O Desassossego da Alma

By fIawIess

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Submersa na monotonia, Charlotte decide fazer as malas e começar a sua vida num outro país, no qual pudesse r... More

O Desassossego da Alma
001 - Música e Vinho Tinto
002 - Entrevista
003 - Solidão
004 - Experiências
005 - O dia seguinte
006 - Decisões
007 - Olhares
008 - Silêncio
009 - Apatia
010 - Exasperado
011 - Probabilidades
012- Sufoco
013- Ansiedade
014 - Contacto
016- Convívio
017- Noite
018 - Borboleta
019 - Chuva

015- Relações

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By fIawIess

Os cabelos da britânica esvoaçavam com a brisa fresca de Paris, enquanto os seus pés finalmente relaxavam um pouco depois de tanto caminhar. Louis estava sentado ao seu lado, saboreando o seu gelado de limão, algo que a rapariga chegou a provar, ainda que não se tenha arrependido da sua escolha, caramelo salgado, sendo esse um dos seus sabores favoritos. Apesar de os dias mais curtos e frios já se começarem a notar, naquele dia ainda havia um calor de verão que aquecia os seus corpos, sentados naquele imenso jardim, perfeitamente arranjado. Louis pedira a Charlotte para sair devido a uns problemas amorosos, na esperança desta lhe dar bons conselhos, mas, a verdade, é que acabou um pouco desiludido percebendo que ela não entendia muito do assunto. Contudo, não podia deixar de notar o seu esforço, sentindo que ela genuinamente só o queria ver bem e feliz.

- Parece que as relações já não são o que eram, entendes?

Charlotte ouvia-o com atenção, mas de todo que não entendia. Louis falava de como antigamente as pessoas namoravam, procuram uma solução para que tudo funcionasse e culpava a sua geração de ter pouca paciência para as relações. Porém, as visões de relações antigas eram algo obrigadas pelos pais, um pouco arranjadas e cheias de conformidades, por isso, a sua visão não era igual à do seu amigo. Contudo, também não queria entrar nesse assunto muito a fundo, pois já tinha notado o quão desanimado ele estava.

- Agora as pessoas já não têm o medo de expor a sua sexualidade, ele pelo menos não tem, eu sei disso. Mas fico mesmo magoado porque depois de tanta conversa, parece que nunca quer assumir nada sério, parece que se contenta com isto... e eu não. Tenho vinte e sete anos, gostava de começar a minha vida com alguém, ter algo mais sério.

- Já tentaste falar com ele sobre isso? – Charlotte inquiriu, realmente sem saber como puder ajudar mais.

- Já tentei começar a conversa, mas ele sempre que nota que eu quero falar sobre isso ou muda o assunto, ou simplesmente brinca com a situação. Ele parece que não leva a vida a sério.

Louis suspirou, olhando para o seu gelado, que já começava a derreter pelo cone. Charlotte ficava triste por ver o seu amigo daquela forma, mas ela estava a tentar o seu melhor para ser positiva relativamente a um assunto que nunca sequer chegou a ser ponderado na sua cabeça.

- Posso fazer-te uma questão mais pessoal?

- Claro! – ela exclamou, completamente à vontade perante o amigo.

- Tu não queres namorar, pois não? – Charlotte arregalou um pouco os olhos, surpreendida com a questão. Porém, não o levara a mal. – Eu nem estou a dizer só agora, estou a dizer para o resto da tua vida.

- Não. – ela admitiu, de uma forma muito confiante.

- Mas há algum motivo? - Charlotte pensou um pouco a fundo, mas não sabia ao certo como se exprimir e, vendo o desconforto no olhar da rapariga, Louis procurou explicar um pouco melhor o motivo da sua questão. – Eu não quero passar a minha inteira sozinho, tenho medo de crescer e ver que cheguei a uma casa vazia, sem ninguém para compartilhar o meu dia. Eu não estou a julgar-te, jolie, eu só queria verdadeiramente compreender-te.

Charlotte encolheu os ombros.

- Acho que nunca tive esse medo. Eu sempre passei grande parte da minha vida sozinha, então, cresci habituada à solidão. Eu sinto que não preciso de ninguém para me sentir bem, eu não me quero dar ao luxo de me entregar a alguém e ver esse amor desaparecer aos poucos.

Fora a primeira vez que ela admitira tal fraqueza sua em voz alta, mas era verdade, ela receava apaixonar-se pois apenas iria sofrer, uma vez que nunca seria capaz de se abrir e de compartilhar os seus sentimentos.

- Achas que o amor desaparece?

Charlotte apenas assentiu com a cabeça, não tirando os olhos do seu gelado.

- Tu nunca namoraste com ninguém?

Louis perguntou para ver se alguma coisa havia acontecido na vida de Charlotte, mas admirara-se quando a vira negar com a cabeça. Ele entendera desde logo que, com toda a confiança e autoestima da britânica, essa decisão partira inteiramente dela e, como tal, não a podia julgar ou aconselhar.

- Eu sei que tu não queres isso, mas eu espero que um dia tu sintas isso e entendas o quão bom é receber amor de alguém. Talvez haja alguém no mundo que consiga mudar esses teus pensamentos tão negativos e te faça ver a vida de outra forma. – Louis inspirou fundo e olhou em frente. - Eu sei que o amor não é fácil, Charlotte, mas também sei que não se consegue evitar para sempre.

Charlotte assentiu com a cabeça, achando que aquelas palavras não tinham nenhum peso para si. Ainda que ela tivesse evitado a memoria, por breves segundos ela visualizara os braços de Thomás em torno do seu corpo, e do quão confortável a fazia sentir, mas talvez fosse por não estar habituada a ter alguém tão próximo de si. De certeza que se o Louis me abraçasse agora, eu iria sentir-me da mesma forma.


-


Entretanto, Louis acabara por receber uma chamada do tal rapaz em questão, deixando Charlotte meia perdida naquela imensa cidade. No caminho para casa, uma exposição acabou por chamar a atenção da britânica.

Os seus olhos deslumbravam passeando por aquele espaço tão amplo, perfeitamente iluminado, com um chão em mármore brilhante e uns quadros lindíssimos expostos por todas as paredes. Havia também algumas estatuas que, ainda que ela também gostasse, não era de todo para onde a sua atenção ia. Os quadros tinham um estilo pesado, contavam uma história que ela ia tentando entender enquanto passava. Porém, um quadro especial havia captado a sua atenção. As cores pálidas e claras pareciam pinceladas com a maior das delicadezas, mas Charlotte reparara em certos pormenores que a cativavam e que a imobilizavam, procurando analisando-o com outros olhos. Ela nunca percebera muito de arte, sempre fizera uma análise bastante pessoal, que lhe servisse e que a mitigasse, por isso, ali se manteve, calma, apreciando o teu tempo naquele espaço tão acolhedor.

- O que a chama tanto a atenção nesse quadro?

Os olhos de Charlotte olharam para cima, reparando num homem, à primeira vista bastante charmoso. A sua postura perante ela deu-lhe a entender que se tratava de alguém importante, não podendo deixar de reparar no fato que ele usava. Os olhos dele também estavam focados no quadro que tanto chamara a atenção da jovem.

- Desculpe-me a interrupção dos seus pensamentos, mas a verdade é que a tenho estado a contemplar há algum tempo e quis saber o que ia nos seus pensamentos.

Charlotte sorriu, agradada com o respeito e com a atenção do homem que tinha à sua direita. As mãos dele estavam juntas, à frente do seu corpo, e o seu olhar finalmente cruzou com o de Charlotte, que logo corara com a atenção.

- Acho que é um quadro muito bonito.

- Concordo plenamente. Mas o que a motiva mesmo?

Charlotte não sabia propriamente o que dizer. Apesar de conhecer algumas obras famosas, bastante cliché, o máximo que aprendera fora com Thomás, em algumas conversas soltas. Decidiu por isso encarar a honestidade e expressar aquilo que realmente sentia sobre o quadro.

- À primeira vista parece algo delicado, mas quando atentamos nos pequenos pormenores conseguimos ver um certo descuido do autor. Quase como se desse pistas de um certo sofrimento que só ele mesmo conhece. – Charlotte parou por instantes, vendo o quadro de outra forma. – Talvez ele mesmo não saiba que tem essa dor dentro de si e acabe por a pintar involuntariamente.

- Acha que as pessoas expressam aquilo que nem elas mesmo sabem? Um pouco contraditório, não lhe parece. – disse um pouco divertido, levando a sua mão ao rosto. Charlotte corou. Talvez não devesse ter continuado o pensamento.

- Talvez. Cada um sabe os seus demónios.

O homem dera um passo em frente e virara-se para a rapariga. Charlotte não pudera deixar de notar na aparência deste, reparando nos seus olhos castanhos e, apesar de ter uma barba aparada, facilmente se percebia que se tratava de um homem mais velho, talvez perto dos seus quarentas.

- Gabriel Roche. – Introduziu-se, com um pequeno sorriso.

- Charlotte Allen.

- Adoraria discutir consigo sobre este assunto, parece ter uma opinião bastante peculiar. – Charlotte sorriu, educadamente, ajeitando o seu cabelo. – Talvez um jantar?

Charlotte sentiu-se nervosa, não esperando tal reação. O homem era sem dúvida atraente, mas a sua ansiedade fez-lhe logo inventar uma desculpa, algo que a tirasse dali.

- Agradeço desde já o convite, mas infelizmente vou ter uma noite muito ocupada a trabalhar. Aproveitei o momento de descanso e vim atraída a ver a exposição.

Uma funcionária do museu aproximou-se do homem, Gabriel, e disse-lhe algo que o fez assentir com a cabeça. Charlotte queria ter ouvido, talvez ele também trabalhasse ali, mas acabou por se afastar um pouco dos dois para não parecer intrometida.

- Bem, é uma pena. – Gabriel disse com um pequeno sorriso, levando a mão ao seu bolso do fato e retirando de lá um pequeno papel que depois lhe entregou. - A proposta mantém-se.

- Agradeço. – disse educadamente Charlotte, ligeiramente corada com a situação.

- Talvez a veja daqui a duas semanas, na próxima exibição.

Charlotte assentiu com a cabeça e viu-o seguir o seu caminho, acompanhado da funcionária. Quando deixara de o ver, acabara por reparar no cartão com o seu nome e contacto. Nunca nada lhe havia acontecido daquele género e acabou por olhar para as suas roupas, não achando estar nada exagerada ao ponto de chamar a atenção de homem assim. Quando saiu do museu lembrou-se de procurar o nome dele no google, pensando até que se trataria de um advogado, devido à sua aparência, mas, para seu espanto, acabara por se aperceber que se tratava do dono daquele museu. 



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Só vos digo uma coisa, preparem-se ahahahahahahah 

Os próximos capítulos vão ser demasiado bombásticos, eu juro!!!

Por favor verifiquem se têm votado nos capítulos, eu sei que é chato pedir-vos isto mas fico sad :((

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