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P E T E

Faz apenas alguns dias desde que aceitei namorar com Ae, e tudo parece bom demais para ser verdade.

No dia do pedido, eu estava tão chocado que não soube nem o que fazer. Mesmo gostando tanto assim dele — mesmo amando ele, no momento em que ouvi sua declaração, meu coração quase implodiu.

Até minha mãe percebeu que algo havia acontecido, porque eu nem mesmo fui capaz de esconder meus comportamentos estranhos.

— Pete, filho... Você está diferente — disse ela naquela noite, notando minhas atitudes suspeitas. — Aconteceu alguma coisa hoje?

Sua pergunta foi feita de modo casual, mas inesperada demais para não me fazer corar. Ainda mais quando lembrei do que havíamos feito no vestiário, ficando difícil demais para eu sequer conseguir olhar o seu rosto.

Eu sei bem que, quanto mais escondo as coisas de minha mãe, mais ela nota que tem algo acontecendo, mas realmente não consigo dizer nada. Sem chances.

Além de que há outro problema me perturbando desde aquele dia...

Acontece que depois de oficializarmos nosso namoro, não estou mais conseguindo ligar para Ae. Mesmo a menor das mensagens parece uma tortura para ser enviada. Eu nunca sei o que falar, como falar. Era mais fácil quando éramos apenas amigos, porque eu não precisava ficar me preocupando com essas coisas.

Além do mais, Ae não é o tipo de pessoa que manda mensagens longas. Durante os últimos dias, as mensagens que temos trocado pelo LINE durante as manhãs e tardes, na verdade, se resumem apenas a algumas figurinhas. Só.

Mas, apesar de tudo, apesar das nossas interações curtas, ainda existe esse sentimento maravilhoso o suficiente para me fazer sorrir o dia inteiro, o tempo todo.

Estive tão avoado, sem conseguir pensar de modo coerente, que até o assunto envolvendo Tin foi deixado de lado, mesmo que seja impossível esquecê-lo por completo. Quando cheguei em casa depois daquela tarde, lembrei que havia o deixado sozinho no campo de futebol, além do fato de que Ae gritou bastante com ele, o que me deixou com um sentimento tardio de culpabilidade e arrependimento. Eu realmente quis ligar para Tin e me desculpar, mas não tive coragem para isso.

Não tive coragem, porque ele, provavelmente, já deve suspeitar do que está acontecendo.

Mas não precisei pensar por muito tempo sobre contatá-lo, porque ontem, quando eu estava distraído o suficiente para não esperar por algo assim, acabei por me surpreender com uma curta mensagem de Tin. Ele dizia que queria me encontrar durante a tarde de hoje, então, inevitavelmente, o alívio tomou conta de mim. Não sei dizer o que ele tem em mente sobre os eventos daquele dia, mas estando bem o suficiente para tomar a iniciativa de me mandar uma mensagem, mesmo depois de tudo, já é o bastante para me deixar feliz.

Porque independente do que aconteceu, ainda considero Tin meu amigo. E mesmo se ele nunca mais quiser olhar para mim, ainda vou considerá-lo como tal.

É por isso que, hoje, chego no campus mais cedo do que estou acostumado. Meu compromisso com Tin está marcado para a tarde, mas não vai doer se eu aproveitar a oportunidade para me encontrar com Ae, certo? Sem contar que já falei que estava vindo, então, quando chego no estacionamento, ele já está me esperando ao lado de sua bicicleta.

Meu rosto fica mais quente quando o vejo aguardando por mim.

É porque esse vai ser o primeiro dia que vamos nos encontrar como um casal.

Ah, meu Deus, o que eu deveria fazer? Eu não sei se consigo olhar para o rosto dele.

— Bom dia... — cumprimenta Ae, assim que eu chego perto o suficiente para parar ao seu lado.

Love by Chance (pt-br)Where stories live. Discover now