O Desassossego da Alma

Oleh fIawIess

973 216 144

Submersa na monotonia, Charlotte decide fazer as malas e começar a sua vida num outro país, no qual pudesse r... Lebih Banyak

O Desassossego da Alma
001 - Música e Vinho Tinto
002 - Entrevista
003 - Solidão
004 - Experiências
005 - O dia seguinte
006 - Decisões
007 - Olhares
008 - Silêncio
009 - Apatia
010 - Exasperado
011 - Probabilidades
013- Ansiedade
014 - Contacto
015- Relações
016- Convívio
017- Noite
018 - Borboleta
019 - Chuva

012- Sufoco

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Oleh fIawIess

Charlotte ajeita o seu blazer preto ao sentar-se na cadeira de madeira, com a devida atenção para não o amarrotar. Ao lado, Thomás, parecia estar bastante ansioso, batendo o pé freneticamente enquanto olhava em frente ainda que sem prestar grande atenção ao que o rodeava. Quando lhe pedira para o acompanhar a tribunal, Charlotte achara estar com algum erro na tradução ou, então, que ele não estaria a falar a sério, mas ali estava ela, naquela sala assustadora, ciente de que havia apenas uma parede a separá-los de inúmeros jornalistas.

No lugar à frente de Thomás estava o que ela entendera ser o seu irmão mais velho. Fisicamente ele não se parecia muito com Thomás, sendo que a única coisa que possivelmente denunciaria essa relação seria o nariz e o formato do rosto. Thomás tinha uma certa postura, um deslumbramento diferente e uns lábios que, apesar de não serem muito robustos, tinham um formato bastante bonito, para Charlotte. Desde logo que ela se apercebera de um certo atrito entre ambos, uma vez que quase nem se haviam cumprimentado. Ela nunca havia ouvido falar de Maurice, pelo menos além do que lera nas notícias. Também com os pais, a reação não fora de todo o que ela esperara ver. É certo que ele reagira mal quando soubera de tudo o que estava a acontecer, mas agora que ali estava, junto deles, parecia muito distante, quase como se não se tratasse de família direta.

Charlotte era perita em complicações familiares. Ela também era perita em falsificar emoções e disfarçar constrangimentos, conseguindo ver partes de si em Thomás e em tudo aquilo que ele parecia estar a sentir. O seu pé ainda batia freneticamente e as suas mãos iam demasiadas vezes ao seu cabelo, como se não soubesse como agir naquele local. A mão de Charlotte pousa-se delicadamente sobre a perna magra de Thomás e, com as suas unhas faz pequenas festinhas como tentativa de o acalmar. A mão quente dele pousa-se em cima da dela, e Charlotte não consegue evitar, mas sorrir, quase como se fosse uma confirmação de que ele necessitava daquele contacto. Numa outra situação ela não estaria a tomar aquelas atitudes, mas, naquele dia especial, ela iria abrir uma exceção.

Na noite passada Charlotte passara a noite até adormecer a ler as informações que a media transmitia sobre o caso. Ela evitava ao máximo falar deste assunto com Thomás, sempre temendo por uma má reação. Thomás era o único que não estava relacionado com a empresa, sendo que os pais seriam os principais acusados, devido aos seus altos cargos. Claro que, caso fossem considerados culpados, não iria ser permitido ao irmão continuar a trabalhar lá, por questões obvias, o que iria trazer um grande corte no orçamento daquela família. Fora a outra família associada também à empresa que chamara a procuração, quando perceberam que estava a haver um branqueamento do capital.

- Estás bem?

Thomás assentiu com a cabeça e apertou ligeiramente a mão de Charlotte. Ela sabia que ele não estaria a ser completamente sincero.

Quando o julgamento começou, a cabeça de Charlotte não se conseguia concentrar em nada do que estava a ser dito. Charlotte, por vezes, olhava para Thomás, compreendendo que ele era tal e qual como ela. Existia em si uma força semelhança em sair do padrão normal e estipulado, algo que a agradava. Ele, tal como ela, fazia-se notar e afirmava-se, lutando por aquilo que estava intrínseco a ele mesmo, as artes, e afastando-se, por isso, do tão desejado destino traçado pelos seus pais de continuar no ramo da gestão. Ele era tal como ela. Dois indivíduos a remar contra a maré.

Charlotte, apesar da falta de atenção e de não compreender nada de justiça, acabara por perceber que a situação ficara na mesma, esperando a apuração de mais evidencias. Ela sabia que enquanto não fosse colocado um ponto final nisto, Thomás não iria ter descanso.


-


Um suspiro saiu por entre os seus lábios assim que acabara de trocar a sua roupa formal pela sua roupa confortável de andar em casa, já de há três dias: uma simples t-shirt e uns calções desportivos. Thomás estava agora a regressar para a sala, depois de fumar o seu cigarro, e a britânica não conseguira evitar, mas demonstrar a preocupação que estava a sentir.

- Tens a certeza de que estás bem?

- Está tudo bem. Obrigado por teres tirado um dia de trabalho para me acompanhares.

Charlotte queria muito abraçá-lo, queria demonstrar as coisas que estava a sentir sem ter que dizer, mas ela não era, de todo, boa a expressar-se. Por isso apenas sorriu e encolheu os ombros, reconhecendo a humildade do seu gesto.

- Como vão ficar as coisas agora?

- Bem, de momento estou pobre. O dinheiro dos meus pais está congelado e eu não tenho outra forma de "orçamento", além do meu emprego. Mas escusas de fingir essa preocupação toda pelo meu dinheiro. – Charlotte ficara genuinamente aborrecida com o seu comentário, apenas percebendo que ele estava a brincar quando coloca a sua mão sobre a sua cabeça. – As garrafas caras de vinho não vão a lado nenhum.

- Ótimo, era mesmo isso que eu queria ouvir! – exclama, entre risadas, olhando para ele atentamente. Rapidamente a sua expressão torna-se séria, procurando continuar o seu diálogo. – Não és muito próximo dos teus pais, pois não?

- Tenho traumas e pinto quadros, claramente não sou o filho favorito, mas uma pessoa lida bem com isso. – Ele retirou por fim a mão da sua cabeça. – Bem, acho que vou agora tomar um banho.

- Ficas bem?

Por momentos ela sentiu que aquela pergunta não se encaixava com o momento, fazendo o seu rosto corar. Thomás aproximou o seu rosto lentamente do dela, algo que ela sentia que já se começava a tornar um hábito; um hábito do qual ela passava bem sem. O seu coração dispara com a proximidade e, uma certa raiva preenche-a quando repara num sorriso bastante provocador, quase que vitorioso. Ela mal proferira as palavras sabia que algo do género iria acontecer e, no fundo, ela sabia que tinha dado ases a isso.

- Eu consigo tomar banho sozinho... - o seu rosto aproxima-se ainda mais e Charlotte decide testá-lo, aproximando-se também. Ela queria ver se ele cedia, se aquela máscara de sedutor iria resultar assim tão bem quanto ele queria, mas, mais uma vez, ele não quebrou. - Mas, se tiveres muito preocupada, eu também não te vou impedir.

Thomás pisca-lhe o olho ao afastar-se dela, fazendo a rapariga revirar o seu olhar àquela atitude completamente desnecessária.

- Que engraçadinho! – expôs secamente, num tom bastante alto, após ouvir a porta da casa de banho fechar-se. O seu corpo afunda-se no sofá, frustrada consigo mesma e com a confusão que tinha dentro da sua cabeça. Lucifer passava na frente dela e ela, aproveitando o facto de estar sozinha na divisão, para lhe fazer uma careta.

Ela sentia que aquele mecanismo de flerte com um toquezinho de humor era uma forma de Thomás camuflar o que estava verdadeiramente a sentir. Ela queria que ele parasse, porque estava a ser cada vez mais desconfortável para ela não saber como agir. Todos aqueles pensamentos só a levavam para o beijo entre eles, na semana passada. A sua barriga logo se pronunciou àquelas memorias, quase como se ela estivesse mesmo lá.

O seu olhar fechou, focando-se no único barulho audível, o do chuveiro. A sua mente divagou para sítios onde ela não queria ir. Ela pensava em como seria se aceitasse a proposta indecente e se, naquele momento, estivesse com ele. Ela queria repreender-se por pensar naquela possibilidade, mas, por outro lado, ela sabia que não estava a fazer nada de errado em pensar aquilo. O seu coração acelerou com a imagem deles naquele chuveiro, com a água quente a cair-lhes pelos seus corpos nus e cálidos, entre beijos sôfregos, numa sensação que ela não conseguia evitar em repetir, incessantemente, na sua mente, não sabendo se para se martirizar por ter acontecido, se pela sensação que lhe transmitia.

O seu coração dispara abruptamente e o seu olhar abre-se abruptamente ao ouvir a respiração pesada de Thomás, misturada com o som da queda da água. Ela fica alguns segundos imobilizada, percebendo se estaria realmente a ouvir aquilo ou se seria apenas uma partida do seu subconsciente, mas quando voltara a ouvir tivera a confirmação que não queria ter. Ela imediatamente sentiu-se a invadir a sua privacidade, o seu rosto corou e, querendo sair daquele espaço, mas aprisionada por si mesma a continuar a sua imaginação. As suas pernas pressionaram-se uma na outra e o seu lábio mordiscou. O que é que eu estou a fazer?

Outro suspiro fora ouvido, sendo o bastante para ela compreender que estava a ultrapassar um limite. Inspirou fundo e forçou-se a levantar-se do sofá, levando os seus pensamentos consigo até à varanda. Ela precisava de ar fresco para conseguir processar o que acabara de fazer.

- O que raio estás a fazer à tua vida, Charlotte?

Ela não sentia nada por Thomás, além de uma boa amizade que havia criado nesta nova cidade. Ela era capaz de admitir que o achava extremamente bonito, mas isso não era, nem deveria, ser motivo para ela ficar daquela forma. Ela já havia estado com rapazes em Manchester, daí não compreender porque é que estava a ficar tão afetada. Talvez precise de estar com alguém urgentemente.

O seu primeiro pensamento foi em Thomás, mas logo se repreendeu. Além que não ele.

- Que estás a pensar? – inquiriu o francês, num murmuro bastante perto do seu ouvido.

Umas gotas de água fria caíram na sua camisola e a rapariga assusta-se quando vê Thomás, tão perto de si, vestindo apenas umas calças desportivas e com o seu tronco completamente exposto.

- Podes parar de fazer isso? – Charlotte perguntou num tom bastante elevado, chateada com a sua atitude, e passando por ele para chegar à sala.

- Parar com o quê? Estou só a brincar contigo, Char!

Charlotte sentiu-se imediatamente mal, entendendo que a culpa era inteiramente sua de interpretar mal aquelas brincadeiras, e a levá-las para outro lado. Desde o primeiro dia que ele se metera com ela e ela, mais com o seu medo irracional, estavam a tornar as coisas difíceis e a ver coisas onde não existiam. Ansiedade.

As suas mãos vão, em exaspero, até ao seu cabelo, puxando desesperadamente a sua franja para trás. Ela sentia-se a dar em maluca com todo aquele ambiente. Ela sentia-se sufocada. Ela não podia ser honesta, nem mesmo com ela mesma pois, nesse caso, estaria a ir contra tudo aquilo que havia estipulado.

- Char, o que se passa?

Thomás olhava para ela nervoso, uma vez que nunca a havia visto daquela forma tão exaltada. Ele achava que tinha feito algo de errado e, a pior parte, consistia no facto de não compreender o quê. Charlotte abanou com a cabeça, negativamente, e inspirou fundo.

- Está tudo bem. Apenas preciso de ir descansar...

Thomás queria agarrá-la, abraçá-la, mas, com receio de piorar a situação, apenas se deixou estar no seu canto, observando-a a afastar-se lentamente em direção ao seu quarto.


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Eu espero que estejam a sentir esta tenção entre eles porque eu estou e estou a adorar ahahahahah <333

Bem, se eu tivesse tanto empenho para a faculdade como tenho para isto de certeza que era incrivel mas oh well....... ahahahah eu so espero que estejam a gostar e, agora que a historia já esta mais composta, comentem o que acham deste dois idiotas!!

Caso não seja propriamente explicito, eles têm muitas issues, principalmente a Charlotte, e por isso é que eles temem tanto uma relação e eu estou a adorar escrever isto ahahah <33 

Deixo uma foto do baby para inspirar a imaginação ahahahah (não tem que ser este aspeto mas é quem imagino por isso levam com a foto dele ahahahahah) <3333

Não se esqueçam de votar <333 

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