Quando cheguei em casa Layla estava capotada na cadeirinha e Soobin também com a cabeça encostada na janela, sai do carro e fui até a porta de Soobin. Tirei-o primeiro, com todo cuidado para não acorda-lo de seu sono profundo. Entrei em casa fazendo o mínimo barulho possível, Lisa me observava da cozinha. Acenei com a cabeça antes de subir, coloquei Soobin na cama e desci.
Lisa está com Layla no colo vindo em direção as escadas, fui até elas e peguei-a de seu colo levando para cima. Sentia o olhar da minha esposa sobre mim o tempo todo, isso me deixou tenso. Coloquei Layla no berço, ela resmungou quando a posicionei melhor. Fiquei parado observando minha filha dormir, vê-la ali me deixava tão feliz e orgulhoso. Meus filhos eram o meu maior prêmio, não tem nada que eu desejasse agora. Já tinha tudo que sempre desejei.
Virei-me para sair, Lisa me observava com um sorriso presunçoso no rosto. Corei. Ela estendeu a mão, peguei-a e acompanhei para fora do quarto. Descemos as escadas, ela me levou até a mesa de jantar.
— As crianças comeram alguma coisa lá? — Indagou, Lisa era muito cuidadosa com as crianças.
— Sim, comemos um hambúrguer, Layla comeu uma papinha que comprei. Imaginei que eles dormiriam no carro, estavam indo em todos brinquedos possíveis. — Ela sorriu e olhou para o jantar, sentei no meu lugar de costume. Seu sorriso aumentou. — O que temos para janta hoje, amor?
— Hm, fiz uma salada e carne. Estou de dieta para sessão de fotos que tenho semana que vem, Bam me recomendou comidas leves.
— Você fica linda de qualquer forma! — Ela colocou a salada na mesa, a panela com as carnes já estava. — Amor, eu queria...
— O que você queria...
Falamos em uníssono, rimos. Então me lembrei que tinha que contar o que aconteceu mais cedo, dei um longo suspiro. Ela me encarou preocupada.
— Ji Eun foi na delegacia hoje. — Ela parou de mexer as colheres, mas não falou nada. — O recruta que estava na recepção deixou entrar e ela foi até meu escritório, não quis saber fui embora antes de escutar o que ela tinha para dizer.
Lisa mexeu-se na cadeira desconfortável, claramente ela não gostava desse assunto. Eu também não, mas não ia mais esconder isso dela.
— Ela não falou nada? — Finalmente perguntou, quase gritei aliviado.
— Hm, sim. Perguntei que merda ela estava fazendo lá, então falou que queria conversar. E pediu outra chance. — Ri do quão ridículo aquilo era, a feição da Lisa vacilou. — Perdoe-me, eu só acho engraçado o quão cara de pau foi.
— Não precisa se desculpar, amor. — Forçou um sorriso meigo, lambi os lábios. — O que você disse?
— Que obviamente não e agradeci por ter ido embora, só assim pude te conhecer. — Agora ela sorriu genuinamente, meu coração saltou.
— Espero que ela te deixe em paz, isso está te deixando irritado. Da para ver na sua expressão. — Disse suavemente, coloquei carne no meu prato.
— Vamos mudar de assunto, falar de coisas boas. — Ela assentiu, mordi o lábio. — Amor, estava pensando em te levar para sair.
— Tipo um jantar? — Perguntou distraída, eu ainda não tinha pensado em que faríamos.
— Na verdade eu não sei ainda, mas quero um encontro. — Ela me olhou, dei-lhe meu sorriso de coelho. — O que acha?
— Hm, achei o convite meio sem graça. Por que não tenta de novo? — Ela arqueou a sobrancelha, bufei.
— Lalisa... — Ela deu os ombros, me rendendo comecei a cantar: — Lalalisa, amor da minha vida, aceitais sair comigo? Lalalisa.
Ela começou a rir e jogou um paninho em mim, sorri vitorioso.
— Aceito, que dia iremos para esse encontro, o grande Jungkook? — Perguntou brincalhona.
— Esse fim de semana, que tal? Minha mãe pode ficar com as crianças, ela já estava pedindo para levarmos elas lá de qualquer forma.
— Ótimo! Só me avise para onde vamos, tenho que me arrumar devidamente. — Assenti, o resto do jantar foi um silêncio confortável.
Quando terminei de comer fui lavar as louças, Lisa seguiu até o sofá e estava procurando um filme. Graças a sua indecisão, quando terminei ela ainda não tinha escolhido nada para assistir. Sentei-me ao seu lado, por fim escolhermos uma comédia romântica e assistirmos abraçados.
— Mamãe? Papai? — Lisa pausou o filme, olhei para trás e vi Soobin na escada.
— Que foi Soobin? — Dei batidinhas no sofá para ele vir, ele estava chorando.
— Eu tive um pesadelo, estou com medo, mamãe. — Lisa abriu os braços, ele correu e pulou no colo da Lisa.
Nada de namorar hoje a noite.
— Oh querido, tá tudo bem. Mamãe e papai estão aqui, não precisa ter medo. Vou por quem atrapalhou seu soninho e te deu medo para correr! — Segurei a risada, passei a mão pela cabeça de Soobin que estava grudado na Lisa.
— Quer alguma coisa Soobin? — Perguntei para ele, ele balançou a cabeça. Soobin não olhava para mim quando estava com medo, Lisa disse que ele tinha vergonha, já que ele me via como um homem forte que não tinha medo de nada.
— São os mesmos monstros de sempre? — Soobin choramingou, meu coração se partiu ao vê-lo assim.
— Sim mamãe, estou com medo.
— Ei carinha, vem cá! — Chamei, ele hesitou. Mas Lisa o colocou no meu colo, ele escondeu a cabeça no meu ombro. — Quer tomar um banho e ir dormir?
— Pode ser. — Sussurrou, levantei com ele no colo.
— Vou dar um banho nele, Lali. Pode terminar de ver o filme e nos esperar na cama. — Falei antes de subir.
Entrei no quarto dele, peguei sua toalha e um pijama. Soobin me esperava no banheiro já nu. Enchi a banheira e coloquei alguns brinquedos, Soobin apenas me observava.
— Vem carinha, pode entrar. — Ele pulou dentro da banheira. — Como eram os monstros que te assustou?
Ele corou, ensaboei seu corpo.
— Eles eram bem grandões e verde, um tinha só uma orelha e o outro já não tinha. — Parei e olhei para ele, Soobin descrevia os monstros com muito medo. — Tinham uns dentes enormes. Papai, eles são assustadores! Sei que já estou grandinho para essas coisas, me desculpe.
Ele abaixou a cabeça, peguei seu queixo.
— Ei, quem disse que os homens grandes não tem medo ou pesadelos? — Ele me encourou confuso, enxaguei ele. — Eu tenho alguns pesadelos, fico com muito medo.
— E como você faz?
— Corro para sua mãe, ela me abraça e tudo melhora. — Ele ri, olho para os lados. — Não conta a ninguém! Segredo nosso!
— Tá bom! — Sorri, terminei seu banho e o vesti. — Papai, então tá tudo bem eu sentir medo?
— Claro, ter medo nos faz ser corajosos. — Ele franziu o cenho. — Enfrentar nossos medos, mesmo estando mijando nas calças, faz de nós pessoas corajosas.
— Então se não tivermos medo, não dá para ser corajoso? — Assenti, ele me olhou como se tivesse acendido uma lâmpada em sua cabeça. — M-mas eu preciso dormir na minha c-cama essa noite?
— Não, pode dormir comigo e com a mamãe. Ela vai proteger nos dois!
Peguei na sua mão e o levei para o quarto, Lisa estava nos esperando na cama. Soobin correu e pulou na cama, Lisa o abraçou.