31. Point Of View Mare Barrow

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Acordei, mas não abri os olhos.

O peso mórbido das minhas próprias vistas me deixava fadigada,  sinalizando que eu deveria dormir mais um pouco. Mas, de algum jeito, eu senti que não deveria. Temi abrir as pálpebras, me preocupando que, qualquer que fosse o lugar onde eu escolhi para descansar, tivesse alguma tipo de luz por perto.

Mexi os membros do corpo, testando os movimentos do meu corpo que parecia cansado de algo. Eu estava em uma cama, senti a textura, mas não parecia a minha.

Meu sentidos funcionavam bem, pois uma das primeiras coisas que espantou foi o gosto horrendo em minha boca totalmente seca.

Continuei tateando o lugar, até sentir meus braços e pernas esbarrarem em um corpo.

Não pode continuar com os olhos fechados e os abri, assustada e curiosa sobre quem jazia ao meu lado enquanto eu dormia. Me lancei para o lado oposto da cama, não caindo por pouco, porém, a dor que senti foi quase pior do que a queda impedida.

Fechei os olhos novamente, desta vez com força. Minha cabeça parecia ser amassada como uma bola de carne. O incômodo só não era maior por conta daquele quarto, totalmente desconhecido, estar completando fechado e preenchido por cortinas grossas, que escondiam quase perfeitamente a luz daquela manhã, e que não seria percebida se não fosse a fina fresta de sol que escapava por uma das janelas.

Então me lembrei que, ao menos, na noite passada, eu estava na casa de Maven.

Olhei para o lado, ansiosa, porque, por um segundo me concentrei demais na dor e no ambiente que me esqueci da pessoa desconhecida que dividia uma cama comigo. Uma onda de alívio percorreu meu corpo quando reconheci a cabeleira rosa e desbotada de Ann, qual se encontrava inerte ao meu lado.

Por que Ann e eu estávamos dormindo juntas e em um lugar que eu nunca havia visto antes?

Lembranças da noite passada me ocorreu, e me lembro do álcool rasgando minha garganta até eu ficar bêbada o suficiente para poder beber em shots na maior tranquilidade. Bêbada. Então mais nada. Eu não acreditava que havia bebido tanto a ponto de esquecer metade de uma noite. Essa, com certeza, não era minha intenção.

Balancei Ann, porque temi que vozes fosse causar piora nas dores de cabeça. A garota gemeu, girou de um lado para o outro e parou virada para mim, com os olhos se abrindo lentamente.

— Cacete — ela sussurrou, com a voz rouca. — Você está horrível.

Abri a boca e franzi o cenho, descrente de tamanha petulância da sua parte.

Olhei para mim mesma, na intenção de me enxergar o desastre que Ann apontava com seus olhos. E finalmente notei que eu não usava roupas que me acompanhavam quando saí de casa. As peças de roupa cobrindo meu corpo agora se resumiam em uma única camiseta larga e masculina.

E a tranquilidade que me tomou quando eu percebi que estava ao lado de Ann, logo se esvaiu. Que merda eu havia feito na noite passada para ter que tirar minhas roupas?

— Onde estão minha roupas? — perguntei, porque, de repente isso ficou mais importante do que saber onde estávamos.

Ann levantou o tronco do corpo, se espreguiçando entre os lençóis, e apontou para o chão. E alí estavam jogadas minhas roupas, amassadas, jogadas ao acaso.

— Eu iria dobrá-las, mas acabei capotando na cama.

— Por que eu tirei minhas roupas?

Ann, com o olhar perdido, soltou uma risada nasal, mexendo o corpo em um único movimento preguiçoso.

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