Capítulo 72

853 120 9
                                    

Jamie Dornan

Atender os meus filhos foi mais cansativo que passar mais umas horas no hospital. Depois de o médico que me vinha para o próximo plantão chegou, tirei apenas o meu jaleco e sai a correr para o carro.

Dakota disse que ia tentar conversar com Chloe sozinha, mas ela está grávida, gravidez essa que é de risco. Eu fui idiota ao ponto de a convencer a começar essa conversa, sem a minha presença.

E se ela passa mal?

Acelero o carro o máximo que posso, tento cumprir as regras da estrada. Quando passo pela porta da nossa casa, suspiro aliviado ao ver elas sentadas lado a lado. Dakota me olha, seu rosto está vermelho e o de Chloe está igual.

Coloco as minhas coisas no chão e me aproximo delas, sentando ao lado da minha mulher. Beijo seu rosto.

- Você está bem? - acena que sim e depois olha para Chloe. - Vocês querem continuar a conversa sozinhas?

Elas não me respondem, apenas se olham. Fico sem saber o que fazer, mas decido as deixar sozinhas.

- Se precisar de mim, estou no quarto. - digo para Dak. Dou-lhe um selinho e me levanto.

- Não, fica! - ela agarra minha mãe, me fazendo sentar novamente. - Chloe é mãe da minha mãe, ou seja, é minha avó. - ela diz apertando a minha mão.

Chloe começa a contar a sua história e tudo parece bater certo, mas ela pode estar enganada. De certeza que há mais garotas que desapareceram grávidas aos 17 anos e com o nome de Carla.

Dakota se encolhe nos meus braços. Ela está a tremer e eu tenho medo que isso a afete.

- Acho melhor pararmos por aqui. - digo e as duas me olham. - Dakota está a tremer, e isso não e bom, para o seu estado.

- Eu estou bem, amor.

- Não está não.

- Se eu sentir alguma coisa, eu te aviso.

- Ok, linda.

Chloe nos olha, sorrindo.

- Eu tenho orgulho de vocês. - diz.

- Porquê? - pergunto.

- Vocês se conheceram nas piores situações. O que quero dizer é que, vocês não foram como os outros casais. A vossa história é diferente.

- Eu não me orgulho de ter feito aquilo, mas foi uma maneira de dar uma vida instável aos meus irmãos. E, conhecer Jamie, foi a melhor coisa que me aconteceu. Mesmo estando dois anos sem o ver, entregar a nossa filha a ele, sem mais nem menos.

- Isso é passado, filha. Quem olha para você não sabe nem metade daquilo que você passou. E eu me orgulho em dizer que sou sua avó. - Chloe desvia o olhar de Dak e olha para mim. - Eu sei o que você está a pensar, e se você quiser fazer um teste de ADN, eu aceito.

- Eu confio em você, mas é apenas uma questão de segurança. Espero que não fiquei chateada.

- Claro que não Jamie. - ela olha para o seu relógio de pulso. - Está na hora de eu ir, está se fazendo tarde.

- Fique. Dakota irá descansar, depois de jantar e eu preciso de ajuda com as crianças. - digo, fazendo ela parar.

- Tem a certeza?

- Sim. - eu e Dakota respondemos juntos.

Graças a Deus ela entendeu que vai ter que ir descansar.

- Ok, então.

Levo Dakota para o nosso quarto.

- Toma um banho, eu vou pedir a Rosa para te preparar algo rápido. - beijo sua testa antes de sair.

- Está me apetecendo batatas fritas e hambúrguer.

- Esses seus filhos não entendem que você está numa dieta? - pergunto rindo. - Vou ver o que posso fazer. Agora tenta relaxar.

Ela confirma e vai para o banheiro, fechando a porta. Eu também saio do quarto e, antes de descer, vou confirmar as crianças. Elas estão a dormir tão bem que até tenho dó de as acordar.

Quando abro a porta de Ana e Christian, eles já estão acordados. Claro que estão. Eles me olham e tentam sorrir.

- Tudo bem por aqui?

Ouço um deles a fungar. Acendo a luz no interruptor e fixo meus olhos neles. Anastásia está com o rosto banhado em lágrimas, e Christian tem a mão na sua cabeça, consultando a irmã.

- Que se passa?

Entro no quarto e fecho a porta.

- Ana ouviu maior parte da conversa de Chloe e Dakota. - Chris diz, tranqüilo, como se aquilo não lhe afetasse.

Se eu não o conhecesse, eu podia jurar que não o afetava, mas ele é muito protetor das irmãs e sei que está sofrendo.

- Você nao devia de ter saído do quarto.

- Eu só queria ir beber água. Eu... ouvi a parte em... que Dakota estava... a contar que... foi vi... violada... - diz entre soluços.

Me aproximo da cama e a puxo para o meu colo. Nunca tive um contato assim tão próximo deles, como agora.

- Eu sei que vai custar tentarem tirar essa ideia da cabeça, mas a vossa irmã foi enganada pelo namorado, na altura. É passado e vocês não precisam de se preocupar com isso. Como podem ver, Dakota está feliz.

- Você não vai fazer igual, pois não? - Christian me pergunta.

- Claro que não! Eu amo a irmã de vocês. Nem eu nem mais ninguém vai fazer a mesma coisa, ou parecido. Nem a ela, nem a nenhum de vocês.

- É verdade que ela teve que... vender o seu corpo?

Não devia de ser eu a contar isto a eles, mas eu acho que eles precisam de saber e Dakota já passou por muito hoje.

- Sim. Ela não se orgulha disso, mas ela precisa de vos alimentar e...

- Era por isso que nós ficávamos à noite com a Dona Dolores, não era?

Sem ter tempo de responder a voz de Dakota, preenche o quarto.

- Sim. - nos viramos para a porta e a encontramos lá. - Eu peço desculpa por vos mentir, mas eu precisa de fazer alguma coisa. Vocês não sabem, mas papai nos abandonou assim que mamãe foi internada. Ele nos deixou apenas com a casa. Ele não quis saber de nós. Nunca. Só disse a Dolores para tomar conta de nós. Eu tive que arranjar uma maneira de nos sustentar. Não é uma coisa que eu me orgulhe de contar, nem queria que vocês soubessem nesta situação. - ela fala, se aproximando da cama. 

Ela veste o seu pijama de ursinhos. Me lembro do dia em que lhe ofereci. Tinha vindo do trabalho e ao passo por uma loja, avistei ele na vitrine e o fui comprar. Achei que era a cara dela, e ela amou o pijama.

- O que eu quero que vocês façam, a partir de agora, é que não comentem isto com ninguém! Vai ser um segredo nosso. - ela lhes pede. - Podem fazer isso, por mim?

Eles acenam e abracam a irmã.

- Obrigada por cuidar de nós.

- Vocês não têm que agradecer. Fiz com todo o gosto! Eu amo vocês, pestinhas.

- Pestinhas não. Agora somos grandes.

- Ah claro, tão grandes que ainda dormem os dois juntos. - digo em voz de deboche.

- Ele é que não me larga. - Ana diz.

- Eu preciso de te proteger. - Chris contrapõe. 

Os dois se olham e se abraçam. Dakota olha os dois com admiração no olhar. Ela nota que eu a estou a olhar e sorri para mim, emotiva.

For You (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now