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Dizem que nas sombras habitam segredos inconfessáveis. Acredito nisso, porém também acredito ser após os períodos mais sombrios, que a luz mais bela surge.

Abrindo as nuvens e deixando brilhar o sol, outrora escondido. Muitos temem as sombras, eu temo a luz que nunca se apaga. E mais uma vez estou aqui, alguém aí do outro lado para me ouvir meu chamado? Se não, deixarei aqui, novamente as memórias guardadas em minhas páginas. Algumas mais borradas que outras, quase ilegíveis, porém escritas em verdade.

Já ouviram dizer não haver limites quando se ama? Creio haver sim, e o limite depende de quantas vezes permitimos que o ser amado, parta nossos corações.

Um coração pode ser mortalmente ferido e ainda assim continuar batendo, pois, no final, quem padece é a alma. Ela que sofre os ataques que não conseguimos evitar...

E para o nosso casal e namorado e machucado, eu ouso dizer que os ataques começam agora... Taehyung e Jeongguk não entraram mais em contato nos dias que se seguiram, o alfa precisou viajar até Roma, tinha uma reunião inadiável na cidade, e o ômega tampouco sentiu a necessidade de conversar com o mesmo.

Ragni, seu ômega, ou melhor dizendo, sua ômega, — ele ainda não havia se acostumado com a descoberta de que seu lobo, era, na verdade, uma enorme loba Branca — e ainda mais, que ela era outrora, tão humana quanto si, — forte, decidida e um dos pontos que ajudaram seu lado humano a suportar todas as incertezas, Jeongguk devia a Ragni, ter seu filhote saudável, afinal a outra não se entregara, mesmo na ausência de seu alfa e tendo sido rejeitada pelo mesmo. — estava inquieta. Ele só não sabia o motivo, principalmente quando a mesma era tão calma.

[°°°]

Enquanto Taehyung se entregava aos negócios, indo de encontro em encontro, reunião e reunião, Jeongguk testou novas receitas com Seokjin, ambos sempre focados em fazer o novo restaurante se tornar o melhor. Porém, algo mais importante povoava a mente dos ômegas: o aniversário de Minsoo, que seria em poucos meses.

O pequeno filhote, era apaixonado por um desenho chamado Peixonauta, embora este fosse um tanto quanto antigo, o Jeon havia achado ótimas decorações na 'internet' para usar de modelo.

Ele estava sentado em umas das mesas, olhando o notebook, procurando por mais itens, quando ouviu passos, característicos de Dyllan, seu antigo colega de curso e ex-noivo.

— Como vai Jeon? — o outro não esperou por uma resposta, sentou-se logo a sua frente. — Você parece bem, muito gostoso por sinal.

Jeongguk só então percebeu, dada às atitudes do outro, que ele havia bebido. E Wang bêbado, não era fácil. — Respondendo a sua pergunta, eu vou bem Dyllan, e você? Pelo que posso notar, você bebeu, só assim para esquecer que eu não gosto quando se dirige a minha pessoa assim.

O outro o olhou, o olhar lascivo, descendo pelo rosto do ômega, correndo pela clavícula exposta, os lábios sendo mordidos, como se recordasse do que não podia ver. Jeongguk estremeceu. Aquele não era o bom amigo que estava acostumado, seu Dyllan era divertido, educado, nunca o olhava daquele modo altamente sexual, nem mesmo nas raras vezes que haviam ido para a cama, e foram realmente poucas.

— Assim como? Como o gostoso que você é? Ou como o vadio que foi sempre? Agora entendo o motivo pelo qual eu já não sirvo mais, o Kim está de volta. Então o doce Dyllan sai de cena, para que o alfa que não te quis, possa te catar do chão novamente. A voz de Wang exalava veneno, raiva, assim como sua presença.

Embora fosse um alfa comum, ele ainda tinha uma presença forte. Mas graças a Luna, Ragni não se sentiu intimidada. — Eu não terminei nosso noivado devido a Taehyung, eu acabei nosso noivado, por não ser justo conosco, que eu me casasse sem te amar, e é ainda mais injusto, essa cena que você está tentando fazer Dy, não é como se você não soubesse disso, ou até mesmo me amasse. — Mesmo sentindo raiva, o Jeon recusava-se a se rebaixar igual ao outro. — Então eu te aconselho a ir. E parar de conduzir esse papel.

Sorrindo, Wang se levantou, não pelas palavras do outro, e sim por reconhecer os outros dois alfas caminhando para si: Kim Namjoon, e Jung Hoseok. Primos do Jeon, e maridos do outro dono do local, Seokjin. — Eu já vou caro Jeon, mas serei generoso com você, e te dar algumas informações grátis, em memória aos seus gemidos manhosos. Taehyung não te quis uma vez, ele não vai ter querer novamente. Você foi só um joguete nas mãos de pessoas maiores que você e mais inteligentes, se eu fosse você, pegaria o pirralho e voltaria de onde veio. É mais seguro, afinal, um rejeitado é sempre um rejeitado. — e com isso, ele se virou e saiu caminhando, cumprimentando os alfas com um breve sorriso.

Talvez aquele fosse realmente o fim de Jeongguk e Dyllan, o fim de uma amizade que talvez não tenha sido tão amável assim, não tão plena de verdades e bons sentimentos quanto o nosso ômega imaginava. Afinal, um pensamento sombrio se fez presente em sua mente.

Dyllan teria algo com o que houve? E se tivesse, qual motivação o outro teria? Foram muitas as perguntas que o Jeon se fez, e todas tinham a mesma resposta: Dyllan era primo de Annelise.

No entanto, os pensamentos do ômega foram findados, quando os alfas pararam a sua frente e o puxaram para um abraço caloroso e cheio de saudades. E ali, no abraço quentinho, com cheiro misturado de verbena e menta, o ômega percebeu, que às vezes os corações partidos, e as almas cansadas, tem sim, para aonde voltar, alguém a sua espera, a sua casa, não eram somente ele e seu filhote, eram os amigos que nunca lhes deixaram a sós.

Ali no meio de pessoas que o amavam incondicionalmente, Jeongguk percebeu que o coração pode sim, se curar, que ele era capaz de se regenerar e que o remédio para isso acontecer, era a aceitação mútua, daqueles que verdadeiramente nos amam.

[°°°]

Enquanto o ômega percebia que lar é mais que uma casa e um palavra diminuta, o alfa caminhava por entre os corredores de um ‘shopping’, parando em frente a ‘vitrine’ de uma loja, observando com atenção o que estava exposto ali: uma pelúcia de um coelhinho, com orelhas azuis e uma gravatinha roxa, — de alguma forma, a pelúcia lhe recordou Jeongguk na formatura do colegial, e tomado de uma saudade única, o Kim entrou na loja, saindo de lá, algum tempo depois, levando não somente o dito coelhinho, mas também a família inteira deste. E pela primeira vez em longos dias, ele sorria. Sorriso este que se desfez ao ouvir seu telefone tocar, porém, o nome na tela, era de alguém muito importante, importância essa que nesse momento, ele não saberia descrever, afinal não sabia quem estava lhe ligando, se a Annia que subia em árvores consigo e comia biscoitos roubados da cozinha em segredo, ou a Annelise que havia mentido para si, e para Jeongguk.

E Taehyung tinha medo de descobrir, pois, fosse qual fosse a verdade, ela doeria no coração do alfa e tornaria sua vida uma mentira.

Respirando fundo, ele atendeu.

Unforgivable Love - TaekookWhere stories live. Discover now