35 - After the rain

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Além disso, também havia Elizabeth, a quem ele fizera a corte — não oficialmente — na noite anterior, seguindo o que era melhor para si no momento. Não iria desapontá-la também.

Estar parado naquela cama o estava deixando louco. Clarissa o deixava louco. Tirava todos os seus sentidos fazendo com que ele tomasse decisões que sobriamente, sem seus efeitos, não tomaria. Portanto, resolveu levantar e descer para o café da manhã. Não se importava de tomá-lo sozinho antes de todos, só precisava de uma distração para sua mente, qualquer uma, mesmo que fosse uma xícara de café e biscoitos. Arrumou-se com a ajuda do empregado e caminhou escada a baixo.

Os largos e longos corredores de Norfolk lhe davam a sensação de estar andando para sempre. Portas e mais portas idênticas o faziam se sentir minúsculo em meio à tanta informação que poderia estar guardada — ou escondida — propositalmente atrás daquelas tábuas de madeira durante gerações.

Ruel já tinha a lista completa de coisas que faria durante todo o dia. 1- Tomaria seu café sozinho. 2- Se trancaria em seu escritório durante o dia inteiro com a desculpa de que havia muito trabalho a ser feito. 3- Voltaria para seu quarto depois que todos já tivessem ido dormir para não correr o risco de encontrar Clarissa ou Joshua no caminho. Não gostava nem um pouco da ideia de ter que pedir desculpas para Clarissa por tê-la deixado sozinha naquela varanda, isso só tornaria ainda mais real o que havia acontecido entre os dois. Também não se sentia a vontade para encarar Joshua sem se sentir um completo mentiroso traiçoeiro. Se fosse preciso, iria evitá-los até o dia que fossem embora, e depois disso também, pois só facilitaria as coisas e o manteria longe de Clarissa. Enquanto pensava e caminhava concentrado nas tábuas do chão, completamente perdido, ouviu uma voz chamar à sua frente. Seus olhos se arregalaram com a possibilidade de quem poderia ser.

— Oh! Ruel! Que surpresa.

Era Taylor Bassett, pai de Joshua. Para o alívio do jovem duque — ou nem tanto.

— Sr. Bassett, — Ruel olhou em sua direção levantando as sombrancelhas para demonstrar espanto — eu é que estou surpreso! O que faz de pé a essa hora do dia? — ele pergunta se aproximando.

Taylor olha em direção à janela com a vista que estava admirando momentos antes de Ruel chegar.

— Acabei abrindo os olhos durante as primeiras horas e me deparei com este lindo dia. Resolvi levantar antes do normal para poder admirá-lo por um pouquinho mais de tempo. E o senhor, Sua graça? — o homem pronuncia as últimas duas palavras olhando para Ruel em um tom brincalhão devido a intimidade de ambos.

— Não consegui pregar os olhos durante a noite.

— Pesadelos?

— Algo parecido.

O mais velho dos Bassett solta uma risada abafada e volta a olhar em direção à paisagem.

Além de Clarissa e Joshua, Ruel tinha outra preocupação inquietante em mente. Thomas. Por mais que ele tenha feito o que fez, ainda assim era um familiar de Taylor, seu sobrinho. Era seu sobrenome no sobrenome daquele homem.

— Sr. Bassett... — Ruel começou tentando abordar o assunto desde o início com a maior delicadeza possível para que pudesse passar a mensagem que queria sem soar de modo grosseiro.

— Taylor. — o homem corrigiu.

— ...Taylor, — Ruel refaz o início da frase e se volta para encará-lo — sei que o senhor é um nobre muito honrado. Sua família por completo, — o jovem duque para por alguns segundos como se estivesse tomando coragem, mas estava apenas se preparando para qual fosse a resposta que recebesse — não tive a oportunidade de explicar a situação para o senhor antes, mas...Thomas é um traidor, — ele pronuncia tais palavras com cuidado — e ele ameaçou a integridade de uma pessoa próxima à mim. Alguém com que me importo profundamente. — Ruel continua — Sei que seu sobrenome é Bassett, mas para o que ele fez não há perdão. Gostaria de poder pedir desculpas pelo que aconteceu naquela noite pelo senhor, e pelo nome de sua família que ficara marcado a partir daquele momento, — ele respirou profundamente, estufou o peito levemente, cruzou as mãos às suas costas e prosseguiu — mas não me arrependo de nada. Sou um nobre, um duque. Tenho meus deveres e obrigações. Espero que o senhor entenda. — ele finalizou com o maxilar travado.

Through the time • RuelWhere stories live. Discover now