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— Can, é melhor você ficar bem aqui e torcer pelo meu Departamento!

Àquela altura, toda a arquibancada estava lotada de alunos torcendo pelos seus respectivos Departamentos, junto aos sons rítmicos das baterias que serviam como trilha sonora para o momento de animação unânime.

Todos estavam gritando e berrando em encorajamento aos jogadores no campo, mas Kirakorn, mais conhecido como Macaco Albino pelos alunos da Universidade, estava apenas sentado em um canto da arquibancada, o rosto pálido feito papel virando-se, eventualmente, para encarar a pessoa sentada a apenas algumas cadeiras de distância.

Sua reação foi estranha o suficiente para Pond seguir a direção de seu olhar até encontrar o culpado do desconforto atípico de Can.

— Você ainda odeia o amigo do Pete? — perguntou, mais curioso do que preocupado. — Ele não parece um babaca para mim, para ser bem sincero. Nós já nos esbarramos várias vezes até agora, e sempre foi de boa. — Can não respondeu, incentivando Pond a reformular: — Certo, ele meio que age como se nós não existíssemos, mas, pelo menos, não sai dizendo um monte de merda na nossa cara, né?

Diante de uma nova falta de respostas, o meio-italiano começou a rir. Ele conhecia Can bem o suficiente para saber que, se o rapaz odiasse alguém, manteria o ódio até a morte. E um homem feito Tin — que já havia recebido até um soco na cara — deveria manter distância do estressadinho o quanto fosse possível.

No entanto, independente de como olhava para a situação, o colega de Pete ainda não parecia de todo mal para Pond. Ao menos, não tanto quanto Can fazia parecer — com exceção dos movimentos estranhos que fazia eventualmente na direção do namorado de seu melhor amigo. Se levasse aquilo em consideração, a história mudaria um pouco, porque, veja bem, naquele dia em específico, por exemplo, era evidente que Tin só estava com eles para poder acompanhar Pete. E todas as pessoas ao redor pareciam distraídas com a beleza dos dois rapazes juntos, incluindo — especialmente — Ae, apesar de estar lá longe.

Pond conseguia ler a mente do seu amigo mesmo com toda a distância entre os dois, porque, se Ae pudesse chutar a bola diretamente para o rosto de Tin, com certeza o faria. Chegava a ser hilário que, mesmo naquela situação toda, Ae ainda conseguisse dispor sua atenção a Pete de modo a ficar com ciúmes dele ao lado de Tin.

E o mestiço só conseguia pensar no quanto tudo seria ainda pior se Tin soubesse do relacionamento de ambos. Porque ele ainda não sabia, certo? Ou sabia? Parecia improvável demais.

— Ele é muito pior do que você imagina — resmungou Can, por fim, ainda incomodado o suficiente a ponto de motivar Pond a olhar novamente na direção do homem que lia alguma coisa em um iPad.

Não fazia sentido que alguém fosse a uma partida de futebol para ficar lendo em um iPad, o que, para Pond, parecia a primeira e única coisa realmente horrenda naquele cara. Afinal, por que se incomodar em ir até ali para ficar lendo algo estúpido em um eletrônico? Até então, aquela havia sido a atitude mais repugnante vista em Tin.

Só que, principalmente depois das insistências de Can sobre a má índole do rapaz, o interesse de Pond cresceu mais e mais sobre o estudante que tanto parecia ocupar a mente de seu amigo nos últimos dias. Por isso, moveu-se para mais perto de Can e diminuiu o tom de voz ao perguntar:

— O que está rolando entre vocês dois?

— O quê? — Can torceu uma careta forte. — Não está rolando absolutamente nada.

— Mas você disse que ele é muito pior do que eu imagino — explicou Pond. — O que quis dizer com isso? O que ele fez que eu não sei? Vamos, me diga. Onde? Quando? Como?

Love by Chance (pt-br)Where stories live. Discover now