27 - Ruin

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Clarissa ficou ali. Parada na porta do escritório sem inspirar a menor partícula que fosse de oxigênio, e sem prestar atenção em qualquer outra palavra dos pais.

A única coisa capaz de acordá-la do completo desespero fora o barulho de passos lentos se aproximando da porta. Sua mãe estava se retirando do cômodo. Ela a veria. Precisava sair dali. Verificou o quão aberta a porta estava para saber para que lado correr. Não estava tão aberta assim, ninguém perceberia. Correu em direção às escadas, descalça para não fazer barulho, e subiu os degraus quase aos tropeços. Quando chegou ao segundo andar correu pelo enorme corredor e finalmente chegou ao seu quarto trancando a porta ao entrar.

Clarissa apoiou o corpo contra o portal que separava seu pequeno mundo dentro quatro paredes do enorme mundo real, e escorregou até estar sentada no chão. Sua respiração estava pesada, o desespero a preencheu completamente.

Sua família poderia ser arruinada. Ela poderia ser arruinada. E tudo dependia de apenas uma escolha dela. Não. Escolha não. Não era mais uma questão de escolha. Agora ela teria que se casar com um Bassett. Não seria com Joshua, não o usaria assim. Ele pode ter quebrado seu coração, mas ainda era seu amigo.

Mas quem estava fazendo tal ameaça? E por que? O Sr. Bassett sabia? Será que...não, não seria ele. Taylor Bassett era amigo de seu pai desde que ambos se entendiam por gente, nunca faria isso.

Era tudo culpa dela.

Se não houvesse saído sozinha para a casa de Ruel e nem terminado com Joshua, nada disso estaria acontecendo. Ela não estaria presa àquela casa. Não estaria sendo obrigada a se casar com um homem que nunca viu na vida.

Suas mãos estavam tremendo.

Será que Henry sabia disso tudo? Possivelmente não, pois conhecendo seu irmão, se ele soubesse de algo, nunca a deixaria botar os pés para fora de casa, quanto mais emprestar-lhe seu cavalo.

Não tinha ninguém a quem recorrer, para conversar, para lhe ajudar, aconselhar. Não sabia o que fazer. Não sabia o que pensar nem como agir.

Por que estavam fazendo aquilo? O que ela havia feito? Não se lembrava de prejudicar a ninguém em toda sua vida, e também não herdaria os bens de sua família. O que queriam?

Ela tentou se acalmar, sendo sua própria força. Respirou fundo e decidiu que o que quer que estivesse acontecendo, iria descobrir. Ninguém controlaria sua vida. Ela era Clarissa Stuart Williams, e não um fantoche qualquer em meio à um jogo perigoso. Mas até o momento certo, ela jogaria o jogo para sua própria proteção, e proteção de sua família. Precisava pensar neles. Sim. Precisava, e muito.

Se errasse novamente, seus pais, seu irmão, seu sobrinho, seu nome e seu futuro estariam completamemte arruinados.

E exatamente como um raio, ela decidiu que não cometeria o mesmo erro duas vezes.

Durante a noite, Clarissa não conseguiu dormir. Encarava o teto sem o menor sinal de sono. Sua mente martelando o mesmo assunto constantemente, como se a resposta estivesse nele, só bastava olhar mais a fundo. Mas não estava.

Durante o dia, fez seu desjejum e estava mais queita e pensativa do que o normal, mas seus pais não perceberam, pois ainda achavam que ela estava brava com eles. Mas Henry percebeu.

Ele estava de saída, suas malas estavam todas na porta da casa. Ele, Jane e Michael voltariam para casa. Estaria sozinha novamente. Completamente sozinha.

Quando seus pais se retiraram do cômodo junto com Jane e Michael, Henry aproveitou para conversar com Clarissa.

A mão dele sobre a dela a tirou de seus devaneios.

Through the time • RuelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora