44. Point Of View Mare Barrow

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Eu, como irmã mais nova de três irmãos, já dei cobertura para eles em várias em noites de bebedeira. Não era fácil guiar aqueles trogloditas totalmente bêbados pela minha casa na genuína tentativa de não chamar a atenção dos meus pais, mas mesmo assim eu conseguia. E como naquela noite eu não poderia me aproveitar da boa vontade de Maven — que eu já não poderia me entregar assim —, Trammy teria que me pagar todos esses anos de subordinação.

Acho que ele fez um bom trabalho, mal notei como fui parar no meu quarto depois de me deixarem em minha porta. Enfiei o salto alto de volta de armário, da onde eu levaria mais um século para tirá-lo, e então me deitei a com a mesma roupa, suada e completamente imunda, que obviamente eu me arrependi no dia seguinte...

De manhã, eu me arrependi de muitas coisas... E sair de casa foi uma delas.

A dor de cabeça estava lá, o gosto estranho na boca e o corpo exausto também. E enquanto eu me encolhia na cama, fungando como se eu tivesse pegado a maior gripe da história, eu me surpreendi ao perceber que dessa vez eu me lembrava... Me lembranva de tudo o que havia acontecido ou o que havia feito. E puta que pariu, como eu queria não lembrar.

Aparentemente eu não havia bebido tanto quanto na outra vez na casa de Maven, mas isso também não me impedia de fazer merda. E olha que eu nem tava pensando tanto assim no fato de eu ter beijado Evangeline Samos.

Qual era o meu problema? Era só eu ficar bêbada parar começar compartilha saliva por aí?

E por cima de tudo, dar em cima do irmão de Maven. Ele deve ter me achado uma louca... Com certeza ele me achou uma louca.

E mesmo se eu não pudesse me arrepender de ter saído de casa, eu me arrependia de não ter bebido mais, porque, naquele momento tudo que eu queria era ter esquecido aquela noite.

Faltei a escola na manhã seguinte, com uma desculpa de uma doença leve e qualquer para os meus pais. Eu poderia não esquecer de tudo como da primeira vez em que me embebedei, mas a ressaca não deixava de ser pior.

Porém, no dia seguinte, eu teria que voltar a realidade. Voltar a escola, fingir que Maven, Kilorn — e agora  Evangeline — não existiam, responder algumas perguntas curiosas de Ann ou dar atenção a algumas broncas do treinador Davidson.

Eu gostava dos treinos, gostava de fazer parte do time com os outros e estava ansiosa para o meu primeiro jogo — mesmo que o treinador não chegasse a confirmar que eu realmente estaria escalada —, mas era pesado, mais pesado do que eu estava acostumada. Não havia muitas garotas no time, e eu gostava do fato de Davidson não nos tratar como diferente.

— Que seja, Barrow, você está perdoada pela falta de ontem — o treinador completou, ao fim de listar tudo que eu havia perdido no dia anterior. Eu suspirei, aliviada, porque como as coisas andavam, eu poderia ser expulsa do time a qualquer minuto. — Mas só porque convenceu o Calore a ficar no seu lugar.

— Quem?! — me espantei. — Calore? O Maven? Maven Calore?

Ele franziu todo o seu semblante.

— Sim — afirmou, estranhando. — Apesar de ele não ter feito muita coisa... Você deve saber o quanto o garoto é preguiçoso... Além disso ele é melhor rebatendo do que arremessando.

— Maven ficou no meu lugar?

— Sim — o mais velho repetiu. — Mas não precisa se espantar, ele não vai tomar seu lugar no time — e não era por isso que eu estava espantada. — Ele vai tomar o próprio lugar no time.

Quase me engasguei com minha própria saliva.

— Maven vai fazer parte do time? — rapidamente, a postura largada e desinteressada, Davidson assentiu. — Por que?! — perguntei.

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