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Av QveenBDD

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โžณ ๐ƒ๐ข๐ฌ๐œ๐ฅ๐š๐ข๐ฆ๐ž๐ซ [Aviso legal]
โžณ ๐‘๐ž๐š๐๐ข๐ง๐  ๐†๐ฎ๐ข๐๐ž [Dinรขmica].
โžณ ๐๐ซ๐ž๐Ÿ๐š๐œ๐ž ๐•๐จ๐ฅ. ๐ˆ [Recado da autora].
โ— ๐‚๐€๐’๐“ โ—
๐’๐“๐ˆ๐๐† โ— (๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐Ž๐Ÿ) โ— ๐๐ซ๐ž๐ฆ๐ข๐ž๐ซ๐ž
(Vol. I) Memรณrias Iโ”‚Dias de verรฃo.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Sitiados.
(Vol. I) Memรณrias II โ”‚ Doce dezesseis.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Enterro no asfalto.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚ Telhado de vidro.
(Vol. I) Memรณrias III โ”‚Conto de fadas.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Sobrevivรชncia.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Opulรชncia.
(Vol. I) Memรณrias IV โ”‚Um lar em uma caixa.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Reconhecimento.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚Lua cheia.
(Vol. I) Ano I p.eโ”‚Branca de Neve.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Trofรฉu de caรงa.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Lacrimosa.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Sob o luto.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Heranรงa genรฉtica.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ รŠxodo.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Cercas brancas.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Persistรชncia.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Alรญvio.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Vinho da meia noite.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Bourbon do Kentucky.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Pesadelo.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Cama ou sofรก.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Novelo de lรฃ.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ O que vale a pena.
๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐…๐ข๐ง๐š๐ฅ๐ž โ— Bandeiras Vermelhas.
โžณ ๐๐ซ๐ž๐Ÿ๐š๐œ๐ž ๐•๐จ๐ฅ. ๐ˆ๐ˆ [Recado da autora].
๐’๐“๐ˆ๐๐† โ— (๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐Ž๐Ÿ) โ— ๐๐ซ๐ž๐ฆ๐ข๐ž๐ซ๐ž
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Territรณrio Novo.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Para onde todos vรฃo.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Longe de nรณs.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Ouro verde.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ O som das รกrvores.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Nem sempre uma famรญlia.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Delรญrios desentendidos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ A arte de sentir.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Pacรญfico.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Isca viva.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Mais perto.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Alรฉm do momento.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Tortas de maรงรฃ.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Tormentas.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Boneca de pano.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ De volta.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Barganha.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Do outro lado.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Determinado.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Quase mortos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Puniรงรฃo.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Rodovias.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Renascer.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Asas de inverno.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Tudo por nรณs.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Vilรตes e mocinhos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Sentenciados.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Focos de incรชndio.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Pontas de flechas.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Perdas irreparรกveis.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Rifles amigos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Libertos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Achados e perdidos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Para o inรญcio.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Fogo na colina.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Em busca do cรฉu.
๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐…๐ข๐ง๐š๐ฅ๐ž โ— Moinhos de neve.
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(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Semeando o verรฃo.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Apenas em sonhos.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Caรงas macias.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Campo minado.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Das estrelas ou mais.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Acima dos mapas.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Fraternos.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Milagres.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Todos os detalhes.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Salvos pelo momento.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Alicerces.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Sem sapatos.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Depois de nรณs.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Bravinha.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Vigรญlia.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Nรฃo pegue.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Em famรญlia.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Cavalo de Trรณia.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Neblina.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Contra a corrente.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Supostamente ser.
๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐…๐ข๐ง๐š๐ฅ๐ž โ— Caminhos.
โ— ๐’๐“๐ˆ๐๐† โ— ๐‘Ž๐‘’๐‘ ๐‘กโ„Ž๐‘’๐‘ก๐‘–๐‘ โ—

(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Vidas em curso.

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A luz intensamente clara me obrigou a abrir os olhos de forma quase ardente. Demorei alguns segundos para me situar e lembrar aonde eu estava, porém o colchão vazio no chão ao lado da minha cama me fez entender que uma cama de solteiro realmente era pequena demais para duas pessoas e que Daryl provavelmente havia se movido para o chão no meio da madrugada.

Apesar disso, aquilo me fez sorrir como uma boba.

Estiquei todos os meus músculos ao me sentar, imaginando que o caçador já estava envolvido em alguma tarefa e por isso havia saído sem me acordar. Senti o chão frio na sola dos meus pés, lembrando automaticamente da frase de Daryl na noite passada. "Uma noite sem sapatos". Pequenos detalhes que queimavam o meu coração de forma sincera.

Calcei os coturnos surrados em meus pés e caminhei para fora da cela, encontrando com Lori logo à minha frente no corredor. A mulher parecia estar ocupando o cômodo ao lado daquele.

— Bom dia, vizinha! — Cumprimentei de forma despreocupada enquanto esfregava meus olhos.

— Bom dia, querida. — A mulher cumprimentou esfregando suas duas mãos na barriga como se estivesse tentando remediar alguma coisa. Aquilo me preocupou.

— Está tudo bem com o "mini-Grimes"? — Questionei ao levar minha mão até o seu abdômen estendido para sentir o bebê.

— Está. Está sim. — Assentiu ainda de maneira preocupada. — Só está mais agitado essa manhã. — Alegou dando um longo suspiro.

— Está ansioso para conhecer o pessoal. — Eu brinquei ao sorrir de forma animada e divertida. — Espere só mais um pouquinho, querido! Estamos quase terminando a faxina! — Falei para a sua barriga enquanto Lori ria divertidamente ao tocar meu ombro com agradecimento.

Continuei os meus passos calmos em direção à minha cela, porém não me afastei muito quando ouvi a esposa do xerife me chamando de novo, me fazendo virar em sua direção.

— Heidi! Você poderia fazer um favor? — Perguntou apoiando uma de suas mãos no corrimão de segurança do segundo andar.

— Claro, mamãe, é só dizer. — Me mostrei solícita ao dar de ombros com calma.

— Hershel quer tentar dar os primeiros passos essa manhã. — Explicou ao se aproximar de mim novamente e foi abaixando o tom de suas palavras gradativamente. — Poderia ir até a enfermaria de novo e procurar um par de muletas? — Pediu.

— Certo, pode deixar! — Respondi prontamente, antes de sorrir e caminhar em direção as escadas que me levariam até o andar térreo. Encontrando T-Dog pronto para sair do pavilhão quando passou por mim. — Bom dia! — Cumprimentei com um sorriso.

— Bom dia, senhora. — Theodore respondeu com um sorriso relaxado ao carregar três garrafas de água nas mãos.

— Você viu o Dixon por aí? — Perguntei casualmente, ao perceber que T-Dog parecia estar no meio de alguma atividade do lado de fora.

— Ele e Rick estão do lado de fora da cerca recolhendo lenha para a fogueira, enquanto eu estou organizando as pilhas com os corpos a serem queimados. — Ele explicou. — Se bem que, com o calor que está fazendo, não seria muito difícil tudo começar a pegar fogo! — Brincou ao me mostrar as garrafas de água.

— Ah, verdade! — Eu ri da sua piada. — Vou apenas escovar os dentes e desço pra lá para ajudá-los. — Garanti enquanto continuava o meu caminho em direção a enfermaria de novo.

Tudo estava fácil demais, já que eu e Carl já havíamos limpado aqueles corredores até a enfermaria. Assim como tive um tempo disponível e tranquilo para procurar por muletas dentro do cômodo abandonado. Acabei as encontrando dentro de um closet conjugado na sala e me apressei em levá-las novamente em direção a cela aonde Hershel estava se recuperando.

Lori estava descendo as escadas para o térreo quando eu me aproximei do local e a esperei no fim dos degraus de cor cinza.

— Entrega especial. — Brinquei ao lhe mostrar as muletas que havia encontrado.

— Obrigada! — Ela agradeceu com um sorriso ao pegar os objetos e começar a desparafusar alguns locais, como se para adaptá-lo melhor a altura de Hershel.

A esposa do xerife continuou o seu caminho até a cela do idoso enquanto eu a seguia. Percebendo que o homem estava sentado em sua cama parecendo apenas esperar ansiosamente por aquelas muletas ao lado da sua filha Beth.

— Pronto para participar das corridas desse ano, Hershel? — Questionei com um sorriso satisfeito quando Lori se aproximou para entregar-lhe as muletas.

— Mais alguns dias e com certeza levo uma das medalhas. — Respondeu brincando ao começar a testar as muletas levando suas mãos até elas. Suas palavras nos fizeram rir.

Me afastei levemente para dar espaço para o homem se acostumar com os objetos e peguei a escada aonde poderia subir novamente para o segundo andar. Entrando em minha cela para pegar algumas coisas necessárias antes de descer até o banheiro de novo.

Tomei um banho gelado com a pouca água lamacenta que descia dos reservatórios e cogitei a ideia de cortar o cabelo quando me olhei no espelho enquanto me trocava. Diminui-lo o tornaria mais fácil e controlável.

Vesti uma roupa mais fechada, como calças jeans e camiseta, pois já sabia que passaria um longo dia de trabalho debaixo do sol de verão. E amarrei o cabelo fortemente em um coque para não atrapalhar o serviço.

Saí do banheiro coletivo e caminhei tranquilamente pelo corredor enquanto jogava a toalha sobre o ombro. Foi quando me deparei com a silhueta que se aproximava de forma arrastada vindo na direção oposta, vindo da direção da enfermaria. E pelo ruído grotesco que saía da sua garganta como um rugido, eu rapidamente entendi do que se tratava.

— Mas que porra? — Questionei totalmente confusa ao puxar a faca da cintura e enfiá-la na cabeça do errante para acabar com sua ameaça. Mas havia algo muito estranho naquilo. — Como você chegou aqui? — Perguntei ao morto quando me lembrei que tinha estado ali pela manhã e o local estava totalmente seguro.

Franzi o meu cenho sem entender, acreditando que deveria ter alguma sala dando acesso aos outros Blocos da prisão. Entretanto um pânico totalmente amargo começou a tomar o meu coração com brutalidade quando eu me abaixei sobre os calcanhares e percebi que o mordedor que eu havia acabado de derrubar não estava vestido como um presidiário e sim como um civil.

— Ok, agora isso ficou sinistro! — Reclamei ao ficar de pé novamente. Mas as minhas palavras foram bruscamente cortadas quando meu olhar subiu até o final do corredor e pude notar uma nuvem com mais de uma dúzia de mortos-vivos se aproximando assim que me notaram ali. — Merda! — Xinguei quando soltei todas as minhas coisas no chão e comecei a correr apenas com a faca empunhada.

Comecei a ouvir o som de tiros de forma distante, parecendo virem de fora da prisão e o meu cérebro lutou para entender a situação. Me fazendo acreditar que talvez outra onda de um "rebanho" tivesse conseguido derrubar as cercas e estivessem dominando a prisão.

Encontrei alguns mordedores no caminho à minha frente, tentando me alcançar, mas acabei os empurrando com força contra a parede e enfiando a faca nos crânios de quais eu conseguia para tentar me livrar. Até que eu alcançasse o pátio do Bloco C já com minhas roupas recém trocadas respingadas por sangue apodrecido e tentando afastá-los dos meus calcanhares.

Tentei correr em direção ao portão de saída na esperança de alcançar os outros do lado de fora, porém acabei esbarrando em Maggie, que também voltava para dentro do pavilhão sendo acompanhada de forma desesperada por Carl e Lori.

— O que está acontecendo? — Perguntei em pânico para a mulher de olhos verdes assustados.

— Não sei! — Gritou de volta ao ver os mortos-vivos atrás de minhas costas e começou a correr no sentindo contrário de novo. — Por aqui! — Chamou quando nós a seguimos e entramos através de um portão pesado até o que me pareceu um corredor muito escuro na lateral.

Maggie fechou o ferrolho pesado daquele portão e uma nuvem de errantes se jogou contra as grades e esticando suas mãos em nossa direção como animais famintos.

— Tem saída pelo outro lado? — Eu quis saber ao perceber que não dava para ver muita coisa diante daquele escuro.

— Temos que descobrir! — Lori se prontificou quando segurou o ombro do filho e começamos a caminhar em direção aos fundos do local aonde entramos, indo para o lado oposto aos mortos que ainda rosnavam no portão.

Começamos a caminhar pelos corredores praticamente às cegas. Não fazíamos ideia de qual era o caminho certo e nem conhecíamos aquele local. Tivemos que apenas seguir como um labirinto enquanto revezávamos para matar os mordedores que iam aparecendo durante o percurso.

— Vamos ficar sem munição! — Maggie reclamou quando caminhamos até mais um beco sem saída. Bem no momento em que ouvimos o soar de um alarme muito alto ressoando pelas paredes de concreto da prisão como se fosse o chamado para mais mordedores.

— Por que estão soando o alarme? — Perguntei angustiada quando começamos a perceber as sombras de mais alguns mortos-vivos se arrastando pelo corredor.

— Eu não estou me sentindo bem! — Lori avisou quando se apoiou na parede com as duas mãos e suas pernas pareceram fraquejar até quase cair de joelhos.

— Você foi mordida? — Carl se aproximou desesperado da mãe tentando segurá-la de pé.

— Não. Não fui mordida. É o bebê. Acho que o bebê vai nascer! — A mulher segurou a própria barriga enquanto apertava fortemente os dentes para conter um longo rugido de dor.

— Puta merda! Ela vai ter o bebê! Não podemos ficar aqui no meio deles! — Gritei quando vimos os mortos-vivos no fundo do corredor.

— Por ali! — Maggie apontou para uma porta lateral quando eu e ela praticamente seguramos os braços de Lori em volta do nosso pescoço, quase a carregando no colo e a arrastamos para o local que a garota havia encontrado.

— Escore a porta, Carl! Rápido! — Mandei assim que passamos pela porta e arrastamos a mulher através do cômodo até um local seguro.

A sala era completamente escura, se não fosse por pequenas basculantes retangulares deixando um pouco de sol entrar. Ali dentro continha várias máquinas e controles, além do forte cheiro de graxa e óleo como uma oficina mecânica. O que me fazia pensar que talvez pudesse ser uma sala da caldeira, ou coisa parecida.

— Por favor, aguenta só mais um pouquinho. — Pedi desesperada para a mulher quando a encostamos apoiada em uma das mesas de controle. — Os errantes vão se afastar e a gente vai te levar para o Hershel! Você vai ter o seu bebê em uma caminha quente e confortável! — Prometi angustiada enquanto a mulher se curvava e gemia de dor mais uma vez.

— Desculpe, querida, acho que não vai dar pra segurar! — Respondeu com suor brotando em seu rosto.

— Lori, você precisa se deitar um pouco. — Maggie alertou ao perceber que a mulher estava quase caindo.

— Não. Não posso. O bebê está vindo. — Garantiu apoiando suas mãos sobre a mesa e começando a respirar profundamente várias vezes como um cansaço terrível.

— Não podemos ficar aqui. Temos que voltar até o Hershel! — Carl alegou muito nervoso ao se aproximar da mãe.

— Não podemos nos arriscar e sermos pegos por eles. — Maggie lembrou enquanto ainda ouvíamos os ruídos grotescos dos monstros no corredor. — Ela vai ter o bebê aqui mesmo. — Alegou se aproximando de Lori e começando a massagear a base das suas costas. — Ok, vamos tirar suas calças! — Pediu ao começar a ajudar a mulher desabotoando o cós do seu jeans.

Lori deitou no chão com ajuda de Maggie e a garota retirou suas botas e calças com pressa. Fazendo a mulher deitar de pernas abertas enquanto seu rosto estava vermelho e exausto.

— Certo, preciso conferir a sua dilatação. — Maggie comentou ao examinar o local de forma clínica.

— Você sabe como fazer isso? — Questionei de pé ao lado quase surtando de angústia.

— Meu pai me ensinou uma vez, mas não faço a menor ideia de como está. — Ela desistiu quando percebeu que não saberia dizer ao certo em qual ponto estaríamos.

— Cara, eu não pronta para ter um bebê justamente aqui e agora! — Eu comentei de braços cruzados e me movimentando de forma inquieta ao lado das duas como se o bebê fosse sair de mim.

— Imagina como eu me sinto! — Lori respondeu em tom irritado ao soltar um leve riso sem humor. — Eu preciso fazer força! — Ela se levantou rapidamente com ajuda de Maggie e agarrou suas mãos em uma corrente antes de começar a gritar em desespero e forçar aquele bebê para fora.

— Vamos, você consegue! Seu corpo sabe o que precisa fazer! — Incentivei ao me aproximar da mulher e apoiar suas costas ao ficar com medo que suas pernas fraquejassem. Um grito horrível escapou dos lábios de Lori, fazendo o eco sinistro estourar nossos ouvidos dentro da sala metálica e os mortos se acumularem ainda mais contra aquela porta.

— Não! Espere! Não empurre mais! — Maggie gritou ao voltar sua mão ensopada de sangue para longe do corpo de Lori.

— Isso é um bom sinal, certo? Quer dizer que está nascendo? — Perguntei para a garota com otimismo, mas ela acabou me encarando com grandes olhos inundados de preocupação e medo.

— O bebê não vai sair. — Ela avisou com pesar e desespero na voz. — Está preso. Acho que não está encaixado direito. Ele não vai passar. — Relatou angustiada.

Meus olhos se arregalaram de medo enquanto Maggie me encarava sem saber o que dizer ou fazer. Eu acabei olhando para Carl e percebendo o garoto extremamente pálido assistindo a tudo ao lado com grande aflição e nervosismo. Meu cérebro começou a trabalhar rápido com o pouco que tínhamos. Como se eu precisasse formular alguma coisa útil.

— Ok! Ok. — Tentei tranquilizar a todos, mas estava tranquilizando a mim mesma. — Vamos deitá-la de novo! — Pedi para Maggie que prontamente me ajudou a colocar Lori deitada no chão. — Vamos encaixar o bebê. — Falei em tom sério ao fitar a garota com decisão.

— O quê? Como? — Lori perguntou ainda com sua respiração cansada.

— Eu vou forçar sua barriga e girá-lo aí dentro até ele ficar pronto. — Expliquei vulgarmente ao levantar a blusa dela até toda sua barriga ficar à mostra.

— Isso é possível? — Lori questionou angustiada.

— Eu já ouvi falar, mas não sei se pode dar certo. — Maggie explicou para a mulher pronta no chão. — Nós podemos acabar piorando a situação! — Avisou para mim quase como um rugido preocupado.

— Se esperarmos aqui, ela morre. Se fizermos algo errado, ela morre. O que você quer fazer? — Cochichei com raiva ao colocar minhas duas mãos na lateral da sua barriga. — Ok, Maggie, quando eu empurrar debaixo pra cima, você empurra de cima pra baixo! — Avisei afundando meus punhos na barriga. — Isso vai doer um pouco! — Avisei para Lori quando começamos o movimento e a mulher começou a gritar desesperada.

Podia sentir o corpo do bebê debaixo da pele como um animal indefeso e preso. Porém, ele parecia se mover lentamente conforme eu e Maggie tentávamos a manobra de maneira forte e determinada. Fazendo os gritos de Lori aumentarem.

— Carl! Venha aqui e apoie a cabeça da sua mãe! — Pedi ao chamar o garoto e ele rapidamente se ajoelhou para colocar a cabeça da mãe em seu colo. — Maggie, fique na frente e me diz se a cabeça está maior na entrada! — Perguntei tentando ser otimista. Maggie se movimentou rapidamente para o meio das pernas da mulher.

— Hãhnm, parece estar maior, mas não muito! — Ela respondeu com tom exasperado ao segurar as pernas de Lori abertas pelos joelhos.

— Agora você precisa ajudar, Lori. Empurre! — Eu pedi ao apertar fortemente a parte de cima da sua barriga quando a mulher começou a empurrar com força e gritar ao mesmo tempo.

— Está vindo! Ele está vindo, deu certo! — Maggie abriu um sorriso animado enquanto ainda observava o parto.

— Bom, muito bom. — Elogiei mais animada, esperando que ela se recuperasse para mais um empurrão.

— Carl, escute! — Lori chamou o garoto ao segurar a manga da sua camisa xadrez. Sua voz rouca demonstrava toda a fraqueza que a palidez do seu rosto confirmava. — Se eu não conseguir, não fique assustado, ok? Cuide do papai por mim. — Pediu de uma maneira muito fúnebre.

— Não! Você vai ficar bem! — Carl rebateu com lágrimas escorrendo por suas bochechas e apertando com mais força a mão da mãe presa na sua.

— Sem essa... Você vai segurar o seu bebê nos braços, Lori. Eu prometo! — Avisei ao me apoiar sobre sua barriga de novo e pedindo que ela fizesse força, vendo a mulher se espremer mais uma vez dentro de um grito rouco de pura agonia.

— Está dando certo! Continue! — Maggie avisou ao posicionar suas mãos de um jeito mais aflito, parecendo amparar alguma coisa quando o grito de Lori cessou e tudo se tornou um silêncio angustiante.

Um pequeno choro tímido e agudo surgiu devagar quando Maggie levantou os seus braços banhados em sangue. Nos deixando ver o pequeno bebê completamente sujo e esticando suas perninhas e bracinhos fracos como se tentasse se segurar a todo custo para não cair nesse mundo tão frio.

— É menina! — A garota avisou ao trazer o bebê de forma segura para o seu colo. — É uma garotinha! — Reafirmou enquanto eu e Carl ajudávamos Lori a segurar sua cabeça alta para vê-la.

Maggie se arrastou sobre os joelhos até Lori protegendo o bebê com o próprio corpo. E o deixando no colo da mãe confortavelmente enquanto o seu chorinho desesperado era dividido pelas risadas fracas e emocionadas de Lori, que a abraçou com lágrimas escorrendo por seu rosto.

Lori tocou o rosto da sua filha ainda chorando de felicidade. Mas o seu rosto pálido parecia cada vez mais fraco e sem vida. Como se a força se esvaísse do seu corpo e fosse transportada direto para o bebê em seu colo.

— Preciso encontrar algo para amarrar o umbigo. — Maggie lembrou ao se levantar e começou a vasculhar todas as gavetas que ainda estavam presentes naquele local.

— Eu amo você. — Lori sussurrou para a filha ainda sorrindo enquanto eu me mantinha de joelhos ao seu lado. E então a mulher virou o seu rosto para o filho mais velho do seu outro lado. — Carl, você é tão inteligente, forte e tão corajoso, eu te amo também! — Avisou ao tocar a bochecha do menino com uma das mãos.

— Eu te amo, mãe. — O menino respondeu secando as lágrimas dos seus olhos com as mãos sujas.

— É tão fácil pegar o caminho mais rápido nesse mundo. — Ela disse com uma voz fraca ao desmanchar o seu sorriso para um choro sofrido novamente. — Você vai se sair bem. Só me prometa que sempre fará a coisa certa. — Pediu abaixando o seu tom de voz.

— Eu prometo! — Carl garantiu ainda sem conter as lágrimas que limpava. E Lori acabou se virando em minha direção com um leve sorriso de linhas finas nos lábios.

— Heidi... — A mulher virou os seus olhos claros e tão tristes em minha direção. — Se eu não conseguir sair daqui você precisa me fazer um favor. — Pediu de maneira angustiada.

— Não diga besteiras, Lori. Nós vamos dar um jeito de levar você e o bebê em segurança! — Prometi tentando acalmá-la com um sorriso.

— Não. Me escute. — A mulher agarrou o meu pulso com seriedade. — Você precisa dizer para ele o quanto o amo. — Pediu de um jeito angustiado e eu pude entender que ela falava de Rick. — Que eu sei que eu fui uma esposa de merda e que ele provavelmente vai se sentir culpado por isso... — Um sorriso triste apareceu nos seus lábios. — Mas ele precisa saber que não foi. Não foi culpa dele. E que eu o amo tanto! Ele foi o nosso herói. — Alegou, falando de si mesma e dos filhos. — Por favor, diga isso pra ele! — Implorou novamente.

— Ok, eu vou dizer. Eu prometo! — Confirmei balançando a cabeça em afirmativa enquanto meu fôlego começava a ser roubado pela aflição do meu coração.

— Obrigada! — Sussurrou para mim ao apertar sua filha nos braços. — Obrigada por isso. — Completou antes de tocar seus lábios na cabeça da garotinha para um beijo e então seus olhos começaram a se fechar devagar em um desmaio.

— Lori? — Chamei ao perceber o seu corpo amolecendo aos poucos.

— Por que tem tanto sangue? Por quê...? — Maggie percebeu ao voltar a se aproximar com um carretel de linha preta que parecia seda. — Já devia ter parado! — Avisou ao se abaixar entre as pernas de Lori de novo e só então eu pude perceber a quantidade assustadora de sangue que ela estava perdendo.

— Oh meu Deus! Não! — Disse assustada ao pegar o bebê do colo da mulher e rapidamente entregá-lo no colo de Carl. — Lori! — Chamei ao puxar o seu corpo até que ela deitasse e comecei a massagear seu peito, exatamente no coração, tentando qualquer coisa que a fizesse voltar durante alguns minutos.

— Não vai adiantar se a hemorragia não parar! — Maggie avisou em desespero enquanto éramos acompanhadas pelo choro aflito do bebê novamente.

— Lori! — Levei minhas mãos para o seu rosto e tentei bater em suas bochechas. — Temos que mantê-la viva até a levarmos para Hershel. Podemos fazer uma transfusão! — Alertei ainda tentando acordá-la.

— Heidi! — Maggie chamou minha atenção rapidamente, ao pegar minha mão com rispidez e colocá-la exatamente na jugular da mulher. Me mostrando que não havia qualquer pulso ali.

Meus olhos se arregalaram e foram diretos para Carl que ainda segurava o bebê.

— Ela está morta? — O menino perguntou chorando novamente.

— Maggie, o umbigo. — Alertei sobre o bebê desesperado no colo do garoto. A mulher apenas assentiu e pegou o bebê dos braços do mais novo, antes de se afastar. — Carl, nós temos...

— Ela morreu?! — O garoto gritou com toda a força dos seus pulmões quando o seu rosto se tornou mergulhado em fúria. E eu acabei assentindo em concordância ao demonstrar luto.

Carl fechou suas expressões como se desligasse as emoções em sua mente com um interruptor.

O garoto ficou rapidamente de pé ao lado da mãe morta quando puxou sua arma do quadril e apontou o silenciador em direção a testa da mesma.

— Não! Você não precisa fazer isso. Eu cuido disso! — Pedi ao empurrar sua arma para longe. Mas o garoto acabou apontando aquela arma para o meu rosto.

— É a minha mãe! — Disse alto e totalmente decidido. — Eu faço! Precisa ser eu! — Alegou ao voltar a mira da arma de volta na cabeça da mulher e rapidamente apertou o seu dedo no gatilho.

Um grito escapou por meus pulmões e foi abafado por minhas mãos contra meus lábios. Um medo terrível desceu por minha espinha em total desespero quando percebi o que Carl havia acabado de fazer sem nem ao menos piscar. E esse medo sinistro pareceu se tornar ainda mais insano quando o garoto virou os seus olhos azuis completamente vazios em minha direção.

Não havia nada lá. Eram só um azul gélido banhado em escuridão.

— Ela está bem? — Carl perguntou quando Maggie voltou com a bebê e o seu umbigo suturado.

— Está. Mas precisa comer. E se aquecer. — A garota respondeu ao se aproximar.

Carl retirou a jaqueta que usava e entregou em direção a mulher, que enrolou o bebê e o segurou para aquecê-lo. Só então Maggie percebeu o buraco de bala no centro da testa de Lori bem ali no chão.

— Você... — Ela olhou para mim. Eu ainda estava de joelhos no chão completamente abismada e tremendo com a cena. E só tive a ação de balançar minha cabeça em negativa de maneira chocada.

Maggie lançou uma expressão triste e preocupada em direção ao garoto enquanto um choro desesperado escapava por seus lábios. A fazendo se contorcer de tristeza enquanto ainda tentava acalentar a criança que também chorava em seus braços.

— Ela precisa de cuidados. Nós temos que sair daqui... — Falei nervosamente ao ficar de pé e verificar os monstros que ainda poderiam estar no corredor. Definitivamente, eu não queria continuar ali dividindo o mesmo espaço com o cadáver de Lori.

Demorou longos minutos até que a horda do outro lado da porta tivesse a sua atenção chamada pelo som do alarme insistente, mas conforme o tempo foi passando, nós percebemos que a quantidade deles no corredor foi diminuindo.

— Eles ainda estão lá fora! — Maggie respondeu com a voz entrecortada pelo choro.

— Mas nós vamos conseguir! — Respondi firme ao tentar formular novos planos.

Porém os meus pensamentos estavam embaralhados. Tudo o que eu conseguia ver era a expressão fria e indiferente de Carl sentado em um banquinho enquanto observava a mãe morta.

Silencioso como um fantasma. Tão perturbador quanto um pesadelo. Eu já tinha visto aquela expressão, mas nunca no rosto de alguém tão jovem.


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