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Se há algo que dói igual a um coração partido, tanto Taehyung quanto Jeongguk desconheciam nesse momento. Os dois jovens enamorados – porém não juntos – estavam sofrendo, e consequentemente, faziam os amigos de ambos – conhecidos como Min Yoongi e Park Jimin – sofrerem junto.

Duas semanas haviam se passado desde que Jeongguk vira Taehyung na sorveteria, e seu coração não havia se acalmado, nem a chegada de seu amado primo, Jung Hoseok, havia realmente calado a dor que o jovem ômega sentia.  Dor esta, que era como ácido em seu corpo, e só piorava quando via o alfa. Ele queria chorar, gritar, arrancar aquele sentimento que lhe roubava o sono, que fazia com que um mero pedaço de bolo se tornasse intragável, que fazia com que suas músicas, até mesmo às que não falavam sobre amor, lhe soasse como uma declaração.

Jeongguk nunca imaginou que ouvir Nicki Minaj cantando:

"My anaconda don't
My anaconda don't
My anaconda don't want none
Unless you got buns, hon"

Lhe fosse trazer tantas memórias, - memórias de Taehyung fazendo-lhe rir dançando desajeitadamente aquela música, só porque ele, Jeon Jeongguk, estava triste, e o alfa não o queria ver com um semblante assim, por não ter passado no clube de dança.

Mas como toda história, sempre há dois lados, – tanto que se formos perguntar ao Lobo Mau o seu, dificilmente ele seria o vilão, tal qual o ponto de vista da Chapeuzinho Vermelho. Analogias à parte, o que devemos lembrar, é que nem sempre um coração partido, está partido sozinho. O alfa também sofria, pela abstinência do seu amado coelhinho, com a falta do cheiro de Jeongguk, do franzir do seu narizinho quando sorria, Kim Taehyung sofria mais ainda pela falta que os olhinhos cheios de galáxias lhe faziam. Tal qual um bobo, ele amava se perder nos olhos do outro, – se perder não, se encontrar – e ficar horas perdido nas reminiscências de Jeongguk. Cada mínimo detalhe do outro, era emoldurado em seu coração, gravado a fogo em sua alma.

Os amigos de ambos, e até mesmo o primo de Jeongguk, Hoseok, já não aguentavam mais o ar dramático da relação, ou a nuvem cinza que parecia constante ao redor deles, ela chovia demais e os tornava resmungões. Estava mais que na cara que eles se gostavam, então, porque fingiam que não? Porque não ter uma conversa sincera e declarar-se sinceramente?

ㅡ Kim, eu não aguento mais te ver com essa cara de quem bebeu vinagre pensando ser água – Yoongi disse ao amigo, ao vê-lo olhando Jeongguk e Hoseok caminhando juntos pelo corredor. ㅡ Jeongguk não fez nada, então, porque você se afastou?

Taehyung olhou para o amigo e desviou o olhar, nem ele mesmo se entendia, não entendia bem o motivo de seu interior queimar com a visão de um Jeongguk de mãos dadas com o novato. Ou, porque sua respiração falhava quando via o sorriso de coelhinho não ser dirigido a si. Ele só sabia que a dor era constante. Nos últimos dias, eles nem sequer haviam se falado, nem pessoalmente ou por mensagem.

ㅡ Vou para o terraço. – Ele disse e se levantou.

Trocando olhares com Yoongi, Jimin que até então havia se mantido calado, suspirou antes de dizer:

ㅡ Lobinho, ou fazemos algo, ou eles dois vão entrar na faculdade, sem um beijinho sequer.

Yoongi não pôde deixar de concordar.

Porém, apenas, porém, talvez o destino estivesse cansado de ver duas de suas criações sofrendo e tivesse planos para eles.

[°°°]

Cerca de uma semana mais tarde, o destino, a providência, chame como quiser, começou a agir.

ㅡ Gukkie?

Jeongguk ouviu a voz que não era dirigida a si, – por mais de uma semana – e gemeu. Se virando, viu Taehyung parado lhe olhando, de um modo diferente, intenso.

ㅡ T-tae... – O ômega suspirou novamente, Taehyung estava ali, bem à sua frente, vestindo uma calça preta, sapatos pretos com detalhes em amarelo, e um suéter mostarda. Tão estupidamente lindo, que deveria ser crime, ou pecado. ㅡ O que você faz aqui?

Jeongguk quis se bater, eles estavam no mercado, e o que se fazia em um mercado? Consultas médicas? Não, compras.

ㅡ Mamãe me pediu para comprar saquê, ela quer cozinhar algo, que os céus nos ajudem.

Os dois trocaram risadinhas, afinal, a Sra. Kim não era conhecida por ser uma boa cozinheira, na verdade era péssima. Do tipo que trocava sal por açúcar e certa vez havia feito frango assado açucarado.

ㅡ Boa sorte com isso, Tae. E então... Você... – Taehyung nesse momento estava tão próximo, que ele podia sentir seu calor.

Taehyung no que lhe concerne, admirava seu coelhinho, ele estava tão fofo, o moletom azul bebê, lhe cobrindo boa parte das mãos, a calça jeans branca, e os converses azuis. Como o tempo estava frio, o narizinho de Jeongguk, estava com a pontinha vermelha, provavelmente afetado por sua alergia. E ele nunca pareceu mais bonito aos olhos do Kim.

ㅡ E você? O que veio fazer aqui?

Porém, antes que o Jeon pudesse responder, um rapaz alto, com os cabelos castanhos, chegou por trás de si e o abraçou, lhe dando um beijo no rosto.

ㅡ Coelhinho, eu já peguei o que vim buscar, podemos ir?

ㅡ Sim, hyung. – Jeongguk disse e se virou para Taehyung, ㅡ Tae este é... – apenas para ver que o mesmo havia se afastado sem uma palavra.

Estranho, mas ignorando o acontecido, Jeon acompanhou o primo até o caixa e após pagarem pelas compras, eles foram até o carro, onde Hoseok os aguardava, e juntos voltaram para casa. Jeon estava muito feliz por ter a companhia dos primos, que vieram morar com sua família.

[°°°]

Enquanto isso, Taehyung sentia mais uma vez o peito apertar. Finalmente ele havia dado um nome ao que sentia por Jeongguk, quando o via com estranhos, dando uma atenção que até então, era somente sua, ou compartilhada com Yoongi e Jimin.

"Ciúmes"

Mas não um ciúme de amigos, visto que quando Yoongi beijava a face de Jeongguk, não lhe incomodava, ele até gostava de ver o carinho do outro para com seu coelhinho.

Não, esse sentimento que lhe trazia lágrimas de frustração e corroía seu sangue de um modo diferente. Ele não só sentia raiva por ter alguém beijando seu coelhinho, como também queria ser esse alguém.

E como se fosse um clarão, daqueles que iluminavam a noite, prenúncio de tempestade, Taehyung admitiu para si, algo que até então, lhe havia passado despercebido.

Ele era apaixonado pela constelação que era Jeongguk. Isso não era segredo para ninguém.

Mas ali, vendo outro trocando carinhos com seu coelhinho, Taehyung percebeu que não era somente seu lado humano, seu alfa também era apaixonado pelo ômega. E ambos o queriam para eles. Pois somente Jeongguk poderia realmente experimentar plena felicidade.

Eles amavam Jeongguk, e talvez o tivessem perdido.

"Flashes" dos momentos de ambos, os sorrisos trocados, as conversas, os gestos e toques roubados, os momentos que para muitos seriam coisas sem importância, bobagem de adolescentes, passaram pela mente do alfa e ele sentiu seu coração uma vez mais se apertar.

Nem mesmo a reunião familiar, regada ao desastroso jantar que sua mãe havia feito, e tinha acabado em pizza, o havia animado, seu cérebro insistia em manter a imagem do moreno beijando a face branquinha do seu coelhinho, vívidas em seu pensamento. Ele estava tão perdido neles, que nem notou quando seu celular vibrou com uma mensagem.

De Jeongguk.

Unforgivable Love - TaekookWhere stories live. Discover now