monte carlo | ayrton senna ✔️

EX AMIGUINHO

Os fotógrafos iam em cima de mim e de Ariel na Capital Francesa. A chuva do verão de 1993 era violenta e o fato de termos que ficar ali para o enterro de meu sogro era dolorido por si só.

Ariel estava inconsolável. Era como se nada fosse o suficiente para fazer ele se distraie pelo menos por um segundo da dor que ele sentia em perder seu exemplo maior. Eu sabia como era aquilo e dei tempo ao tempo para ajudar ele. Eram muitos anos que meu sogro estava lutando contra cirrose e câncer atrelados, e agora, seu sofrimento tinha finalmente acabado.

Desde aquela noite, não éramos os mesmos um com o outro. Ele deitava na mesma cama, mas eu não sentia mais sua presença ali. E aos poucos, a rotina acabou nos matando juntamente com os ciúmes velado. Nunca chegamos a conversar propriamente sobre o que conversei com Ayrton. Ele viu tudo de longe e não era fluente em português, mas no fundo, eu sabia que ele tinha alguma ideia do que eu havia falado para Ayrton.

E por mais que eu tenha revelado a coisa mais íntima que uma pesso pode revelar a outra, estando em um relacionamento, eu podia saber que Ariel havia criado teorias loucas em sua cabeça, por mais que não tivesse mais nada a se criar.

Era de fato, o fim.
O fim de tudo. E eu estava prolongando tudo para não deixá-lo sozinho na pior fase de sua vida.

Eu nunca me senti tão suja por não ter segurado meus sentimentos. Segurado por pelo menos o máximo de tempo que eu conseguisse. Por pelo menos até meu último suspiro de vida.

Ariel merecia tudo.
Merecia uma rainha, uma namorada, noiva, esposa, mulher. Ele merecia que essa mulher passasse por cima de tudo e todos para ficar com ele.
Não eu. Que vivo de passado, pensando em passado e revivendo inúmeras vezes cenas do passado em minha cabeça quando estou na mesma sala com ele.

Eu não o merecia e eu sabia disso.

- Eu quero ficar com a minha mãe uns dias... Acho que ela não está bem pra ficar sozinha com as meninas. Posso ficar?

- Por favor, Ari, não precisa pedir, está tudo bem. Se quiser, eu posso ficar mais alguns dias com você e...

- Eu preciso de um tempo com a minha família, por favor... - Ele fechou os olhos e suspirou. Estávamos entrando na casa dos pais dele. Assenti e beijei sua bochecha.

Passei pelo corredor da casa e fui de encontro a mãe e as irmãs dele para me despedir.

Em questão de poucas horas eu estava na ensolarada e quente Monaco-Ville. Obviamente, paparazzis me seguiram até o Palácio, dando falta de Ariel. O dia que praticamente não havia muita coisa para fazer, pude me dar ao luxo de olhar TV pelo resto do dia como há muito tempo eu não fazia antes.

Eric há alguns dias estava mais quieto do que o normal quando o assunto era a mídia e Hillsinger é como uma praia. Se você vê as ondas do mar calmas demais é porquê uma hora ou outra a onda virá com tudo para cima de você.

Era algo que não dava para fugir muito. Ver a cara do Eric constantemente era enjoativo demais pois eu já sabia que juntamente com ele, vinha problemas.

- Ariel ficou lá? - Diana sentou-se ao meu lado. Ela queria passar o máximo de tempo longe da Inglaterra por motivos óbvios. Ela dizia que era o clima perfeito de Mônaco, mas todos nós sabíamos que era por causa da paz que sentia naquele palácio.

- Ficou... - Diminuí o volume da TV -...Eu respeito a dor dele, me ofereci pra ficar alguns dias com ele e a família mas acho que não tem nada que eu possa fazer.

A loira se ajeitou no sofá, colocando suas pernas por cima da mesa, da mesma forma que eu estava e pegou um pouco da pipoca que estava no meu colo.