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By QveenBDD

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+18 โ— ๐’๐“๐ˆ๐๐† [๐‹๐ˆ๐•๐‘๐Ž ๐ˆ] โ— โŽข โ๐€๐‹๐†๐”๐Œ๐€๐’ ๐๐„๐’๐’๐Ž๐€๐’ ๐’๐„ ๐’๐„๐๐“๐„๐Œ encurraladas pelo caos... More

โžณ ๐ƒ๐ข๐ฌ๐œ๐ฅ๐š๐ข๐ฆ๐ž๐ซ [Aviso legal]
โžณ ๐‘๐ž๐š๐๐ข๐ง๐  ๐†๐ฎ๐ข๐๐ž [Dinรขmica].
โžณ ๐๐ซ๐ž๐Ÿ๐š๐œ๐ž ๐•๐จ๐ฅ. ๐ˆ [Recado da autora].
โ— ๐‚๐€๐’๐“ โ—
๐’๐“๐ˆ๐๐† โ— (๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐Ž๐Ÿ) โ— ๐๐ซ๐ž๐ฆ๐ข๐ž๐ซ๐ž
(Vol. I) Memรณrias Iโ”‚Dias de verรฃo.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Sitiados.
(Vol. I) Memรณrias II โ”‚ Doce dezesseis.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Enterro no asfalto.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚ Telhado de vidro.
(Vol. I) Memรณrias III โ”‚Conto de fadas.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Sobrevivรชncia.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Opulรชncia.
(Vol. I) Memรณrias IV โ”‚Um lar em uma caixa.
(Vol. I) Ano I p.e. โ”‚Reconhecimento.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚Lua cheia.
(Vol. I) Ano I p.eโ”‚Branca de Neve.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Trofรฉu de caรงa.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Lacrimosa.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Sob o luto.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Heranรงa genรฉtica.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ รŠxodo.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Cercas brancas.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Persistรชncia.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Alรญvio.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Vinho da meia noite.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Bourbon do Kentucky.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Pesadelo.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Cama ou sofรก.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ Novelo de lรฃ.
(Vol. I) Ano I p.e.โ”‚ O que vale a pena.
๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐…๐ข๐ง๐š๐ฅ๐ž โ— Bandeiras Vermelhas.
โžณ ๐๐ซ๐ž๐Ÿ๐š๐œ๐ž ๐•๐จ๐ฅ. ๐ˆ๐ˆ [Recado da autora].
๐’๐“๐ˆ๐๐† โ— (๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐Ž๐Ÿ) โ— ๐๐ซ๐ž๐ฆ๐ข๐ž๐ซ๐ž
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Territรณrio Novo.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Para onde todos vรฃo.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Longe de nรณs.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Ouro verde.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ O som das รกrvores.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Nem sempre uma famรญlia.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Delรญrios desentendidos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ A arte de sentir.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Pacรญfico.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Isca viva.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Mais perto.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Alรฉm do momento.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Tortas de maรงรฃ.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Tormentas.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Boneca de pano.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ De volta.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Barganha.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Do outro lado.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Determinado.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Quase mortos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Puniรงรฃo.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Rodovias.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Renascer.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Asas de inverno.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Tudo por nรณs.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Vilรตes e mocinhos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Sentenciados.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Focos de incรชndio.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Pontas de flechas.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚ Perdas irreparรกveis.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Rifles amigos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Libertos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Achados e perdidos.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Para o inรญcio.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Fogo na colina.
(Vol. II) Ano I p.e.โ”‚Em busca do cรฉu.
๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐…๐ข๐ง๐š๐ฅ๐ž โ— Moinhos de neve.
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(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Semeando o verรฃo.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Apenas em sonhos.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Caรงas macias.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Campo minado.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Das estrelas ou mais.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Fraternos.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Milagres.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Todos os detalhes.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Salvos pelo momento.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Alicerces.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Sem sapatos.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Vidas em curso.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Depois de nรณs.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Bravinha.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Vigรญlia.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Nรฃo pegue.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Em famรญlia.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Cavalo de Trรณia.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Neblina.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Contra a corrente.
(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Supostamente ser.
๐’๐ž๐š๐ฌ๐จ๐ง ๐…๐ข๐ง๐š๐ฅ๐ž โ— Caminhos.
โ— ๐’๐“๐ˆ๐๐† โ— ๐‘Ž๐‘’๐‘ ๐‘กโ„Ž๐‘’๐‘ก๐‘–๐‘ โ—

(Vol. III) Ano II p.e. โŽฅ Acima dos mapas.

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By QveenBDD

Nós não tínhamos nem ao menos tomado café da manhã ainda.

O dia mal havia amanhecido e Rick já estava animado, pronto para mais uma série de estratégias e planejamentos. Ele queria continuar avançando até a parte interna da prisão, limpando o máximo de blocos possíveis e assim desfrutar da segurança lá dentro.

E por isso o xerife estava de pé com suas mãos apoiadas nos quadris enquanto o resto de nós organizava as coisas novamente com nossas expressões sonolentas de quem havia acabado de acordar.

— Precisamos forçar um pouco mais. Sei que podemos. — Rick discursou nos observando. — Eu andei verificando aqueles caminhantes. Todos usam uniformes de guardas ou detentos. Isso significa que esse lugar sucumbiu muito cedo e, provavelmente, não foi saqueado. — Alegou de forma otimista. — Isso significa que podemos achar um refeitório, enfermaria...

— Uma sala de armas. — Daryl completou ao prender sua aljava atrás das costas.

— Geralmente ela fica fora do prédio, mas não muito longe. — Concordou ao encarar o amigo.

— Mas podemos encontrar informações na sala do diretor. — Lembrei com indiferença. — Ela é o coração do prédio. Tem tudo lá. — Acrescentei como um conselho os olhando de relance, mas dei de ombros quando percebi os olhares estranhos sobre mim.

Bom, talvez parecesse estranho demais que eu tivesse tais informações.

— Mas estamos quase sem munição, xerife. Não vamos chegar nem perto. — Lembrei agachada na grama ao praticamente amassar tudo o que eu tinha dentro de uma mochila surrada. Não havia dormido bem e isso parecia ter deixado o meu humor bem pior.

— É por isso que precisamos fazer isso mano a mano. Temos que entrar lá. — Rick respondeu fazendo todos pararem seus movimentos e o encararem de maneira receosa.

— Entrar lá com aquele monte de bichos? — Lori perguntou mostrando-se preocupada.

— Eu não faria isso se não soubesse que somos capazes. — Rick rebateu de maneira um pouco ríspida.

Respirei fundo. Eu também estava tão brava com minha última conversa com Daryl que até tenho a certeza que conseguiria dominar Atlanta inteira com uma faca de mesa.

— Eu 'tô' dentro! — Confirmei antes que o xerife terminasse de expor o seu plano e coloquei o rifle preso atrás das costas ao ficar de pé. Nada como um pouco de orgulho ferido como combustível.

— Ótimo! Precisamos abrir o portão e nos manter em formação até o final. Assim conseguimos proteger a maior área possível, e ainda eliminar os errantes devagar. Um de cada vez. — Formulou ao encarar os rostos receosos daqueles que voltavam a arrumar suas coisas. — Podemos ir eu, Heidi, Glenn, T., Maggie e Daryl. Os outros ficam aqui fora e nos dão cobertura chamando a atenção nas cercas. — Explicou ao gesticular brevemente.

— Ok! — Todos disseram juntos ao se prepararem em direção ao portão junto com o xerife.

— Ei! — Maggie me chamou brevemente, me fazendo parar. — Você pode ficar com isso. — Estendeu um facão quase do tamanho do meu antebraço, me fazendo pegá-lo.

— Valeu. — Peguei o objeto de suas mãos e verifiquei a faca afiada na bainha de couro em minha coxa.

— Preparados? — Rick perguntou se virando levemente em nossa direção e assentimos uma vez como um grupo de soldados.

Hershel foi aquele que abriu o portão enquanto T-Dog foi o primeiro a entrar empunhando a sua faca de caça. Aos poucos fomos entrando um por um e ficando em formação circular de novo, na esperança de proteger todos os lados possíveis.

O homem mais velho fechou o portão assim que todos entraram e não demorou muito para que pelo menos uma dúzia de mortos-vivos começassem a se locomover ferozmente em nossa direção com seus dentes crispados. Nos fazendo empunhar as facas com força e golpeá-los na cabeça da forma mais eficiente possível.

O nosso principal objetivo era fechar o portão interno que separava o Bloco C dos blocos restantes do prédio e por isso continuávamos avançando em direção aos fundos do pátio de concreto, ignorando o prédio.

Tudo pareceu muito mais dificultoso quando esbarramos com guardas fortemente fardados e os seus capacetes começaram a atrapalhar o ataque mortal que precisava ser dado na cabeça. Felizmente, Maggie acabou tendo a brilhante ideia de golpeá-los abaixo do queixo com uma lâmina tão longa a ponto de alcançar o cérebro podre da maioria deles.

— Vocês viram isso? — A garota perguntou animada quando percebeu que o seu plano de ataque funcionou.

— É. Parece que temos que sempre subir o nosso nível por aqui. — Apontei quando continuamos avançando com nossa formação.

— Daryl! — O xerife chamou alto quando alcançou o portão final do Bloco C e ambos conseguiram fechar as grades que separavam o pátio de mais uma nuvem de mordedores se aproximando.

Quando finalmente conseguimos fechar aquele portão e eliminar o restante dos bichos, um suspiro aliviado soltou-se do meu pulmão como um tratado de paz.

Dezenas de corpos apodrecidos permaneciam jogados para todos os lados como uma guerra insana. Além de sujeira e escombros. Eu comecei a observar o enorme espaço de concreto rodeado por fortes grades como uma fortaleza protetora. Tudo parecia bizarro e assustador, mas tinha potencial para se tornar um lugar seguro.

— Esperem! — Rick chamou quando também analisou o espaço à céu aberto.

— Bom, parece seguro pra mim. — Glenn concluiu ao observar também.

— Não, se considerarmos aquele pátio ali. — Daryl apontou para um espaço que interligava o Bloco C do restante da prisão e não parecia ter portões para serem fechados. — E temos civis no meio dos mortos. — O caçador apontou para um dos mordedores caído no chão.

— Então o interior da prisão pode ser dominado por mortos vindos de fora. — T-Dog apontou usando um tom tão frustrado quanto cansado.

— Se algum muro tiver caído não vamos conseguir levantá-lo de novo. — Acrescentei ao segurar fortemente aquele facão sujo de sangue sobre meu ombro e a outra mão na cintura.

— Então o que vamos fazer? — Glenn perguntou virando-se para o xerife, na esperança que o mesmo tivesse um bom plano.

— Não podemos ter um ponto cego. Precisamos de paredes. — Rick explicou nos olhando com uma expressão determinada de novo. — Precisamos entrar no Bloco C. — Planejou ao se direcionar para uma gaiola de ferro que servia como entrada para o pavilhão.

Todos seguimos o xerife como bons soldados e subimos os degraus até a porta de entrada para o Bloco C. Entretanto, era evidente o receio em nossos rostos por não sabermos o que nos esperava ali dentro.

Daryl foi aquele que se manifestou primeiro e abriu a porta de ferro pesada enquanto Rick apontava seu facão preparado para qualquer perigo.

Tivemos a sorte de nenhum errante aparecer em nossa direção vindo de dentro. Pelo menos isso. E começamos a avançar lentamente para dentro do prédio com passos cautelosos.

O local predominantemente cinza tinha uma aparência sombria e abafada. O cheiro característico de putrefação se tornou evidente e tudo ficou ainda mais escuro quando T-Dog voltou a fechar a porta atrás de nossas costas assim que passamos.

O silêncio era perturbador. Havia muita bagunça e sujeira espalhadas por todos os lados. Além disso, marcas sangrentas em pontos específicos demonstravam um massacre desesperado por sobrevivência.

— Eu me lembro de um filme de terror que começava assim. — Comentei enquanto descíamos os degraus até o primeiro pátio revirado. Acabei recebendo um olhar de repreensão do xerife e o seu dedo indicador de pé na frente dos lábios, me pedindo silêncio.

Rick apontou para uma guarita de segurança no alto de uma escada aonde víamos que alguém estava caído e rapidamente subiu até lá com passos cautelosos. Porém, ficou evidente que o guarda dentro do local realmente estava morto e por isso não foi difícil resgatar o molho de chaves em suas roupas.

Uma pequena comemoração silenciosa se espalhou por nós assim que ele nos mostrou o chaveiro ao descer as escadas.

Continuamos avançando até o pavilhão principal do Bloco C. Rick conseguiu destrancar as celas de aço e nós nos espalhamos para verificar cada cela com cuidado. Tendo o trabalho de danificar os crânios dos corpos que ainda estavam ali na intenção de que eles não se levantassem mais.

— Só por precaução. — Eu dei de ombros para Maggie e Glenn quando encontramos um prisioneiro caído dentro de uma das celas no térreo. E Glenn o rebocou até o corredor principal assim que minha faca saiu de dentro do seu crânio já apodrecido.

Nos assustamos quando ouvimos os grunhidos desesperados dos mordedores vindo do andar de cima, porém Rick e Daryl já tinham toda a situação sob controle. As ameaças estavam presas em suas celas e não foi tão difícil simplesmente matá-los também.

— Limpo! — Exclamei ao finalmente conferir cada cela e perceber que não havia mais perigo.

— Aqui também! — Maggie gritou do final da sala, depois das escadas.

— Finalmente! — T-Dog exclamou em tom comemorativo enquanto todos nós esboçávamos um sorriso satisfeito e aliviado ao finalmente percebermos que havia dado certo.

— Glenn! Chame os outros e traga nossas coisas. — Rick pediu ao rapaz, que logo se prontificou em sair do Bloco novamente e Maggie o seguiu logo atrás.

— Cuidado aí! — Daryl gritou do andar de cima, antes de soltar o corpo de um dos mortos direto no chão, aos pés de T-Dog.

— Agora vamos para a faxina! — O homem segurou aquele cadáver pelos pés e começou a puxá-lo em direção ao portão de saída, para colocá-los de volta no pátio livre, junto com os outros corpos.

Tentei fazer o mesmo e arrastar os outros corpos para fora das celas, mas eles pareciam pesados demais e eu estava praticamente morrendo de fome.

— Não! Pode deixar que eu faço, senhora. — T-Dog alertou quando voltou até o Bloco e me viu esforçando-me para arrastar o prisioneiro.

— Obrigada. — Agradeci dando um sorriso antes de sair para lhe dar espaço.

Subi as escadas acinzentadas até o segundo andar e vistoriei as celas com cuidado. Escolhendo a última do corredor, que parecia ter sido a menos danificada pela pintura de massa encefálica nas paredes.

O cômodo pequeno continha uma privada com uma pia acoplada em um canto da parede e um beliche de duas camas na parede direita. Tudo muito cinza e completamente imundo, sem nenhuma janela.

Ouvi o burburinho dos outros no andar debaixo enquanto todos começavam a entrar e se instalarem nas celas disponíveis naquele Bloco recém conquistado.

Me sentei sobre o colchão da cama de baixo e observei o local com um cuidado analítico. Aquilo me lembrava um passado recente um pouco sombrio demais. Tirando algumas cores diferentes, como o bege ao invés do cinza, o restante do ambiente parecia completamente idêntico ao setor prisional aonde eu estava antes de toda aquela pandemia acontecer. E isso me despertou antigos medos que eu não sabia que ainda tinha.

O colchão aparentemente confortável pareceu pinicar a minha pele como se milhões de insetos se escondessem ali. Um leve arrepio ruim se estendeu por meu corpo como um alerta de perigo, o que começava a fazer as minhas mãos tremerem aos pouquinhos e minha nuca suar.

Fechei os meus olhos levemente como Anton havia me ensinado. "Está tudo bem, Heidi", eu repetia dentro da minha própria mente respirando fundo algumas vezes. "É apenas um cômodo como qualquer outro. Em um lugar como qualquer outro. Você está livre agora. Livre. Você só precisa se acostumar". Repetia enquanto uma onda ruim de aflição começava a me despertar algum tipo de crise de ansiedade.

— Hey! Heidi! — A voz de Glenn na porta daquela cela me fez abrir os olhos de susto e encará-lo de forma apavorada. — Suas coisas. — O rapaz me entregou a mochila que eu havia deixado do lado de fora.

— Ah, obrigada! — Agradeci ao levantar para pegar a mochila e colocá-la no beliche de cima.

— Você está bem? Está pálida. Parece que vai desmaiar. — O homem comentou enquanto ainda segurava um pacote imenso de suas próprias coisas e eu voltava a me sentar na cama de baixo.

— Estou. Estou bem, só... — Respirei fundo ao tremer meu joelho como um tique nervoso e encarei o chão cinza aonde minhas botas pisavam. — Toda essa adrenalina. — Forcei um riso despreocupado, mas ele soou um pouco estranho.

— Verdade. Mas durma um pouco. Agora nós podemos fazer isso. Finalmente! — Comemorou de maneira alegre e, ao mesmo tempo, bastante aliviada quando esboçou um sorriso genuíno.

— Vou sim. — Avisei antes de vê-lo assentir algumas vezes e então se despedir batendo seus dedos de forma camarada na parede da cela, antes de se afastar e sumir da minha visão.

Voltei a observar todo o espaço aonde estávamos e senti mais uma vez a angústia percorrendo por debaixo da minha pele como um parasita. Eu sabia o que vinha depois e definitivamente não estava querendo passar por uma crise de falta de ar, então simplesmente me lancei para fora daquela cela com pressa e tentei desviar minha atenção o mais rápido possível.

Estava saindo daquela cela sufocante quando acabei dando de cara com Daryl que entrava no mesmo local e me assustou como o inferno, me fazendo arfar de choque e dar um passo para trás, puxando o ar.

— O que houve? — Ele perguntou surpreso com a minha reação ao desviar do meu corpo e simplesmente agarrar a minha mochila do beliche de cima. A jogando sobre a cama debaixo sem preocupações.

— Nada. — Respondi rápido e sem estender mais a conversa quando simplesmente o deixei para trás. O vendo puxar e retirar o colchão daquela cama para fora da cela. — O que você está fazendo? — Perguntei desconcertada ao voltar alguns passos e franzir o cenho.

— Não vou dormir em uma gaiola. — Explicou ao puxar o colchão para fora e jogá-lo praticamente no alto da grande escada de ferro que dava acesso ao segundo andar. — Vou ficar com o poleiro. — Acrescentou ao chutar um pouco o colchão para arrumá-lo.

Eu poderia ser egoísta o suficiente para exigir um pouco de apoio mesmo após um dia exaustivo, ou poderia ser uma idiota madura que finge que tudo está bem apenas para salvar um barco das pedras. Meus nervos doeram muito mais. Porém, pareceram dormentes ao mesmo tempo. Inertes. Me fazendo simplesmente desistir de qualquer reação e continuar meus passos contra os degraus. Descendo até o andar térreo como fazia antes.

Notei que todos os outros já se instalavam entre as celas e traziam suas coisas tranquilamente. Ao passo em que o meu cérebro estava praticamente fritando. Mas tentei disfarçar o máximo possível quando me sentei no penúltimo degrau da escada e passei a analisar as minhas unhas sujas nada interessantes. Pegando o canivete pendurado em meu pescoço por dentro da regata e usando uma ponta afiada para limpá-las.

Percebi quando Rick caminhou de volta até o pátio do Bloco C, movimentando o seu ombro como se sentisse uma dor incomodando bem ali. E foi impossível não me lembrar da cena entre Daryl e Carol na noite passada. Pensamentos eram um vício que torturavam minha própria mente.

— Não vai descansar um pouco também? — O xerife perguntou ao se aproximar e apoiar seu antebraço no corrimão da escada bem ao meu lado.

— Ah, não. Eu não estou com sono. — Expliquei sucintamente sem olhá-lo. Apesar do meu corpo exausto, a ansiedade era uma coisa que sempre me deixava inquieta demais para ficar deitada. Ainda mais em uma cela de prisão. — Às vezes parece que tenho uma bateria de noventa amperes na bunda. — Comentei tranquilamente, sem pensar muito em minhas palavras antes de dizê-las.

Mas rapidamente meus olhos se arregalarem de surpresa ao perceber o que havia falado e senti todo o meu rosto queimar com o constrangimento.

— Me desculpe! Falei sem pensar. — Me corrigi ao olhar para o xerife com uma expressão completamente envergonhada. Mas Rick acabou soltando um riso rápido bastante cansado e sacudiu sua cabeça em negativa.

— Tudo bem. Sem problemas. — Gesticulou levemente antes de se afastar até uma das paredes do corredor e se sentou no chão com um dos seus joelhos flexionados e a outra perna esticada.

Rick acabou retirando um mapa de papel um pouco amassado do bolso de trás da sua calça e o abriu na frente dos olhos como se precisasse formular mais planos. Soltando um longo suspiro concentrado.

— Não vai dormir também? — Perguntei o observando de longe com meus cotovelos apoiados nos joelhos.

— Não. Eu não estou com sono. — Respondeu baixo e então me encarou de forma altiva quando mostrou que não continuaria aquela frase da mesma forma como eu continuei. Isso acabou me fazendo rir.

— Então pode me mostrar como se usa isso? — Pedi ao ficar de pé e me aproximei do xerife enquanto guardava o canivete de volta dentro da minha regata.

— O mapa? — Rick questionou franzindo o seu cenho confuso com a minha pergunta.

— É. — Confirmei ao me sentar ao seu lado, mas virada de frente para a sua direção. — Eu sei que deveria aprender mais sobre isso, caso precise. E sou horrível nisso. — Expliquei ao coçar minha sobrancelha.

— Pretende ir a algum lugar? — O homem perguntou franzindo suas sobrancelhas com desconfiança.

— Não. Só por curiosidade mesmo. — Dei de ombros mostrando que não havia mais nada para fazer. Ele soltou mais um riso rápido e baixo, desacreditado.

— Nesse caso eu sinto muito, mas... um mapa é inútil se você não tem um lugar em mente. — O xerife explicou assentindo sua cabeça lentamente algumas vezes. — Afinal, qualquer caminho vai servir. — Acrescentou como uma piada.

— Disse o "Gato Cheshire". — Brinquei ao me lembrar do tradicional livro infantil tão conhecido. Grimes acabou sorrindo junto por entender a piada.

— Bom, esse não parece ser o país das maravilhas, certo? — Rebateu com voz sussurrada ao encarar o espaço a sua volta com uma expressão mais séria e firme.

— Está brincando? — Corrigi o interrompendo com rapidez. — Você está escutando isso? — Levantei o meu dedo em riste e o obriguei a ouvir nada além de um silêncio pacífico sem qualquer rosnado ou passos arrastados.

— Não. — Ele respondeu sacudindo sua cabeça levemente ao não entender o meu ponto.

— Exato. — Reforcei lançando um sorriso esperto enquanto arqueava as sobrancelhas. — Esse é o paraíso na terra depois de semanas! — Sussurrei mais emotiva ao observar o espaço novamente.

Voltei meus olhos na direção dos olhos claros do xerife Grimes e continuei sorrindo enquanto ele levava a sua mão livre do mapa até a frente dos lábios e parecia coçar a sua barba rala algumas vezes.

— Achei que seria interessante aprender coisas novas sempre que pudesse. — Expliquei ao respirar fundo como se precisasse esclarecer bem as minhas intenções. O xerife acabou assentindo algumas vezes de novo.

— Bem, não é muito difícil saber se você souber o que está procurando. — Avisou ao finalmente abrir aquele mapa no chão entre nós e apontou para o desenho de um ponto cardeal no canto da folha. — Veja, esse desenho precisa estar sempre apontando para o Norte. — Apontou para a letra N com o indicador. — É isso que define a orientação do mapa que você está usando. — Explicou voltando seus olhos até os meus de novo.

— E como posso saber para qual lado fica o Norte aonde eu estou? — Questionei observando melhor os desenhos perfeitos de planícies e territórios espalhados pelo seu mapa.

— Fica mais fácil quando se tem uma bússola. — Contou como uma piada e eu acabei rindo baixinho.

— Sem uma bússola. — Reformulei ainda com tom de riso.

— Ah, sem uma bússola. — Cochichou assentindo levemente de novo. — Se estiver de noite, você pode se orientar pela estrela Polar. Ela sempre está para o Norte. Se for de dia, se oriente pelo sol. Ele sempre vai se mover no céu começando da sua direita ao nascer até a sua esquerda ao anoitecer. Leste e Oeste, mais ou menos, apesar de não ser exato. Mas, o Norte ficará na sua frente quando você apontar o seu braço direito na direção em que o sol está nascendo. — Acrescentou enquanto ia apontando para a figura dos pontos cardeais.

— Ahnm, eu acho que vou meio que precisar anotar tudo isso. — Disse rindo ao perceber que já não fazia ideia de onde estávamos com aquelas explicações.

Rick acabou rindo comigo de novo, mas o seu riso logo começou a cessar lentamente, a medida em que ele parecia me analisar com um olhar mais observador.

— Sabe, você nunca nos contou o que fazia antes de tudo isso começar. — Ele comentou calmamente ao se referir aos mortos-vivos andando sobre a terra. Talvez ele estivesse um pouco atento por minha falta de experiência com mapas.

— Bom... — Eu respirei fundo ao desviar meus olhos dos seus até o mapa novamente. — Eu trabalhava com o meu marido. — Contei tentando manter a calma da forma menos suspeita possível. — Nós tínhamos uma loja de autopeças e uma oficina, principalmente de motocicletas. — Assenti apertando meus lábios. — Eu cuidava da administração. — Reforcei ao voltar meu olhar até o seu rosto de novo.

Pelo menos não era uma mentira. Era apenas uma realidade adiantada, já que as coisas dali em diante começaram a sair completamente erradas até o fatídico dia em que eu fui jogada no colo do Estado e presa em uma gaiola exatamente como aquela aonde estávamos.

— Ele era o cara que estava com você quando a encontramos? — Continuou com o interrogatório, apesar de tudo parecer inofensivo. Eu balancei a minha cabeça em negativa tentando demonstrar calma.

— Não. Aquele era o Anton. Eu o conheci depois de tudo, praticamente. — Tentei remediar os detalhes de forma sorrateira. — Meu marido era um homem que gostava de motos, apostas altas e whisky barato. Aqueles caras que andam em gangues com suas motocicletas, sabe? — Relembrei em um tom de riso sarcástico. — Provavelmente o tipo de homem que policiais como você não gostaria. — Apontei de maneira inteligente.

— Ah, acho que sei o que quer dizer. — Ele assentiu ao esboçar um mínimo sorriso de concordância.

— Ele morreu antes de tudo acontecer. Então, tecnicamente, eu sou uma viúva. — Brinquei em um tom fúnebre quase irônico.

— Então foi assim que você conheceu Daryl? Por causa da loja de motos. — Deduziu ao voltar a dobrar aquele mapa sobre o seu colo de novo. Eu balancei minha cabeça em negativa.

— Eu e Daryl nos conhecemos quando éramos pequenos. Crianças ainda, por assim dizer. Crescemos no mesmo bairro. — Corrigi ao menear minha cabeça levemente. O xerife acabou assentindo de novo. — Encontrá-lo depois do mundo ter ido pro vinagre foi quase um milagre. — Sorri de maneira mais sincera ao apertar os meus lábios.

— É. E milagres estão cada vez mais raros hoje em dia. — Concordou ao segurar aquele mapa com as duas mãos apoiadas sobre os seus joelhos. Eu assenti e respirei fundo com total certeza.

Milagres eram quase impossíveis nos dias em que corríamos por nossas próprias vidas. E me machucava demais sentir como se o meu milagre estivesse escapando por entre as rachaduras de minhas mãos após segurá-lo por tanto tempo.

Daryl era um homem com muitos problemas, eu sabia disso. No fundo, só um garoto que foi impedido de demonstrar os seus sentimentos da forma como deveria, disso eu também sabia. Então por que participar disso, mesmo sabendo de tudo, continuava me machucando tanto assim? Não fazia ideia se deveria reagir de alguma forma, ou simplesmente parar de complicar cada passo.

De fato, eu tinha total consciência de que não deveria sentir tanto ciúme de uma simples conversa com Carol, apesar de isso doer um pouco. Mas precisava ter a certeza de que estávamos no mesmo barco, ao invés de estar apenas remando sozinha esse tempo todo. Alguma reação qualquer.

— Eu vou deixá-lo descansar um pouco, xerife. — Avisei ao mesmo tempo em que ficava de pé novamente e sorria em sua direção como uma despedida. Virando minhas costas quando Rick sorriu de volta e eu subi as escadas que me levariam para o segundo andar de novo.

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