Em memória de Graham Humbert
Xerife de Storybrooke
A cidade toda estava presente no enterro do Xerife, todos o conheciam há tanto tempo que nem se lembravam de quando o conheceram. Alguns estavam emocionados e tristes com a sua partida e outros nem conseguiam acreditar no que acontecerá, Emma era uma das que não acreditava. A cerimonia de enterro foi rápida, no fim todos deixaram rosas e foram para suas casas, menos Emma, ela ficou para trás, queria se despedir melhor do colega e prometeu fazer seu melhor para proteger aquela cidade em sua ausência.
Emma
Duas semanas depois da cerimônia de enterro eu já estava de volta à ativa, ainda não tinha colocado o distintivo de Xerife, trabalhava como assistente e o Sr. Gold havia telefonado para que eu fosse a sua loja, não perdi tempo:
-Gold? Você está aqui?
-Bem, é a minha loja.
Segui o som de sua voz e lá estava ele, no fundo da loja.
-O que é isso?
-É a lanolina. Utilizada para impermeabilização tem cheiro de animais. Bem, por essa razão que a lã de ovelha repele a água.
-Isso fede. A razão pela qual ligou para o departamento do xerife, podemos falar rapidamente ou ir lá para fora?
-Eu só queria.... Expressar minhas condolências na verdade, o Xerife era um bom homem, você ainda está usando o distintivo de assistente. - Perspicaz Gold. - Bem, ele faleceu há duas semanas acredito que depois de agir como xerife por duas semanas o trabalho se torna seu. Você terá que usar o distintivo verdadeiro.
-É acho que sim, apenas não estou com pressa, então, obrigada pelas palavras amáveis.
-Estou com uma coisa dele.
-O quê?
-Do Xerife, ele alugou um apartamento meu, é outra razão por tê-la chamado aqui queria oferecer uma recordação.
-Não preciso de nada.
-Como desejar. Vou dar para a Prefeita Mills. Parece que ela é o mais próximo de uma família para ele.
-Não tenho certeza sobre isso.
-Não há amor perdido. Veja.... Temo que essas coisas vão direto para o lixo, você deveria pegar algo, veja a jaqueta dele.
-Não.
-Veja bem. Seu filho pode gostar disso, não acha? - Falou tirando dois walkie-talkies da caixa de papelão. - Poderiam usar juntos.
-Eu não...
-Não, por favor. Eles crescem tão rápido.
-Obrigada.
-Aproveite isto com seu filho, o tempo de vocês é precioso, sabe? Essa é a coisa sobre crianças, antes que você perceba.... Você as perdeu.
Aceitei os novos "brinquedos" e fui até o "castelo" do Henry, o garoto não pareceu tão animado com o presente, ele temia por mim, tinha medo do que a "Rainha Má" poderia fazer comigo. Henry estava convencido que Graham tinha tido o seu coração esmagado pela Regina. O que eu obviamente achei absurdo. Ele também disse que queria parar a Operação Cobra por um tempo. E que não achava justo que os vilões jogassem sujo, eles sempre ganhavam dos heróis que jogavam limpo, o bem nunca vencia. Com essas palavras o garoto se levantou e foi embora, deixando o Walkie-talkie comigo.
De volta à delegacia eu finalmente decidi colocar o distintivo de xerife que pertenceu a Graham, foi quando a morena apareceu:
-Sinto muito, mas isso não é para você. - Apontou para o distintivo.
-Já se passaram duas semanas, a promoção é automática.
-A menos que a Prefeita nomeie alguém dentro do prazo que estou começando hoje.
-Então quem será?
-Depois de devida reflexão Sidney Glass.
-Sidney do jornal? Que sentido tem isso?
Até para a Regina aquilo era totalmente insano, Sidney não tinha nada a ver com a polícia, mas até a vovó deveria ser melhor do que eu no seu ponto de vista.
-Ele cobriu o escritório do Xerife por muito tempo, todos se lembram.
-E ele fará o que você quiser que faça. Não pode suportar o fato de que as coisas estão melhores por aqui, certo?
-Melhor? Está se referindo a morte do Graham como melhor?
-Não.
-Ele era um bom homem Srta. Swan. Ele tornou esta cidade segura e perdoe-me por dizer, mas não tem o direito de usar o distintivo dele.
-Graham me escolheu para ser sua assistente.
-Ele estava errado.
-Não ele sabia o que estava fazendo, ele libertou o gabinete do seu controle. Você não o terá de volta.
-Na verdade, já tenho. Srta. Swan, você está demitida. - Era o que me faltava, revirei os olhos.
Regina pegou o distintivo que estava sobre a mesa e saiu.
Ever Fallen In Love - Pete Yorn
Desempregada eu cheguei ao apartamento de Mary Margaret, liguei o rádio com volume mais alto que pude e ouvi o ressonar de "Ever Fallen In Love" do Pete Yorn, parecia que o destino estava rindo da minha cara. Bufei e abri o armário da Mary Margaret, pegando o litro de Whiskey e tratando de encher um copo para mim. O qual eu bebi enquanto descontava a minha raiva na torradeira, jogando-a contra a parede.
Cerca de meia hora depois a professora chegou do serviço e viu toda a cena, mas eu estava ocupada tentando consertar a torradeira que só notei a sua presença quando a mesma desligou o rádio. Contei a ela o que havia acontecido e trocamos algumas palavras até que alguém bateu na porta, era o Sr. Gold:
-Boa noite, Srta. Swan. Desculpe a intrusão, mas há algo que gostaria de discutir com você.
-Vou deixar vocês a sós. - Mary disse e foi para o seu quarto.
-Entre.
-Obrigado. Eu ouvi o que aconteceu, uma injustiça!
-O que está feito está feito.
-Falou como uma verdadeira lutadora.
-Eu não sei que chance eu tenho. Ela é a Prefeita... - "Também é a mulher mais linda que eu já vi na minha vida, ela é ousada e arrogante ao ponto de me tirar do sério e me fazer querer enforca-la com as minhas próprias mãos as vezes, isso quando eu não quero simplesmente me perder naquela boca vermelha e carnuda". Os pensamentos simplesmente brotaram na minha mente sem que eu pudesse controla-los, mas é claro que eu não disse nada. - E eu sou... Bem.... Sou eu. - Respondi controlando a vontade de não me dar um tapa por pensar tudo aquilo da Regina. "Droga, Swan! Você não pode se apaixonar! Por ela não! Qualquer uma menos ela!"
-Srta. Swan, duas pessoas com um objetivo em comum podem realizar muitas coisas, duas com um inimigo em comum podem realizar mais ainda. Gostaria de um benfeitor?
-Um benfeitor?
-Você se incomoda? - Falou apontando para a mesa.
Assenti e me sentei para ouvi-lo.
-Você sabe.... É realmente péssimo como pouca gente conhece as leis da cidade.
-As leis da cidade?
-Bem, é bastante abrangente e a autoridade da Prefeita. Bem, talvez ela não seja tão poderosa como parece.
Sorrimos em cumplicidade.
Regina
Na outra manhã estava apresentando o novo xerife para a imprensa e tirando fotos ele:
-Todos merecem sentir-se seguros em suas casas por isso Sidney Glass é minha escolha para xerife. Esse homem prioriza as necessidades de Storybrooke por mais tempo que possamos nos lembrar como editor chefe do "Daily Mirror". Deem as boas-vindas ao seu novo xerife.
-Espere um pouco. - A Srta. Swan chegou de repente, me virei e arquei uma das minhas sobrancelhas.
-Srta. Swan, isso não é apropriado.
-A única coisa inapropriada é esta cerimônia, ela não tem o poder de nomeá-lo.
-Está claro nas leis da cidade: "O prefeito pode nomear".
-Um candidato, pode nomear um candidato! É necessária uma eleição.
-O termo "candidato" é empregado livremente.
-Não, não é. Requer votação e adivinha só Prefeita, estou concorrendo.
-Ótimo! Sidney também. - Falei essa partida já estava ganha.
-Estou? - Perguntou perdido, me fazendo revirar os olhos. - Estou.
-Com meu apoio total, acho que aprenderemos uma coisinha sobre a vontade das pessoas.
-Acho que aprenderemos.
Eu sabia que a Swan não teria descoberto esse furo na lei sozinha, e só tinha uma pessoa nessa cidade que poderia saber disso e ajudar à loira. Sr. Gold, ou como eu gosto de chamar Rumplestiltskin, eu fui até sua loja confirmando a minha suspeita, mas não me deixei abalar, eu sabia que tinha muito mais chance de ganhar aquela eleição.
Emma
Henry continuava me evitando, mas dessa vez quando fui tentar falar com ele descobri algo, Sidney descobriu que meu filho nasceu na cadeia e tinha colocado em todos os jornais, era uma informação sigilosa, não faço ideia de como ele a conseguiu.
-Eu nasci na cadeia? - Ele perguntou.
-Sim, esses registros deveriam ser confidenciais, diga-me que não está traumatizado.
-Não estou. Bem, não por isso.
-Bom, vamos jogar isso fora e ler notícias de algo mais confiável como a internet.
-Isso que eu venho tentando lhe dizer, o bem não derrota o mal, porque o bem não faz esse tipo de coisa, minha Mãe joga sujo. Por isso não pode vencê-la, jamais.
-Tenho um novo aliado, o Sr, Gold que vai ajudar.
-Sr. Gold? Ele é pior que ela, já deve a ele um favor, não quer ficar devendo mais, não faça isso.
Saí do Granny's e fui até o escritório da Regina:
-Isso era um registro do reformatório, foi selado por ordem judicial, não sei como conseguiu, mas é abuso de poder e ilegal.
-Desculpe, não queria que soubessem que cortou o cordão com um canivete? - Ela riu da própria piada.
-Não ligo com o que sabem, mas isso machuca Henry.
-Ele descobriria um dia. Todos perdemos nossos heróis em um ponto.
Hero (Unplugged) - Christopher Wilde, Stubby
Regina começou a sair, mas aquela conversa não tinha acabado pelo menos não para mim, por isso eu a segui até a saída enquanto continuava aquela conversa.
-Ele não precisa perder nada mais. Ele está deprimido, Madame Prefeita, ele não tem nenhuma esperança, não vê isso?
-Ele está bem.
-Não está. Pense nisso, ver a Mãe adotiva lançar uma campanha de difamação ilegal contra a sua Mãe biológica? Não acha que seria perturbador? Deveríamos ser um time, não lutar uma contra a outra.
-Srta. Swan acredite no dia que eu me aliar a você eu mesma vou me internar em um hospício. Tudo que fiz foi expô-lo a verdade e pela legalidade não fiz nada errado, mas você e Sidney terão a chance de falar a respeito no debate.
-Debate? - "Por que ninguém me avisa essas coisas?"
-Sim, Srta. Swan há um debate. — Ela sorriu cínica e se apressou em seguida virar enquanto eu revirei os olhos voltando a segui-la. — Os dois poderão falar sobre o tempo de prisão e registros de reformatório e talvez a sua nova parceria com o Sr. Gold, ele é uma cobra, Srta. Swan. Precisa ter cuidado com quem vai para a cama.
-Acredite eu tenho. - Falei com um tom sarcástico. - Não vou para a cama com ninguém. Só combatendo fogo com...
Assim que pronunciei a palavra "fogo" Regina abriu uma porta algo no outro cômodo explodiu e nos jogou para trás. Fazendo com que um ferro que também foi arremessado e caísse sobre nós, prendendo a perna da Regina. Felizmente, eu não precisei de muito esforço para remover o mesmo:
-Anda, vamos. Temos que sair daqui.
-Não consigo me mexer, terá que me ajudar a sair. Ajude-me. - Regina estava esticando a mão, mas não a peguei. Nunca sairíamos dali daquele jeito, tinha que haver um extintor de incêndio por ali, então eu comecei a andar e direção à sala que estava pegando fogo para procurar um. Antes que eu me afastasse demais, Regina ainda conseguiu agarrar meu braço e fez parar. - Você vai me abandonar, não é? - Percebi que ela estava com medo e por isso não respondi, aquela era a minha chance de me "vingar".
Com um puxão desprendi meu braço das mãos de Regina e pulei sobre o fogo, adentrando a sala onde ocorria o incêndio, não demorei muito a achar o que procurava e voltei acionando o extintor, notei que Regina tentava subir as escadas tentando fugir das chamas e me apressei para ajudá-la, estiquei minha mão e ela a pegou passou o braço em torno do meu pescoço para se apoiar e juntas saímos do prédio.
Eu não me importava com o fato de que talvez aquela mulher nunca fizesse o mesmo por mim, tudo o que eu queria e pensava era em mantê-la segura.
Lá em frente já havia repórteres. Os caminhões de bombeiros e paramédicos já haviam sido acionados, Regina que ainda estava apoiada em mim me soltou em frente às câmeras:
-Meu tornozelo! - É claro que a ela fez um drama, não podia simplesmente me agradecer. - Ponha-me no chão com delicadeza! - "Desculpe querida, sou agressiva demais para você?!"
-Sério? Está reclamando sobre como eu salvei sua vida? Os bombeiros chegaram.
-Não é como se estivéssemos realmente em perigo. - Disse a pessoa que estava achando que tinha sido deixada para morrer em meio às chamas!
-Tudo bem. Na próxima vez eu... Quer saber? Na próxima vez farei o mesmo e na outra também porque é o que uma pessoa decente faz. É isso que boas pessoas fazem. - Me afastei em meio a tosses por conta da fumaça.
Muitos amigos estavam me elogiando por ter salvado a Regina, me chamavam de heroína, o que era um exagero. Todos me apoiavam como xerife da cidade, eles queriam me ajudar fazendo campanhas, o que me deu um pouco mais de confiança sobre o debate. E eu ensinei uma grande lição ao meu filho, não é preciso jogar sujo para vencer. E então eu olhei para os escombros do incêndio e lá estava à lã tecida por Gold mais cedo, o incêndio não tinha sido um acidente. Não perdi tempo e fui até ele.
-Muitos visitantes hoje. - Disse Gold quando adentrei sua loja e fiz questão de bater à porta com força. - Espero que não quebre meu pequeno sino.
-Você começou o incêndio.
-Eu estava bem aqui Srta. Swan.
-Cheire, cheira como a droga do seu óleo de ovelha, acontece que é inflamável.
-Bem, tem certeza? No momento há uma construção na prefeitura, há muitos solventes inflamáveis utilizados em uma construção.
-Por que você fez isso?
-Se eu tivesse feito isso seria porque você não pode vencer sem algo grande, algo como sei lá, sendo a heroína em um incêndio?
-Como saberia que eu estaria lá no momento certo?
-Talvez Regina não seja a única com olhos e ouvidos na cidade, ou talvez.... Eu seja apenas intuitivo. Se eu estivesse envolvido.
-Eu poderia ter corrido e deixado ela lá.
-Não é seu estilo.
-Não posso continuar com isso.
-Acabou de fazê-lo, este é o preço da eleição, Srta. Swan.
-Um que não estou disposta a pagar, encontre outra otária.
-Certo, vá em frente e me exponha, mas se o fizer pense no que estará expondo e do que estará se afastando. E sim, isso... Quem você poderia estar decepcionando.
Chegou o dia do debate, estava atrás das cortinas observando a plateia que se acumulava, estava preocupada, pensava que não venceria, mas eu queria muito mostrar ao Henry que o bem podia ganhar.
Então fiz meu discurso, não foi um discurso extravagante como o de Sidney cujo Regina havia soprado todo o discurso da plateia, quem estava em cima do palco pode ver, não foi uma coisa simples, improvisada.
-Todos sabem que eu tenho o que chamam de "passado problemático", mas consegui rever tudo por conta da... Coisa de heroína, mas o negócio é o seguinte: O incêndio foi uma armação, o Sr. Gold concordou em me apoiar nessa eleição, mas eu não sabia que ele provocaria um incêndio, não tenho provas concretas, mas tenho certeza e a parte de tudo... A pior parte foi que deixei vocês pensarem que era real. Não posso ganhar assim. Sinto muito.
Sr. Gold se levantou e foi embora depois do meu discurso e eu voltei a me sentar, estava orgulhosa ao ter exposto Gold, mesmo correndo o risco de não me tornar Xerife. Regina tinha um sorriso triunfante no rosto, para ela a eleição estava ganha, eu podia ver o brilho nos seus olhos.
Depois da eleição eu estava deprimida no Granny's quando Henry chegou e me entregou um Walkie-Talkie.
-Para que isso?
-Você enfrentou o Sr. Gold foi um máximo.
-Ele fez algo ilegal.
-É o que heróis fazem, expõem coisas assim. Eu não devia ter desistido da Operação Cobra.
Notei que Regina adentrou o restaurante seguida por Sidney:
-Achei que a encontraria aqui com uma bebida e meu filho. - Ela disse.
-Veio ver minha identidade Xerife? - Brinquei com Sidney.
-De forma alguma, acho que me juntarei a você. - Sidney respondeu.
-Aqui? Acho que vão fazer uma festa da vitória.
-Precisa-me dizer como será.
Não entendi então Regina levantou o distintivo fazendo uma careta e me mostrando o que ele queria dizer.
-Parabéns. - Disse a morena. - Xerife Swan. - Eu sabia que ela estava torcendo contra mim, mas tive que me controlar para não dar um abraço nela em comemoração e agradecimento.
-Espera o que? - Henry não sabia se ficava feliz ou surpreso.
-Foi uma votação acirrada, o povo achou bom que a Xerife seja corajosa o suficiente para enfrentar o Sr. Gold. - Explicou Regina.
-Você está brincando?
-Não está. - Sidney garantiu.
Quando me dei conta todos os meus amigos estavam a minha volta, prontos para celebrar minha vitória.
-Não arrumou um bom amigo com Sr. Gold, Srta. Swan, mas ele é um ótimo inimigo. - Regina sorriu. - Aproveite isso. - E foi embora por fim.
No outro dia cheguei cedo à delegacia para poder organizar minhas coisas e tive uma visita do Sr. Gold. O velho confessou ter armado tudo aquilo, alegando que só o fato de eu ter salvo Regina não ia bastar para ser eleita. Não, eu precisava de uma coisa maior e então Gold fez com que eu sentisse raiva dele e o confrontase no dia do debate, todos tinham medo de Regina, mas tinham mais medo dele. Ao verem minha coragem em enfrentá-lo isso me garantiu mais votos, por isso fui eleita, ele disse que ainda o devia um favor e agora sendo Xerife ele achava que seria mais fácil para quitar minha dívida, logo depois se retirou dando-me os parabéns por ser a nova Xerife.