Capítulo 81

694 105 8
                                    

Anastásia Johnson

Saio do quarto sem fazer barulho, e sem acordar o meu irmão. Vou pelo o corredor em bico de pés.

Minha irmã disse que não a podíamos ver, mas eu sou teimosa e, antes que morra de curiosidade, prefiro fazer a merda.

Passo pelo quarto de Ana, e vejo a luz já apagada, sinal que eles já estão a dormir.

Desço as escadas e vou até ao quarto de hóspedes. Noto alguma movimentação dentro do quarto e ouço passos em direção a porta.

Escondo-me atrás de um vaso com uma planta grande e deixo a enfermeira passar. Olho para dentro do quarto e vejo ela a dormir.

A minha mãe.

Caminho com passos leves e silenciosos em direção a ela. Ela está com os olhos fechados. Me aproximo da cama e toco no seu rosto de leve.

Ela se remexe, mas continua a dormir.

- Provavelmente, você não sabe quem eu sou, mas eu quero que saiba que amo a senhora, apesar de não ter nenhuma lembrança sua. - digo sussurrando. - Sinto muito por tudo que lhe está acontecer. Mas, eu não sinto que você seja a minha mãe.

Fungo e limpo uma lágrima que teimosa.

- Dak sempre cuidou de nós. De mim e de Christian, seu filho mais novo. Ele sente-se culpado por você estar doente, mas a culpada é apenas você. Eu não devia de estar aqui, mas tive que ver a senhora. Tenho apenas visto fotos suas, ou pelo menos, via, quando vivíamos na outra casa, mas agora estamos nesta e não há nenhuma foto sua. Eu não quero que a senhora se sinta culpada por isso, quero que viva apenas a sua vida, que fique melhor rápido. Lamento, mas eu não irei aceitar a senhora como mãe. Sei que voce não tem culpa, mas mãe é aquela que cuida, e Dakota foi quem fez isso por nós dois. Fique bem. - beijo a sua testa rápido e saio do quarto correndo.

Entro no quarto e, assim que fecho a porta, me sento no chão, a chorar. Meu irmão acorda, por eu ter batido com a porta.

- Ana? - me chama preocupado.

Quando se senta e me vê no chão, corre ate mim e me abraça.

- Eu fui ver ela. - digo chorando. - Ela é igual a Dak. - meu irmão me aperta. - Eu disse a ela que não queria que ela se sentisse culpada, por eu não a aceitarem como mãe.

- Minha mãe é Dak, Ana. Ela sempre cuidou de nós.

- Eu disse isso a ela, mas ela estava a dormir, nem me ouviu sequer.

Chris me afasta e faz com que eu olho para ele.

- Você não devia de ter ido. Se dak descobre...

- Eu não iria conseguir dormir, sabendo que ela está na mesma casa que eu, Christian. Se nossa irmã descobrir, eu não me importo. Pelo menos estou de consciência tranquila.

Me levanto do chão e caminho até ao banheiro e lavo a minha cara. Me deito na cama, ao lado de Chris.

Sei que daqui a uns dias eu terei que ter o meu próprio quarto, pois estou quase a ficar uma mocinha e Christian um homem.

Fecho os olhos, dou voltas na cama, mas não consigo adormecer. Olho para o relógio.

2:43.

Me sento na cama e saio do quarto, mais uma vez. Mas desta vez, para na poeta do quarto de Dak.

Dou duas batidas, varias vezes. Ao dim de quase 5 minutos, ela própria vem abrir a porta.

- Ana? - pergunta surpresa. - Que você faz acordada a esta hora?

- Eu fui ver a mamãe. - digo, ignorando a sua pergunta.

- Você o quê? - pergunta um minuto depois de estar em silêncio. Ela fecha a porta do seu quarto. - O que eu disse para você fazer? Manter-se longe daquele quarto! Que merda, Ana!

- Desculpa, mas eu não aguentei. Saber que ela estava aqui, e não a puder ver. Eu nem me lembrava de como ela era, Dak.

Vejo que ela respira fundo algumas vezes.

- Desculpa. - repito mais uma vez.

- Ok. Amanhã falamos sobre isso.

Diz e começa a abrir a porta.

- Desculpa! - começo a chorar. - Eu não queria te desrespeitar, juro que não queria. Mas foi mais forte que eu. Eu não conseguia dormir. Mas, continuo sem conseguir dormir, pois sei que infringi uma regra sua...

Ela volta a fechar a porta e me olha.

- Vamos para a cozinha. Eu preparo um leite bem quentinho, para você.

Ela não me deixa responder, apenas começa a descer as escadas e eu a sigo até à cozinha.

- Sabe, quando eu disse para vocês se manterem afastados daquele quarto, eu já sabia que voce ia lá, de qualquer das maneiras. Só pela maneira como reagiu mais cedo. - ela coloca o leite a minha frente, fumegando. - Eu sei que não devia de voz proibir de a verem, mas ela nunca está bem o suficiente, para falar com vocês.

- Mas não custa tentar, Dak. Eu sei que o teu medo é que ela nos tire de você, mas isso não vai acontecer. Você sempre cuidou de nós, mesmo sendo uma criança também. Você, para mim, para nós, é a nossa mãe. E não podíamos estar mais satisfeitos com isso.

- Eu não sou perfeita.

- Não, você não é. - concordo com ela que ri. - Mas para nós é. - falo, incluindo o meu irmão e as meninas. - Quem é que anima a casa, quando Jamie não está? Quem é que tem a paciência maior do mundo, para nos aturar? Dakota, essa pessoa é você. Cada um é perfeito à sua maneira e você é perfeita com crianças.

- Com crianças apenas. - diz rindo. - Sou tão perfeita com elas, que Deus me mandou mais duas. - passa a mão na barriga, ainda sorrindo.

- Obrigada Dak. - digo a olhando. - Obrigada por ser quem é e por nos apoiar.

- Quem mais iria fazer isso? Vocês são os meus chicletinhos. - ela me abraça, como pode, por conta da barriga.

- Eu te amo, minha teimosa. Mas sabe que vai ter consequências, certo?

Balanço a cabeça confirmando.

- Eu não me importo. Eu me sinto mais leve agora.

Quase uma hora depois de conversa, me deito novamente ao lado do meu irmão, que ressona baixinho. Dou-lhe uma cotovelada leve e ele se vira para o outro lado.

Fecho os olhos e me permito descansar.

For You (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now