Emma
-Como diabos o Autor está preso dentro do livro? - Perguntou Regina.
-Não me pergunte. Você é a especialista em magia.
-Mãe? - Henry chamou.
-Isso é insano. O que devemos fazer, desenhar uma chave? - Regina perguntou.
-Precisamos descobrir antes do Gold.
-Mãe! - Henry chamou de novo e nós duas olhamos para ele.
-O que foi? - Regina perguntou.
-Há algo de errado com o August.
-August? August? - Chamei por ele, mas o mesmo estava desacordado. - Ele precisa de ajuda.
Levamos o August até o convênto na esperança de que a Fada Azul pudesse nos ajudar:
-Ele passou por muita coisa. - Disse a Fada.
-O que está acontecendo? Ele estava acordado e desmaiou.
-Ele foi mudado pela magia muitas vezes, para sobreviver a isso ele terá que ser muito forte. - Explicou.
-Nós temos um problema maior. - Regina colocou a mão no meu ombro.
-Vamos. - Disse. - Nós avise se ele acordar. - Pedi para Azul e ela assentiu.
Seguimos pelo corredor, indo em direção a saída:
-Gold e aquelas bruxas estão me esperando. Eles me enviaram em uma missão para pegar a página do livro e se eu voltar de mãos vazias, qualquer suspeitas que eles tenham sobre mim serão confirmadas. - Dei um passo a frente e me posicionei a sua frente de braços cruzados, fazendo-a parar de andar.
-Então dê isso a eles. - Materializei uma página falsa na minha mão.
-Ow! Você está ficando boa. - Disse Henry.
-Estive praticando. - Disse trocando um olhar conhecedor e um sorriso de canto com a morena.
-Uma falsificação? - Ela pegou a página da minha mão. - É do Gold que estamos falando.
-Então se entregue que vamos protegê-la. - Ela bufou.
-Ainda não sabemos o que estão tramando, é um risco maior não saber. - O celular dela tocou e ela tirou o mesmo do bolso do casaco. - São eles. Provavelmente querendo saber onde estou. - Ela dizia enquanto digitava uma mensagem.
-Mãe, a falsificação é boa. - Dizia o Henry comparando as duas.
-Não boa o suficiente, mas talvez o que precisamos é de outro tipo de cópia. - Regina ergueu o celular para conseguir tirar uma foto da página.
-Porque Gold e aquelas bruxas não sabem que a página contém a verdadeira porta. Eles só querem saber como ela é. - Compreendi.
-Com sorte, essa foto os manterá na busca pela cidade. Eu tenho que ir. Tchau, Henry. - Ela deu um abraço apertado no nosso filho.
-Tudo bem, Mãe. - Ele disse enquanto ela ainda o abraçava.
-Desculpe, desculpe. Eu só não tenho certeza se... Quando eu voltarei a ver vocês, mas não se preocupem, eu ficarei bem. - Ela deu mais um abraço nele e em seguida se virou para mim. - Tchau, Emma. - Ela me deu um abraço apertado, eu podia sentir todo o seu medo e insegurança através daquele pequeno gesto, ela queria parecer forte perto do nosso filho, mas eu sabia que ela estava preocupada.
-Tome cuidado. - Disse ainda agarrada a ela.
-Eu vou. - Ela disse antes que eu a puxasse de novo para um beijo lento, repleto de amor e preocupação.
Depois que a Regina se foi eu voltei para o apartamento acompanhada do Henry:
-Hey! - Disse ao me deparar com os meus pais e o Hook, todos com feições um tanto preocupadas. - Killian, qual é o problema?
-Antes da Úrsula partir, ela me disse o que os vilões planejaram. Para terem seus finais felizes, eles pretendem escurecer o seu coração, Amor. Te tornar uma vilã, para que você não seja mais a Salvadora.
-O quê? Você não pode simplesmente fazer a Salvadora deixar de ser a Salvadora. - Disse Henry.
-Úrsula disse que Gold tem um jeito. Ele pode usar o Autor para fazer isso.
-Isso é insano. Se esse for o plano, podem parar de se preocupar, é ridículo. - Disse rindo. - Autor ou não, eu não vou para as trevas. - Dei de ombros.
-Mas as trevas são engraçadas. Elas dominam você, lentamente.
-Ninguém, nem o Rumplestiltskin ou algum Autor podem decidir quem eu sou. - Falei determinada e me voltei para o meu filho, isso foi antes da minha Mãe sair de repente a passos largos.
-Ela ficará bem. - Disse David já indo atrás dela.
Regina
Cheguei o mais rápido que consegui a cabana:
-Até que enfim, sinto que estou esperando por você a uma década. - Disse Cruella assim que eu passei pela porta.
-Oh de fato, você parece mais velha.
-Onde está a página, Regina? - Perguntou Malévola, mas eu não respondi.
-Não me diga que você falhou. - Disse Gold.
-A página estava sob um feitiço de proteção. Algo feito pela Salvadora, ela quase me pegou tentando desfaze-lo. Eu precisei fugir.
-Por que ela protegeria a página de você? Problemas no paraíso? - Perguntou Cruella.
-Não é da sua conta.
-Tem certeza que foi isso que aconteceu? - Perguntou Gold.
-Claro que eu tenho.
-Você ficou longe por muito tempo e ainda assim voltou de mãos vazias.
-Eu não estou de mãos vazias. - Disse com um sorriso no rosto e tirei o celular do bolso do casaco, já abrindo a foto e mostrando a eles. - Eu consegui isso.
-Uma fotografia. - Concluiu Gold e Cruella tomou o celular da minha mão para ver mais de perto.
-E uma muito ruim também. Essa mancha impede que vejamos a porta. - Foi a vez de Gold pegar o celular.
-Não, não é uma mancha. - "Droga! Como eu não vi isso antes?" - Isso é mágica. Essa porta foi selada por ela, essa é a porta que estamos procurando.
-Você acha que o Autor está preso em uma ilustração? - Perguntou Malévola. - Mas isso significaria...
-...Que o Feiticeiro aprisionou o Autor no livro. Precisamos pegá-lo. Traga-nos a página.
-Isso não será fácil. A Salvadora nunca deixa a página fora de vista.
-Não se preocupe com ela, eu já sei o que fazer.
Malévola nos materializou em um lugar alto da cidade, onde ela lançou um feitiço do sono temporário em todos os habitantes de Storybrooke:
-Está feito, agora vamos ao trabalho. - Disse ela.
-Agora você sabe o que tem que fazer. - Ouvi Gold perguntar para a Malévola.
-Muito bem, minha pergunta é: Você sabe?
-Nosso acordo era que me ajudaria a encontrar o Autor e nossa felicidade seria assegurada.
-Bom, estou alterando o acordo, porque vamos encarar isso, você precisa da página do livro para chegar ao Autor e para conseguir isso, precisa de mim.
-Preciso?
-Acabei de colocar a cidade para dormir, sou útil. E todos sabemos que Cruella e Úrsula eram apenas meios para um fim. Eu. É por isso que você não derramou nem uma lágrima com a partida da nossa amiga de tentáculos. Porque você tem a mim e para ter a mim, precisa me dar o que eu quiser. É tão simples. Eu preciso saber o que aconteceu com o meu filho depois daqueles dois heróis terem se livrado dele. Eu preciso saber o destino dele. E em troca, eu pegarei o Autor para nós. Vamos pegar a página e quando eu souber o que realmente fizeram ao meu filho, aqueles heróis vão pagar.
Chegamos ao apartamento dos Charmings e logo nos deparamos com a Emma adormecida no sofá, com a cabeça apoiada no ombro do Hook que também dormia, no fundo, eu sabia que eles provavelmente estavam conversando quando tudo aconteceu, mas aquilo não me impediu que eu me irritasse com a cena:
-A Salvadora parece bem menos ameaçadora assim, não parece? - Perguntou Malévola.
-Eu estaria mentindo se dissesse que não quero quebrar esse pescocinho agora mesmo. - Disse Cruella.
-Nem pense nisso! - Falei ao longe e todos se voltaram para mim confusos. - Acho que todos concordamos que matar a Salvadora a esse ponto seria algo impensado.
-Você está certa sobre isso, mas errada sobre a localização da página. Não está aqui.
-Só precisamos continuar procurando. A página estava aqui a duas horas atrás, não pode ter criado pernas e saído para caminhar.
-Alguém pode tê-la levado. - Disse Gold.
-Eu coloquei a cidade toda para dormir. - Disse Malévola.
-Exceto os que já passaram pela maldição do sono e são imunes. - Gold disse e o meu cérebro deu um clic. "Henry". - Conheço um jovem muito habilidoso que está acordado. Um que sempre protege Storybrooke e tudo que há nela, que testará a sua Mãe por estar me ajudando.
Saímos do apartamento para procurar o Henry:
-Ninguém, além de mim chega perto do Henry! - Avisei. - Se discordam, podem falar com uma das minhas bolas de fogo. - Saí a procura do meu filho sem esperar qualquer um deles.
Cheguei na mansão do Feiticeiro o mais rápido que pude e puxei a alavanca que abria a passagem secreta, eu sabia que o Henry estaria lá:
-Vovó, Vovô, vocês não vão acreditar... - Ele dizia enquanto a porta se abria, mas parou assim que viu que era eu.
-O quê, Henry?
-Mãe, o que está fazendo aqui?
-Me desculpe, eu não queria que chegasse a isso.
-Parece que chegamos bem na hora. - Disse Cruella.
-Eu disse a você que podia lidar com isso!
-Não temos certeza que você seja uma diciplinadora de verdade. - Cerrei os punhos. - Eu diria a você que não precisa se preocupar, Querido, mas eu estaria mentindo.
-Encoste no meu filho e eu acabo com você!
-Você não tem que fazer nada, contanto que ele coopere. - Disse Malévola e em seguida eu voltei a atenção para o meu filho.
-Henry, me dê a página.
-Mãe... Não!
-Henry Daniel Mills! Você vai fazer o que eu estou mandando. - Olhei nos olhos dele tentando lhe dizer para confiar em mim e me entregar a página falsa.
-Tudo bem. - Ele tirou a página do livro e me entregou.
-Como o prometido. - Entreguei a página para a Malévola. - Agora, vamos achar o Gold e libertar o Autor.
Elas se viraram e eu lancei um último olhar ao Henry antes de segui-las para encontrar o Rumple na sua loja:
-O que fazia lá? - Cruella questionou quando viu o homem deixando a loja.
-Não é da sua conta. Encontraram o garoto? - Ele questionou e Malévola lhe entregou a página.
-Eu o encontrei.
-Isso é besteira.
-O quê?
-É falsa. Você passou um bom tempo com o livro, deveria saber a diferença.
-Eles me enganaram.
-Acha mesmo que eu não suspeitava de você? - Rumple rasgou a página. - Eu esperei tanto por esse momento e sabia que ele viria. Malévola.
-Espere, eu posso expl...
Emma
Quando eu acordei da maldição do sono, meus pais estavam sentados ao meu lado me observando, em seus olhos eu podia ver o medo, a hesitação e até mesmo o arrependimento. Quando perguntei o que estava acontecendo, eles me contaram que alguns meses antes que eu nascesse, eles descobriram que eu tinha grandes chances de ser das trevas e para garantir que isso não acontecesse, eles transferiram as minhas trevas para outro bebê, o bebê da Malévola, eles explicaram não sabiam o que estavam fazendo, mas tudo aquilo fez com que a criança caísse em um portal e se perdesse para sempre:
-Esse tempo todo, eu estava certa. Vocês estavam mentindo. - Eu dizia com os dentes cerrados e os olhos inchados e encharcados pelas minhas lágrimas. - Eu queria acreditar em vocês dois. Queria acreditar em vocês.
-Estavamos apenas... Tentando protegê-la.
-Eu tenho que ir. - Me levantei e fui até a porta, eu precisava sair dali.
-Por favor, pare. - Minha Mãe veio atrás de mim. - Eu sou sua mãe.
-Eu não me importo. - Disse e saí sem olhar para trás.
Só parei quando cheguei as docas, onde eu fiquei pensando no que tinha acontecido:
-Hey! - Hook disse chamando a minha atenção.
-Hook, agora realmente não é o momento.
-August está acordado, achei que gostaria de saber. Os seus pais estão com ele.
-Ele está...
-Ele ficará bem.
-Por que os meus pais te mandaram?
-Eles não acharam que você os ouviria.
-Eles acharam certo.
Por mais que eu não estivesse pronta para ver os meus pais, Hook me convenceu de ir até o convênto para ver o August, já que a Fada Azul havia avisado que a condição dele poderia piorar de novo a qualquer momento:
-August! Como você está? - Perguntei.
-Meio cansado, mas melhor. - Me sentei ao lado dele na cama. - Tem algo errado? Como você está?
-Estou bem.
-Você se esquece que eu conheço a mentira. - Ele me olhou cético.
-É uma longa história. Não vale a pena contar, tenho uma surpresa para você. Olha o que o Henry achou. - Mostrei a página com a porta e a chave que o Henry havia encontrado.
-Você conseguiu.
-Isso mesmo. O que me diz de soltarmos o Autor? Eu tenho algumas perguntas para ele.
-Emma, por favor, pense nisso. - Disse Mary Margaret. - Não é só o que a Regina queria, mas o que o Gold queria também. Ele quer te levar para as trevas.
-Eu não estou preocupada, você está? - Olhei para ela e a mesma não me respondeu. - Porque agora eu tenho algumas perguntas sobre mim mesma e ele pode responde-las.
-Isso se foi ele que escreveu a sua história.
-Do que está falando?
-Há algo que você precisa saber sobre esse Autor... Ele não foi o único. Já existiram diversos Autores ao longo do tempo, é um trabalho, não uma pessoa. O que está preso aqui, era apenas o último designado a essa responsabilidade.
-E qual é?
-Registrar. Testemunhar as maiores histórias do tempo e registra-las para a posteridade. O trabalho vem desde éons atrás, do homem que via sombras dançantes em cavernas e desenvolveu uma filosofia inteira até dramaturgos que contam história em poesia, até um homem chamado Walt. Muitos tiveram esse trabalho sagrado. Grandes homens e mulheres que aceitaram essa responsabilidade com a seriedade que merecia, até esse último. Ele começou a manipular ao invés de registrar, ele fez alguma coisa, eu não sei exatamente o quê. Mas algo os deixou furiosos, por isso o Feiticeiro e o Aprendiz o colocaram lá. Foram eles que escolheram o Autor e assumiram a responsabilidade pelos erros.
-Se o trancaram, isso quer dizer que ele ainda está aqui, ainda tem a habilidade de alterar o livro, mudar o curso das coisas.
-Você trilhou um longo caminho desde a mulher que não acreditava.
-Sim, é verdade.
Coloquei a foto sobre a cama e em seguida encaixei a chave na fechadura, a girando, um brilho de magia se espalhou pelo cômodo e um homem foi jogado para fora do livro:
-Oh, estava apertado ali! - Disse ele. - Eu não conseguia nem pegar isso e estava ressecado. - Ele levantou uma garrafa.
-Onde conseguiu isso? - Perguntou David.
-Isso? Um gentil casal que eu conheci me deu. Quer um pouco? É com nós-moscada.
-Você é o Autor? - Questionou Mary Margaret.
-O vendedor? - Perguntou David.
-Temos muitas perguntas. - Disse e ele sorriu.
-Aposto que sim. - De repente o homem puxou a cortina, a derrubando encima de todos nós e lhe dando tempo suficiente para fugir.
-Hey! - Exclamei enquanto me levantava para persegui-lo.
Corri até a rua na esperança de encontrá-lo, mas nada, o homem havia desaparecido.