Emma
Estava prestes a adentrar o Granny's quando vi o desconhecido sair, ele veio até mim e me chamou para tomar aquele drink que ficou me devendo, recusei, com a desculpa que não saia com caras que não me contavam seu próprio nome e passei por ele, mas antes que estivesse longe ouvi o homem dizer:
-É August. - Me virei. - August W. Booth.
-Sério? Com a inicial do meio?
-"W" é de Wayne. Então acabou sua razão para não me encontrar aqui depois do trabalho. - Com isso ele se virou e se foi.
Adentrei o restaurante me sentei com Mary Margaret que estava curiosa para saber com quem eu estava falando, mas escapei de todas as suas perguntas:
-Desculpe, pensei que estávamos aqui para falar de você. - Disse.
-Mas falar de você é mais fácil agora.
-O que está acontecendo?
-Lembra quando disse para ficar longe do David e eu concordei? - Ela disse sussurrando.
-Sim. - Sussurrei de volta.
-Não fiquei.
-Sim, eu sei.
-Você sabe? Como?
-Porque eu sou xerife e você é uma professora apaixonada. Manter segredo não é seu forte.
-Eu fui discreta... - Protestou ela.
-Duas xícaras na pia, perfumes, noitadas e decote cavado. Não foi difícil ligar os pontos.
-Cavado?
-Quando te conheci, você só usava roupas fechadas.
-Por que não falou nada?
-Não sou sua Mãe.
-Não, de acordo com Henry, eu sou a sua. - Sorri ao pensar nisso.
-Percebi que me contaria quando fosse à hora. Sinto que essa é a hora.
-Ele vai contar a Kathryn.
Arregalei os olhos e quase cuspi meu chocolate quente.
-Tudo?
-Tudo.
Regina
Já haviam dias que Henry estava deprimido porque ele tinha perdido o livro e eu tinha destruído o seu castelo e não o deixava encontrar com a Emma, então lhe dei um presente para me desculpar pelo castelo e o livro desaparecido, então o garoto aproveitou para me fazer um pedido, ele queria ver Emma, é claro que eu não gostei da ideia, aquilo me deixava triste, me sentindo como se não fosse o suficiente e acima de tudo com muito ciúme, mas antes que pudesse dar uma resposta a ele, Kathryn bateu a sua porta e entrou. Dispensei meu filho, prometendo encontrar com ele depois para o jantar.
-Kathryn, o que foi?
-É o David, ele está me deixando.
-Aquela destruidora de lares. - Me referi a Snow White.
-Como é?
-Ela não poderia deixar de se intrometer, não é?
-Do que está falando?
-Da Mary Margaret, claro.
-O que ela tem a ver com isso? -Não respondi de propósito para atiçar a sua curiosidade. - O que ela tem a ver com isso? Regina, você sabe de algo?
-Eles estão tendo um caso.
A moça desabou em lagrimas.
-Como você sabe? Como? Você viu alguma coisa?
-Eu vi fotos, Sidney estava sempre à procura de escândalos, ele vende jornal. Ele me mostrou, é claro que eu as escondi.
-Mostre-me.
-Kathryn...
-Mostre-me!
Lutei para esconder o meu sorriso e fui até minha mesa de escritório, seguida por Kathryn, tirei um envelope e a entreguei.
-Por que não me contou?
-Porque achei que vocês dois estavam resolvendo isso, eu queria que você resolvesse. Acredite em mim, eu queria vocês dois juntos.
-Por quê? Por que se preocupa com isso?
-Porque eu sou sua amiga. - "Porque você é quem está separando a Snow de uma parte da felicidade dela"
-Não, você não é. Uma amiga não faria isso, uma amiga não mentiria, todos estão mentindo para mim.
Emma
Era hora do meu encontro, e como prometido August foi até o Granny's, mas não para beber lá, ele queria me levar a outro lugar e pediu que eu subisse na garupa de sua moto, hesitei, mas com um "incentivo" da vovó eu fiz o que ele pediu. O mesmo me levou a um campo aberto, um lugar bonito com árvores grandes em volta e um poço, foi então que descobri que a "bebida" que ele tanto falava era água do poço.
-Rés a lenda que se beber a água do poço, algo que estava perdido retornará a você. - Ele contava.
-Sabe muito sobre essa cidade para um estranho.
-E você sabe muito pouco sendo a Xerife.
-Como sabe tudo isso? Já esteve aqui antes?
-Sei tudo isso por uma simples razão, eu li a placa. - Apontou com a cabeça para uma pequena placa acima do poço.
-Acredita mesmo nisso?
-Eu sou escritor, tenho que ter a mente aberta.
-Sim, mas magia?
-A água é uma coisa muito poderosa. Culturas tão antigas como o tempo, a adoram, ela flui por toda a terra, conectando o mundo inteiro. Se algo tem propriedades místicas, se alguma coisa tem magica, eu diria que é a água.
-Isso é pedir muito para se acreditar.
-Se precisa de provas para tudo Emma, ficará presa no mesmo lugar por muito tempo.
-Talvez ou talvez eu descubra a verdade antes de todos.
Depois de passarmos um tempo juntos, pedi que August me levasse de volta para o Granny's, precisava pegar meu carro, ao me aproximar, notei que o meu fusca estava coberto de folhas e com uma poça da água a sua volta, mas não havia chovido, ao rodear o carro encontrei uma caixa de metal vermelha abaixo dele, logo a reconheci, era aonde Henry guardava seu livro, abri a caixa e lá estava ele, novinho em folha.
Regina
Cuidava de minhas plantas quando Kathryn voltou, pediu desculpas sobre ter ficado tão brava comigo, e disse que nunca esteve apaixonada por David e que devia parar de lutar por algo que nunca foi real, disse que iria para Boston e que deixou uma carta dizendo que queria que David fosse feliz com Mary Margaret. Isso não podia acontecer, ela ia estragar tudo!
Eu tinha que agir, então após me despedir da minha "amiga" usei um molho de chaves de caveira que possuía, podia abrir qualquer coisa, então fui até a casa dos Nolan e peguei a carta, garantindo que ninguém nunca a encontrasse.
Emma
Depois de pegar o livro eu fui a escola procurar pelo Henry ignorando o distanciamento que Regina tinha pedido, eu estava animada, seria bom ver o garoto sorrindo de novo, o avistei ao longe, ele estava entretido com um novo videogame.
-Uau, adoro esse jogo! - Disse me sentando junto a ele banco. - "Space Paranoids", certo?
-Sim, minha Mãe comprou para mim. - Ele dizia sem tirar os olhos da tela.
-Eu costumava jogar direto quando era criança. - O garoto voltou a jogar. - Relaxa o segredo está nos pulsos. - Avisei.
-Minha Mãe vem me buscar em cinco minutos.
-Certo, serei rápida, só tenho algo que queria lhe dar... - Entreguei o livro ao menino que o pegou eufórico e eu sorri.
-Você o achou! Onde estava?
-Achei no meio-fio. Deve ter caído do caminhão indo para o lixão e depois levado pela chuva, até voltar para mim.
-Nossa, que loucura.
-Que outra explicação poderia ter?
-Eu não sei.
-Seja lá o que aconteceu, o livro voltou para mim.
-Talvez nossa sorte esteja mudando, Operação Cobra está de volta, é um sinal, as coisas vão melhorar.
-Espero que esteja certo garoto, tenho que ir.
Voltei para o apartamento e encontrei Mary deitada na cama deprimida, já sabia de tudo, sobre David e o tapa que ela tinha levado de Kathryn na frente da escola inteira, a cidade inteira sabia e ela já estava sendo chamada de "vadia" por aí, é um dos problemas de se morar em uma cidade pequena, as notícias se espalham rápido.
-Quer falar sobre isso?
-Não. - A professora tinha a voz falhada pelo choro.
-Quer ficar sozinha? - Internamente eu estava torcendo para que ela respondesse que não.
-Não. - Dei um suspiro de alivio e me deitei na cama ao seu lado.
Regina
Voltei para casa depois de buscar o Henry e queimei a carta que Kathryn deixou a David, tinha um sorriso de satisfação em meus lábios e depois de queimar a carta apenas me sentei no sofá com uma taça de vinho na mão e contemplei o fogo enquanto esperava para receber as más notícias de minha "amiga", eu sabia que a essa altura Rumple já estava na fronteira cuidando do serviço sujo.