Emma
Mary Margaret não teve outra escolha a não ser me acompanhar até a delegacia.
-Por favor, vire à direita. - Falava enquanto tirava fotos dela, procedimento padrão.
-Emma, isso é um erro. Eu não matei a Kathryn.
-Claro que não, sou sua amiga, mas também sou a Xerife e tenho que acompanhar as evidências.
-Que apontam para mim? Emma, ontem foi o David. Algo não está certo aqui.
-Eu sei, mas suas digitais estavam na caixa e as dele não. Então temos que lidar com isso.
-Evidências que dizem que eu cortei o coração da Kathryn e enterrei na floresta. É loucura.
-Se eu não te autuar com todas as provas, vai parecer favoritismo, Regina terá um motivo para me demitir e trará alguém que irá te ferrar. Então por favor, tente ser paciente e confie em mim. Não podemos prosseguir até verificarmos se o coração é da Kathryn e ainda estou esperando os resultados do DNA, mas enquanto isso precisa ter tolerância e eu tenho que te fazer algumas perguntas.
-Isso é loucura, eu nunca machucaria ninguém.
-Bom dia, Emma! Bom dia, Mary Margaret! O que está acontecendo? - Ruby chegou para o seu segundo dia de trabalho bem na hora que eu estava levando Mary à sala de interrogatório.
-Bom dia, Ruby! Eu te explico tudo depois, você cuida dos telefonemas enquanto eu termino com a Mary pode ser?
-Claro! - Ela me deu um sorriso e partiu.
Direcionei Mary a uma sala mais reservada para que pudéssemos começar o interrogatório, a moça só não sabia que Regina estaria presente:
-Olá, Srta. Blanchard.
-O que ela está fazendo aqui? - A professora perguntou.
-Ela pediu para estar aqui para ter certeza que eu seja imparcial. Isso pode te ajudar.
-Não tenho nada a esconder. Pergunte me qualquer coisa.
Acionei o gravador:
-O coração foi encontrado enterrado perto da ponte do pedágio, foi cortado, aparentemente com uma faca de caça. Você já esteve naquela ponte antes?
-Sim, muitas vezes. Era onde David e eu gostávamos de nos encontrar.
-O Sr. Nolan.
-Sim.
-E vocês se encontravam lá... Para que propósito?
-Nós estávamos tendo um caso, não tenho orgulho do que aconteceu e sinto muito, mas isso não muda o fato que eu não matei a Kathryn.
-Já viu isso antes? - Mostrei a caixa onde o coração foi encontrado.
-Sim, é minha caixa de joias.
-É onde encontramos o coração. - Disse confusa.
-Não vê o que está acontecendo aqui? Alguém roubou a caixa e colocou o coração dentro. Não tive nada a ver com isso, sou inocente! - Mary Margaret disse tudo o que eu estava pensando.
-Srta. Blanchard. - Regina inclinou-se para frente e pegou a mão de Mary Margaret, todos acharam sua ação um tanto estranha, mesmo que eu tenha visto outro lado dela no dia que jantei com ela, contatos humanos e carinhosos não era muito a praia dela, eu só tinha a visto agindo assim com Henry. - Está tudo bem, sei o que está passando, sei como é perder alguém que você ama, ser humilhada publicamente. Isso me deixou na escuridão e me modificou, imagino o que perder David Nolan fez a você.
-Mas eu não mudei. - Mary puxou sua mão. - Ainda sou a mesma pessoa, sempre fui uma boa pessoa. Não fiz isso.
-Posso falar com você no corredor, por favor? - Perguntei a Regina e segui para o corredor, ela se levantou e me seguiu. - Eu disse para deixar o interrogatório para mim.
-Como sabe que ela não fez isso? Se alguém roubou a caixa como ela alega, não acha que haveria sinais de arrombamento? Vocês moram juntas, houve uma invasão? Ela é uma mulher que teve o coração partido e isso, pode levá-la a fazer coisas horríveis.
Depois da conversa com Regina, eu coloquei Mary Margaret em uma das celas, expliquei tudo para a Ruby e a avisei que voltaria ao apartamento de Mary Margaret para procurar por sinais de arrombamento, ou qualquer coisa que pudesse declara-la inocente. Henry me encontrou lá e quis ajudar. Ouvimos um barulho vindo da saída de ventilação que ficava no chão da casa, ao olhar dentro achei o que poderia ser considerado a arma do crime, uma faca de caça.
Na delegacia, voltei com dois cafés um para mim e o outro para Ruby, a garota realmente estava se saindo bem com os casos mais simples e telefonemas:
-A ventilação? Emma, nem sei onde fica isso no meu quarto.
-Alguém sabia e colocou uma faca de caça lá, procurei por sinais de arrombamento, mas não achei nenhum.
-Mais alguém poderia ter fácil acesso a casa? Uma chave reserva, talvez? - Ruby acompanhava a conversa enquanto tomava seu café.
-Não, eu só dei uma cópia para a Emma. Vocês não acreditam em mim?
-Claro que sim! - Respondemos em uníssono.
-Mas o que eu acho não importa. As provas aumentam a cada hora.
-O que quer dizer?
-Estou dizendo que você deveria contratar um advogado.
-Excelente ideia. - Nós viramos juntas na direção da voz, era o Gold.
-Sr. Gold, o que faz aqui?
-Oferecendo meus serviços legais.
-É advogado?
-Dessa nem eu sabia. - Ruby disse desconfiada.
-Srta. Lucas, o que faz aqui?
-Nova assistente da Emma.
-Compreendo bom como eu ia dizendo, nunca se perguntaram por que sou adepto de contratos? Estive acompanhando os detalhes do seu caso, Srta. Blanchard e acho que estaria bem representada comigo como advogado.
-E por quê?
-Porque a Xerife me prendeu por quase matar um homem a pancadas e convenci os juízes a retirarem a queixa.
-Precisa me ensinar essa! - Ruby falou e eu dei um cutucão nela. - Quer dizer... O Senhor é uma péssima influencia.
-Precisamos encontrar a verdade. - Disse.
-Influencia é o que precisam.
-Precisamos que eu faça o meu trabalho.
-Ninguém a impede, eu só quero ajudar.
-Chega! Por favor, vá. - Mary Margaret deu um fim à discussão.
-Você a ouviu. - Retruquei.
-Não, eu falava com você. - Corrigiu a Professora. - Emma ele está certo, preciso de ajuda e você precisa fazer o seu trabalho ou eu estou ferrada. Então, por favor, faça o seu melhor e provará minha inocência. Até lá preciso de ajuda concreta.
-Confie em mim, é pelos melhores interesses da Srta. Blanchard.
-Boa sorte Mary Margaret. Espero que os seus interesses sejam o que ele está cuidando. - Saí.
-Hã, eu também preciso ir? - A garota perguntou.
-Seria bom sim. - Gold disse e ela correu para se juntar a mim.
-Você nunca me contou que tinha Lucas no nome. - Comentei com a amiga quando saímos no estacionamento.
-Aí nem me fale, é horrível, não é? - Ela disse tapando o rosto com as mãos.
-Não, eu achei legal, Ruby Lucas! - Combina com você.
-Você está falando isso por falar.
-Não, é sério. Bom, eu vou para casa agora Rubs, parabéns pelo seu segundo dia de trabalho. Te vejo amanhã.
Voltei para o apartamento de Mary Margaret e encontrei meu filho sentado nas escadas:
-Eu tenho provas. - Ele tirou um molho de chaves do bolso do casaco e sorriu. - Foi assim que minha Mãe entrou no seu apartamento, foi assim que ela armou para a Srta. Blanchard.
-Você roubou isso do escritório dela?
-Sim, o livro diz que abre qualquer porta.
-Não há chance de servirem na fechadura.
-Temos que tentar. - O garoto se levantou e testou uma das chaves na porta, mas como eu imaginava não abriu.
-Vai Henry, sei que quer pensar que as respostas estão na Operação Cobra...
-Estão!
-Mas, às vezes o mundo real precisa vir primeiro.
-Só tente mais uma, por favor.
-Tudo bem, mais uma e acabou.
-Você tenta. - O garoto ergueu o molho de chaves e escolheu uma. - Está.
-Tudo bem. - Peguei a chave e para a minha surpresa a porta se abriu me deixando boquiaberta.
-Você acredita agora?
Na manhã seguinte os testes do DNA saíram e queria dar a notícia pessoalmente para Mary Margaret, ignorando o pedido de Gold que pedia para que nós duas não conversássemos:
-Ei, café da manhã. - Cheguei mais cedo antes da Ruby para falarmos a sós.
-Obrigada.
-Sei que o Sr. Gold não quer que conversemos, mas achei que deveria ouvir isso de mim. Os resultados dos testes de DNA chegaram e é compatível com o da Kathryn, ela está morta. - Esperei uma reação dela, mas ela não demonstrou nenhuma, então continuei. - Sinto muito... Sinto por várias coisas, mas agora que temos a prova da morte, temos evidencias suficientes para continuar com o caso contra você. Isso vai acontecer. Sabe que eu acredito em você, não é?
-Sei.
-Todas as evidências só me dão certeza de uma coisa... Que armaram para você e acho que Regina está por trás disso.
-Então por que eu ainda estou aqui? Por que não a confronta?
-Porque crença não é prova.
-Mas acabou de dizer isso.
-Se eu não fizer isso direito, as coisas terminarão piores para você. Todas as vezes que fui contra Regina, ela se antecipava e eu perdia.
-E por que dessa vez seria diferente?
-Porque ela não sabe que eu suspeito de algo.
-Por que ela faria isso comigo?
-Eu não sei, mas vou descobrir e prometo que não vou parar até expor o que ela está tramando.
-E como fará isso? Essa cidade é dela.
-Estou trabalhando nisso. Tenho fé em você e agora preciso que você também tenha em mim, pode fazer isso?
-Claro.
Ao sair de lá fui até a casa de penhores, precisava falar com o Gold:
-Sr. Gold.
-Estou só fazendo um inventário. O que posso fazer por você, Srta. Swan? Alguma novidade do caso que eu deveria saber?
-Sim, Regina armou para ela.
-E isso a surpreende? Mostre-me as evidencias e acabaremos com isso imediatamente.
-Esse é o problema, não há nenhuma... Nada que possamos usar no tribunal, mas agora sei disso.
-Olha quem de repente se tornou uma mulher de fé. Por que está aqui, Srta. Swan? Para teorias de conspiração?
-Preciso de ajuda.
-Minha?
-Todas as vezes que fui contra Regina eu perdi, exceto uma: Quando eu me tornei Xerife, quando você me ajudou.
-Pelo que me lembro você não exatamente aprova meus métodos.
-Eu aprovo seus resultados e dessa vez tenho algo mais importante que um emprego, preciso salvar minha amiga.
-E você está disposta a ir até onde for preciso?
-Mais longe.
-Agora estamos nos entendendo. Não tema, Srta. Swan, Regina pode ser poderosa, mas algo me diz que você é mais poderosa do que imagina.
Meu celular tocou:
-Ruby? Está tudo bem?
-Não, não está nada bem, Emma você tem que vir para cá agora.