EU PROMETO

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Era estranho estar no colo de alguém daquele jeito. Primeiro de tudo, eu não estava com nenhuma intenção de transar com ele ali. Eu não era nenhuma santinha, sabia muito bem que poderia rolar. Meu corpo dizia sim, mas minha razão falava muito mais alto naquele momento, o que surpreendentemente eu não sabia o motivo.

- É... Eu acho que vou fazer um café para nós comermos com os macarons. - Ele ergueu a metade de seu corpo que eu não estava em cima e me deu um selinho. Sem mais e menos. Como se fosse a coisa mais normal depois de um agarramento daqueles. Dei a licença para ele e o deixei se levantar para ir pra cozinha.

Enquanto eu ouvia o barulhão dele pegando xícaras e os utensílios para o café, ajeitei a minha roupa. Coloquei minha blusa novamente para dentro da calça e, peguei o saquinho de papel com os docinhos. Parei no arco da porta, percebendo a bagunça da cozinha. Ok, ali sim era bagunçado, porém limpo. Três panos de pratos em cima de uma cadeira, pratos recém lavados em cima da mesa empilhados e talheres postos em uma enorme caneca para secar. Agora parecia exatamente com um apartamento de homem solteiro.

Ele procurava alguma coisa em meio à confusão dos armários de mantimentos. A cozinha era toda em tom claro, contrastando com o apartamento de cor escura.

- O que está procurando, Ton?

Ele virou para mim com um sorriso.

- O café.

- Olha, não precisa se incomodar, Ton, eu gosto de tomar água...

- Como se diz "Me dê um café, por favor" em francês? - Ele cortou minha fala, ainda procurando o bendito café. Coloquei os macarons em cima da mesa e cruzei meus braços.

- "Donnez-moi un café, s'il vous plaît" - Falei devagar e ele se virou com um sorriso animado já com o café em mãos. Não era nenhuma das marcas que eu conhecia da europa. Era café brasileiro.

- Oui, mon princesse.

Eu fiquei sem palavras com aquilo. Não tive nem mesmo a coragem de corrigi-lo no "mon" que era para ser "ma". Provavelmente eu fiz a cara de mais boba do mundo depois daquilo, por causa disso ele se virou e deu uma risadinha fraca.

- Vai gastar seu café brasileiro comigo?

- Eu nem bebo muito café... - Ele pegou uma chaleira e colocou água dentro. Ele ainda fazia café da forma tradicional? Rústico, porém diferente. -...Bebo só às vezes.

Colocou a água no fogão e colocou o filtro em cima de uma jarra, derramando duas colheres bem cheias de café no filtro de pano. Pano? Nunca havia visto isso. Me aproximei, olhando curiosa para aquilo.

- Os brasileiros fazem café assim?

Ele me olhou confuso, arqueou a sobrancelha e então assentiu.

- E tem outro jeito?

- Sim, pela máquina de café ou por café solúvel?

- Ah, mas não tem o mesmo gosto que tem do filtro... Prefiro perder três minutinhos do que beber café solúvel, é horrível.

Considerei sua resposta, sentando em uma das cadeiras de madeira da cozinha. Tudo era muito simples e extremamente aconchegante. Tentei não reparar muito no ambiente para não parecer grossa ou mal educada, mas era meio difícil. As casas que estive de plebeus em Mônaco não eram nem ao menos parecidas com aquela. Muito menos as casas das minhas colegas de faculdade. Seu apartamento não era de pobre até porquê, ele estava na Fórmula Um, já tinha um bom dinheiro para comprar um apartamento espaçoso o suficiente para ele.

monte carlo | ayrton senna ✔️Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum