um.

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Farewell miss I know that you can care less
But I'm sorry for everything I was careless

⭐ caroline ⭐

"Porque é que não lavaste a mérda da loiça como eu te pedi?"

"Já disse que lavava a loiça quando chegasse a casa, agora estou atrasada para ir para a escola!" gritei, enervada com o rumo que aquela conversa estava a ter.

"Mas se eu te mandei fazer isso agora é porque é para fazeres agora, ou és demasiado burra para entenderes o que eu te disse?" o meu pai disse, com a cara num tom vermelho e com as veias do seu pescoço a se mostrarem demasiado evidentes.

"Parece que sou, e o culpado és tu: foste tu que tu fizeste esta criatura burra!"

Ele aproximou-se de mim com uma expressão zangada, daquelas que eu já estou habituada a ver, e levantou a sua mão direita em sinal de procura de respeito da minha parte.

"A sério, vais-me bater? Muito homem da tua parte." argumentei e ele decidiu reconsiderar as suas ações e baixou o braço.

Ele nunca me tinha batido ou feito alguma agressão de qualquer género que me fizesse odiá-lo, mas a sua angústia contra a outra mulher da casa era tão evidente que isso se tinha transferido para mim.

"Tu não me faltas assim ao respeito ao teu pai, Caroline, porque se não quem grita contigo sou eu!" a minha mãe aparece na sala durante a discussão, e eu só tenho vontade de rir.

Era desta mulher que eu estava a falar.

"Vocês só estão do mesmo lado quando é para reclamar comigo, de resto estão sempre a gritar um com o outro, sim senhora, que casamento saudável" a ironia estava muito presente no meu discurso, e estava a chateá-los ainda mais.

"Caroline, não te admito!" o meu pai gritou.

Eu decidi deixar de responder na mesma letra e simplesmente esquecer que os meus progenitores existiam. Ultimamente, essa tem sido a única solução para manter a minha cabeça no sítio. Com isto dito, encolhi os ombros e peguei na minha mochila, saindo de casa. Atrás de mim ainda podia ouvir insultos como "a estúpida da rapariga é tua filha, portanto tu é que tens de resolver esta má-educação", que rapidamente deixaram de ser insultos sobre mim e passaram a ser sobre eles os dois, um contra o outro.

Típico.

*

Obviamente, não estava de bom humor quando saí de casa, e a rita percebeu isso no momento em que cheguei à escola, mesmo estando com a cara enfiada no ecrã do telemóvel, provavelmente a falar com o Harry.

"Os teus pais outra vez?" perguntou

"Humhum..."

"O que é que não fizeste desta vez?" ela olhou para mim com um ar que eu muito lhe conhecia devido à quantidade de vezes que ela já me fez essa pergunta. "Respiraste para cima deles?"

O olhar era uma mistura entre pena e raiva aos meus pais. por alguma razão ela é a minha melhor amiga.

"Não lavei a loiça" respondi-lhe e consegui rir um bocadinho, apesar do mau humor que me rodeava.

"Epah, devias de ir para a prisão, isso é um crime gravíssimo" ela enfatizou a palavra "prisão", para tornar o comentário mais sarcástico.

"Pois, ao que parece os meus pais concordam"

Ela só olhou para mim e suspirou, uma mania muito comum nela. "Tu ja sabes que se pudesses vir viver para minha casa, que virias já hoje, mas é dificil comigo ainda a viver com os meus pais, e a minha irmã--"

"Eu sei, não te estou a pedir nada e eu sei que farias tudo o que pudesses mas eu estou bem, o que eles dizem não me afeta"

"Não digas mentiras, é óbvio que tem de te custar ouvir aquelas barbaridades! Porque é que não arranjas uma casa só para ti? Fizeste dezoito anos há dois meses, já estás no teu direito" já estava aborrecida com aquela situação, tinha de tentar falar de outra coisa.

"Olha, podemos mudar de assunto por favor? Farta dos meus pais estou eu, não preciso de vir para a escola para continuar a pensar nesse assunto. Então...como é que está o Hazza?"

Ela mandou-me um último olhar desaprovador antes de começar a falar do seu namorado e da injustiça que era a distância que os separava. Enquanto a ouvia a contar-me tudo o que falou com o harry ao telemóvel este fim-de-semana, senti o meu telemóvel a vibrar com uma nova mensagem.

clifford: tu e eu, hoje, minha casa, vais conhecer o calum.

Olhei para o ecrã com um sorriso na cara, algo nada normal para o meu estado de espírito. Decidi responder.

eu: finalmente contou aos pais?

clifford: sim, e eu não quero parecer uma adolescente com o pito aos saltos, mas AAAAAAAAAAAAAAAAAAH OMG ESTOU TÃO FELIZ.

clifford: eww, isto soou tão gay.

eu: oh well, combina com o cabelo.

clifford: essa doeu.

eu: oh sorry not sorry.

"Estás a falar com quem?" perguntou a rita, curiosa.

"Com o Michael." respondi, com um sorriso na cara.

"Mas o que é que esse rapaz tem de interessante para agora estares sempre a falar com ele?"

"Olha, em primeiro lugar salvou-me de ser atacada por um bêbedo que utiliza pick up lines demasiado foleiras, e depois deu-me um churro. o que é que há para não gostar?"

Ela olhou para mim com o nariz torcido mas continuou a nossa conversa. "Isso quer dizer que já esqueceste o outro paneleiro?"

Digamos que a rapariga falou alto o suficiente para que todos os que se encontraravam à nossa volta pudessem ouvir o que ela disse, e isso fez-me ficar um pouco desconfortável. A minha sorte foi que a campainha tocou, "obrigando-nos" a sair do meio dos olhares trocistas.

"E falares mais baixo, não? A Austrália inteira nao precisa de ouvir a tua linda voz!" respondi, tentanto mudar o assunto para algo que não envolvesse o rapaz.

"Não me respondeste a pergunta: já esqueceste aquele cabaz de cornos ou ainda não?"

A expressão utilizada fez-me rir, mas o ar sério da minha melhor amiga fez-me voltar ao normal, pois sabia que a conversa não ia mudar até eu lhe responder a pergunta.

"Ele não é um paneleiro, porque isso é uma ofensa aos paneleiros. Aliás, o michael é gay, para que saibas, portanto não esqueci o cabaz de cornos por causa do clifford, esqueci-o porque já não o vejo há séculos e tenho coisas muito mais interessantes para fazer na vida do que ter saudades de alguém que não tem saudades minhas."

Terminei o meu pequeno discurso e respirei fundo. Continuava a ser difícil falar dele, por muito que eu tentasse negar, e não me fazia bem voltar a relembrar memórias e desilusões porque já tinha passado essa fase da minha vida à frente.

Estava já a entrar na sala de aula quando recebi uma mensagem, provavelmente do clifford. Abri a aplicação rapidamente, pois já devia de me ter sentado, e reparei que a mensagem não era do rapaz que eu estava à espera mas sim daquele que eu menos queria saber.

ashton: precisamos de falar, bebé.

Será que, afinal, teria mesmo passado essa fase à frente?

harmless fun? ♠ l.hOnde as histórias ganham vida. Descobre agora