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By hellenptrclliw

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➛ A segunda queda: livro 02 da série "The Four Falls". Apaixonar-se não era sequer a última das coisas que Et... More

OWH. #2 Série TFF
sinopse
dedicatória
epígrafe
prólogo
01. quem está julgando?
02. caos com íris cor de avelã.
03. dever e honra.
04. até onde você é capaz...?
05. ethan.jyoung.
06. se você diz.
07. calum young é um menino sábio.
08. quem é gwen evans?
09.1. eu não sei como você consegue.
09.2
09.3
10. movidos pelo instinto de sobrevivência.
11. precisamos parar de nos encontrar assim.
12. por que se explicar tanto para si mesmo?
13. temos tudo sob controle.
14. a verdade que há e suas promessas.
15. um dia, talvez?
16. até o sol nascer.
17. nada é como se apaixonar pela primeira vez.
18. a reputação que me precede.
19. quando o amor cai em mãos erradas.
20. no meu sangue.
21.2
22.1. os parágrafos escondidos e descobertos.
22.2
23. a sentença das nossas vidas.
24. misericórdia nunca foi o seu forte.
25. a vida acontecendo através desses sentimentos.
26. as estrelas que testemunham nossa queda.
27. isso é sobre quem eu sou.
28.1. a liberdade do meu verdadeiro eu.
28.2
29. isso muda tudo.
30. e quem a protege de mim?
31. "juntos e essa coisa toda".
32. capítulos em branco.
33. é sempre assim?
34. como viemos parar aqui?
35. o narrador que conta a história.
36. neste momento, ele é o mundo inteiro.
37. aquela filha daquela família.
38. me diga que não é tarde demais.
39. me perdoe, eu me apaixonei.
40. boa fé da mulher que me amou primeiro.
41.1. é como deveria ser.
41.2
42. o monstro debaixo das nossas camas.
43. genuína.
44. o sangue puro e o sangue ruim.
45. julgamento
46. com um coração cheio.
47. rainbow
48.1. as constantes.
48.2
extra: pressentimentos.
49. você vem para o café da manhã?
50. a traição.
51. negação.
52. não esquecer o quanto você o ama.
53. é o único jeito, querida.
54. honra e morte.
55. se apaixonar.
56. este é o meu dever.
57. memórias: nós as construímos e elas nos constroem.
58. sem mais sentir muito.
59. era você que sempre estava lá.
60. o caminho de volta para casa.
epílogo.
nota final.

21.1. a garota que me encara de volta.

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By hellenptrclliw

juro gente, esse capítulo tá tão fofo e divertido. boa leitura! e não é promessa, mas talvez se batermos mais de 100 comentários, o 21.2 saia mais rápido do que vocês esperam. não esqueçam a 🌟 e boa leitura!

― QUEM É ELA?

Minha pergunta atraiu o olhar curioso de Kiara, que por um momento pareceu anuviado por pensamentos distantes. A mulher que acabara de sair havia exigido conversar em particular com minha tia em seu escritório, praticamente ignorando minha presença. Suponho que tenha sido importante para abandonar os bons modos, ou talvez eu estivesse certa quanto a sentir a energia das pessoas em uma primeira impressão ― e deixe-me dizer, a dela não era a mais agradável.

― Ela se diz da família Young ― Kiara franziu as sobrancelhas ruivas. ― Você a conhece?

Sacudi minha cabeça em uma negativa, mas não pude evitar a comparação de sua aparência. Os cabelos castanhos semelhantes ao de Alyssa, os traços familiares que pensei serem compartilhados apenas entre os irmãos a essa altura. Vendo sob essa nova luz, é inegável que ela deveria ser uma réplica quase idêntica à mãe de Ethan.

Eu não a conhecia, mas Ethan havia falado sobre ela há algum tempo ― tempo este do qual eu sentia cada vez mais saudade. Eu não sei. Há algo sobre isso que não me enchia de pressentimentos bons.

― O que ela queria?

― Veio falar sobre Alyssa ― disse Kiara, parecendo cada vez mais preocupada. ― Parece que ela está visitando os sobrinhos por alguns dias.

Minhas sobrancelhas se arquearam com surpresa e Kiara soltou um suspiro.

― Então... ― inclinando-me para perto, procurei seus olhos. ― O que isso tem a ver com você e a Galeria?

― Parece, Gwen ― sua voz tomou um tom mais firme, resoluto ―, que ela pode me assegurar de que cometi um erro ao contratar sua sobrinha.

― O quê! ― o tom estridente ecoou pelas paredes. ― Como assim ela disse isso? Do nada! De onde ela saiu?

Kiara me encara como se eu fosse louca. Talvez eu esteja agindo como uma, mas não consigo acreditar em meus ouvidos. Alyssa estava radiante a sua maneira com esse estágio, dando tudo de si ao trabalhar em dois empregos e estudar ao mesmo tempo, e não vamos falar sobre ter que cuidar de uma criança ao dentre tudo isso. Não podia ver onde dar credibilidade a essa tia que surgiu tão de repente ― de volta ― era lógico quando comparado à garota que tenho conhecido.

― Ela tinha muito a dizer sobre Alyssa ― Kiara acrescentou ao girar nos calcanhares em direção a sua sala. ― Eu não posso só fingir que não ouvi tudo.

Uma vez que estou sentada do outro lado de sua mesa, apoio os antebraços sobre o vidro temperado que é gelado contra minha pele nua.

― O que ela disse?

― Tudo o que eu não queria ouvir ― ela soltou uma risada incrédula. ― Parece que, embora Alyssa esteja empenhada em suas tarefas, ela ainda não é ideal.

― Por quê?

― Bem, temos a questão do temperamento, a personalidade, o histórico não muito favorável e uma reputação bastante questionável em sua cola.

Deixei meu olhar vagar sem realmente prestar atenção no que via. Não compreendia o objetivo dessa tia ao vir aqui e queimar, não, trucidar a imagem de sua própria sobrinha no emprego que podia lhe dar uma profissão promissora, especialmente quando era o meio em que ela queria estar. Pondo-me em vista, não conseguia ver Kiara fazendo isso comigo ― ou sequer meus outros tios, embora nem falássemos frequentemente.

Se Alyssa era tão ruim assim, por que ela não ajudaria a melhorar ao invés de vir aqui e tentar destruir tudo?

E além do mais, havia um julgamento no qual eu confiava muito mais do que esse. Ethan falava sobre Alyssa como se ela fosse um tesouro, e ela poderia não ser a pessoa mais amável do planeta, mas o que essa mulher estava fazendo parecia um pouco drástico.

― Você vai conversar com Alyssa sobre isso, certo? ― eu perguntei, engolindo em seco.

Kiara deu de ombros. ― Eu vou, claro. Mas, honestamente, não estou me dando ao luxo de dar tiros no escuro no momento. Não sei se confiar nela é a melhor decisão depois disso. Afinal, por que ela viria aqui com tudo isso se não fosse por uma boa razão?

Quando volto para casa, minha cabeça ainda continua retornando a visita desfavorável de hoje. Conhecendo Kiara, sabia que ela não gostaria de ser questionada por mim sobre como reger seu trabalho, mas ela ouviria meu pai. A questão era como pedir isso a ele. Se bem me lembrava, a última vez que havíamos conversando havia sido no domingo, e isso porque ele precisava que eu trancasse a porta da garagem.

Eu sei. Saudável, certo?

Tecnicamente, nada disso era problema meu. De maneira alguma, no entanto, não conseguia apenas fingir que aquilo não aconteceu e esperar pela provável demissão de Alyssa sem fazer nada. Certa ou não, não cabia a sua tia o julgamento, e meio que me irritava saber que Kiara havia considerando tanto assim a palavra de uma estranha.

Estava tão frustrada que só percebi que não anunciei minha presença no escritório do meu pai ao sentir a brisa gelada que soprou meus cabelos ao escancarar a porta.

E eu lamentaria isso até o fim da minha vida, porque é assim que encontro minha mãe sendo prensada contra a estante de livros enquanto o rosto do meu pai está firmemente escondido em seu pescoço.

Ai meu Deus.

Ao som da minha voz, os dois pularam como se estivessem pegando fogo. Eu rapidamente cobri meus olhos com a palma da mão direita, sentindo tudo dentro do meu corpo murchar e morrer. Queria arrancar os olhos e jogá-los através da janela, embalar minhas coisas e ir embora de casa. Nunca vou conseguir apagar a imagem de Rosie Evans seminua e Gabriel apalpando suas partes mais baixas meu Deus do céu!

― Por que você não bateu na porta! ― minha mãe exclamou, meio que gritando e meio que chorando. ― Ai, Gwen.

Sim, de fato, ai.

Ouço o farfalhar de roupas e os movimentos apressados, mas estou tão morta de constrangimento que só posso torcer para que, se eu ficar parada assim por mais alguns segundos, vou rebobinar o tempo e apagar esse momento da minha vida. De novo! Eu preciso morar sozinha.

― Vocês querem saber? ― eu disse, mais para eu mesma do que eles. ― Eu vou só... ― pigarreei, caminhando de costas. ― Vou só sair e desaparecer pelo resto da noite. Com sorte, amanhã ninguém vai me ver também. Daqui a dez anos talvez eu volte.

Estava subindo os degraus da escada em direção ao meu quarto quando ouvi a risada juvenil dos dois ecoar pelo andar debaixo.

* * *

Estou em uma missão no dia seguinte, forçando-me a caminhar na direção do tumultuado Red Nightmare. As luzes coloridas piscando me cegaram quase imediatamente e eu precisei criar uma espécie de aba com minha mão sobre os olhos, contendo um gemido. Não é meu lugar favorito no mundo, mas Alyssa não atendia o celular e eu não lembrava com precisão dos dias em que ela trabalhava aqui.

Rostos conhecidos foram aparecendo conforme eu atravessava ― ou lutava para fazê-lo ― a boate em direção ao bar. A cada passo alguém esbarrava em mim ou roçava no meu corpo, e o contato de pele desconhecida e suada fazia com que eu me encolhesse até que magicamente, pudesse ficar do tamanho de um inseto. Não conseguia me ver mais assim; dançando no meio da pista como se o mundo fosse meu, bebendo e me divertindo diante de dezenas de olhares como se eu fosse inatingível.

Bons tempos.

― Ei! ― alguém exclamou, a voz alta sobrepondo-se a música. ― Eu te conheço. O que você está fazendo aqui?

Dedos envolveram meu cotovelo, gentilmente me segurando. Eu congelei, olhando nervosamente por cima do ombro e me deparando com Caden Burns, um dos três sócios atuais do Red. Meu pulso se acalmou, por alguma razão me deixando aliviada em saber que ele me encontrou.

― Oi! ― eu gritei de volta, uma careta torcendo meu rosto quando esbarram em mim novamente. ― Estou procurando alguém.

Uma sombra alarmada cruzou por seu rosto e ele desviou o olhar para um ponto acima da minha cabeça.

― O Ethan? ― ele adivinhou. ― Ele não tá aqui. Definitivamente não está, ― respondeu à pergunta não feita, as palavras rápidas e firmes.

Ah. Parece que alguém está festejando.

Ignorando o desconforto que surgiu em meu peito com o pensamento de Ethan se divertindo, "livre" outra vez e muito provavelmente tirando o atraso que sua promessa fez de nada valer para nós, eu balancei a cabeça para chamar a atenção de Caden.

Embora meus olhos estivessem sendo atraídos para cada oscilação ao meu lado, como se o nome dele fosse um imã. Uma tentação, uma força muito maior do que meu próprio corpo. Eu sabia o que iria ver e sabia que não queria ver, e mesmo que eu quisesse dar material para alimentar todos os meus medos e prová-los verdadeiros, desta vez, era tudo inválido.

Porque era minha culpa. Eu o empurrei para longe e para cá. Eu que tratei sua palavra como um recorte de papel; rasguei em pedacinhos e joguei o resto ao vento como se não me importasse.

― A Alyssa está no bar? ― perguntei. ― Eu preciso muito falar com ela.

Deveria ter sido mais cedo ou, melhor, no instante em que saí da Galeria. Com sorte, minha tia esperaria um dia para decidir o que fazer com o que a Tia do Ano disse sobre a sobrinha. Pedir ajuda ao meu pai foi desconsiderado indefinidamente depois daquele constrangimento. Eu realmente não preciso adicionar nada a desconstrução da nossa relação ― ou a falta dela.

Caden deslizou os dedos pelos fios de seus cabelos pretos na altura do ombro, empurrando-os para trás.

― Não, hoje não é o turno dela ― por um momento, vi preocupação em seus olhos. ― Por quê? Algo está errado?

― Nada que você possa ajudar ― eu digo, encolhendo os ombros.

― Você quer... ― ele hesitou, seus olhos indo de um lado para o outro nos meus. ― Você quer que eu fale com o Ethan?

Considerando que ele sequer sabia sobre o estágio dela, ainda? Não, obrigada.

Sacudi a cabeça com uma veemência que o fez franzir as sobrancelhas escuras. Acho que ele suspirou, mas a música parecia cada vez mais alta e as pessoas cada vez mais barulhentas. Minha têmpora direita começou a latejar, anunciando o que só podia ser uma dor de cabeça que não me deixaria dormir mais tarde. Estava prestes a agradecer a ajuda de Caden quando o vi.

Ao lado de St. John no bar, uma bebida na mão e duas caixas de pizza tamanho família debaixo da outra sobre a bancada do bar. Uma simples camisa cinza dobrada acima dos cotovelos e com os dois primeiros botões abertos, calça jeans e os velhos sapatos com os cordões trocados como em uma das primeiras vezes que nos encontramos na biblioteca.

Ethan arregalou os olhos e se engasgou com o líquido em seu copo, cobrindo os lábios com o dorso da mão para esconder uma gargalhada, e St. John bateu em seu bíceps antes de cair em um riso ainda mais intenso do que o dele.

Deus, eu queria estar lá para ouvir o som.

Eu me permitia vagar pelas lembranças frescas de seu sorriso e risada por vários tortuosos minutos por dia.

Meus ossos viraram pó e para todas as direções que eu contemplava, todas me levavam a querer soprá-los contra o calor de seus braços, de suas mãos, de seus lábios e beijo.

Meu coração parou um milésimo de segundo e quando voltou a bater, me assustei com a força que parecia ecoar por todo o lugar, enchendo meus ouvidos de som e minha barriga de calafrios. Molho meus lábios, respirando pelo nariz conforme luto contra o mar de sentimentos que me inunda da cabeça aos pés.

― Ei ― a voz de Caden era suave, próxima ao meu ouvido. ― Vai falar com ele.

Virei meu rosto para encontrar o seu, ligeiramente inclinado para baixo para nivelar nossas alturas de modo que eu possa escutá-lo sem gritos. As luzes estroboscópicas diminuíram de intensidade e a pista se esvaziou pela metade quando o ritmo das músicas se tornou menos agitado. Caden e eu estávamos quase escondidos nas sombras, plantados próximo à parede e as colunas que dividem a área social da área privada onde apenas o pessoal autorizado transitava.

Caden deixou sua mão pousar entre as minhas omoplatas, um carinho inesperado visto que nunca havíamos trocado mais do que dez palavras e a cinco metros de distância ― porque ele era escandaloso e se fazia notável mesmo do outro lado do oceano. Eu olhei para ele, as íris castanhas gentis e compreensivas e eu não entendi como pude me sentir tão relaxada ao seu lado, como se sua presença simplesmente tivesse um efeito tranquilizante.

Isso ou alguma substância no ar.

Esperava que fosse o primeiro.

― Ele é o melhor ― ele arqueou a sobrancelha, divertido. ― Se você der uma chance, claro. Nós quase não demos quando o conhecemos.

― Sério?

Caden recostou o ombro contra a parede e cruzou os braços no peito, perto o suficiente para que pudéssemos conversar em voz baixa.

― Seríssimo. Éramos amigos do St. John em primeiro lugar, mas desde que os dois se conheceram, viraram melhores amigas para sempre. Então, para continuar com ele, ― gesticulou na direção do loiro ― tivemos que ficar com Ethan também. Acabou que foi a melhor decisão.

Um sorriso se espalhou em meu rosto e eu abaixei a cabeça, timidamente escondendo-o. Podia imaginar uma versão mais jovem dos quatro tendo que engolir o traseiro frio e indiferente de Ethan até descobrir que havia muito mais abaixo da superfície do que ele se permite mostrar.

― Vou te contar uma coisa sobre nós ― disse o cara ao meu lado, parecendo disposto a me persuadir. ― Você quer acreditar nos boatos e nas fofocas? Tudo bem. Pode ser que a maioria seja verdade? Possivelmente.

Estreitei meus olhos com um quê de suspeita.

― Mas no momento em que ouvir algo sobre quem somos e não sobre o que fazemos, sempre presuma que está errado ou pelo menos truncado. Há sempre mais do que as bocas curiosas e bisbilhoteiras supõem.

O que ele não sabia era que eu conhecia muito bem a sensação de ser o alvo destas bocas. Destes olhos. Destes dedos prontos para julgar e acusar, nunca para reconfortar. Curiosamente, eu preferia acreditar e quase fazer parte dessa parcela; eu estava já acusando Ethan de ter voltado aos antigos hábitos ― embora ele não estivesse errado ― quando ele está ali, apenas bebendo com o amigo.

― Exceto se você ouvir que cometemos assassinato ou algo assim. Isso definitivamente não acontece ― ele torceu o canto da boca. ― Hunter desmaia quando vê sangue e o que Ethan tem de "cara de pôquer", também tem de dramático. Você já viu algum chilique dele? Minha serotonina vai lá no céu, porra.

― Pare com isso, ― eu pedi, rindo, querendo que ele parasse de ser tão cativante porque não quero gostar dele.

Um sorriso adorável apareceu em seu rosto. ― Nós soubemos que você deu um pé nele.

Cristo. Não são as garotas que carregam a fama de fofoqueiras?

Meu rosto ficou quente e seus olhos brilharam com diversão.

― Você é fofa ― ele observou, olhando para as maças do meu rosto. ― Passa uma semana comigo. Você iria se livrar desse rubor assim ò ― ele juntou o dedo do meio e o polegar, criando um som de estalo.

Ehh, certo.

Enfim, ― Caden abanou a mão no ar como se dispersasse seus pensamentos ― fiquei chocado, mas você ganhou meu respeito.

― Por que tanto alarde? Não é como se ele nunca tivesse sido rejeitado alguma vez, certo?

Minha pergunta era retórica, mas quando Caden fez uma careta e ficou em silêncio, eu arregalei meus olhos e despejei incredulidade em cada palavra.

― Vai me dizer que ele nunca foi?

Caden coçou a sobrancelha e emitiu um ruído.

Hum, não que eu saiba.

― Você não está falando sério ― eu digo, não soando convincente.

― Que eu sei, de todas as garotas que ele quis, ele conseguiu ― ele deu de ombros. ― Mas ei, eu também, assim como os outros dois idiotas. É quase entediante a certa altura, se você me perguntar.

Meu Deus, que idiota.

Ahh ― eu bocejei, fingindo desinteresse.

― Não me culpe por ser lindo e tão gostoso ― ele levou a mão ao peito, sobre o coração. ― É injusto.

― Você é sempre assim? ― encarei-o por baixo dos cílios, mordendo o interior da bochecha para segurar um sorriso.

― Assim como?

― Tão... ― eu franzi a testa. ― Você.

― Veja, eu sou um homem de fatos. E entre o fato de que sou lindo e que Ethan raramente ouviu um não da boca de uma mulher, há o fato de que meu cara está chateado e eu quero ajudá-lo.

Abri a boca para começar a dizer que não me sentia à vontade para ter essa conversa, mas eu deveria saber melhor. Caden agarrou a minha mão na sua e antes que eu processasse o que ele estava fazendo, fui sendo arrastada em direção ao bar. Olhos curiosos pairaram sobre nós dois e eu soltei um rosnado, reconhecendo que parecia um cachorro raivoso, lutando contra o aperto da mão duas vezes maior que a minha.

― O que você...

Shh.

Puxei uma respiração entrecortada, indignada, prestes a chutá-lo se necessário, quando outra voz animada me fez parar.

Ohh, ei! ― eu ergui meu rosto, deparando-me com Leon St. John. ― Onde você a encontrou?

― Perdida entre os lobos ― ele zombou, gentilmente espalmando minhas costas e me empurrando para uma banqueta. ― Senta, gatinha. Vamos conversar.

Gatinha?

― Escolha o que você quiser beber porque é por conta da casa ― St. John informou com um grande sorriso de tubarão.

O quê. ― Eu balbuciei, o erro no funcionamento do meu cérebro me impedindo de formar frases coerentes.

― Oi!

Eu pisquei e Hunter Wood estava sentado ao meu lado direito. Do lado esquerdo, Caden ocupou um assento e St. John simplesmente pulou por cima da bancada do bar, parando bem em minha frente e perguntando, como se fizéssemos isso há anos, o que você quer beber, princesa?

O que. No. Inferno. Está. Acontecendo.

― Ela não tem vinte e um, imbecil ― Hunter repreendeu.

― E daí? Fala o cara que quase entrou em coma alcoólico com dezessete. Não temos nenhuma moral para aconselhá-la ― Caden retrucou.

E então me dei conta: Ethan estava sentado bem aqui onde eu estava agora. Meus olhos se arregalaram e eu estou prestes a pular e sair correndo quando St. John coloca sua mão sobre a minha, apertando-a com delicadeza.

Seus olhos eram suaves quando pousaram em meu rosto.

― Ele já foi. Para casa ― assegurou, recolhendo a mão. ― E aí, cerveja? Algo mais elaborado? Sou o rei dos drinks por aqui.

― Isso porque Alyssa não está ― Caden zombou. ― Você já a viu preparando bebidas? Acho que ela faz bruxaria, cara. Estou falando sério.

― Bem que eu sempre achei esses irmãos super esquisitos ― Hunter comentou, franzindo o nariz. ― De qualquer forma, eu quero um pouco de uísque hoje.

St. John olhou feio para ele. ― Então espere ser atendido. Estou servindo ela, não você.

Estúpido ― Hunter bufou, acenando para outro barman.

Meus ouvidos estavam com um zumbido engraçado e eu acho que é assim que uma pessoa se sente quando está prestes a desmaiar. O bar estava a todo vapor; funcionários correndo de um lado para o outro enquanto recebiam os pedidos e preparavam as bebidas. Atrás de St. John ― que permanecia perfeitamente estaqueado do outro lado ―, havia um incessante ruído de vidro, vozes e aparelhos distintos usados na preparação das bebidas. Nas minhas costas e ao meu redor, o tumulto de música, risadas, conversas e beijos continuavam em seu auge e eu me perguntei se, talvez me movendo muito devagar, não conseguiria me espremer através da multidão e correr para meu carro.

― Como eu estava dizendo ― Caden espalmou a superfície cheia de germes do balcão. ― Você deu um fora no nosso garoto. Sorte a sua que somos multitarefas.

― O que diabos isso quer dizer? ― torci o nariz, desgostosa.

Hunter se inclinou até seu antebraço tocar o meu.

― Que também bancamos o cupido nas horas vagas ― explicou ele calmamente. ― Então, derrame. Qual é o problema?

Vocês! Vocês são meu problema!

Nenhum ― resmunguei, sem encontrar seus olhares curiosos. ― Eu tenho que ir para casa, certo? Vocês não podem me prender aqui.

Exceto que, hum, eu meio que estava prensada entre os dois gigantes; seus ombros roçando no meu e as coxas escovando as minhas enquanto eles se remexiam em seus assentos, incapazes de permanecer mais de cinco segundos imóveis ou em silêncio.

― Um Long Island, quem sabe? ― St. John sugeriu, ignorando minha objeção. ― Ou um coquetel? Já sei! Sex on the beach?

Pelo amor de Deus.

― Eu não quero beber nada ― disse, entredentes. ― Eu quero ir embora.

― Mas você já provou? ― Hunter apontou com o indicador na direção das bebidas forrando a parede atrás de seu amigo.

― Dê a ela uma água, porque ela parece prestes a nos estrangular ― Caden meio que vociferou ao loiro, observando-me de soslaio. ― Ainda precisamos convencê-la de que somos gente boa.

Eu revirei meus olhos com tanta força que doeu. Não queria ser rude, mas também não sabia se queria me sentar aqui e agir como se fossemos velhos amigos trocando conselhos e bebidas. Honestamente, conhecendo-me, eu deveria estar em curto circuito perto desses três; lembranças constantes do estilo de homem que quebrou meu coração. Tenho carregado um pavor terrível desde então, porém, aqui estou lutando para ignorar a pequenina vontade que tenho de me deixar ceder... apenas por alguns minutos.

― Um refrigerante ― eu falo, baixinho. ― Você pode me dar um?

― Seu pedido é uma ordem, princesa ― St. John prontamente se virou, vasculhando no que só podia ser um pequeno refrigerador antes de me entregar uma latinha, um copo e um canudo. ― Aqui está. Agora, derrame.

― Eu realmente não quero falar sobre isso com vocês ― estremeci. ― Ou com qualquer um.

Um silêncio caiu sobre nós e eu não sabia o que sentir. Aliviada que eles iriam me deixar em paz, mas arrependida de algum modo porque ainda queria ouvir o que eles poderiam dizer em defesa de Ethan. As íris douradas de seu melhor amigo eram terrivelmente conhecedoras, abertamente pacientes e completamente vibrantes. Como se ele pudesse ver além do que não estou dizendo; como se minha falta de palavras fosse tudo o que ele precisa saber.

― Você está com medo? ― Hunter perguntou, bebericando um gole de sua bebida cor de caramelo. ― Está tudo bem se estiver. Todos nós sentimos, não é?

Encolhi um ombro. Acho que sim.

― Esse cara aqui, por exemplo, ― Caden jogou o queixo na direção de St. John. ― Está se cagando de medo que Ethan descubra que ele está sendo extremamente amigável com a irmã dele às escondidas.

Abri a boca para confessar que ele já sabe e que, na verdade, os dois não estavam enganando ninguém, mas pensei melhor e fiquei quieta. Quando arrisquei um olhar para o loiro, ele apenas sorriu nervosamente e deu de ombros.

― Ele levou muito a sério quando Ethan disse que queria fazê-la se sentir em casa ― Hunter acrescentou. ― Ele tem feito ela se sentir muito em casa com o pau dele desde então.

Eu me engasguei com o refrigerante, meus olhos ardendo.

― Mas eu também tenho medo dela ― ele falou de repente, sério. ― Do que ela me faz sentir.

Sua confissão me fez parar e engolir em seco, timidamente encontrando seu olhar.

― Vale a pena, no entanto. Gosto menos ainda da ideia de não tê-la por perto.

Suas palavras seguras e convictas, além de me fazer sorrir por perceber o quanto ele se importava com Alyssa, fizeram com que meus ombros relaxassem e o nó ansioso em minha barriga se desfez alguns centímetros. Hesitante, encaro a latinha entre minhas mãos.

― Ethan é... ― minha voz soou baixa, trêmula aos meus ouvidos. ― Intenso.

St. John inclinou a cabeça, recostado perto o suficiente para me ouvir e não atrapalhar o trabalho do barman ao seu redor. Caden tamborilou os dedos na bancada, observando-me de uma maneira nada desconfortável enquanto Hunter assentiu, parecendo compreender.

― Você gosta dele, certo? ― St. John questionou, sem precisar de uma resposta. ― Qual é o problema? A reputação dele? A personalidade?

― O problema não é ele ― segurei o olhar de cada um deles por um segundo antes de acrescentar: ― Sou eu.

Minhas bochechas coraram furiosamente, mas não desviei o olhar. Ao invés disso, tenho o prazer de contemplar a surpresa que apareceu em seus rostos seguida por uma óbvia confusão, clara como o dia. Bem, acho que me deveria me sentir lisonjeada por não ter sido cogitado que eu poderia ter sido uma idiota com seu melhor amigo. Mantive meus olhos altos, esperando alguma reação.

― Certo ― estalei, estreitando um olho. ― Ethan não é tão ruim assim, pessoal.

― Uh ― Caden gemeu. ― Então eu não sei o que fazer.

Uma risadinha vibrou em meu peito.

― Quero dizer, se o problema é você, precisamos de uma garota aqui ― declarou. ― E eu não tenho nenhuma camisinha comigo agora.

Hunter engasgou, tossindo. ― O que uma coisa tem a ver com a outra?

― Ah, bem, eu aproveitaria para transar, mas como não vai dar, uma garota já é estressante o suficiente para ter por perto ― ele explicou com tanta normalidade que me impressiona. ― .

Hunter pareceu convencido com o esclarecimento. Eles só podiam compartilhar o mesmo neurônio.

― Você está convidado a se retirar se não for ajudar ― St. John cantarolou.

― O que é isso, uma missão? ― eu perguntei, sem esconder a risada em minha voz.

― Claro! ― Hunter exclamou. ― Missão "Salvando a Bunda do Ethan", porque ele é idiota o suficiente para não correr atrás de você.

Eu me encolhi. ― Bem...

Minhas reticências pairaram no ar como um pressentimento ruim e em dois segundos, os três se inclinaram tão perto que consegui notar delicados detalhes em seus rostos. Como a trilha de pintinhas marrons que salpicavam a pele negra de Hunter perto da sobrancelha direita, os cílios escuros e espessos que emolduram as íris castanhas como chocolate cristalizado de Caden e as pequenas cicatrizes maculando a pele branca do rosto de St. John, a maioria se perdendo por baixo da barba loura. Pergunto-me como elas surgiram.

― Eu posso ter sido uma idiota com ele ― murmurei, enrugando o nariz. ― Um pouco. Bastante.

― Não acredito ― Hunter arregalou os olhos. ― Mas você é linda e tão adorável, não tem como ser uma idiota.

― Não é? ― Caden me analisou, levando-me a corar novamente. ― Dizem que os quietos são os piores, portanto...

― O que você fez? ― St. John indagou.

― Eu posso ter sido uma cadela e virado as costas quando ele... eh, admitiu parte dos sentimentos dele para mim.

Os três entraram em colapso ao absorver minhas palavras.

Nossa, o cara não tem noção... ― ouvi a voz de Caden.

― ... eu daria meu fígado para ver iss... ― Hunter riu, mas o loiro o interrompeu:

― Ninguém iria querer seu fígado cheio de cirrose...

― Ele simplesmente disse pra você... ― St. John continuou, estupefato.

― ... sendo que mal nos dá bom dia... ― Hunter emendou.

― Aquele imbecil...

Eu espalmei o balcão e fiquei ereta, tentando redirecionar a conversa ao que realmente importava. Esses três tinham uma concentração tão admirável quanto a de filhotinhos de cachorro.

Gente! ― eu gritei, recebendo silêncio imediato.

Tá ― os três falaram em uníssono. Caden trocou um olhar com St. John e ficou de pé, levando minha mão na sua novamente. ― Vamos lá.

Foi assim que fui parar no escritório de Caden Burns com Hunter Wood e Leon St. John, trancada com os três homens de vários centímetros acima de 1,80, sentada em uma espécie de círculo no chão enquanto eles abriam uma garrafa de uísque. A parte mais vibrante da sala era uma estante pequena no meio da parede lateral à escrivaninha no centro. Estava repleta de livros e em cada repartição havia uma figura feita de origami, desde as mais fáceis até as mais complexas. Admiração trouxe um sorriso aos meus lábios, porque a visão de um Caden concentrado enquanto torcia um pedaço de papel entre seus dedos até formar uma figura era adorável.

Escutei um deles chamar meu nome, mas estava encarando o livro "Orgulho e Preconceito". Ele era o único que possuía um espaço próprio na estante e uma única figura de origami ao seu lado: um passarinho que bate asas de cor verde.

Ahhh-ohhh ― Caden circulou um copo de uísque na frente do meu rosto. ― Aqui. Beba um desses.

Olhei nervosamente entre eles, um calafrio correndo por minha espinha. Não sabia se era muito inteligente ficar aqui em uma sala afastada com três homens que mal conhecia. Embora estivesse mais inclinada a acreditar que eles eram, de fato, pessoas boas, o mal que habitava nessa crença era que as pessoas estavam sempre a um pequeno passinho de nos surpreender, e na maioria das vezes não para o bem.

Hesitantemente, envolvi meus dedos em torno do vidro e encarei o líquido balançando.

― Gwen, ― Caden me chamou, subitamente sério ― você me viu pegar isso, certo? Nós estamos te deixando desconfortável?

Meu rosto se contraiu em um sinal de frustração.

― Não ― suspirei, meus ombros caindo. ― Eu sou paranoica.

― Com razões? ― St. John sondou, estreitando seus olhos.

Encolhi um ombro. Todos sempre têm uma razão.

― Será que alguém já... ― Hunter deixou a frase no ar, seus olhos duros.

Balancei a cabeça.

― Não assim ― eu assegurei, mostrando-lhe um sorriso. ― Não se preocupe.

Mesmo assim, optei por não ingerir álcool. Empurrando meu copo para o centro da roda, ofereço a eles um olhar de desculpas.

― Não se preocupe com isso ― St. John pegou minha dose, derramando-a em sua garganta. ― Mas quando você confiar na gente, vamos te dar seu primeiro porre.

Minha risada ecoou entre nós e eu abaixei meu olhar, amando e odiando estar aqui. A música passou a ser uma batida suave do outro lado das paredes e eu não podia evitar me sentir um pouco menos agitada afastada de toda aquela multidão. E não passou em branco que dois desses três deveriam estar trabalhando e não agindo como se fossemos melhores amigos.

Meu coração palpitou no peito pela consideração deles por mim e, principalmente, por seu melhor amigo. Seus desejos de ajudar pareciam genuínos e talvez eu precisasse de uma última intervenção antes de deixar essa chance escapar por entre meus dedos como água e adicionar Ethan Young a mais um dos meus frequentes arrependimentos em minha curta vida.

― Vocês prometem não contar nada para ele, certo? ― eu travei meus olhos nos deles. ― Eu não quero que ele se sinta pior do que eu já o fiz sentir.

― Claro que sim ― St. John afirmou.

― Comigo você não precisa se preocupar ― Caden levantou a mão. ― Pretendo encher a cara até cair desmaiado na minha cama assim que essa sessão de terapia terminar.

Outra risada me escapou e um sorriso verdadeiro permaneceu no meu rosto.

― Promessa de escoteiro ― Hunter mostrou um sorriso de canto a canto, brilhante e charmoso.

Parece que era isso, então.

Eu estava prestes a desabafar com os três melhores amigos de Ethan Young para que eles pudessem servir em sua missão de cupido.

Sério, será que não há mesmo alguma substância no ar?

e os nossos garotos fazem tudo novamente! quem sabe com essa intervenção, nosso casal tome vergonha na cara de uma vez e faça vocês felizes. um pouquinho. já que vocês sabem que eu adoro complicar.

ps.: bem que eu queria ser a gwen. adorada pelo ethan e protegida pelos caras.

sonho de princesa.

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