ABRACE A MODERNIDADE

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O que era grandioso para mim? O que as mudanças realmente significavam mim?

Depois de uma semana, Thomas Laurent havia divulgado suas próximas mudanças nos traçados e adereços para as pistas. Aquilo dividia os pilotos, equipes, jornalistas e torcedores. Mas ninguém tinha coragem o suficiente para ditar se Thomas Laurent era Conservador, Liberal, Careta ou Revolucionário.

Thomas Laurent era um gênio. As pessoas mais confusas eram geniais aos olhos de meros mortais. Desde quando a gente para e admira uma pessoa que tenta fazer o básico que outra nunca nem ao menos tentou ou teve coragem para fazer? Balestre era um covarde para tentar mudar traçados de pistas clássicas, era covarde para colocar pneus em um canto, ou limites de pista em outro. Como que ele iria ser como Thomas Laurent mudar a categoria em menos tempo possível?

"Eu sou muito fiel a minha religião!" Disse Thomas, passando as mãos em seu cabelo quase inexistentes na cabeça

"E qual sua religião?"

"A minha consciência. Quanto mais limpa, mais perto do Paraíso eu estou"

Eu e ele conversamos por quase três horas sobre acidentes de carro. Ele havia perdido uma filha e eu, minha mãe. E tudo o que ele queria era ter o poder de evitar os acidentes, mesmo que nos esportes. Ele falou um pouco de sua história de vida, mas mesmo que eu quisesse, deveria observar os outros convidados e fazer companhia. Então me despedi, sabendo que uma hora ou outra, ele me pediria um favor para o próximo Grand Prix.

Caminhei até Ariel que dançava com Charlotte. A menininha de 7 anos era apaixonada por Ari e dizia que se eu não casasse com ele, ela iria casar aos 18 anos com Ariel. Então o francês sempre fazia as vontades da minha sobrinha.

- Charlie, pode ir dançar com o Harry? Quero aproveitar meu namorado um pouquinho

- Mas tia...

- Depois dançamos mais, florzinha... - Ari ajeitou a franjinha de Charlotte. A menininha olhou de forma ciumenta para mim e para ele e saiu correndo

- Acho que é porquê sente falta do pai... - Respondi vendo ela correr para Caroline -...Não deve ser fácil.

- Realmente - Ari colocou a mão nas minhas costas - Quem era aquele que estava com você?

- O novo presidente da FIA.

Ariel ergueu uma sobrancelha

- E pelo visto, é bem amigável - Falei, abraçando Ari de lado - Bem mais que o Balestre.

Ariel sorriu e então lhe dei um beliscão.

- Ai!

- Como assim você tava de conversinha com a Ferrari pra levar Ayrton pra lá? - Dei um sussurro "gritado" - Por quê não me contou que tinha contato desse nível, Ariel?

- Surpresa, mon amour! - Revirei os olhos e então ele se virou por completo pra mim, pegando o meu rosto e olhando nos meus olhos - A McLaren quer dar um pé na bunda dele e ele quer dar um pé na bunda da McLaren, então eu só acelerei o processo para ele ir pra Itália.

- Ele vai morar na Itália agora?

Ariel olhou nos meus olhos e soltou meu rosto lentamente. Senti seu suspiro pesado em meu rosto e aquilo me magoou um pouco. Da mesma forma que minha pergunta poderia ter o magoado.

- Vai sentir falta dele, é?

- Por favor, não começa o show aqui. Mais tarde conversamos sobre isso, Ari.

Ele pegou um whisky na mesa e o tomou, saindo de perto de mim e indo em direção para fora, para o jardim.

Ariel era um homem compreensivo até demais. Beirava a mansidade comigo. Porém, quando encasquetava que eu podia deixá-lo por qualquer um, ele movia montanhas para que aquela pessoa tivesse o melhor destino possível: longe de mim. E pelo visto, mesmo eu vendo Ayrton no máximo três vezes por ano desde o problema judiciário da FIA, Ariel havia mandado Ayrton para a Itália.

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