onze.

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I can't believe you! I know I fucked up!
But look within you and find some love and stop being stuck up!

⭐ caroline ⭐

Pousei a minha mala num canto do quarto e abri-a para me poder distrair um pouco enquanto a Rita não me atendia o telemóvel. No entanto não aprofundei muito a arrumação porque ela atendeu ao terceiro toque.

"Olha sua filha da púta é bom que tenhas uma boa explicação para teres andado a faltar à escola e não me teres respondido às mensagens que te envio, estava mais do que preocupada contigo!" reclamou logo que a chamada foi iniciada, não me dando tempo sequer de respirar "Quase que estive para ir a tua casa, mas se encontrasse os teus pais não sei o que era capaz de lhes dizer...o que é que se passou?"

Eu comecei a fungar incrivelmente alto depois de ela me perguntar isto, o que encerrava então o meu período de aceitação da notícia com risos.

"Eu até que concordava que sou uma filha da púta, mas eu não sei quem a minha mãe biológica é!"

E aí comecei mesmo a chorar, não lhe permitindo dizer nada durante uns 5 minutos, pelo menos até me acalmar.

"Estás a dizer...estás a dizer que és adotada?" perguntou-me muito calmamente e a medo.

"Segundo os meus pais não sou filha biológica deles portanto penso que esse é o raciocínio lógico, de que sou adotada."

Estou a descarregar na minha melhor amiga e nem sei porquê, quando me apercebo disso respiro fundo e peço-lhe desculpas.

"Isto foi tudo tão repentino, a minha cabeça ainda está uma confusão e eu ainda não sei como lidar com isto...a minha vida toda foi uma mentira, aquele ódio todo era apenas porque eu não pertencia ao seu sangue, isto faz algum sentido?" perguntei desesperada.

Fez-se uma longa pausa do outro lado da linha.

"Não, não faz sentido absolutamente nenhum...oh querida, eu lamento imenso, o que é que tu fizeste depois dessas noticias?"

"Peguei em tudo o que precisava, e mudei-me para a casa do Michael."

"Daquele rapaz que conheceste há pouco mais do que um mês? Carol, achas que isso é seguro, ele é assim tão de confiança?"

As dúvidas da Rita ainda mais me estavam a enervar mas não queria começar uma discussão. "Sim, confia em mim ele é 100% de confiança. Por falar nisso, ele deve de precisar da minha ajuda ali na cozinha portanto eu depois ligo-te ok?"

"Está bem, mas promete-me apenas uma coisa, pode ser? Promete-me que não vais desistir da escola, estás tão perto de acabar o secundário, já só faltam duas semanas para acabarem as aulas e depois os exames, depois disso vês se queres ir para a faculdade ou não, ok? Não quero que sejas prejudicada pelos problemas que tens vindo a ter!" disse honestamente e eu considerei o seu pedido.

"Sim, tens razão." concordei "Na segunda volto para a escola, fica descansada. E obrigada por te procurares tanto comigo..."

"É para isso que eu cá estou!"

*

Limpei as lágrimas da minha cara o mais que eu pude e respirei fundo pela milionésima vez naquele dia. Só depois disso é que saí daquele que agora era o meu quarto e fui em direção à sala.

"Queres bolachinhas?"

Quem me fez esta pergunta não foi o Michael, foi o Calum, o que me fez saltar de susto pois não estava à espera de ouvir aquela voz naquele momento.

"Ahh sim pode ser, obrigada?" respondi ainda surpreendida.

"Desculpa, o Calum já estava para passar por cá hoje, espero que não te importes." disse-me o Michael com um pouco de culpa na cara.

Num dia normal não me importaria de ver o Calum, principalmente porque ele é um dos rapazes mais queridos que eu alguma vez conheci, no entanto eu estava num estado lastimável causado pelos acontecimentos recentes. Mas por outro lado o Calum saberia da história mais cedo ou mais tarde por ser o namorado do meu novo colega de casa, portanto decidi que mais valia ele ficar a saber também. Algo nele me fazia sentir que ele era de confiança, tal como o Michael.

"Não faz mal nenhum." respondi "Gosto sempre de ver o Calum, e além do mais esta casa é tua, trazes cá para dentro quem quiseres!"

"A casa é nossa, já te disse! Mas olha que o Calum não é o único que c--"

Naquele momento, o som de um autoclismo ouviu-se pela casa, saindo da casa de banho um rapaz de cabelo loiro e despenteado.

Oh boa, já cá faltava o Luke.

No entanto ele merecia uma explicação, e já me viu em condições piores às que me encontrava naquele momento portanto pensei que era mais fácil explicar o que é que se tinha passado apenas uma vez em vez de ter de explicar 3 vezes.

"Olá babe!" disse-me o Luke "Tinhas saudades minhas?"

"Estava desesperada por te ver, já não pensava noutra coisa!" rolei os olhos mas sorri levemente e dei-lhe um beijo na bochecha.

"PDA aqui não se faz favor porque se formos nós a fazê-lo já sei que vão reclamar! Agora venham lá beber o chá que isto está a arrefecer..." comentou o Michael, com um sorriso na cara.

Sentamo-nos todos no sofá e um silêncio constrangedor caiu sobre nós. A televisão estava desligada e eu sabia perfeitamente que todos eles queriam saber o que se tinha passado, até mesmo o Calum.

"Queres que eu saia para poderes desabafar com eles? Eu não me importo e compreendo perfeitamente Caroline!" disse o Calum.

"Não, não, a sério, podes ficar aqui claro, só estou a tentar arranjar uma forma de dizer isto sem...sem começar a chorar ou algo assim..." inspirei e fiquei a olhar para a televisão desligada para me poder concentrar em algo.

Então contei-lhes a história que contei à Rita anteriormente, mas tive de contar a forma como os meus "pais" me tratavam anteriormente pois, aparte do Michael, eles não tinham a noção pelo que eu passava.

"Portanto hoje fiquei a saber que o Sr. e a Sra. Keating me têm uma grande indiferença porque não partilho o mesmo sangue que eles..." sorri "...porque sou adotada. mas acreditem que a história não fica por aqui, eles não se livram tão facilmente de mim."

O Michael e o Calum tiveram reações semelhantes: pena. Mas não o Luke. As suas mãos estavam contraídas e com as veias todas salientes e o que eu via no seu rosto era...raiva?

harmless fun? ♠ l.hOnde as histórias ganham vida. Descobre agora