— Lady Williams?
Ela se curva diante da presença de Ruel.
— Vossa graça.
O movimento não passa despercebido por ele.
— A senhorita leu o jornal...
— Para falar a verdade, vim até aqui para falar sobre o que estava escrito nele. Sinto muito, eu não sabia sobre seu...
— Por favor, — ele a interrompe — podemos conversar enquanto caminhamos pelo jardim? Há muitos olhos aqui dentro.
Clarissa não entende o pedido de Ruel, mas aceita mesmo assim. Um pouco de privacidade não machucaria ninguém, mas...
— Terá alguém conosco?
Ele faz uma expressão confusa com o rosto.
— Quer dizer... — ela tenta se explicar — não me leve a mal, por favor, mas sou uma mulher prestes a se casar, não posso ficar sozinha na presença de outro homem que não seja meu noivo.
— Ah sim, claro. Os guardas estarão divindo a paisagem conosco, pode ficar tranquila.
Ela sorri.
Ruel oferece o braço para Clarissa segurar.
— Me permite? — ele pergunta olhando para a jovem com ternura.
Ela encara o braço de Ruel. Até aquele momento não havia pensado no que aquilo significava. Vê-lo a certa distância era doloroso, mas tocá-lo e sentir o calor de seu corpo contra o dela? Seria mais ainda.
Não que ainda o amasse e sentisse a necessidade de ficar longe para não fazer alguma besteira, é claro que não. Doía o fato de um dia terem sido tão próximos e agora parecerem...estranhos. Sim, essa era a palavra certa. Estranhos. Distantes.
Como se nunca tivessem tido contato ou dito que se amav...
— Srta. Williams? — Ruel chama pela, possivelmente, terceira vez seguida, e a tira de seus devaneios.
— Desculpe, o que disse? — ela pisca constantemente tentando voltar à realidade.
— Perguntei se me permite. — ele olha para seu braço solto que estava envergado para que Clarissa segurasse, e olha para ela, oferecendo-lhe a companhia.
— Ah sim, claro.
E então Clarissa segura o braço do homem esbelto à sua frente.
Por mais que sua roupa fosse grossa e tivesse toneladas de tecidos acima da pele, Clarissa ainda pôde sentir o calor de seu corpo. Deus, o quanto sentiu falta dessa sensação.
Mal podia acreditar que o homem que pensava estar morto por tantos anos agora se posicionava bem ali, de pé, ao seu lado. Mais vivo e radiante do que nunca.
Ao chegarem a uma distância razoável da casa e de todos os criados, finalmente estavam seguros de ouvidos atentos e línguas afiadas demais.
— Enfim sós. — Ruel diz soltando um longo suspiro.
— Qual o motivo de estarmos aqui fora? — Clarissa pergunta olhando aleatoriamente para a paisagem.
Ruel olha para ela de soslaio, pensando cuidadosamente nas palavras que usaria em seguida.
— A senhorita leu o jornal.
— Sim, e é exatamente por isso que estou aqui. Queria dizer que sinto muito, de verdade. Não sabíamos que seu pai havia... — ela não continua.
— Morrido. — ele complementa — Para falar a verdade, ninguém deveria saber.
— E para quê esconder?
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Through the time • Ruel
RomanceRuel, Joshua e Clarissa são melhores amigos desde que nasceram. Suas famílias, pertencentes à alta elite da Inglaterra, eram conhecidas e próximas graças aos títulos que possuíam. Clarissa e Ruel tinham uma conexão superior, brincando de serem um pa...