dez.

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I wrote you the other day and you didn't write back!
It's like that!? after all the crap we been through!?

⭐ caroline ⭐

A minha primeira reação foi rir-me. Rir-me como penso que nunca me ri, uma mistura de raiva, tristeza e incompreensão que me levaram não a deitar lágrimas, mas sim a gargalhar que nem uma maluca. O ar dos meus pais (deveria de lhes passar a chamar Sr. e Sra. Keating?) era impagável, julgo que eles também não estavam à espera que eu tivesse aquela reação.

"Bem, isso explica muita coisa, honestamente, e também me faz ter a esperança de não me tornar nos monstros que vocês são porque se o mal estiver no sangue, eu não tenho hipóteses de sofrer disso."

Decidi que naquela altura não queria respostas, não queria discutir mais nem sequer queria olhar-lhes nos olhos, só queria mesmo era sair daquela casa portanto peguei na mala que já tinha feito com todos os meus pertences mais importantes e dirigi-me à saída. Por um segundo vi um pouco de arrependimento na expressão da minha "mãe" mas não a vi a pronunciar-se sobre nada desde que eu comecei aquele quase monólogo com eles.

Pelo contrário, o Sr. Keating parecia ter algo de muito importante a dizer pois olhou-me mais uma vez com aquela expressão fria e debitou as palavras que encerravam tudo.

"Se saires desta porta com essa mala, deixas de ter quaisquer ajudas da nossa parte, não levas nem um cêntimo e evitas vir mais tarde ter connosco arrependida."

Eu respirei fundo e tentei forçar um sorriso.

"A única da qual me arrependo é não ter saído desta casa mais cedo, fiquem bem que eu também vou ficar"

E saí porta fora, com a sensação de que seria a última vez que pisava o chão daquela casa.

*

Não tinha vontade nenhuma de chorar, pelo contrário, tudo o que eu queria fazer era rir e rir até já não aguentar das bochechas. Mas depois lembrei-me que tinha de ser prática porque tinha algumas coisas a fazer antes de poder voltar a pensar em tudo o que aconteceu naqueles minutos. Dirigi-me ao multibanco e levantei a quantia máxima diária possível, e juntei-a a todo o dinheiro que tinha no meu mealheiro em casa. Na totalidade, tinha dinheiro suficiente para me aguentar por uns quatro meses sem ter de arranjar imediatamente um emprego.

Nunca fui muito adepta de cartões de débito, sempre preferi guardar o dinheiro em casa, o que se tornava mais perigoso por poder ser roubada mas que me deu muito jeito naquele momento pois os adultos que tomaram conta de mim poderiam muito bem congelar a minha conta dado que ainda estava associada à deles. No entanto, eu consegui retirar quase o montante total que ainda estava na minha conta.

Com isto tratado lembrei-me que tinha de arranjar um apartamento para mim, mas isso não era algo que se fizesse de um momento para o outro e eu precisava de dormir em algum lado. O meu cérebro já está de certa forma viciado porque a primeira pessoa em quem pensa é o Ashton mas desta vez não vou ceder, não posso tê-lo como mais um problema na minha vida, tenho suficientes já.

Portanto decido aceitar a proposta do Michael e ir viver lá para casa, pelo menos até arranjar um apartamento só para mim pois não o quero estar a incomodar.

"Deixa de ser parva Keating, tu não me vais incomodar, até me fazes um favor ao pagar metade da renda!" exclamou ele quando lhe contei os meus planos "Ficas aqui o tempo que quiseres e precisares, só se vires que não te sentes bem cá é que procuras por um apartamento para ti."

Ele até que me convenceu facilmente. Senti o meu bolso a vibrar e pedi por tudo para não ser mais uma mensagem do Ashton, porque eu não sei quanto mais tempo aguento sem lhe resistir. Mas afinal era o Luke.

lukey: acabei de te ver entrar aqui no prédio com uma mala quase maior do que tu, está tudo bem? tens andado a ignorar as minhas mensagens, estou preocupado contigo babe xx

Rolei os olhos ao ler o nome babe na mensagem mas, de modo geral, foi simpático da parte dele ter mandado aquele sms e sim, tenho-o andado a ignorar assim como à Rita. E decidi que antes de contar as "grandes notícias" a alguém, devia de contar primeiro à minha melhor amiga, portanto mandei uma breve mensagem ao Luke a dizer que estava tudo bem comigo e a pedir desculpas por não ter respondido a nada do que ele mandava, e que depois falava com ele.

O Michael estava a olhar para mim com uma cara de quem queria explicações acerca do que aconteceu mas eu impedi-o de falar.

"Posso ir por as coisas no quarto que me vais arrendar? A seguir já falamos, tenho de fazer uma coisa primeiro" disse-lhe

"Claro que podes, e enquanto aqui estiveres já sabes que o quarto é teu. Vai lá que eu vou preparando o chá para os dois."

harmless fun? ♠ l.hOnde histórias criam vida. Descubra agora