Estava olhando os álbuns de fotos quando BamBam chegou, Layla correu para abraçar meu amigo.
— Cadê o pirralho? — Indagou procurando Soobin, apontei para o andar de cima. — Credo, que garoto antissocial.
— Como você está? — Ele sentou no sofá e colocou Layla no colo, ela sorriu e mostrou seu ursinho.
— Eu que deveria te perguntar. — Layla apertou sua bochecha, ele sorriu. — Né coisa linda do titio.
— Eu estou bem, só um pouco cansada. — Sai da mesa e fui me sentar ao seu lado, BamBam estava fazendo cócegas na minha filha. — Tem certeza que não é pedir demais?
Ele piscou e me olhou depois voltou a olhar para Layla.
— Você só pode estar brincando, eu amo ficar com ela! O pirralho nem me dá trabalho, mais tarde a Yeji chega da escola e fica brincando com o Soobin.
Deitei minha cabeça no seu ombro.
— Você é incrível, Bam! — Meu amigo sorriu.
— Eu sei, agora vai ver seu homem antes que você enlouqueça.
Levantei-me e corri pra fora, Soobin iria amar ficar brincando com sua amiga. Adoro o fato que ele e Yeji eram amigos, BamBam trazia ele quase sempre aqui. Mas depois a rotina deles ficaram apertadas e era só feriado, vai ser bom ele ver uma amiga nessa situação difícil. Yumi tinha um pouco de ciúme de Yeji por causa do Soobin, acho que ela tem medo da Yeji roubar seu melhor amigo.
Até chamaria Yumi, mas ela está na casa dos avós. Jimin já tinha acordado, mas teria que ficar mais tempo internado. Cheguei no hospital mais rápido do que eu esperava, o nervosismo percorreu meu corpo. Ficar longe dele era horrível, entrei no hospital e ganhei um adesivo que dizia "visitante". Andar por aqueles corredores era assustador, as pessoas desesperadas e com medo de perder seus entes queridos. Só tinha uma enfermeira com Jungkook, ela estava checando sua pressão e essas coisas. Os pais de Jungkook tinham ido embora fazia já algum tempo.
— Olá. — Coloquei minha bolsa na mesa do centro da sala, arrastei uma cadeira até o lado da cama de Jungkook.
— Olá, você deve ser a senhora Jeon. — Ela falou amigável, peguei a mão de Jungkook.
— Sim, sou eu. — Procurei a aliança de Jungkook, meu coração saltou. Será que ele tinha tirado?
— Acho que a senhora está procurando isso. — Ela me entregou a aliança, sorri para ela. — Tivemos que tirar durante a cirurgia, mas já pode colocar.
— Obrigada. — Ela acenou e saiu, coloquei a aliança do dedo de Jungkook e beijei as costas da sua mão.
Sua boca estava pálida, seu rosto adormecido. Vê-lo assim me deu calafrio, ele podia acordar como podia não acordar. E se demorasse muito sem ter reação, os médicos perguntariam sobre desligar os aparelhos que o mantém vivo. Pensar nisso me apavora, ele não pode morrer.
— Amor, a Lala está com saudades. — Falei brincando com sua mão, isso me tranquilizava. — O Soobin está preocupado e se isolando, ele está sofrendo também.
Solucei, coloquei sua mão no meu rosto. Queria sentir seu calor, como sempre a mãos de Jungkook estavam quentes. Isso era um alívio, se estivessem gélidas me assustaria e eu desabaria em lágrimas.
— Deixei Soobin ficar em casa hoje, ele está muito triste e preocupado. — Continuei contando, dizem que eles podem escutar. — Não sei como explicar para Layla e tem ficado cada vez mais difícil, ela vem me perguntando do assunto com frequência.
Limpei uma lágrima, olhei para o rosto do meu marido.
— Jungkook, as crianças precisam de você. — Solucei, eu estava chorando. — Eu preciso de você!
Fechei os olhos, fui até minha bolsa e peguei algumas balinhas. Doce sempre resolvia, eu só não esperava comer todas as balinhas que trouxe de uma vez. Espiei Jungkook mais uma vez, vê-ló assim estava me matando. Tão fraco, nenhum pouco alerta, sem poder fazer nada. Suspirei e me sentei ao seu lado outra vez.
— Proibi Ji Eun de entrar aqui, ela veio ontem aqui se achando com o nariz empinado. — Falei irritada e tentando imitar a voz chata dela. — Botei ela para correr!
Descansei minha cabeça no espaço vazio do colchão, não sei quando exatamente cai no sono. Só sei que acordei com conversa entre o médico e a enfermeira, pisquei algumas antes de levantar.
— Não queríamos te acordar, senhora Jeon. — A enfermeira falou corada, sorri para ela e olhei a hora.
— Vão fazer o check up? — O doutor Frederic assentiu, fui até minha bolsa. — Bom, então eu vou ir comer alguma coisa.
Sai deixando eles sozinhos, não tinha nada de bom no refeitório daqui. Então fui na lanchonete que que ficava de frente, pedi um pedaço de bolo. Doce sempre resolve. Pedi um bolo de prestígio com leite, aproveitei para ligar para BamBam.
— Alô?
— Oi, Bam. — Falei, brinquei com uma mecha do meu cabelo. — Como está as coisas aí?
— Eu vou te bloquear! — Avisou, eu sorri. — É óbvio que está tudo bem! Comprei lance para as crianças e estamos comendo, Soobin está mais calmo e Layla está sendo a Layla.
— Que bom, o Jungkook está na mesma. Sai do hospital enquanto examinam ele, aproveitei para ligar e comer um pouco.
— Deixa eu adivinhar, — Bebi um pouco do leite. — você está comendo bolo ou algo doce?
— Bingo! — Exclamei, ele riu. — Você sabe como eu sou, precisava de um pouco de açúcar no sangue.
— Beleza, só não se empanturre. Pode te fazer mal. — Balancei a cabeça, comer umas quinze balinhas e um pedaço de bolo não faz ninguém passar mal. — Agora vou indo, beijos.
***
Eu estava sentada na beira da maca, lendo pelo celular e ouvindo música. De vez em quando eu olhava para Jungkook, nada. Absolutamente nada, merda. Tirei os fones e encarei ele.
— Eu odeio seu emprego! — Olhei para suas tatuagens e beijei, fiz beicinho. — Você tem que deixar a capa de super herói de lado as vezes, eu quero que você volte para casa sempre. Seu doido varrido.
Deitei-me no seu peito, queria ouvir seu coração para ter certeza que ele ainda estava comigo. Era tão terapêutico ouvir o som do seu coração bombeando sangue, era aliviador.
Encarei meu marido novamente.
— Eu estou grávida! — Berrei, chorei quando vi que ele continuou adormecido. Descobri assim que pedi divórcio, Rosé como sempre insistindo para mim fazer o teste e ver no que dava. — Precisamos de você!