catorze.

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You're hard headed a sharp headache

⭐ caroline ⭐

Nunca fui atropelada por um camião, no entanto sentia que a sensação que despertou comigo se aproximava a essa realidade. Enxaqueca insuportável, dores nas pernas e braços, e sobretudo uma fome incrível.

Levantei-me sem qualquer roupa vestida, jurei a mim própria que nunca mais iria beber e olhei para o meu vizinho irritante que se encontrava a dormir de barriga para baixo, e completamente nu igualmente. Procurei as minhas cuecas no meio do chão e encontrei imediatamente a sua camisola dos blink-182, que vesti sem pensar duas vezes.

Procurei na cozinha algo para comer e desiludi-me com a quantidade de comida que encontrei. Ele precisava mesmo de ir às compras. O gato da noite anterior roçou na minha perna e miou a pedir comida, então passei um olhar pela cozinha e encontrei o seu saco de alimento. Não lhe pus muito porque não sabia a quantidade necessária, mas o animal pareceu ficar satisfeito.

Acabei por apenas beber um copo de água, porque não encontrei café e peguei no último par de bolachas que estava no armário. Apanhei o susto da minha vida ao sentir umas mãos na minha cintura e um sussurro no meu ouvido

"O que é que há para comer?" perguntou o loiro que partilhou a cama comigo ainda há uns minutos atrás.

Virei-me para ele e fiz uma cara chateada.

"Aparentemente, nada, nem sequer café. E tu não me voltes a fazer isso, morro de coração!" reclamei.

"Acho que me esqueci de ir às compras, ups. E tu ficas demasiado bem com a minha camisola para morreres de coração."

Corei com o seu quase-elogio e ele abriu uma gaveta que eu não sabia da existência, tirando de lá café solúvel.

"É o que se arranja, queres café com leite?" acenei "Boa, então faz."

Um sorriso matreiro saiu dos seus lábios e ia correr atrás dele mas a minha dor de cabeça lembrou-me de que estava de ressaca.

"Estou a brincar!" disse ele, ao ver o meu estado "Vai-te deitar na minha cama que eu levo-to..." depois acrescentou "com ou sem açúcar?"

"Com, por favor. Obrigada já agora." sorri outra vez.

Tomei uma aspirina e esperei pacientemente pela minha cafeína que tanta falta me estava a fazer. Uns minutos mais tarde volta ele com duas canecas e bolachas que eu também ainda não tinha encontrado quando estive à procura. O Luke sentou-se ao meu lado e senti-o a olhar para mim enquanto eu bebia o meu café tão merecido e necessário. Uma pergunta andava a pairar sob a minha cabeça, e eu tinha cada vez mais vontade de lhe perguntar para tentar saber a resposta.

"Luke?" perguntei, um pouco a medo, e ele acenou com a cabeça de forma a dar-me permissão para continuar "Porque é que reagiste daquela forma, ficaste tão chateado quando eu contei o que se tinha passado com os meus pais?"

Ele respirou fundo mas disse normalmente "Fiquei chateado porque ninguém devia de ser tratado daquela forma por não pertence ao mesmo sangue, ninguém deve de ser magoado de nenhuma forma por motivo algum, é só isso. Família é suposto ser sinónimo de amor, não de ódio. Se não queriam uma filha adotada, não a tivessem adotado, peço desculpa mas penso assim."

Eu engoli em seco e desabafei "Eles não eram deste modo antes da minha avó morrer, algo os fez mudar depois disso, se calhar uma parte deles morreu com ela, tal como uma grande parte minha ficou com a alma dela."

"Isso não os desculpa!" defendeu-me de forma preocupada o dono da camisola que eu ainda estava a usar naquele momento.

"Pois não, mas a verdade é que o momento de viragem se deu aí...." continuei "...mas não me parece que não concordares com tais atitudes seja a única razão pela qual ficaste tão chateado, passa-se algo do género com a tua família?"

harmless fun? ♠ l.hWhere stories live. Discover now