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Eram dez horas da noite quando o telefone de Ae começou a tocar, e ele teve certeza de apenas duas coisas: (1) Sun realmente falava muito alto quando estava reclamando de algo e (2) ser melhor amigo de Pond servia apenas para lhe trazer estresse.

Que merda! O imbecil do Pond está usando o celular como apoio de livros, por acaso?! Ele não atende as porcarias das minhas ligações!

Ae afastou um pouco o celular da orelha e respirou fundo, tentando conter a impaciência.

— Ele deve estar comendo ou tomando banho. Sei lá.

Ah, você não está com ele?

— É claro que não. Ele é chato demais.

De qualquer forma, quando vocês se virem, avisa que os nossos planos pra viagem de Hua Hin¹ mudaram e que eu tenho uma nova sugestão de destino.

Do que você está falando?

— O Pond te contou que o Dear está com um cara, né? Acontece que esse cara ia viajar com a gente, e agora estamos sendo convidados pra ficar na casa dele em Thon Buri², com alimentação, hospedagem, carro e diversão inclusos! Dá pra acreditar, mano?

— Você quer saber o que eu acho mesmo disso? — perguntou Ae, sem tirar os olhos do livro aberto à sua frente, a risada alegre e satisfeita de Sun ainda saindo do outro lado da linha.

Não — respondeu ele antes que Ae pudesse continuar. — Só estava comentando, mas é claro que recusar seria a decisão mais imbecil do mundo. De qualquer forma, avisa o Pond por mim, ok? Se ele quiser fofocar sobre os detalhes, diz que é pra ligar pra mim e não pro Dear, porque ele ainda não sabe de nada.

— Aposto que ele só quer saber de ler a Bíblia. — Ae não conseguiu evitar a risada com a própria piada sobre Dear, que afundava em um medo tão grande sempre que se aproximava das provas que acabava pegando a Bíblia para ler todo tempo livre que encontrava, sendo que ele só perdia para o Diew no quesito notas.

Sun começou a rir também.

Você não pode falar nada porque eu aposto que está se matando de estudar agora mesmo pra não ficar de exame! No meu caso, ficar até o final das provas sem quebrar a cabeça com essas coisas já vai ser um momento de glória.

— É claro que eu estou estudando! — esbravejou Ae. — Você e o Pond são iguaizinhos, e eu é que não quero afundar no mesmo barco que vocês.

Balançou a cabeça quando Sun começou a rir alto, sempre indignado com a mentalidade absurda e incompreensível que ele e Pond tinham; os dois dividiam o mesmo neurônio, sem dúvida alguma, e ficar perto deles era sempre um desafio para a sua sanidade mental.

Eu prefiro dizer que nós dois sabemos como nos divertir — retrucou Sun, ainda com aquela voz de quem está sorrindo de um jeito atrevido. — Eu diria que você também precisa se libertar um pouco dessa prisão dos estudos, Ae, ou vai acabar ficando tão estressado que nada vai conseguir te acalmar, nem mesmo aquilo.

Ae revirou os olhos e jogou a cabeça para trás, livrando-se do pouco de descontração que estava começando a sentir até alguns segundos antes.

— Se não tem mais nada pra falar, eu vou desligar. Tenho prova amanhã.

Prestes a encerrar a chamada, a porta do quarto abriu e, como se as energias do ambiente fossem atrativas para chamá-lo na hora certa, Pete entrou no quarto vestindo seu conjunto de pijama e com uma toalha úmida jogada sobre o ombro.

— Terminei meu banho, Ae. Pode ir agora se quiser.

Sem ter deixado de ouvir o que parecia bastante pertinente no momento, Sun exclamou:

Love by Chance (pt-br)Where stories live. Discover now