Epílogo

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Era uma manhã de sábado, uma manhã cinzenta, prelúdio de um inverno que prometia grandes geadas e muito branco, muitas luas depois do ocorrido com Taehyung e Jeongguk, milhares de luas talvez, quem consegue medir precisamente o tempo? A temperatura estava começando a baixar, no ar podia sentir-se que tudo ao redor mudava, cores, formas, aromas... Tudo parecia resplandecer frente à nova estação. Pessoas iam e vinham, solitárias ou em grupo, perdidas em pensamentos, apenas curtindo a manhã, ou apressadas para ir a algum lugar. Não importa quanto tempo passe, sempre haverá algum lugar para ir e alguém para chegar até esse lugar.

Em um dos bancos da pracinha silenciosa naquela manhã, um casal se abraçava com calmaria, mais a frente, de pé, outro se beijava, suavemente, porém caros viajantes, o foco não é esse, o objetivo desse nosso novo encontro é outro. E ele brilha suavemente sob a luz pálida do sol que entremeia tímido por entre as nuvens, como se sorrisse timidamente para a manhã.

No balanço do parque, praticamente vazio àquela hora da manhã, duas crianças brincam, sozinhas e perdidas em sua própria solidão. Uma delas possui olhos tão azuis quanto o céu num dia de verão sem nuvens. Seus cabelos quase brancos, presos em uma bonita trança, enquanto sua pele pálida, era coberta por minúsculas pintinhas que poderiam ser comparadas às estrelas de um céu de verão.  A outra criança, um menino, possuía olhos de um dourado tão belo quanto o ouro líquido que dizem que habita nas cavernas dos anões das histórias que nos contam quando somos pequeninos, e cabelos tão escuros quanto a própria noite sem luz. Sua pele era levemente mais amorenada que a da menina a se balançar ao seu lado. Ambos não se conhecem, ou pelo menos não se lembram um do outro, mas a pequena lua e o sol, marcados em suas peles, contam algo diferente, suas marcas são velhas conhecidas, tão antigas quanto o próprio tempo, e elas brilham, encobertas pela roupa espessa, porém, felizes pelo reencontro, como se soubessem que a sua jornada acaba de chegar ao fim, ambas as marcas reconhecem o seu lar. Reconhecem o fim da espera.

Eles são jovens demais para entender, mas sentem o chamado, e timidamente trocam olhares, azul no dourado, o nascer do sol, cumprimentando calmante o escuro da noite. Os sorrisos são tímidos, talvez por ambos faltarem alguns dentinhos… as mãozinhas gordinhas coçam de uma vontade inexplicável de tocar o outro, porém a vergonha, vergonha do conhecer os impede. Então eles se olham.

— Oi, eu sou o Höör. Eu sou um alfa, meu titio Goo, disse que eu vou ser o melhor deles. Você quer brincar comigo?

— Ragni, eu sou a Ragni, e meu irmão Tata, disse que eu sou uma ômega, a mais linda de todas. E sim, eu quero brincar com você alfa Höör, o maior!

— Então vamos até o escorregador, ômega Ragni, a mais linda?

Então as duas crianças se dão as mãos, e correm a  brincar, sob o olhar atento de dois homens, que estavam lado a lado, porém distantes, na grade do parque. Os dois trocam olhares, um sorriso cálido, e voltam a observar seus pequenos juntos. Um calor aquecendo seus corações solitários, e fazendo com que ambos voltem a se olhar, como se fossem velhos conhecidos, talvez de uma outra vida, ou quem sabe do início das eras…

— Eu sou Taehyung… E não sei dizer como, sinto como se fossemos velhos conhecidos, nós dois já nos vimos antes?

— É um prazer te conhecer Taehyung, e quem sabe de um sonho… Ah, e a propósito, sou Jeongguk…

Quem sabe o que o Destino lhes reserva? Só o tempo poderá dizer…

Afinal somos meros espectadores de um livro maior, escrito pelas mãos sábias de Moros e lacrado pela sabedoria de Kairós…

— Como você acha que a história terminará dessa vez meu caro Destino? — O senhor do Tempo, Kairós perguntou ao ver o seu amado fechar o livro dourado, que guardava a história do Universo em sua gaveta preferida, a dos mistérios…

Moros selou a gaveta com um fio dourado, e virando-se na direção de seu querido deus, não pôde deixar de se alegrar com a visão do tempo, mais ainda porque preso em seu dedinho, o fio vermelho do Destino, entremeado ao dourado do Tempo, os conectam…

— Eu não sei, o que importa é que eles finalmente viverão, e nós meu amado? Apenas seremos espectadores da jornada por vir…

E juntos, mãos entrelaçadas, o casal se esvaiu no ar, com a certeza de que tudo correria conforme deveria ser, dores viriam? Claro, não há como evitá-las, porém seria escolha deles como as experimentariam…

E assim fechamos o livro do Destino, o que virá a seguir não nos pertence, embora saibamos com certeza que o que quer que seja, acontecerá.

Unforgivable Love - TaekookWhere stories live. Discover now