26 - Too late

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Uma semana depois do imprevisto na floresta, Ruel ouve batidas na porta de madeira de seu escritório. Ele estava sentado, preenchendo papéis com uma pena na mão.

— Entre! — Ruel grita para quem quer que fosse do outro lado da porta.

Garret é quem aparece.

— Com licença, sua graça. — ele faz uma reverência — O conde Sallow enviou um informante avisando que a reunião dos senhores será no mesmo horário de sempre, mas às quartas, como o senhor pediu.

Ruel levanta as sombrancelhas.

— Imaginava que aceitaria a proposta. — o duque comenta — Então tenho que me preparar para sair hoje. — ele diz mais para si mesmo do que para o jovem à sua frente — Garret, por favor, informe à Anthony.

— Ele já foi informado, sua graça. — o criado responde rapidamente, tentando mostrar eficiência.

E se havia algo que Ruel gostava em alguém, era eficiência.

— Muito bem, então. Obrigado. — Ruel diz pensativo.

Obrigado para um criado significa "muito bem, já pode se retirar", então Garret apenas reverencia o duque e parte para fora do cômodo.

Ruel larga a pena que estava em sua mão no tinteiro e se recosta nas costas maciça da enorme cadeira que estava sentado, respirando firme.

Não deveria fazer isso, não é certo, ele pensa para si mesmo. Quer saber? Quem se importa com o certo? Você quer, e isso deveria ser o bastante para pôr em prática.

Mas, infelizmente, ele havia se tornado um duque muito cedo, logo, cresceu com muitas responsabilidades, então, consequentemente, sempre pensa nas consequências de uma ação antes de tomá-la.

Mas dessa vez ele iria tomá-la.

Durante uma semana Ruel passava as noites em claro encarando o teto de seu quarto apenas pensando e refletindo sobre a quarta-feira passada. Mal podia acreditar que encontrara Clarissa no lugar mais inesperado possível e ainda salvara sua vida.

E se eu não estivesse lá quando aconteceu? Ele pensava. E se ela voltar e eu não estiver lá?

O pensamento de não ter mais Clarissa por perto o assombrava, então o afastou. Não perto como proximidade, mas perto de sua vida. Encontrá-la algumas vezes acidentalmente e outras propositalmente. Poder admirá-la a distância. Saber que ainda tem uma chance com ela, disse uma pequena voz em sua cabeça, mas Ruel a afastou com um movimento da mão, como se fosse algo no ar que pudesse tocar.

Essa seria sua desculpa para convencer a si mesmo. Iria para as trilhas para prevenir de que ela se ferisse.

E não para que ele pudesse vê-la mais uma vez propositalmente.

•••

Clarissa estava em seu quarto lendo mais um romance que encontrara na biblioteca de sua casa. Estava no quarto, pois a biblioteca ficava logo ao lado da sala de chá de sua mãe e a última coisa que ela queria era que sua mãe a escutasse caminhando sem parar pela casa.

Há alguns dias decidira que mudaria suas saídas a cavalo de sexta para quarta-feira.

Por algum motivo em específico? Bem...não.

Ou isso era apenas o que dizia para si mesma.

Enquanto lia, observava a hora passar no relógio pendurado em sua parede. Faltavam apenas alguns minutos para iniciar a hora do chá de sua mãe, isso seria tempo o suficiente para que ela mudasse de roupa e então descesse alguns minutos depois do início do "evento". Para garantir de que não seria uma das convidadas do dia.

Through the time • RuelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora