37. Point Of View Maven Calore

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Estava tudo bem. Tudo certo. Tudo bem, mesmo!

Fiz um acordo comigo mesmo de esquecer, ou fingir — no estilo Evangeline — que não havia dito nada a Mare, que noite em que fui entregar seu sutiã nunca aconteceu, que nunca me declarei para ela e que ela nunca havia me pedido para beijá-la.

Talvez tudo pudesse voltar ao normal.

Talvez ela seguisse meu exemplo e esquecesse de tudo também.

Poderíamos voltar a ser amigos?

Eu só queria um pouco de sossego.

E estava dando certo. Tanto que não me preocupei quando no fim de aula Mare estava me esperando no estacionamento, quando descobri que seríamos obrigados a fazer um trabalho juntos e a trouxe para minha casa. Só nos dois... Sozinhos.

E não, eu não imaginei que tudo que aconteceu alí pudesse acontecer naquele momento.

Simplesmente porque não fazia sentido. Não tinha um porquê de Mare ter me beijado — senão apenas lembrar da primeira vez que me beijou —, ou ter se entregado daquele jeito.

Eu não tinha estruturas para suportar aquilo ou lutar contra, e então deixei tudo seguir em frente.

Sua ameaça de simplesmente destruir tudo que tínhamos não podia ser verdadeira, mas mesmo assim não consegui deixar que ela fosse embora na primeira vez. Não com palavras tão duras saindo da sua boca.

Mare queria aquilo, estava me provocando. Mas por que?

Ela nem ao menos me disse o porquê daquilo tudo.

Agi por impulso, e acredito que ela também. Não havia sanidade entre nós quando começamos tirar roupa um do outro e nos jogamos naquela cama.

Nada passava em minha cabeça. Nada sobre mim, sobre ela ou qualquer pessoa. Parecia um grande espaço em branco.

E foi por isso que fiz tudo errado. Não era para ser assim. Eu deveria mostrar a ela como eu a queria e não apenas me deitar com ela.

Mare esteve alí, completamente nua em minhas mãos, jogada em minha cama, embaixo de mim, e, caramba, ela era simplesmente maravilhosa.

Era o que eu deveria ter dito.

Por mais que tivéssemos aproveitado, havia algo errado demais. A pressa, o medo, receio e nossa inconsistência não me permitia colocar todos os sentimentos para fora. Por isso nós só fizemos sexo.

Quando saí de dentro dela, como um gatilho tudo começou a ser digerido em minha cabeça. Eu não conseguia nem abrir meus olhos.

Eu fui um covarde, e eu não poderia negar isso nem para mim mesmo. Eu estava em minha própria casa e mesmo assim fugi de Mare na primeira oportunidade.

Tirei todos os lençóis da cama e saí do quarto. Me tranquei na lavanderia, enfiando os panos sujos na máquina de lavar, implorando para que ela fizesse barulho suficiente para que eu não ouvisse caso Mare me chamasse.

Dessa vez, eu teria que deixar ela ir embora.

Eu não sai dali tão cedo, sem fazer ideia se Mare havia saído ou não da minha casa. Ainda seminu, me sentei no chão, e nem percebi quando havia pegado no sono. Acordei horas depois com minha mãe me batendo na porta. Obviamente Mare já havia saído ali fazia bastante tempo.

Não havia muito o que pensar, não precisava muito. A situação que já era desastrosa (ainda não era triste) acabava que ficar mais desastrosa ainda.

— Maven — Kilorn exclamou, e cada vez que ele falava meu nome, eu prendia a respiração. — Olha só.

Dei atenção a ele, e Kilorn se virou para o pequeno berço ao seu lado. O bebê alí mal se mexia, parecendo pequeno e frágil demais entre suas roupinhas vermelhas. Kilorn levantou o dedo indicador, a criança os seguindo com os enormes olhinhos castanhos escuros, o mais velho pousou o dedo em seu queixo e o bebê sorriu, Kilorn espelhando a reação com empolgação redobrada, como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

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