Eu tinha um espécie de plano...
Até ontem Kilorn era completamente apaixonado por Evangeline, e se tudo acontecesse como ele quisesse, ele a teria nós braços até o fim de semana, mas seria uma merda se isso acontecesse.
Não estava sendo egoísta, não era o receio de perder a amizade de Kilorn... O que me chamava atenção era o fato que Evangeline iria acabar com a saúde mental de Kilorn, assim como fez com qualquer pessoa que se envolveu. Eu prezava pelo bem estar dos meus amigos.
Logo cedo, na terça-feira, tive uma conversa com Kilorn. Foi um breve diálogo já que ele estava mais interessado em sumir com as roupas de Thomas antes da educação física, porém, o que importava é que já se podia ver uma pontinha da linha da esperança, ela achava Mare incrivelmente atraente e com um senso de humor notável, o que só me restava era puxar o resto dessa linha.
O plano era convencer Kilorn que Mare era a garota certa para ela, não Evangeline. E, em relação aos sentimentos de Mare... Eu sabia que ela que ela nutria um tipo de paixão por Kilorn, mas não tão avassaladora o bastante... Coisa que eu também deveria consertar.
- Seu plano é medíocre - falou Íris enquanto eu lhe ajudava a fechar seu sutiã.
- Medíocre é uma palavra muito ofensiva. Eu diria... Modesto - lhe observei colocar sua blusa em uma rapidez apressada e logo vir me ajudar com minha gravata, porque fazia muito tempo que banheiro desativado do primeiro andar já não tinha mais espelhos.
- Não acho que isso vá dar certo - Íris disse enquanto tentava ajeitar seu cabelo no rabo de cavalo que eu havia desmanchando. - Da próxima vez que transarmos, não toque no meu cabelo.
- Você é... Insurportável - com um certo esforço, me deitei nas pias que há muito tempo não caiam uma gota de água.
Ela sorriu.
Eu e Íris nos conhecemos no fim do ano passado, quando eu estava precisando de nota extra em algumas disciplinas e meus professores me indicaram para a gastronomia por alguns meses, lá nos conhecemos e tivemos algo entre tensão sexual e uma amizade sincera, cheia de sarcasmo.
- Eu tenho que ir. A terceira aula já vai começar - ela sorriu para mim e passou a mão pelos cabelos. - Como estou?
- Do mesmo jeito que chegou aqui.
- Linda e maravilhosa?
- Quase isso - ela riu e pegou sua bolsa no chão.
- Vamos?
- Podemos faltar a próxima aula? - sugeri.
- E o que iríamos fazer? Dar um pulinho na piscina do colégio? - ela perguntou, esperando eu me levantar.
- Com roupas ou pelados? - considerei.
Íris se irritou, como se eu não tivesse entendido o seu sarcasmo.
- De jeito nenhum, Maven! Não posso ficar em espanhol de novo.
- Eu posso te ajudar.
- Você é péssimo em espanhol.
- Eso es mentira! - apontei o dedo para ela.
Ela suspirou e bufou.
- Fica aí então - e com urgência, se retirou do banheiro antigo.
Me apressei em acompanhá-la.
- Você não deu sua opinião sobre o que estou planejando - não havia ninguém fora das salas de aula, imaginei que o segundo período ainda estava rolando.
- Já dei sim.
- Mas não terminou - cerrei os olhos assim que passamos pela parte descoberta.
Paramos de andar, ela pareceu pensar, colocou sua mão direita em meu ombro esquerdo e em segundos perguntou:
- Como você sabe que a garota gosta mesmo do seu amigo?
- Heron Welle me falou - respondi e dei de ombros.
- A baixinha ruiva?
Assenti.
- Mas não é só isso - continuei. - Na aula de biologia, a Mare só ficava olhando pro Kilorn. Ela sente algo por ele, vai por mim.
- Eu acho que você deveria deixá-los em paz. Deixa o garoto quebrar a cara, pode ser bom para ele - revirei os olhos e balancei a cabeça - E sobre a garota... Se seu amiguinho não gosta dela, deixa ela sofrer também.
Alguns segundos de silêncio e depois lhe respondi:
- Você é uma péssima conselheira.
- E você vai se dar muito mal como cupido.
- Cupidos são loiros.
- Por isso mesmo - ela sorriu sem mostrar os dentes.
Fomos pegos de surpresa com o sinal que indicava o fim de uma das aulas.
- Tenho mesmo que ir - ela disse.
- Um beijinho de despedida - lhe pedi.
Ela se aproximou rápido e juntou nossos lábios em um selinho.
- Até mais, florzinha - lhe provoquei.
Ela se afastou, mostrou seu dedo do meio e começou a andar. Fiquei parado, apenas admirando à minha amiga tão íntima.
- Vai estudar! - ela exclamou.
E ela sumiu bem a tempo de aquele espaço ser preenchido por outros alunos da NG.
Eu poderia facilmente me apaixonar por Íris, mas ela não deixaria isso acontecer. Ela não é o tipo de pessoa que quer algo concreto ou que as pessoas fique sabendo com quem ela está ou não saindo. Nossos encontros e até nossa amizade eram o nosso segredo.
Quase correndo, entrei no prédio principal e subi as escadas para as salas de aula, procurando por uma pessoa específica. Não sabia qual era sua próxima aula, porém, não foi difícil achá-la, sua cabeleira ruiva se destacava na multidão.
- Elane! - lhe parei, quando ela estava prestes a entrar na sala de química. - Precisamos conversar.
Puxei ela para longe do conjunto de alunos e paramos no meio da escada.
- Você não devia estar em aula agora? - ela perguntou.
- É o segundo dia de aula, podemos faltar quantas aulas quisermos.
- Não podemos não.
- Tá, ok. Espera aí, eu tenho que te contar uma coisa.
- Diga. Rápido. Tenho que estar na aula de química em cinco minutos.
- Resumindo... Temos que encontrar o par perfeito para Kilorn, para Evangeline não ter chances.
- Evangeline não ter chances em algo é quase impossível, mas vamos lá, quem é a garota?
- O nome dela é Mare Barrow, ela gosta dele, ou mais ou menos isso. Temos que convencer a ele que ela é a garota perfeita e convencer a ela que ele é o garoto perfeito.
- E como vamos fazer isso? - Elane parecia considerar a ideia.
- Marquei um encontro com ela na hora do almoço, mas acho que ela não vai, então você vai atrás dela, converse com ela e mostre os atributos de Kilorn.
Elane passou pensou sobre a ideia.
- Por que ela não iria se encontrar com você?
- Acho que ela não vai muito com minha cara - franzi o cenho, pensando no que eu havia feito para ela.
- Impossível, você é um poço de simpatia - Elane falou em ironia.
Soltei uma risada nasal.
- Você vai ou não? - perguntei.
- Ok, eu tô dentro - apertarmos nossas mãos em um acordo. - Evangeline e Kilorn nunca vai acontecer.
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Help-me | Mareven
RandomDesde que se mudou para Sacramento, na Califórnia, Mare não cansou de observar seu novo vizinho loiro e bronzeado da janela do seu quarto, por isso não ficou suspresa quando percebeu que sentia uma certa atração pelo garoto. No entanto, Kilorn, seu...