๐ž โ— Caminhos.
โ— ๐’๐“๐ˆ๐๐† โ— ๐‘Ž๐‘’๐‘ ๐‘กโ„Ž๐‘’๐‘ก๐‘–๐‘ โ—

(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Bravinha.

1.3K 134 138
By QveenBDD

Normalmente, eu era uma mulher um pouco destemida demais. Eu fazia o que tinha que ser feito. Mesmo sentindo medo, ou não, eu era impaciente demais para esperar por "príncipes em cavalos brancos". Mas dessa vez confesso que estava tensa demais.

Eu tinha uma visão particular para cada membro daquele grupo sortido, porém, Rick Grimes era um daqueles que você chamaria de "caleidoscópio". Você nunca saberia exatamente o que estava vendo.

E essa era uma daquelas situações.

Rick entrou nos corredores escuros como se não tivesse um objetivo certo. E talvez não tivesse. Seus passos cambaleantes combinados com a expressão vazia do seu rosto o faziam parecer como um dos mordedores que ele derrubava durante o caminho. A única diferença dele para os monstros era a sua respiração ritmada.

O machado em sua mão estava banhado em sangue, assim como todo o seu corpo, e eu nunca tinha visto alguém derrubar tão facilmente uma quantidade absurda de predadores em tão pouco tempo.

"O segredo é a raiva", foi o que eu disse para Glenn certa vez.

— Rick! — Chamei quando o homem acertou em cheio a cabeça de um daqueles monstros. — Se continuar assim, você pode acabar sendo mordido! — Exclamei engolindo em seco quando mais um foi derrubado com um golpe seco e fácil.

Ele não estava interessado em me ouvir.

Uma quantidade razoável de errantes já estava no chão quando um deles agarrou o xerife pelos ombros. Me fazendo aproximar-me do homem e enfiar a minha navalha na nuca do monstro. Por pouco Rick não havia sido mordido.

— Já chega! Isso já está ridículo! Você não é mais uma criança. Deixe esse tipo de comportamento para Carl. — Briguei com irritação ao segurar o seu cotovelo e tentei puxá-lo com firmeza.

Eu soube que foi um erro assim que o homem torceu o meu braço e me lançou contra a parede.

Quando dei por mim, o seu antebraço estava esmagando o meu pescoço e o machado havia sido batido com tanta força ao lado do meu rosto que até mesmo deixou a sua lâmina afiada presa em um cano da instalação.

Nossas respirações estavam cansadas e cruzando uma na outra. Eu com medo e ele com total descontrole. Ou, talvez, controle sobre mim. E podia sentir o peso do seu braço me sufocando devagar quando tentava engolir em seco. Me fazendo observá-lo por um longo tempo sem qualquer movimento para não irritá-lo ainda mais.

Rick puxou o machado de volta com dificuldades. E o olhar em seu rosto me causou um arrepio pavoroso, formigando todo meu corpo.

Eu já tinha visto aquele olhar. E tinha medo dele como o inferno. Porque eu já tinha visto aquele olhar um segundo antes de apertar aquele gatilho.

— Ok. Ok. — Tentei acalmá-lo enquanto engolia em seco. — Você venceu, xerife. Se você quer muito isso, eu posso levá-lo até lá. — Garanti ao menear minha cabeça em direção ao corredor que levaria até a sala da caldeira.

Grimes ainda me encarou em silêncio por longos segundos, antes de retirar seu braço do meu pescoço e me empurrar em direção ao corredor. Me mostrando que eu deveria guiá-lo e assim o fiz.

Levei o xerife até a sala da caldeira aonde o corpo de Lori ainda permanecia no chão. E eu entrei no cômodo com passos delicados e comportamento receoso quando dei espaço para que o homem entrasse também.

— Ela não se transformou. — Mostrei o óbvio quando fiquei à uma distância segura do homem em choque. — Ela apenas não aguentou o parto. — Tentei remediar, mas soava meio cruel.

O rosto do homem se contorceu em um choro silencioso. Ele não se aproximou dela em um primeiro momento. Apenas se abaixou sobre os calcanhares, abaixou sua cabeça e então chorou copiosamente sem nenhum som. Apenas os seus ombros tremendo.

Eu girei em meu próprio eixo ao procurar por algo que melhorasse aquela situação de algum modo. E quando notei que havia uma lona de plástico azul cobrindo uma das mesas de controle, acabei tendo a ideia de que seria uma boa opção deixar tudo aquilo mais humano.

Puxei a lona aberta até o lado de Lori como um tapete. Começando a tentar embrulhá-la no material para preparar o corpo da mulher. E então esperei que o xerife tivesse o seu momento de luto em silêncio.

Porém, muito tempo já havia se passado conosco em silêncio observando o corpo sem vida. O que estava começando a demonstrar pequenos sinais de putrefação, como uma cor mais estranha e perturbadora da sua pele.

Achei que já seria o suficiente.

Me aproximei de Lori e tentei puxá-la pelos ombros para cima da lona, mas a mão forte de Rick esmagou meu pulso de novo. Me fazendo arfar de dor genuína.

Tentei me livrar do aperto por um momento, mas ele parecia fechar ainda mais os seus dedos. Como uma armadilha. Então apenas deixei que toda a raiva esvaísse dos meus poros como uma alergia.

— Rick! Eu sei que isso é horrível e difícil pra você, mas já estamos passando dos limites! — Briguei ao tentar puxar o meu braço e me livrei do seu aperto, mas ele não se importou. Permaneceu em silêncio encarando Lori com uma expressão vazia. — Eu sei que isso dói! Ok? Todos nós já estivemos aí em algum momento. Mas se você não reagir agora e cuidar dos seus dois filhos, a morte de Lori vai ser em vão! — Acusei com mais firmeza ao tentar trazê-lo de volta até a realidade.

Os olhos obscuros do homem vieram até os meus com mais entendimento dessa vez. Ainda havia revolta e escuridão ali, mas pelo menos ele estava me ouvindo. E por isso continuei.

— Lori morreu acreditando que você estaria aqui para proteger os filhos de vocês! Ela sabia disso! Ela confiou em você! Então acho melhor você se levantar desse chão e começar a pensar como um pai de verdade! Sem a Fórmula a sua filha pode morrer ainda, sabia disso? — Reclamei em tom irritado.

Rick trouxe os seus tempestuosos olhos até mim e não disse nenhuma palavra. Apenas se afastou um pouco até sentar-se encostado na parede e continuou encarando um ponto fixo no nada.

Puxei o corpo sem vida de Lori até sobre a lona. Sentia o seu corpo rígido e isso começou a me perturbar mais do que eu esperava. Fazendo um desespero angustiante tremer minhas mãos.

Consegui colocá-la ali praticamente me obrigando a ignorar todas as recusas do meu corpo. Embrulhando a mulher e amarrando o seu corpo com a ajuda de fios elétricos.

Encarei o rosto do xerife ao finalizar e ele ainda parecia fora de órbita. Então, para não ser alvo de alguma bala de sua arma, tratei de tentar fazer todo o serviço sozinha. Puxando o corpo da mulher para a porta de saída.

Eu sabia que o xerife havia exterminado praticamente todos os errantes em volta, então o meu único trabalho seria arrastar o corpo pesado.

Me surpreendi quando Rick finalmente se moveu e veio em minha direção com passos rápidos. Segurando o corpo de Lori em seus braços com facilidade e o carregando pelos corredores muito mais fácil do que eu.

Segui o xerife há alguns passos atrás e o assisti atravessar todo o presídio até o pátio gramado do lado de fora, segurando o corpo de Lori. E notei que Glenn já estava no campo terminando de abrir a terceira cova.

Nos aproximamos das covas com passos rápidos e logo Glenn parou o que estava fazendo para nos observar ficando ao lado da mesma.

— Rick, precisa de ajuda para...? — O garoto começou, mas eu apenas balancei minha cabeça em negativa. O xerife precisava fazer aquilo sozinho. Era o seu desfecho.

— Pensei que tivesse ido com Maggie e Daryl. — Comentei baixinho para ele enquanto assistíamos Rick depositar o corpo sem vida dentro da cova.

— Tinha escombros na estrada. Só a moto de Daryl passaria. Não tinha espaço pra nós três. — Me explicou soltando um suspiro triste. — Como ele está? — Perguntou preocupado com Rick.

O xerife se aproximou com aspereza e pegou a pá das mãos de Glenn com certa rispidez. Começando a cobrir o corpo com terra logo em seguida.

— Digerindo. — Sussurrei cruzando meus braços. — Algumas pessoas demoram mais para mastigar. — Lembrei soltando um suspiro cansado.

— É. Isso é normal quando todos nós estamos sendo forçados a engolir. — Glenn acrescentou de forma perspicaz.

Rick fechou aquela cova completamente enquanto nós assistíamos. Até que tudo estivesse finalizado e ele apenas virasse suas costas para aquela cruz de madeira improvisada e se afastasse. Entregando a pá novamente para Glenn assim que passou por ele.

— Deveríamos fazer alguma coisa? — Glenn me perguntou de forma preocupada quando não seguimos o xerife.

— Não. Não precisa. Acho que ele entendeu agora. — Assistimos o homem se afastando ainda com passos rápidos. – É. Ele entendeu. — Sussurrei dentro de um suspiro quando o sol alaranjado do final de tarde bateu contra a silhueta do seu corpo assim como nos campos verdes da paisagem.

— Não acredito que perdemos Carol e T-Dog também. — O homem começou a se afastar dos túmulos junto comigo. — Nem ao menos encontramos o corpo de Carol. — Completou com angústia.

— O que diabos aconteceu com os errantes e os alarmes? Eu pensei que o portão estivesse trancado. — Comentei franzindo meu cenho com dúvida.

— E estava! — Glenn defendeu. — Mas o detento que Rick achou que tinha sido pego pelos errantes acabou escapando e fez essa armadilha pra gente. — Explicou com frustração e me deixando chocada.

— O filha da puta aproveitou a sua segunda chance com vingança? — Questionei mais como uma reflexão para mim mesma. Glenn assentiu.

— Sabe, às vezes eu fico pensando... — Comentou enquanto subíamos de volta para a prisão caminhando lado a lado. — Quando tudo isso começou e nós começamos a nos juntar no acampamento, eu imaginava que esse tipo de coisa aconteceria. Que esse tipo de gente sempre existiu no mundo. — Ele falava enquanto carregava aquela pá em uma das mãos e a colocou sobre o ombro. — Mas eu sempre acreditei que seríamos diferentes. Que não precisaríamos chegar a esse ponto, pois nós seríamos os mocinhos. — Um longo suspirou escapou por seus lábios de forma desolada. — Mas agora eu percebo que não dá para ser assim. Nós não temos escolhas. Nós precisamos matá-los porque, se não, eles vão nos matar! — Refletiu de forma pesarosa e depressiva.

— É um saco perceber isso, não é? — Refleti com frustração quando alcançamos o pátio externo. — Parece que o brilho heroico que a gente pensava ter vai se apagando no escuro. — Comentei suspirando.

Glenn me lançou um olhar ainda mais preocupado quando minhas palavras o fizeram apertar seus lábios.

Dali podíamos ouvir o choro angustiado da bebê dentro da prisão e que se tornava ainda mais alto a medida em que nós entrávamos no local.

— Ainda bem que estamos dentro das cercas. Ou todos os mortos-vivos em um raio de três quilômetros estariam na nossa cola. — Comentei quando chegamos no pavilhão principal e vimos Carl segurando a sua nova irmãzinha nos braços.

— Ela está faminta. — Glenn lembrou preocupado ao guardar a pá de pé em um canto do cômodo.

— Eu sei. Espero que ela aguente até Daryl e Maggie voltarem. — Desejei enquanto me aproximava do garoto sentado e segurando a menina. — Posso tentar? — Questionei com um sorriso agradável.

Carl assentiu e me entregou a bebê com cuidado.

— Precisamos aquecê-la. Beth, que tal esquentar um pouco de água para um banho quente? — Pedi para a garota e ela concordou prontamente ao se levantar e ir em direção aos banheiros. — Carl, nas coisas da sua mãe provavelmente tem uma roupinha e uma fralda de tecido. Vamos precisar delas. E meias e luvas também, se tiver. — Pedi com um sorriso e novamente o garoto obedeceu depois de assentir.

— Ela precisa se alimentar rápido, ou teremos sequelas. — Hershel avisou ao se aproximar com a ajuda de suas muletas. — Como o parto aconteceu? — Questionou ficando à minha frente.

— A bebê não queria passar. Então eu e Maggie empurramos e giramos até que a cabeça encaixasse. Mas Lori não parou de sangrar. — Contei enquanto ninava a criança desesperada em meus braços.

— Entendo. Uma manobra de VCE. Aonde você aprendeu esse tipo de coisa? — Questionou curioso.

— Na prisão, aonde eu estava antes, só tínhamos mulheres. Bebês eram quase metade da população. Quando ajudávamos na enfermaria reduzíamos a nossa pena. Eu só passava boa parte do tempo segurando a mão das garotas, mas prestava atenção em tudo. — Expliquei calmamente enquanto Hershel assentia.

— Nunca pensei que diria isso, mas, graças à Deus por sua prisão. — Respondeu como um elogio ao me lançar um sorriso bondoso e eu acabei sorrindo de volta em agradecimento.

— A água está pronta! — A garota voltou segurando um balde cheio e rapidamente entrou em uma cela enquanto eu a seguia.

Desenrolamos a menina da camisa xadrez que a protegia e comecei a banhá-la da melhor forma possível com os recursos que tínhamos, até que ela estivesse livre de quaisquer restos de parto pelo corpo.

— Agora ela está protegida o suficiente. Só precisamos torcer para que eles cheguem logo. — Avisei quando terminei de trocá-la com as roupas que Carl havia encontrado nas coisas de sua mãe. E voltei a segurar o bebê nos braços com cuidado enquanto a ninava.

Caminhei para fora da cela até o local aonde Carl estava sentado, nos degraus da escada, e entreguei a menininha em seus braços.

— Cuide bem da sua irmã, Carl. — Aconselhei quando o garoto a pegou.

— Aonde está o meu pai? — Carl perguntou enquanto alternava seus olhos azuis de mim para o bebê. Eu respirei fundo sem saber o que dizer.

— Ele está resolvendo algumas coisas. Ele vem daqui a pouco. — Menti com a esperança de que se tornasse verdade. Não fazia ideia de onde Rick havia se metido.

Uma nova movimentação na porta de entrada nos permitiu ver Maggie e Daryl entrando no pavilhão sendo acompanhados por todos os outros. Menos Rick.

— Deu certo? — Perguntei esperançosa ao vê-los entrando com pressa.

— Sim. — Maggie respondeu rapidamente ao jogar sua mochila sobre a mesa redonda. — Beth, precisamos de uma garrafa com água. — Pediu, fazendo a irmã se mover rapidamente para consegui-la.

— Como ela está? — Daryl perguntou preocupado quando se aproximou do garoto e verificou a bebê de maneira quase ansiosa.

— Bem. — Carl respondeu ainda cabisbaixo enquanto entregava a criança nos braços do caçador com delicadeza.

Minhas sobrancelhas se arquearam com surpresa quando assisti o homem pegando o bebê nos braços enquanto tentava acalmá-lo com ruídos adoráveis e infantis. Com certeza, não era uma cena que eu esperava ver vindo de Daryl Dixon.

Todo o seu cuidado e gentileza em pegar a criança nos próprios braços de um jeito tão cuidadoso à ponto de se tornar quase paternal era totalmente fofo. Nem parecia ser o cara durão de pavio curto de sempre.

Aquilo me fez sorrir com sinceridade como uma recompensa depois de um dia de merda.

Beth entregou a mamadeira com o leite pronto nas mãos do Dixon e o homem teve todo o cuidado na hora de amamentar o bebê em seu colo. A menina ainda resmungou irritada no início, mas logo ela estava se rendendo aos encantos do caçador e a uma porção saudável de leite para saciar a sua fome.

Os olhos satisfeitos de Daryl vieram em minha direção assim que a menina aceitou a comida e foi impossível não sorrir com aquela expressão orgulhosa e feliz que ele tinha no rosto. Com aquela sensação de "dever cumprido" por eles terem conseguido o que ela precisava.

Eu cruzei meus braços com força tentando me segurar em algo consistente enquanto respirava fundo. A cena tão adorável na frente dos meus olhos me enchia com uma esperança estranha. Uma esperança de que o futuro ainda existia para nós. E que eu poderia sobreviver até ele.

— Já escolheu algum nome? — Dixon perguntou ao garoto que ainda não havia se afastado dele.

— Ainda não. — Carl respondeu parecendo angustiado. — Primeiro pensei em chamá-la de Sophia. — Ele propôs e rapidamente um clima estranho começou a surgir de forma fúnebre no ambiente. — Carol também é legal. Andrea, Amy ou Jacqui. Patrícia. Ou Lori. — Continuava dizendo enquanto sua voz era cada vez mais triste. — Eu não sei.

— É o maior nome que eu já ouvi para um bebê. — Brinquei tentando descontrair um pouco e o garoto lançou um sorriso triste em minha direção quando todos também riram baixinho.

— Que tal essa? "Bravinha". — Daryl propôs enquanto parecia falar com a bebê e todo mundo riu novamente do apelido maluco. — Certo? É um bom nome, não é? Combina com ela. — Brincou ao voltar seus olhos para todos em volta. — Você gostou, certo Bravinha? — Perguntou para a menina que ainda se distraía tomando a sua mamadeira. — Gostou mesmo, querida? — Acalentou o bebê com uma voz doce enquanto nós riamos.

A sensação de paz que aquela cena me trazia quase me fazia esquecer todos os problemas que tínhamos enfrentado durante todo o dia. Ver Daryl com a mínima possibilidade de ser um bom pai me obrigou a fantasiar milhões de versões de futuro totalmente injustas e completamente torturantes. Mesmo quando eu afirmei para mim mesma que aquilo era apenas uma bobagem emocional dos meus hormônios. Ainda assim era totalmente gratificante imaginar.

— Eu gosto de Sêmola. — Comentei quando me sentei sobre a mesa redonda aonde estavam as outras coisas de bebês que Maggie havia trago em sua mochila.

— Sêmola? — Maggie perguntou franzindo seu cenho com confusão. — Que tipo de nome é esse? — Perguntou muito confusa. Eu acabei dando de ombros.

— Sei lá, eu li uma vez estampado em uma caixa de cereal. — Expliquei.

— Isso porque sêmola é uma espécie de farinha de cereais. — Hershel explicou ao também se sentar no banquinho preso à mesa. O que acabou fazendo todos rirem de novo.

Continue Reading

You'll Also Like

32.7K 3.4K 92
+18 โ— ๐’๐“๐ˆ๐๐† [๐‹๐ˆ๐•๐‘๐Ž ๐ˆ๐•] โ— โŽข โ๐€ ๐“๐‘๐ˆ๐‹๐‡๐€ ๐“๐„๐‘๐Œ๐ˆ๐๐€ ๐€๐๐”๐ˆ.โž โŽข ๐‡๐„๐ˆ๐ƒ๐ˆ ๐€๐๐‘๐Ž๐…๐”๐๐ƒ๐€ as suas raรญzes em Hilltop junto co...
209K 1.8K 32
Oiiee amores, uma fic pra vcs!! Irรก conter: - masturbaรงรฃo - sexo - traiรงรฃo Se nรฃo gosta de nenhum dos assuntos a cima, jรก sabe nรฃo leia.
35.5K 3.3K 11
๐‚๐Ž๐‘๐‘๐„๐๐ƒ๐Ž ๐๐€๐‘๐€ ๐•๐Ž๐‚๐„ฬ‚ | Onde Kate e Daryl se conheceram anos antes do mundo acabar. Uma confusรฃo acontece, ambos sรฃo separados tragicam...
113K 13.6K 53
โ€งโ‚Šหš๐—”๐—Ÿ๐— ๐—”๐—ฆ ๐—ฉ๐—”๐—ญ๐—œ๐—”๐—ฆ โ€งโ‚Šหš Sue passou anos procurando por um artefato mรกgico que ajudaria a salvar centenas de humanos. O que ela nรฃo sabia, era...