48. Point Of View Maven Calore

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Eu não tinha mais o que fazer alí, mas eu não queria ir pra casa. Também estava com sono, mas não queria dormir. Mal podia me equilibrar normalmente, mas eu me sentia morto demais para estar bêbado.

Mare continuava lá, e isso me desesperava. Mas eu não queria que ela fosse embora.

Eu ainda tentava entender o que havia acontecido minutos atrás. Talvez fosse por causa da bebida, que parecia sumir do meu organismos aos poucos. Não foi algo planejado, e eu ainda iria formular como me sentia em relação a isso. Mais tarde, quando eu estivesse em minha cama repassando tudo com cuidado.

Se eu não entendia, imagina Mare.

Ela provavelmente não queria ouvir aquilo, mas eu não aguentava mais. Um pedido de desculpas teria sido suficiente — suficiente para ela poder voltar a olhar em minha cara —, mas então eu soltei tudo — ou quase isso.

Olhei para trás, já que ela não estava mais sentada ao meu lado. Seu corpo estava apoiado em seus cotevelos, olhava para o céu e seu peito se mexia calmamente, totalmente serena.

Mare me encarou, e eu desviei o olhar. Não com vergonha, deixei que ela visse que eu a estava observando. Eu só não queria colocar pressão.

Não era para ela ter ido atrás de mim. Pelo menos eu não esperava que ela fosse.

Ela não estava preparada para ouvir tudo que eu havia dito, e eu saí para dar tempo e ela. Para que não me olhasse nos olhos e pedisse desculpas por não conseguir me perdoar.

Ann deveria ter me dito isso, que ela não conseguiria me perdoar.

Mas o que eu esperava? Não deveria ser tão fácil assim. Passei tempo demais pensando em como Mare me odiava enquanto deveria estar pensando como fazer ela parar de me odiar. E bom... Ela nem me odiava.

Voltei a espiá-la por cima do ombro. O que eu deveria fazer? Ela estava alí comigo por conta própria, mesmo não dizendo nada por cima das minhas palavras.

Eu queria me aproximar... Mas não era como no dia do estacionamento. Depois da nossa conversa, qualquer movimento da minha parte podia ser interpretado de maneira completamente errada. E da dela também.

Minha mente viajou por um instante, pensando se teria algo a mais que eu deveria falar — e fosse a hora — para adicionar à declaração da minha derrota, frizar um milhão de vezes o quanto eu precisava — sem querer forçar um perdão — dela e que eu poderia deixar que ela me socasse se fosse nescessário — mesmo não desajando tanto isso.

Achei complicado, então simplesmente me virei para ela e disse:

— Me desculpa por não ter te esperado atrás das cortinas.

Ela encolheu os ombros, sem trocar sua posição.

— Acho que já estou meio acostumada.

Pisquei os olhos rapidamente, raspando a língua nos dentes.

— Isso não é muito legal de se dizer.

Ela franziu o cenho, e em meio segundo estava rindo.

— Bebe mais água — ela ainda achava que eu estava bêbado.

Mare concertou sua postura e então se colocou ao meu lado, seu ombro encostado ao meu.

Abri a segunda garrafa e dei um gole.

— Eu só queria dar um tempo a você.

Ela paralisou um instante, como uma estátua.

— Então... Obrigada.

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