CHANCE

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Foi só a noite que Ayrton percebeu e entendeu o que eu havia me transformado em menos de um ano de coroa no principado. Somente com Rainier e Ariel sentados em uma mesa de jantar com ele ao meu lado para o brasileiro perceber que eu realmente estava disposta a humilhar tanto o Balestre como o Prost. Talvez fosse por conta do meu orgulho ferido depois de anos de escorraçamento na mídia francesa. Ou talvez, pra fazer meu pai se rastejar para ser mais uma vez importante na minha vida.

Rainier e Ariel chegaram na hora marcada. Ariel como meu mais novo e fiel escudeiro, já sabia das tramóias que nem mesmo Ayrton conseguia imaginar. E Rainier àquela altura, não imaginaria que estava criando um monstro.

- Seremos breves, já que você tem um voo de volta para Napoles daqui a duas horas - Olhei para Rainier - O assunto que irei tratar não poderia ser por telefone pois quero que peça desculpas para ele.

- Eu não fiz nada de errado

- Não seja cínico, Rainier... - Ariel disse - Peça desculpas, a gente precisa de algo importante que só você pode nos dizer

- Isso por um acaso vai contribuir para o país?

Rebateu o velho

- Vai contribuir para muita coisa, inclusive para a restauração de sua vida aqui em Mônaco - Coloquei em cheque - É o que você mais quer, não é? Não aguenta mais a Itália... Quem diria.

- O que você precisa, Felicia?

- Preciso das desculpas para o Ayrton, preciso dos nomes dos arquivos e se possível acordos que fez com Balestre nos últimos dez anos.

- Por conta do campeonatozinho dele? - Rainier riu - Me obrigou a subir em um avião por um homem que lhe traiu, Felicia? Vai fazer o quê? Tentar ajudar na reputação de carreira fali...

- Vou... Rainier. - Falei alto, batendo meu punho na mesa de madeira - Vou fazer algo pelo homem que me fez mal, sabe porquê? Por quê eu me sinto em dívida por coisas que o estúpido do antigo príncipe fez. Coisas criminosas que deveriam ser pagas por você, a sua filha está pagando.

Rainier se calou e Ayrton me olhou assustado

- Eu quero que você fale para todos nós, tim tim por tim tim do que aconteceu nos últimos dez anos com sua relação com o maldito do Balestre. Está me ouvindo? - Apontei para ele - Se não, a gravação que fiz em maio virá a tona, aí não teremos somente uma polêmica familiar de um príncipe vagabundo que foi para um retiro espiritual e sim um príncipe velho vagabundo que é criminoso. Acho que não quer ser o primeiro da família a ser preso, não é?

Ariel sorriu orgulhoso, alisando minhas costas para eu me acalmar e voltar a sentar. Ayrton observava a mão de Ariel de forma quieta, com os braços cruzados.

- E por quê esse francês fedorento está aqui com nós?

Rainier perguntou, o que fez o sorriso de Ayrton se abrir e o de Ariel se fechar instantaneamente.

- Irei fazer uma manobra política arriscada. Ele representa futuros clientes e um futuro Imperador. E você é parte do plano. Agora, preciso que assine esse papel, dizendo que se compromete a dizer tudo o que sabe sobre Balestre e tudo o que sabe sobre a FIA. E também de que vai ajudar a causa do Império do Brasil.

- Caso eu quebre o contrato, o que fará comigo?

- Assalto a mão armada, bala perdida, acidente de carro, acidente de avião... A coroa é capaz de ser bem suja e você sabe disso, não é pai?

Aquilo era um tremendo de um blefe e mesmo assim, o velho não havia se dado conta que eu nunca teria estômago para tentar matar alguém, ainda mais alguém da minha própria família. Rainier olhou assustado para mim, tentando ou procurando algum resquício da menina que ele havia criado. Ali, não tinha a Graça de Grace. Ali tinha a Raiva de Rainier.

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