Capítulo 14: Detenção

Start from the beginning
                                    

O diretor se levantou da mesa com uma fúria assustadora. Andou de um lado para o outro, ajeitando seu paletó inquieto.

— O botão não se apertou sozinho, então se foi um de vocês, fale logo, senão, todos ficaram em detenção por três dias — Avisou, batendo sua mão na mesa.

— Três dias? Está de brincadeira? Qual é o seu problema com a gente? — Paulo se altera, perdendo o controle.

— Quatro — O diretor solta um sorriso convencido — Mais alguém quer protestar? — Seu olhar era desafiador.

Negamos, vencidos e cansados. Não era fácil relutar com alguém com mais poder que nós e que estava abusando disso.

— Isso é muito injusto — Oliver comenta, descendo as escadas.

— Sabemos — Violeta suspira, abraçando os próprios braços.

— Com certeza aquele sinal tocou sozinho e o diretor não queria assumir que a escola ainda tem falhas — Priscila conclui.

Nos separamos na esquina da escola. Cada um foi pra sua casa. Tristes por cumprir uma "pena" sem ser culpado e pensativos por ter que explicar o que aconteceu aos pais.

P.O.V: Arthur

Definitivamente, a minha vida já não é mais a mesma. Ficar de detenção depois das aulas é o cúmulo do tédio, principalmente quando o Roger decide ler o seu livro "Como ser um diretor amado". Ele é o diretor mais odiado nessa cidade e até os outros diretores e professores concordam.

— Chegou a hora do meu lanche da tarde. — Ele se levanta — Não façam barulho e não saem da sala... Vou trancar a porta só por precaução — Ele a fecha, gargalhando assustadoramente.

— Só eu acho que esse cara é maluco? — Priscila pergunta, se levantando e se sentando na grande mesa.

— Ele nos trancou nessa sala... Quem faz isso? — Ingrid questiona, retórica, revirando os olhos.

Ainda eram meio dia e cinquenta. O diretor não deu as caras aqui durante um bom tempo.

— Vamos fazer alguma coisa, já estou entediada — Violeta pede, bufando.

— Oh Esquentadinha, não tem nada o que fazer, estamos trancados dentro de uma sala — Oliver chama sua atenção.

Ela revira os olhos em descontentamento e começa a resmungar pra si mesma.

Ingrid se levanta em silêncio, sem dar satisfação a ninguém, e se aproxima da estante de livros que ali havia. A mesma passara seus dedos pelas laterais dos livros e algumas vezes sorria sem motivo.

— Ela pode estar de costas, mas as amigas dela estão na sua frente e pode muito bem ver o que está fazendo — Paulo se inclina e cochicha perto do meu ouvido.

Desvio o meu olhar ao perceber que estava prestando atenção demais na loira.

— O que você está fazendo? — Oliver indaga, confuso.

— Procurando livros para ler — Responde, dando de ombros — Ih, achei um jogo de tabuleiro.

Ela se aproxima segurando em suas mãos um jogo de tabuleiro. A caixa era azul escuro e reluzente. Continha várias cartas diferentes, pinos e dados.

— Então vamos jogar — Priscila desce da mesa, com um sorriso deslumbrante.

Ingrid lê o manual de instruções com cuidado para não causar confusão. Praticamente tínhamos que jogar os dados, mover os pinos coloridos, ganhar ou perder moedas de plástico que continham seus valores no jogo, ficar uma jogada sem jogar, cair em desafios ou comprar desafios para desafiar alguém no mesmo instante ou esperar para desafiar quando cair na "casa dos desafios livres".

— Quem começa? — Pergunta Ingrid ao terminar de ler.

— Eu — Paulo se oferece.

Nos sentamos no chão, escolhemos os pinos e começamos a nos aventurar pelo mundo de "Reino dos Desafios". Um jogo de tabuleiro aparentemente muito divertido e diferente.

— Uhull, vou comprar um desafio — Ingrid comemora — O desafio é: Dê polichinelos até chegar a sua vez de jogar.

Ela ficou pensativa ou talvez em dúvida de quem ela iria escolher para cumprir esse desafio.

— Paulo — Ela escolheu, sorrindo com a indignação do mesmo.

Depois de várias partidas, vários desafios cumpridos, e o resultado de quem foi nomeado a "rei ou rainha" do jogo, ou seja, o ganhador ou ganhadora, nosso período da detenção acabou.

— Eu achei que o dia seria péssimo, mas até que os meninos não foram tão chatos e insuportáveis — Violeta comenta, soando provocação.

— Tenho que concordar, vocês não foram tão irritantes e frescurentas — Oliver sorri com a sua "vingança"

— Irritantes e frescurentas? É melhor você correr Oliver Guedes — A mesma se estressa e começa a correr atrás do loirinho.

Priscila e Paulo começam a conversar sobre um assunto inusitado e confuso. Para falar a verdade, eu nem estava prestando atenção, tinha várias mensagens da Leila no meu celular, nem notei que eles já estariam indo embora. Avisto Ingrid finalmente saindo da escola. Ela estava com um sorriso caloroso e seus olhos brilhavam como nunca.

— O que aconteceu? Por que demorou tanto? — Pergunto intrigado.

— Aproveitaram a minha detenção e me deixaram participar da organização do festival de talentos desse ano — Ela diz, saltitante — É que com a detenção, eu vou ficar mais tempo na escola — Explica, ainda tentando se controlar para não dar um grito histérico.

Isso é bem interessante, mas não sei o que é mais intrigante, o fato de aproveitarem a detenção dela ou ela ficar feliz com isso.

— Tá bom senhora felicidade, vamos, te deixo em casa — Digo gesticulando para ela se apressar.

— Agora eu ganhei um guarda costa? — Ela pergunta sem esperar resposta, andando igual a uma criança.

— Não provoca, Rapunzel — Lhe dou um empurrãozinho de leve com o ombro.

Eu estava sorrindo igual a um bobo. A observando falar sobre o festival, totalmente entusiasmada, de uma maneira que nunca a vi ficar. Estar com ela é tão fácil e ao mesmo tempo tão difícil.

Continua...

Gostou? Dê estrelas, comente e me siga para conhecer mais e mais estórias divertidas e emocionantes! Não perca esse mundo novo e aleatório! Meus beijos e corações 💕 Obrigada por ter chegado até aqui!

Vida Adolescente Where stories live. Discover now