A princesa desacertada (e seu...

By LadysDePemberley

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Essa é uma história com princípios e analogias cristãs. NÃO CONTÉM HOT! Tudo que a princesa Flora queria era... More

Personagens Principais
Prólogo
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Vinte e seis
Vinte e sete
Vinte e oito
Vinte e nove
Trinta
Trinta e um
Trinta e dois
Trinta e três
Trinta e quatro
Trinta e seis
Trinta e sete
Trinta e oito
Trinta e nove
Quarenta
Quarenta e um
Quarenta e dois
Epílogo
Agradecimentos
Pedido Especial

Trinta e cinco

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By LadysDePemberley

Flora precisou de alguns segundos para processar a informação quando os olhos de Philip encontraram os seus antes dele se curvar numa reverência demonstrando modos impecáveis.

Sim, era Philip diante dela, muito embora estive vestido completamente diferente do que ela havia habituado a enxergá-lo.

Trajes nobres, cabelo rigorosamente penteado e preso e botas de cano alto devidamente lustradas faziam um contraste com o guer viajante com quem ela conviveu. Apenas a espada presa à cintura fazia menção do Philip que ela conhecia.

Quando ele se ergueu novamente, Flora sentiu-se incapaz de pronunciar qualquer palavra. Estava sobremodo surpresa e ao mesmo tempo confusa. Percebendo o silêncio constrangedor e sem ter certeza dos sentimos de Phil para com ela, desviou o olhar rapidamente, antes que o dele pudesse ler o seu.

— Por favor — ela pediu ao funcionário responsável em anunciar os convidados —, pode repetir a apresentação?

O homem em sua postura ereta pigarreou antes de anunciar mais uma vez:

— Dom Philip de Baruch, representante oficial de sua Majestade rei Chesed e irmão da princesa Katherine de Chanun, do Reino de Or.

Flora usou aqueles poucos segundos obtidos para pensar. Era certo que seu coração parecia ter entrado em uma disputa de corrida acirrada, dada a velocidades com que batia, contudo, ela não poderia demonstrar o quanto a presença dele a abalara. A partida rompante, sem nenhuma tentativa de despedida, voltou à sua mente trazendo-a de volta à realidade. Philip, com toda certeza, queria manter a distância e frieza apropriada a relações puramente sociais.

Claro, ela não poderia estar mais errada em relação aos sentimentos do guerreiro que naquele instante estava tão perdido quanto ela em como agir na frente de toda a nobreza de Ach e dos Reinos vizinhos. Não poderiam ser apenas Philip e Flora, os viajantes desconhecidos que se tornaram companheiros por alguns dias. Tampouco poderia demonstrar seus reais sentimentos, aquele com os quais havia lutado bravamente nos dias seguintes do seu retorno.

— Dom Philip, irmão da princesa Katherine, então — foi Flora quem iniciou a conversa e, embora estive séria, ele percebeu uma pontada de provocação em seu tom de voz.

— Sim, alteza, às suas ordens — ele respondeu com uma leve mesura. — Vim como representante de meu Rei, que devido à idade está impossibilitado de viajar, e do herdeiro, príncipe Queves, que lamenta muito a ausência nesse momento importante para nosso Reino amigo. — A voz de Philip era calma e grave, completamente adequada para a situação. — A princesa Katherine, minha irmã, está a espera do primeiro herdeiro do príncipe e ele se recusa a se afastar dela para longas viagens. Por isso fui enviado como representante e mensageiro no lugar.

Foi inevitável. Flora sorriu.

— Em breve o senhor se tornará o tio Philip, então.

Philip queria manter a compostura, mas ele deixou os lábios se curvarem um pouco.

— Assim espero.

Silêncio por mais um momento. Philip ajustou o casaco com uma das mãos e a outra revelou um pequeno baú que até então havia passado despercebido aos olhos da princesa.

— Meu rei enviou um presente em homenagem a data de seu nascimento — ele disse, por fim, estendendo o baú para ela. — É algo de um valor imensurável, espero, sinceramente, que seja de seu agrado.

Sem palavras, com apenas um olhar, Philip fez Flora compreender a relevância daquele objeto. A princesa segurou em suas mãos e sentiu uma palpitada forte no peito. Virando-se para um dos guardas ao lado, chamou a atenção dele com suas ordens.

— Entregue para Amelie e diga para ela guardar em segurança — mandou entregando nas mãos do homem o objeto que despertou dentro de si a curiosidade e ansiedade sobre o conteúdo.

— Sim, alteza — o homem respondeu, reverenciando a princesa e apressado foi cumprir as ordens.

Flora voltou-se a Philip, que agora se encontrava com as duas mãos cruzadas em frente ao corpo. A princesa sentiu a enorme necessidade de fazer as perguntas entaladas em sua garganta desde quando se separaram e ela desvendou a afeição presente em seu coração. Queria, de alguma forma, saber muito além dos acontecimentos que os separaram. Contudo, nenhuma palavra saia da sua boca, uma vez que ela sabia o quanto inapropriado seria ter aquela conversa.

Percebendo o movimento um tanto impaciente do criado, querendo dar continuidade às apresentações e pronto para dizer o nome da senhora presente na fila, Flora ergueu a mão com delicadeza para ele, sem desviar sua atenção de Philip.

— Diga-me, senhor, disse ser representante de seu rei. O senhor veio sozinho?

— Não, alteza. Viajei acompanhado do jovem companheiro de minhas viagens.

Flora curvou discretamente os lábios, recordando-se de Jasper e dando-se conta do quanto havia se apegado ao jovem e sentido a falta dele.

— E o senhor está hospedado no castelo? Creio que recebeu acomodações propícias para passar a noite aqui — ela sondou discretamente.

Philip umedeceu os lábios antes de responder.

— Não, alteza. Eu e meu escudeiro partiremos em breve, logo ao findar da festa. Passaremos a noite em uma hospedaria e seguiremos nossa viagem de volta para Or logo quando o sol nascer.

A expressão de frustração de Flora foi completamente visível, mesmo que apenas por alguns segundos, e Phil sentiu-se estranhamente feliz por perceber a alteração dela. Imaginou que a princesa gostaria de saber sobre a sua partida abrupta quando do retorno deles. Sentiu-se mal por ter sido incapaz de se despedir na ocasião e ela certamente tinha perguntas a fazer. Entretanto, ele sabia não poder oferecer as respostas desejadas.

— Por quê? — ela murmurou tão baixo que ele precisou encarar o olhar questionador dela para ter certeza de que ouvira a pergunta correta. — Você... precisa partir... tão depressa? —terminou no mesmo tom.

Philip não sabia o que responder. Não tinha uma resposta, tampouco estava preparado para o questionamento dela. Porém, antes que pudesse tentar dizer alguma coisa, percebeu a presença de alguém se aproximando pelo lado direito deles.

— Flora, querida — a voz melosa do príncipe Henry invadiu os ouvidos de Philip. — Acredito que em breve o salão de baile será aberto e espero ter a honra de ser o primeiro a tirá-la para dançar.

Phil permaneceu imóvel, recusando-se a olhar em direção ao príncipe almofadinha. E por isso foi capaz de captar todos os movimentos de Flora, e reparou, desde o olhar, até mesmo nas mãos, uma... repulsa? Estaria ela realmente demonstrando uma mudança drástica sobre sua conduta em relação ao herdeiro de Goi? Isso fez com que ele continuasse a observar cada meneio dela.

— Príncipe Henry — ela disse forçando um sorriso bastante falso. — Sinto muito decepcioná-lo, mas já prometi as duas primeiras danças a meu irmão.

Henry entrou no campo de visão de Philip e segurou a mão dela num ato bastante atrevido.

— Tenho certeza de que Fergie não importará em ceder a vez dele para mim.

— Tenho certeza de que ele se importará sim, já que me fez prometer — ela respondeu e puxou a mão da dele sentindo ainda mais repugnância.

Henry sentiu-se desconfortável com a delicada recusa. Um pequeno sinal de perigo acendeu em seu interior. Flora nunca tinha o tratado com tanta frieza como estava fazendo justo às vésperas do anúncio de noivado. Ele sabia que se tudo desse certo como o planejado, ainda aquela noite selaria o pedido e obteria a mão dela com o rei. Pensar nisso o fez relaxar um pouco.

— Contudo espero conseguir as próximas — ele disse movimentando os cachos de maneira sedutora com as mãos.

Flora assentiu com a cabeça. Queria se livrar de Henry. Não desejava interagir com ele na frente de Philip, sentia-se envergonhada quando se recordava o quanto havia sido tola em defendê-lo para o homem honrado a sua frente.

— Alteza — o criado ainda mais impaciente interrompeu o momento, chamando a atenção da princesa. — Podemos prosseguir?

Philip, entendendo a deixa, curvou-se diante dela.

— Agradeço pelo convite, alteza. Espero que desfrute de seu baile. Deixo-a com os cumprimentos de meu rei e príncipe.

Sem esperar uma resposta, ele se virou e partiu, indo em direção ao outro lado do salão.

Flora arrumou um modo de despachar Henry, prometendo a ele a tal dança e continuou a receber seus convidados, muito embora sua mente estivesse bastante distante e ela tenha respondido a maioria das perguntas com monossílabas ou acenos de cabeça. Quando terminou, a pista de dança foi aberta e Fergie apressou-se em buscá-la, antes que o príncipe loiro tramasse algo para realizar seus intentos.

— Você me parece distante. Aconteceu algo? — Fergie indagou a irmã enquanto ambos dançavam acompanhados de outros casais. Vendo que ela não estava disposta a responder, arriscou: — Tem alguma relação com o representante de Or?

— Você sabia que ele estaria aqui? — Flora indagou, depositando sua atenção no irmão.

— Não exatamente, mas imaginei. Soube que o príncipe não tem feito longas viagens e sabendo da amizade existente entre vocês, fui levado a acreditar que ele viria no lugar.

— Ele é irmão da princesa...

— E você não sabia? — indagou ele e se surpreendeu quando ela negou com a cabeça. — Pensei que ele tivesse contado durante os dias em que estiveram juntos. Aliás, a família de Baruch é muito conhecida.

— Não, ele não contou. Philip não parece se importar muito com títulos — Flora avistou Henry observando-a —, diferente de certas pessoas.

Fergie entendeu bem a menção.

— A reunião dos homens será logo após as danças. Ele está muito cheio de si.

— E papai parece muito disposto a aceitar a proposta dele. — Flora deu um longo suspiro e quase perdeu o passo. — Não há nada a ser feito, Fergie. Estou conformada. Sabemos muito bem as consequências que uma recusa do rei ao príncipe herdeiro de Goi provocaria ao nosso Reino.

Fergie nada disse. Não estava disposto a compartilhar com Flora seus planos, embora ele também tivesse receio das consequências advindas caso ele conseguisse frustrar os esquemas de Henry. Todos sabiam que Ach era dependente de seu acordo com Goi. Desfazer uma aliança como aquela significaria fome para o país. Mas, mesmo assim, ele estava disposto a tentar oferecer à irmã um futuro diferente do da mãe.

— Ficaremos bem — ele apenas disse, tentando passar confiança a ela.

Agora, não perderei tempo aqui relatando todo o restante do baile, que foi no mínimo insignificante. Flora dançou com Henry, ouvindo seus galanteios e forçando um sorriso quando era muito necessário. Enquanto isso, seus olhos, coração e mente estavam a procura de Philip, cujo paradeiro no salão era desconhecido. Por mais que tentasse, ainda que discretamente, encontrá-lo, ele estava quieto nas sombras, onde a observa apenas de longe.

Um pouco depois do fim das danças, os homens foram convocados para o grande salão real, onde beberiam e celebrariam à típica maneira masculina. Phil, contudo, preferiu retirar-se para a área externa. Estava disposto a ir embora, contudo, algo o prendia ali.

A princesa, já sem esperanças de encontrar novamente o cavalheiro, recordou-se do presente recebido por ele. Movida pela curiosidade — e talvez esperando que lá dentro houvesse algo pessoal vindo do guerreiro —, conseguiu se retirar da festa após rápida conversação com um grupo de mulheres nobres.

Amelie assustou-se com a aparição de Flora. Não esperava a jovem tão cedo. Contudo ela também estava bastante curiosa sobre o conteúdo do baú misterioso que a princesa pediu para guardar em segurança.

— Voltou cedo — Amelie disse ajudando Flora a se livrar de suas luvas.

— Onde está o baú? — Flora apenas indagou, dispensando dar explicações à amiga.

Amelie entregou o baú para Flora que, sentando-se em uma das poltronas, abriu cuidadosamente o objeto. Dentro encontrou um pergaminho selado com o selo real de Or.

— O que será? — Amelie indagou curiosa.

Flora não respondeu. Sentiu um leve tremor em suas mãos quando quebrou o lacre e desenrolou a folha amarelada. Seu coração deu um salto no peito e a respiração acelerou. Seria mesmo verdade? Ela estava sendo convidada a se tornar uma cidadã de Or?

Assinada pelo próprio rei Chesed, ela tinha em suas mãos um convite, um pergaminho selado que garantia a ela a entrada e acolhimento em Or, para sempre. Aquele documento precioso era uma oportunidade para Flora!

— Por mil pastos! — Flora exclamou inclinando o corpo completamente até o encosto da poltrona. — Como? Eu... Eu...

Aos olhos espantados de Amelie, Flora ergueu-se num rompante. Sua mente trabalhava árdua e rapidamente. Ela poderia, não poderia?

— Flora? O que houve? — Amelie perguntou.

Flora percebeu a presença da amiga com um olhar perscrutador. Sem pensar direito, parou, encarou Amelie e pediu:

—Deixe-me sozinha, Amelie. Preciso pensar. Pode ir para seus aposentos, não precisarei de nada hoje.

— Mas Flora...

— Por favor, Ame! Eu preciso mesmo ficar sozinha — ela disse num tom quase de súplica.

Amelie, percebendo a agitação da amiga, fez uma reverência e ainda a contra gosto se retirou. Ela sabia que mesmo tendo uma relação de amizade com Flora, ela era a princesa e certos limites precisavam ser mantidos.

Quando Amelie saiu, Flora leu a mensagem outra e outra vez. Por fim, deixou o pergaminho na mesinha ao lado da poltrona onde esteve outrora e, retirando suas joias e se desfazendo das roupas como podia, tentava chegar a uma decisão.

"Se eu partir amanhã cedo enquanto todos estão dormindo, talvez consiga chegar à Torre do Refúgio antes de anoitecer. Contudo, dessa vez não poderia contar para ninguém, nem mesmo para Amelie."

Ela precisava de um plano! Caminhava de um lado para o outro, tentando encontrar uma saída.

Philip! Talvez ele ainda estivesse no castelo. Poderia estar esperando uma resposta dela. Será que estava ali para ajudá-la? Como ela poderia se comunicar com ele? Precisava de uma luz.

Sua mente pouco se importou em pensar nas consequências que a sua partida rompante traria para o Reino, para seu pai, irmão e amigos. Sabia que aqueles que a amavam, quando recebessem notícias dela, a perdoariam e se alegrariam por ela ter se desfeito de um laço matrimonial que a tornaria infeliz. Amelie com certeza ficaria satisfeita. Fergie poderia se aborrecer, mas ele era quem a apoiava a encontrar uma solução que a livrasse de Henry, custasse o que custasse e daria um jeito em relação ao pai. Ela arrumaria uma maneira de se redimir depois.

Sim! Estava decidida! Não sabia como, mas se agarraria àquele fio de esperança, aquela corda jogada para livrá-la de uma vida terrível e infeliz, e levá-la para um lugar que seu coração passara a desejar estar. Or... Ela seria uma cidadã de Or e estava disposta a perder seus títulos, riquezas, nobreza para encontrar um lugar onde ela poderia ser feliz de verdade.

Flora fechou os olhos e seu coração encheu-se de alegria com a perspectiva de uma nova vida. Foi quando a porta de seu quarto abriu. Virou-se, crendo que Amelie retornara para auxiliá-la e sobressaltou-se com a figura que acabara de fechar a porta.

— Henry?

...

Senhoritas, faltam-me palavras para me desculpar pelo atraso e aparente abandono do livro. Questões de cunho pessoal não me permitiram dar continuidade à estória, contudo, já estou organizando o próximo capítulo. Espero não demorar tanto tempo para retornar. Perdão, mais uma vez.

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