Capítulo 9: Sequestro

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NO CAPÍTULO ANTERIOR:

{— Você vai mesmo no Fly & Roll espionar sua mãe? — Oli questiona com um ar preocupado
— Pedi para Ingrid me ajudar, ela deve saber alguma coisa sobre o chefe dela — Respondo com desdém, dando de ombros.
— Me responde uma coisa: Por que parece tanto que você gosta dela? — Pergunta com olhar desconfiado. }

{— Esse garoto está demorando demais — A escuto reclamar pra si mesma.
— Foi mal aí — Me desculpo a vendo pular de onde estava, tremendo.}

{Em um minuto eu estava no camarim, e em outro minuto eu estava em uma sala desconhecida.
— Que sala é essa? — Pergunto curioso}

{— Ele está enganando a minha mãe — Cochicho pra mim mesmo, ainda abismado.

— Ele está enganando todo mundo — Corrige, se virando em minha direção e mostrando uma ficha amassada.}

P.O.V: Ingrid

O desespero era incalculável naquela sala. Ainda estávamos amarrados e amordaçados em um canto da sala. Já tínhamos perdido todas as forças para pedir ajuda, não importava o quanto tentavamos gritar, ninguém escutava por conta do barulho da banda e da chuva, e se escutava, provavelmente achava que estava louco.
Depois de um tempo tentando nos desfazer da fita que tinha na nossa boca, finalmente conseguimos.

— Me desculpa por brigar com você quando me chamou pra isso — Peço desculpas ainda ofegante, com o coração acelerado e veias pulsando.

— Me desculpa por ter te chamado pra isso — Ele também se desculpa, com respiração cansada pelo esforço que fez a alguns minutos atrás.

O nosso silêncio pairava por aquele lugar escuro. Mesmo ele amarrado de costas para mim, eu sentia o arrependimento em sua voz e podia imaginar sua expressão preocupada. Meus pensamentos e sentimentos estavam tão confusos que se tornavam complexos demais para entender, mas eu precisava liberar as sensações que eu sentia e em menos de minutos eu comecei a rir.

— Do que você está rindo Ingrid? — Ele pergunta estranhando a minha atitude.

Não o culpo por isso, até eu estranharia, afinal nós estávamos presos e correndo perigo.

— Nós vamos morrer — Suspiro em meio a risos baixos.

Em instantes o mesmo me acompanhou sem nem saber o porquê. Estávamos ele e eu rindo como bobos, um riso claramente desesperador.

— Só temos quatorze anos — Começa — E vamos morrer porque decidi me intrometer na vida amorosa da minha mãe — Conclui ainda rindo da situação.

— Mas pelo menos você estava certo. — O reconforto, mesmo achando que isso deve não ter ajudado muito.

P.O.V: Arthur

Passamos muito tempo na sala secreta do Fly & Roll. Tentamos conversar ou rir da infeliz situação, mas não foi o suficiente para nos acalmar.

— Arthur... — Ingrid me chama depois de um silêncio agoniante.

— O que foi?

— E se ligarmos para os nossos amigos e pedir ajuda? — Sugere me fazendo olhar para a direção em que ela ficara totalmente focada.

Nossos celulares estavam em uma mesa não muito longe do canto em que estávamos.
Em menos de minutos, nós nos arrastamos até a mesa lutamos contra nosso próprio equilíbrio para que pudéssemos ficar em pé. Ingrid tinha que ser rápida e ligar para qualquer uma de suas amigas que provavelmente estaria acordada a essa hora.

— Ingrid? O que foi? Tinha que ligar agora? — Uma voz sonolenta é escutada por nós.

— Julian não é o Julian! — A loira começa a falar desesperada — Estamos trancados numa sala secreta do Fly & Roll e o falso Julian quer ir para Corsart depois de roubar a Sra Ivone — Continua quase perdendo o ar, falando rapidamente.

— Espera aí! Entendi nada — A mesma berra do outro lado da linha.

— Presta atenção Violeta! Estamos trancados e minha mãe vai ser roubada pelo irmão gêmeo do Julian! Corsart! Ele vai para Corsart! — Falo alto e rude o suficiente para a mesma reclamar do outro lado da linha.

Desligamos o celular e nos sentamos novamente no chão, dando tempo o suficiente para o golpista entrar na sala.

— Sua mãe fala tanto de seu único filho que me fez refletir... Por que vou esperar ela assinar algo pra mim se eu posso somente pedir um resgate? — Sua voz rouca e maliciosa nos amedrontava ainda mais — Quanto você acha que sua mãe pagaria para ter o filho dela de volta?

Ele se ajoelhou e fixou seus olhos nos meus, e eu nos dele.

— Vida vale muito — Sussurra — E aposto que até me ajudaria nesse sequestro.

— Por que acha que eu te ajudaria seu vigarista? — Pergunto com raiva nos olhos.

Ele olha para um de seus capangas que estava no local e começa a gargalhar como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.

— Falei pra sua mãe que eu iria no banheiro e a deixei esperando para poder levá-la para um passeio em um campo estrelado — Ele se levanta e faz um sinal para o grandalhão do nosso lado — E você vai ligar pra ela, dizer que precisa dela urgente e se ela questionar, dizer que a vizinha foi uma incompetente.

— Eu não vou fazer isso — Protesto irritado, com o coração já acelerando.

Seu comparsa se aproxima, abaixando-se do nosso lado e desamarrando nossos pés lentamente.

— Ah você vai sim — Ele diz ajeitando a manga da camisa — Vai fazer tudo o que eu disser para sua garota não sair machucada — Suas últimas palavras me fez estremecer, me fazendo pensar em tudo que poderia acontecer com ela por minha culpa.

O capanga apontou uma arma direto para Ingrid a fazendo entrelaçar seus dedos nos meus totalmente amedrontada. Seus dedos estavam congelando.

— Hora de ligar para a mamãe — Seu sorriso era asqueroso e seus olhos queimavam os meus. Eu sabia que odiava esse homem.

Eu não sabia como reagir ou se tinha jeito de reagir, a única coisa que eu pensava era em fazer tudo o que ele quisesse para que aquele grandalhão tirasse o revólver de perto dela e ela parecesse menos amedrontada.
Já me sinto culpado por tê-la metido nessa roubada, mas se algo de ruim acontecesse com ela, eu não me perdoaria...

Continua...

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