Capítulo 30

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Dakota Johnson

- Porque você não liga ao seu pai? - ele pergunta, fazendo carinho mas minhas costas.

Olho para ele.

- Ele não vai atender. Nunca atendeu... - falo com tristeza.

- Liga com o meu telefone. Por ser número desconhecido, pode ser que atenda. - ele pega seu telefone do bolso e me estende.

Não sei se devo de ligar. Papai nunca foi de atender números desconhecidos. Por fim, acabo de pegar no celular. Disco o número dele

Ligação on

- Alô? - ele atendeu...

- Papai... - falo chorando.

- Deve ser engano. - ele fala ríspido.

Eu sei que ele reconheceu a minha voz...

- Papai, não desliga. Por favor.

- Dakota, não dificulta. - ele fala rude.

Papai nunca foi assim. Ele era muito carinhoso, especialmente para mim. Eu era a sua princesinha...

Tenho saudades dele. Faz anos que eu não o vejo. Que não sinto um carinho dele...

- Você é que está a dificultar. Porque nos abandonou? - ele fica mudo. - Ana e Chris sentem falta do pai.

Ouço ele a respirar fundo.

- Também sinto falta deles... - pausa. - E de você... - ele finaliza.

Posso jurar que ele está a chorar.

- Porque não vem para casa?

Jamie faz sinal para eu me levantar. Ele quer que eu tenha privacidade ao falar com meu pai.

Faço o que ele me manda e me sento onde ele estava sentado.

- Estou em Seattle.

- Vo-Você... - não acabo a frase, mas ele parece entender.

- Sim.

- Porque nos abandonou?

- Vou mandar por mensagem o endereço onde estou. Pode trazer o seu namorado. - ele me surpreende com isso.

- Você andou a me espiar? - pergunto com uma falsa voz de brava. Ele ri.

- Princesa, eu sei todos os passos que você dá! Agora tenho que desligar. Eu mando já o endereço, a data que nos havemos de encontrar e a hora.

- Até papai.

- Tchau minha filha. Manda um beijo aos seus irmãos. Não se esqueçam que eu vos amo.

- Tá.

Ligação off

Se ele realmente nos amasse, não nos tinha abandonado...

Limpo os olhos, com a parte de trás das minhas mãos, respiro fundo três vezes.

Encontro Jamie, sentado no chão da sala, a brincar com as meninas. Ele nota a minha presença e me olha, dando um sorriso de preocupação. Balanço a cabeça, querendo dizer 'Agora não, mais logo'. Ele entendeu e continuou a brincar. Olho para os meus irmãos que estão entretidos a ver algo na TV.

Eles parecem estar felizes. Se calhar até estão, mas sei que eles sentem a falta de uma figura materna e paterna. Ter a irmã a cuidar de você não é o mesmo que ser a vossa mãe, sendo que em alguns casos há exceções.

Sento no colo dos dois, fazendo eles reclamarem.

- Dak, sai dai!

- Não. Eu quero falar com vocês os dois. Querem aqui ou no vosso quarto.

Eles olham para as meninas e para Jamie. Eles estão distraídos, mas sei que Jamie está a escutar.

- Vamos para o nosso quarto. - Ana responde, com o seu jeito nada doce.

Chegando ao quarto, eles se sentam na cama e me encaram.

- O que você quer falar connosco?

- É um assunto delicado Voces sabem que mamae está internada, certo? - eles confirmam com a cabeça. - Chris nunca teve a presença de mamae, mas ela ainda estive com ele ao colo algumas vezes.

- O que ele teve? - quis ele saber.

- Mamãe já não estava bem à muito tempo, e quando engravidou de Christian piorou. Foram 9 meses a lutar para o bem dela. Ela ia todas as semanas a uma psicóloga, tomava muita medicação, para ver se melhorava. Ela chegou a kelhorar. Chegou até aceitar o facto de que estava à espera de um menininho. Quando Chris, todo o tratamento foi por água abaixo. Mamãe não conseguia encarar Chris sem chorar. Nao conseguia fazer nada a ele. Nem com nós - falo pensando no naquilo que passei.

Do quanto eu sofri com o afastamento dela. Todos os dias eu ficava acordada até tarde, à espera que ela me viesse desejar boa noite, mas isso nunca acontecia...

- Quando Christian tinha apenas cinco meses, mamãe foi procurar ajuda e o seu psiquiatra achou melhor a internar. - respiro fundo.

- E nosso pai? - quis saber Ana. - Você nunca falou dele...

- Papai foi embora assim que mamãe foi internada. - ele abrem a boca, chocados.

- Ele também não gostava de mim? - Christian pergunta triste e de cabeça baixa.

- Não, amor! - eu me ajoelho à frente dele e o faço encarar-me. - Papai foi bora porque ele não conseguia viver num local, onde em todos os cantos ele se lembrava da mulher que ele amava.

- Mas mamãe não morreu. Porque nós, simplesmente não mudamos de casa, e hoje podíamos ser felizes, os quatro?

- Papai fez a sua escolha, Ana... Ele preferiu nos abandonar, do que ficar mudar de casar e ficar connosco.

- Ana... - meu irmão me chama. Olho para ele.

Ele tem o olhar fixo num ponto e está perdido.

- Fala, Chris.

- Existe a possibilidade de eu ser culpado por mamãe estar doente?

- Ei. Eu disse que mamãe já estava doente antes de engravidar de você. Você não tem culpa de nada, amor.

- Mas deve ter ajudado, que a doença agravasse.

- Nós podemos ver a mãe? Eu tenho saudades dela. - Ana fala, me surpreendendo.

- Vocês seriam capazes de ver mamãe numa clínica? Ela pode nem lembrar de vocês.

Eles se olham. Meus irmãos são muito unidos e basta um olhar para o outro que se entendem logo.

- Nós podemos não falar com ela. Só a queremos ver.

- Eu vou ligar para a clínica e perguntar como ela está. Se ela tiver melhor, podemos ir a ver. Mas eu tenho mais uma coisa para vos contar.

- Fala.

- Papai está em Seattle.

- Eu não o quero ver! - Ana fala cruzando os braços e olhando para o lado.

- Também não. - Chris fala, imitando a irmã.

- Eu já esperava por isso... Eu vou me encontrar com ele. Quero saber o porquê de ele nos ter abandonado. Quero saber melhor. Não vou obrigar vocês a irem. Mas ele manda uma beijo a vocês. - eles sorriem discretamente. - Vou deixar vocês descansarem... Amo vocês.

Levanto do chão e vou para a porta. Antes de sair, ouço eles a dizerem.

- Também te amamos.

Ao sair do quarto deles, encontro Jamie do lado de fora. Ele caminha até mim e me abraça. Eu me permito chorar mais uma vez.

Não sei ao certo o porquê de estar a chorar, mas sinto uma vontade absurda de o fazer.

- Vamos tomar banho e descansar. - confirmo e ele me pega ao colo, até ao quarto.

For You (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now