04. Point Of View Maven Calore

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Quando eu acordei no domingo, não foi por vontade própria. Apesar da casa da minha mãe ser enorme, ela e o meu irmão decidiram discutir em frente a porta do meu quarto.

Fiquei alguns minutos na cama apenas ouvindo o motivo das palavras alteradas, e como sempre esse motivo era o meu pai. Depois que minha mãe e o meu pai haviam se divorciado, os defeitos do meu progenitor era o assunto preferido da minha mãe, até mesmo quando Cal vinha dormir nessa casa ela não conseguia segurar sua língua, e, pelo amor de Deus, meu irmão era o maior puxa-saco do meu pai.

Cal tinha razão, era melhor ele dirigir durante a madrugada até o outro lado da cidade até o apartamento do meu pai para dormir lá.

Levantei, sentido o choque térmico ao tocar o pé quente no piso frio. Não havia me vestido para dormir na noite anterior, apenas tirado os sapatos e me jogado na cama, um erro fatal. Fui até a porta e a abri, Cal já estava quase no fim do corredor de costas para minha mãe.

- Bom dia, família - eu falei, sendo irônico.

- Bom dia, Maven. - minha mãe virou para mim e sorriu. - Tome um banho. Em uma hora estaremos no aeroporto. Seu pai vai nos esperar lá.

Ah droga. Era hoje. Era hoje que Cal mudaria para Princenton para ir pra faculdade.

Eu não havia pensado muito nesse fato nas últimas semanas. Cal e eu sempre fizemos tudo juntos, não como irmãos, mas como melhores amigos, isso mudou um pouco quando Cal começou a namorar com Evangeline, que o queria totalmente pra sí, e no fim, tudo piorou quando meu irmão decidiu que desejava ir para uma das melhores faculdades do país, - que para o meu pai, foi uma das melhores notícias - já que seus estudos se intensificaram ao máximo. Acredito que foi nesse período que me aproximei de Kilorn e dos meus amigos atuais.

Me arrumei com meu corpo tomado pela fadiga e gastei matade do meu tempo no banho gelado, sem tempo nem para comer algo, por isso, quando chegamos no aeroporto eu estava me esforçando para minhas pernas não falharem e eu caísse no chão, porque se isso acontecesse eu iria vomitar e me afogar em meu próprio vômito como em uma sátira de terror.

Com roupas casuais e um sorriso orgulhoso, meu pai nos esperava na entrada do aeroporto. Ele abraçou Cal, e sussurrou algo em seu ouvido que eu fui incapaz de ouvir, na minha vez ele repetiu o ato, perguntou como eu estava e questionou o bem-estar da minha mãe, porque, mesmo que eles estejam a dez passos de distância, ele prefere perguntar isso para mim.

Dentro do aeroporto, enquanto esperávamos Cal ser chamado, meu pais se afastaram no nós, deixando Cal e eu por alguns minutos, o que nos deu a oportunidade de ter uma conversa muito tensa e espontânea para tão cedo da manhã.

- Os últimos meses foram esquisitos - Cal disse, sem que nenhum do nós tivesse tocado em qualquer assunto.

- Como um epílogo do nosso livro - comentei e soltei uma risada nasal.

- E como seria o nome do nosso livro?

- Dois irmãos da pesada.

- Por favor, me diz que você acabou de inventar isso - ele riu e abaixou a cabeça.

- Não! Eu passei madrugadas pensando nesse título.

Nossa gargalhada parmaneceram por alguns segundos e o final se deu em suspiros.

- Foi a Evangeline? - Cal questionou.

- Também.

- Ela gosta de você - Cal balançou a cabeça. - Quando éramos crianças, ela dizia que ela e eu éramos casados e você era nosso filho.

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