Alex & Daniel [Em andamento]

By vickparrish

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#1🥇 na categoria romance LGBTQ+, no concurso Bevelstoke #3🥉na categoria LGBT+, no concurso Golden // capa p... More

1. Daniel
2. Alex
3. Daniel
4. Alex
5. Daniel
6. Alex
7. Daniel
8. Alex
9. Daniel
10. Alex
11. Alex
12. Daniel
13. Alex
14. Daniel
15. Alex e Daniel
personagens
16. Alex
17. Daniel
18. Alex
19. Daniel e Alex
20. Alex
21. Daniel
22. Alex
23. Daniel
24. Alex e Daniel
25. Alex
26. Alex e Daniel
27. Alex
28. Daniel
29. Alex
30. Alex
Q&A🌈
31. Daniel
32. Alex
33. Daniel
34. Daniel e Alex
35. Alex
36. Daniel e Alex
38. Daniel
39. Alex
40. Daniel e Alex
42. Alex
43. Daniel
44. Alex
45. Alex e Daniel
41. Alex e Daniel
46. Alex e Daniel
47. Alex

37. Alex

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By vickparrish

- Você quer ser passivo? — Dan questiona mais como se não tivesse certeza do que ouviu.

- Não é isso, é só que... — apresso-me em dizer. — É que você estava... e... Ah, esqueça o que eu disse! Eu viro meu corpo na cama, ficando de costas para o colchão e com o cobertor sobre mim.

Eu me arrependo na hora da proposta que fiz. Não sei o que me deu tanta ousadia, talvez tenham sido as lembranças bem frescas de seus gemidos, sua voz e seu corpo pedindo por mais. É complicado, eu não tinha me imaginado... como posso dizer? Mais flexível no que diz respeito ao meu "papel" na cama. Na realidade, eu estava bem convicto que ia ser o ativo nessa relação.

Dan estuda meu rosto por alguns segundos e eu fico um pouco acanhado. Odeio me sentir perdido assim. É como se eu estivesse a anos-luz de distância da situação, sem saber o que fazer e o que pensar.

- Vamos tentar isso outro dia, estou quebrado agora. — ele diz por fim e uma onda de preocupação me atinge. Tento esquecer a primeira parte, por enquanto pelo menos.

- Eu te machuquei? Ai, meu Deus, desculpa Dan! Eu devo ter exagerado.

- Não é isso, bobo. Minha... você sabe, só está um pouco dolorida e bem, eu não ia conseguir me movimentar direito. — ele cora e eu acho que eu coro também, e agradeço mentalmente pelo tom marrom intenso da minha pele.

- Ah. Beleza. Show. Entendi. - digo roboticamente indo vestir uma cueca.

- Tá com medo?

- Por quê? - faço-me de idiota.

- Sei lá, né? Do nada você diz para eu te foder e depois fica todo estranho. – ele fala impaciente. É, foi exatamente essa cena patética que acabou de acontecer. Eu fico em silêncio sem saber o que responder, então Dan continua: - Traz a calça do meu pijama pra mim, por favor.

Eu vou até seu lado do armário, onde tudo está tão organizado, o completo oposto da parte onde está minhas roupas. Eu poderia dizer que tem relação com a bagunça que sou por dentro, mas na realidade eu só acho inútil ter as coisas organizadas quando eu posso muito bem achar o que eu quero na bagunça e ainda sem ter o trabalho de arrumar. Isso sim se chama inteligência.

- Aqui. – eu entrego a ele a peça de roupa.

- Olha para o outro lado.

- Pra que? Eu já vi tudo o que tinha pra ver, sem dizer que temos as mesmas coisas.

- Vira logo!

- Tá certo, tá certo. — eu viro meu rosto para o outro lado, mas consigo espiar de canto de olho Daniel vestindo a calça. Ele tira o cobertor de si, coloca os pés na calça, ergue o quadril para terminar de vestir e só nesse movimento, consigo ver com clareza seu membro não-estimulado e ouvir seu grunhido de desconforto.

- Agora me conta o que te aflige, pelo amor de Deus. — Dan diz com uma firmeza que não é costumeira dele. Pensei que já tinha esquecido dessa história, mas pelo jeito me enganei. Ainda assim, decido respondê-lo, eu já pisei na bola com ele mais cedo e não quero que fique com um clima estranho pela minha falta de comunicação. E eu sempre fui bom em me comunicar, que porra!

- Eu não sei! — desabafo. — Eu acabei de ter uma foda incrível com o cara que estou apaixonado. Eu tô falando sério, tipo, até um tempo atrás eu pensei que você nunca mais olharia na minha cara se soubesse o que eu sentia... quero dizer, o que eu sinto. Aí percebo que eu quero ser fodido por ti também, mas eu me sinto estranho por querer isso, o que é muito idiota porque você acabou de me dar sua bunda. Vai ver eu só tenho a porra de uma masculinidade frágil, o que também é muito idiota, já que agora mesmo eu chuparia o seu pau. — termino de falar e porra, eu não medi nada minhas palavras, nem sei se fazem sentido.

- Er... — Dan fica sem reação por uns segundos, mas retoma com toda sua serenidade. — Pelo jeito você não sabe mesmo lidar com insegurança nenhuma. — eu não sei mesmo. — Ô, Alex... Não precisa ficar pirado desse jeito, só deixa acontecer quando você estiver seguro disso, como eu estive seguro hoje. Vamos ter outras oportunidades, eu gostei do jeito que fizemos hoje, confesso que também quero fazer desse outro jeito e... — ele olha pra mim, porque até agora estava olhando para um ponto fixo no teto. — Mesmo que doa pra burro no início, fica... Merda, Alex, você sabe como eu me senti, e eu vou me certificar de te fazer sentir o mesmo. Ou até mais.

- Olha só, falando com tanta confiança. — sorrio zombateiro, mas me sinto mais calmo agora, como se suas palavras tivessem um efeito quase medicinal sobre mim. No entanto, eu não devia estar surpreso, Daniel sempre soube a maneira certa de me acalmar quando estou tenso.

- Deve ser a convivência. — e nós rimos juntos. E ele boceja se achegando em mim para poder colocar a cabeça em meu peito e a mão em minha cintura.

Nossas respirações entram em sincronia.

Acho que o amo.

----

Pisco os olhos preguiçosamente, está claro por causa da luz que entra pela janela de vidro, já que ontem ninguém abriu as cortinas. Ainda bem, lembro-me vividamente de um corpo e um rosto que fica muito sensual sob a luz do luar. Isso me faz notar que não estamos mais naquela posição tão casalzinho de ontem, agora parecemos dois polvos desengonçados com os lençóis na puta que pariu, mas está confortável, mesmo que o joelho de Dan esteja esteja pesando no meu estômago e meu braço esteja doendo um pouquinho por causa da sua cabeça.

- Ei, lindo. —  sussurro, passando a mão em seu sedoso e bagunçado cabelo. — Acorda.

- Hmmm. — ele resmunga ainda dormindo e se mexe, ficando mais perto de mim.

Oh céus, ele parece um gatinho manhoso. Nem parece o mesmo Dan que é tão arisco comigo às vezes. Bem, ele devia ser mais carinhoso assim quando estivesse acordado, eu não reclamaria nada, nada.

Eu poderia ficar horas só aproveitando esse momento, mas já é manhã, alguém pode entrar no quarto e o recinto está cheio de roupas jogadas no chão e talvez tenha uma camisinha usada em algum lugar. Portanto, para a minha total (in)felicidade, depois de algumas tentativas a mais, ele acorda.

Primeiro ele se assusta e fica envergonhado por estar tão agarrado a mim e depois dá um "Bom dia" com um sorriso sem-graça. Ele se lembra de ontem, claro que se lembra. Ele não está sendo um babaca insensível como da última vez em que fingiu aquela amnésia por dias. Sei que o Dan é última pessoa do mundo que seria um babaca insensível de propósito e que ele só agiu daquele jeito porque estava com medo de estragar nossa amizade, só que fico angustiado, sabe? O que aconteceu ontem foi maravilhoso e, sem dúvidas nenhuma, um grande passo para o nosso relacionamento.

Meu Deus, eu quero tanto namorá-lo, segurar sua mão...

Apesar dos nossos bafos matinais, puxo Dan para um beijo singelo cujo ele retribui com afeto. Meu estômago vira um borboletário na primavera, sinto que posso morrer com tanta seretonina no meu organismo. Sério, a cada dia que se passa acho que estou ficando mais sentimental. Ou simplesmente apaixonado, ainda não consigo diferenciar essas emoções. É tudo novo, e bom.

- Ah, Dan... —  sussurro com nossas testas coladas. Eu não consigo tirar esse estúpido sorriso do rosto.

- Ah, Alex. — ele me imita, mas com uma entonação diferente, e nós dois rimos. — Que horas são, hein?

- Quase 10. — digo, após ver o horário que aparece na tela de bloqueio do celular de Daniel, que estava no criado-mudo.

- Oh, merda. Como o pessoal ainda não chamou a gente? Eles não vão à praia? — durante sua fala, Dan se senta na cama, arqueia as costas e se levanta.

- Talvez estejam dormindo também, todos estavam bebendo e a Kay e o Andrew já estavam chapados quando saímos de lá ontem. — saio da cama no intuito de juntar as roupas do chão e acabar por dar uma profunda olhada em Dan. — De qualquer jeito, não ia dar muito certo você ir à praia, a menos que fique de camisa o tempo todo.

- Como assim? — pergunta confuso e vai até o banheiro.

Há marcas bem visíveis pela extensão da sua pele, provenientes da nossa noite juntos, tem até um chupão perto do bico do seu peito e uma mordida em sua cintura que não faço a mínima ideia do momento em que fiz. Eu não sou muito de deixar marcas, mas acho que acabei descontando nisso, já que tive que me conter a maior parte do tempo.

- Caralho, Alex! Você é um filho da mãe desprezível! — ele xinga olhando para o seu próprio reflexo.

- Se me xingar mais, eu vou ficar excitado. — chego por trás dele, encosto meu queixo em seu ombro e faço um biquinho olhando para ele pelo espelho.

- Eu tô falando sério, seu idiota! — mesmo que ele tenha falado isso irritado, vejo seus pelos arrepiados no pescoço. — Se eu soubesse que você deixaria tanta marca em mim, teria feito o mesmo com você!

- É? Tudo bem, então. Eu sou todo seu. — ainda na mesma posição de antes, eu passeio a ponta dos meus dedos pelos pontos avermelhados em arroxeados do seu abdômen. Dan ainda me encara pelo espelho. — Bem, de todo modo, você fica bem sexy assim.

- Para, Alex... — ele murmura em um suplício e eu beijo seu pescoço, para logo após virá-lo de frente para mim.

- Temos tempo, deixa eu me desculpar com você. — beijo sua boca mais uma vez e desço.

----

Eu estava certo, ninguém havia ido à praia, pelo menos ainda não. Passo por Paul, Victoria e Peter antes de chegar na cozinha. Paul está estirado no grande tapete bonito da sala — provavelmente de ressaca — e os outros dois estão jogando uno no sofá. Já quando chego na cozinha, vejo Dan e Lisa conversando e tomando café da manhã. O primeiro a notar minha presença é o meu garoto, que me encara e sorri levemente, e então Lisa, que me cumprimenta com um "bom dia" simpático.

Pego um pedaço de bolo de chocolate que encontro na geladeira e me sento junto com os outros dois que estão na cozinha. De alguma forma é estranho estar aqui com meu quase namorado e a amiga dele que me causa ciúmes, ainda mais porque ela sabe que sou bissexual, mesmo não sendo lá muito próxima de mim. Uma pessoa que mal me conhece sabe quem eu sou, tem coisa mais contraditória?

- Ah, agora lembrei! Vocês dois saíram juntos do nada ontem, o que houve? — ela pergunta interessada até demais.

- Er... Eu tava passando mal. — Dan pensa rápido em uma resposta, mas transparece mais nervosismo que o recomendável.

- Sim, foi isso. — confirmo na hora. — Aí eu fui ver como ele tava e tal. O Dan até vomitou na privada, e como eu já tava aqui na casa fiquei com preguiça de voltar, sabe? Não tava mais no clima, então fui dormir.

- Entendi... Kayla disse que poderia ser isso mesmo. Não sei se alguém foi checar se vocês estavam vivos, tava todo mundo mais pra lá do que pra cá.

Depois de mais alguns poucos minutos sentado ali com eles —o tempo de eu terminar de comer —, decido deixá-los conversando e ir até a varanda, pois vi Kayla indo para lá.

- E aí. — digo ao vê-la sentada no banco invernizado com um celular na mão. Sento-me ao seu lado.

- Fala. — ela complementa acenando com a cabeça e fica me analisando por tempo demais. — Sua noite foi boa, hein? — e dá um sorriso sacana.

- O quê?

- Tem uma marca de chupão aqui no seu pescoço, mas relaxa, é pequena e mal dá pra ver.

- Ah. —suspiro aliviado colocando a mão no pescoço. — E minha noite foi realmente boa.

- Espera, não vai me dizer que vocês... - ela deixa no ar e eu confirmo com a cabeça. — Uau, apenas uau. Isso é ótimo, Alex e além do mais, só falta uma aliança de compromisso, porque... pelo amor de Deus, né? Na minha cabeça vocês já namoram.

- Tenho que ir com calma, nem sei se o que sinto é recíproco. — falo baixo com medo de alguém ouvir.

- Alex, você pode ser idiota, mas não é burro. É óbvio que ele gosta de ti, senão não estaria contigo até agora.

- Eu sei, eu sei. No fundo eu também acho que todo esse sentimento é mútuo, mas não tem como ter certeza absoluta. Eu posso deixar quando deixas for, mas ele nunca confirma nada.

- Você tá com medo. — ela afirma como se essa fosse a resposta pra toda a questão.

- Eu não. — Kay me olha com a sombrancelha arqueada, e isso me faz lembrar de Dan. — Tá, eu tô. Mas isso deve ser normal, não é?

- Claro que é. O Dan também deve estar com medo e tá tudo bem, cara. Esse é o primeiro relacionamento com alguém do mesmo de ambos, é tudo mais complicado e difícil de assimilar.— ela afaga meu ombro. — Você o conhece melhor que eu, vai saber quando puder tomar uma nova atitude. Bem, eu espero, né. — eu rio e ficamos em silêncio por um tempo.

- Mas então, e você e aquela menina ontem no luau? A noite também foi boa? — puxo o assunto.

- A gente se pegou no meio mato. Foi legal. — Kay sorri com um olhar preguiçoso.

- Uma vibe mais Largados e Pelados.

- Sim. — ela gargalha. — Mas sem a parte dos peladas, porque tinha muito mosquito. Ah, ela me disse que viu você e a namorada daquele menino cabeludo se beijando, aí quado me virei para ver, você já tava voltando pra trilha.

Explico para Kay tudo o que aconteceu depois desse episódio, ela diz que se estivesse no lugar do Dan teria me dado um murro, mas que ficou feliz por tudo ter dado certo no final. Olha, não é tentando me justificar, sei que pisei na bola, mas caramba, não tive como pensar direito nos primeiros 5 segundos quando aquela garota me beijou repentinamente daquele jeito.

- Sabe a Sarah? Ela é a menina que tava comigo. Enfim, ela me disse que o Aaron cabeludo tem um fetiche estranho de ver a namorada dele sendo comida por outro cara e depois transar com os dois ao mesmo tempo, por isso que ele nem ligou quando ela te beijou na frente dele.

- Sério? Nossa... — falo chocado, mas não tão surpreso. Aaron foi bastante amigável comigo ontem, será que ele me achou atraente e me quis nesse ménage com a Louise? Eu sou bem atraente mesmo, logo é uma possibilidade.

Após alguns minutos de mais conversa, me deu vontade de dar um mergulho. Chamei o Dan, porém ele negou dizendo que não queria ficar com marca de camiseta na pele, devido ao sol — senti-me um pouco culpado. No final das contas, só foi eu, Kay, Marie e Andrew. Foi divertido, mas não tanto quanto seria se tivesse ido a galera toda, acho que por isso voltamos menos de 1 hora depois.

No presente momento, estamos jogando Uno com o pessoal — 7 adversários atiça meu espírito competitivo — enquanto comemos os lanches que Consuelo preparou, só Dan que está com um prato cheio de comida.

Isso me faz pensar qual é o verdadeiro papel da presença da governanta. Provavelmente é só não deixar a gente com fome, porque se for vigiar, ela só deve estar nos observando para escrever um relatório e depois mandar para o pai da Marie. Não me considero irresponsável, mesmo que eu tenha me acostumado a sair para festas, me embebedar, transar com quase-estranhas e voltar tarde para casa, afinal sempre usei camisinha e tô vivo até hoje sem nenhum vício, sem contar que sou bastante focado no basquete e nos estudos — ok, nos estudos apenas recentemente e nem taaanto assim. Enfim, de qualquer forma Marie disse que descobriu uma boate muito legal na cidade em que todos nós vamos, sem discussão.

- Eu vi a rede social do lugar, tem toda uma vibe de Euphoria, sabem? Brilho, neón, LSD e afins. — ela explica. — De preferência que ninguém use nada ilegal, só tô explicando a vibe.

- Amiga, eu amo essa série, quero maquiar todo mundo com essa temática! — Kay diz animada, de um jeito esganiçado que lembra nossa anfitriã.

- Por isso que pediu que trouxéssemos nossas duas identidades... — Dan parece pensativo enquanto diz isso.

- Sim, mas olhem, a Consuelo não pode descobrir que estamos indo para essa boate. Vou dizer que iremos para uma festa na casa de um amigo daqui. — Marie responde. Ah, então a empregada deve mesmo fazer um relatório ou algo do tipo. — Se meu pai souber, ele vai sacar tudo e vai me proibir de falar com meu tio.

- O da identidade falsa? - pergunto.

- Esse mesmo.

- Foda.

- Pois é, mas se todo mundo se organizar vai dá tudo certo. — Marie sorri esperançosa e depois fita o seu primo. — Peter, não faz essa cara, vai ser legal!

----

Kay conseguiu. Essa pequena manipuladora conseguiu o que queria.

Todas as meninas já tinham sido maquiadas, elas passaram por nós desfilando para mostrar a arte que Kayla havia feito. Drew quase colocava um tapete vermelho para Marie passar e Paul não estava tão longe de fazer o mesmo com Lisa, mas em vez disso, ele disse para Victoria que ela estava parecendo um dragão brilhante.

- Pelo menos eu sou brilhante e você, que é só um dragão? — a irmã retrucou. Ela tinha um ponto, afinal Paul era uma versão masculina dela. Ainda que nenhum dois seja feio.

Eu, no entanto, apenas elogiei as três igualmente, elas estavam realmente lindas e olha que ainda nem tinham se vestido devidamente. Meu maior erro foi elogiar o trabalho de Kayla, porque logo em seguida a mesma decidiu que ia maquiar todos os garotos também e que eu seria o primeiro da lista. Olha, é bem difícil dizer não para Kay, ainda mais com ela dizendo que não tínhamos masculinidade suficiente. Eu não contei a ela sobre o que eu e Dan falamos no meio da madrugada, mas acho que o tópico masculinidade frágil se tornou um ponto sensível pra mim.

Meus pais sempre falaram coisas para mim como "homem também chora" e "se você quiser usar rosa ou brincar com meninas tá tudo bem, isso não te fará menos homem" desde criança. Por outro lado, quando se mora no subúrbio fica ainda mais claro que se você não é como os outros é pior pra você, mesmo assim não foi difícil me adaptar às convenções masculinas ao longo da minha vida, já que sempre gostei de coisas masculinas, por assim dizer. Agora já não sei quem mais me influencia sobre esse assunto, se são os meus pais ou a sociedade.

Enfim, Kay está me maquiando no meu quarto comigo sentado em uma cadeira que não sei onde ela arranjou e Dan está assistindo tudo da cama.

- Essa é a base que tu comprou de acordo com o tom da minha pele, né? — indago, pois não queria ficar branco.

- Claro, eu vim preparada. — a garota de cabelo curto responde. — Só vai ser difícil eu encontrar o tom certo para o Dan, vou ter que testar misturas.

- E o Drew? — é a vez de Dan perguntar, mas percebo que ele está tirando foto da minha situação.

- Olha, você para. — eu aponto o dedo para ele e ele apenas sorri. Se o filho da mãe fosse só um pouco menos lindo, seria mais fácil eu fingir que fiquei bravo.

- Com o Drew é fácil, só vou ter que misturar a base do Alex com um pouco do da Marie, acho.

O tempo passou rápido naquele quarto junto com meus dois melhores amigos — um deles mais que isso —, quando fui ver, já estava pronto. A maquiagem é similar ao que Kay fez naquele dia em que fui à casa dela, só que melhor. Tem brilho – ou o nome disso é purpurina? — tanto em baixo do meu olho quanto nas têmporas, mas numa dosagem perfeita, são douradas e prateadas. Tem um delineado também prateado nas minhas pálpebras, o que faz um contraste perfeito com a minha pele, na minha boca tem um gloss labial pegajoso novamente. Depois de Kay tacar um spray na minha cara, Dan se aproxima para me ver melhor.

- É, eu sou foda mesmo. — Kayla analisa seu trabalho. — Bem, Dan, depois eu faço a sua make e a dos meninos, agora vou me arrumar para não atrasar muito as coisas. Até depois, bolinhos!

- Você tá bonito. — Dan diz todo tímido assim que a garota sai.

- Eu sei. — e eu sei mesmo, mas ouvir isso dele é maravilhoso. — Esse gloss aqui tem gosto de morango, sabia? Da última vez que a Kayla me maquiou ela passou esse mesmo gloss e eu acabei sugando tudo da minha boca.

- Você é um crianção. — ele sorri revirando os olhos.

- Tá certo, tá certo. Mas de qualquer jeito eu vou fazer isso de novo, então você poderia fazer isso por mim.

- Enrolou, enrolou, enrolou só pra dizer que quer que eu te beije.

- Eu não disse isso, foi você que chegou nessa conclusão.

- Ah sim, claro. —ele dá uma risada gostosa e depois se senta no meu colo, ficando com as pernas em cada lado da cadeira. — Essa maquiagem realçou seus olhos, parece que são mais brilhantes. — Dan envolve meu pescoço com as mãos e eu tenho que erguer a cabeça para poder vê-lo melhor. — Suas pupilas.

- O que tem elas?

- Estão dilatadas. — meu estômago esfria. Não sei dizer se as dele também estão desse jeito, pois suas íris são muito escuras. Ele, então, passa o dedo indicador na minha boca e depois o chupa. — Tem gosto de morango mesmo.

Ele me beija. Não, ele chupa meus lábios como se fosse seu néctar. Ele puxa meu lábio inferior com o dente como um animal carnívoro. Ele continua no lado de fora e eu já me sinto entregue. Mas quando não me sinto assim quando se trata dele?

No momento em que ele decide que já está bom de me torturar, sua língua se encontra com a minha de forma quase desesperada, é como se estivessem com saudade uma da outra. É meio ridículo descrever um beijo assim, porém não consigo parar. É bobo como um filme de romance adolescente da Netflix, porém sorrimos e damos selinhos um no outro em intervalos minúsculos.

É tão bom vê-lo e sentí-lo tão à vontade comigo desse jeito, melhor ainda quando essas meras carícias se tornam tão pouco para o tesão que se acumula. Eu o beijo mais forte, ele corresponde estupendamente bem. Dan pressiona seus dedos com um pouco de força no meu pescoço, sua mão parece uma coleira em mim. Eu gemo, eu aperto suas coxas e até um pouco mais além. Devíamos só sair daqui e pra cama logo...

- Cheguei, otários! — ouço a voz de Paul e Dan dá um pulo ficando de pé rapidamente, eu faço o mesmo, tentando encobrir a parte da frente da minha calça.

- Kayla ainda tá aí? — Andrew aparece logo atrás. Ele olha confuso para nós e para seu amigo do lado, que está com os olhos arregalados, sem reação nenhuma.

Começo a balbuciar palavras sem sentido, minha cabeça está a mil, eu só quero me enterrar, fugir para bem longe e levar Dan comigo ou bater na cabeça de Paul até que ele se esqueça do que viu. Por que essa osga maldita não diz nada?

Meu garoto dourado está tranparecendo mais nervosismo que eu e ainda está com os lábios inchados e vermelhos. Não sei se posso inventar uma história, não sei se Paul acreditaria, eu consegui ver de relance o assombro dele enquanto minha boca ainda estava na de Dan. Eu não sei o que fazer, mas estou pensando seriamente na paulada na cabeça.

.
.
.

________________
4000 palavras

N/A: Gente, eu amo as boiologens dos meus bebês!!! Ia rolar mais coisa nesse capítulo, mas quando fui ver já tinha mais de 3 mil palavras, então resolvi deixar para o próximo capítulo(que promete!!!)

Obrigada por todo apoio que vocês vêm dando, porque se dependesse de mim e das 15x que já tentei desistir, esse livro já estaria dropado. E muito obrigado pelas mais de 20 MIL VISUALIZAÇÕES AAAAAAA tô muito feliz, quando eu poderia imaginar que chegaria a tanto? É isso, continuem lendo e quem puder compartilhar com alguém que goste de histórias como a minha também agradeço ❤

Enfim, espero que tenham gostado desse capítulo, não esqueçam de deixar seu voto/estrelinha⭐, uns comentários bacanas e até a próxima, xuxus!

Mas antes de irem, alguns mimos pra vocês❤ São fotos de pessoas aleatórias do pinterest que achei parecidas com o "grupo". Se você imagina de outro jeito, tá tudo certo, não é regra.

Andrew

Marie(só que mais loira)

Paul

Kayla

De Dan e Alex eu trago mais no próximo capítulo.

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