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Bem cedo de manhã, Pete já estava dirigindo ao redor do campus. Em um dia normal, ele iria direto para o estacionamento, com medo de não conseguir encontrar uma vaga disponível para o seu carro, mas, naquele dia, acabou conduzindo seu veículo para o campo de futebol.

— Ah, por que eu vim até aqui? — perguntou a si mesmo, observando o campo vazio e alguns estudantes que estavam por perto, esperando pelo ônibus-circular que deveria passar em breve.

Depois de brincar com a coroa de flores pendurada no retrovisor do carro, ele olhou para baixo, para as próprias mãos repousadas sobre os joelhos. Sentiu, primeiramente, os dedos começarem a esquentar em cima das pernas, mas logo seu rosto inteiro estava corando.

— Pete, Pete... — murmurou. — Você, por um acaso, pensou que seria fácil encontrar ele acidentalmente por aqui?

Após o autoquestionamento, Pete ergueu a cabeça e olhou para o vasto campo de futebol à sua frente. Decidiu esperar mais um pouco, esperançoso de que aquele rapaz estivesse correndo por ali ou, quem sabe, fazendo alguma outra coisa às sete horas da manhã. Com esse pensamento, inclinou o banco de couro dentro de seu carro luxuoso e descansou sobre o encosto confortável por alguns minutos.

Pete sabia muito bem que aquela situação seria inevitável. Apesar de o garoto ter lhe dito que poderia procurá-lo caso acontecesse alguma coisa, nada mudava o fato de eles terem se encontrado apenas duas vezes antes. Como Pete poderia simplesmente ir até ele, sem nenhum motivo aparente? Além disso, ele estava falando sério quando disse que Pete poderia aparecer a qualquer momento?

O simples pensamento já foi o suficiente para deixá-lo envergonhado.

Tímido, enquanto era invadido por inúmeros questionamentos, esperou pela pessoa que tanto queria ver. Após aguardar por quase vinte minutos, estes que correram lentamente apenas para provar que o aluno baixinho não apareceria, Pete resolveu ir para o estacionamento.

No trajeto para o seu novo destino, ele ainda dirigiu ao redor de metade da faculdade uma última vez, antes de, enfim, demonstrar todo o seu desapontamento pela ilusão de achar que acabaria esbarrando em seu salvador só por estar no Departamento de Engenharia.

— Há três prédios no Departamento de Engenharia, então como você poderia encontrá-lo? Como pode ser inocente igual a uma criancinha, Pete? — Ele suspirou com tristeza, chegando ao estacionamento às oito horas.

Apesar de ter gastado mais de meia hora, Pete não se sentia realmente arrependido. Enquanto tivesse a chance de encontrar aquela pessoa gentil que o ajudara, seus esforços valeriam a pena.

O que o jovem menino não sabia era que ele e seu salvador estavam apenas a cinco minutos de distância um do outro.

• • •

— Ae, pedala mais rápido, nós vamos nos atrasar!

Uma velha bicicleta voava com rapidez através do campus, atraindo grande parte da atenção dos outros transeuntes.

O rapaz sentado no banco traseiro, que continuava a gritar para que todos pudessem ouvir, era um homem realmente alto, enquanto o ciclista não passava de um garoto significativamente mais baixo. Ninguém pensaria que uma pessoa tão baixa pudesse pedalar em uma velocidade tão alta, ainda mais com um passageiro daquele tamanho às suas costas, mas o ciclista parecia fraco? Nem um pouco.

Ele estava pedalando muito rápido e, mesmo assim, sem nenhum esforço aparente, apenas expressando eventualmente um grande desgosto acerca da pessoa atrás de si.

— Anda logo! Mete o pé, cara! Da última vez que eu fui pego jogando na sala de aula, recebi uma bronca gigantesca daquele sapo quatro-olhos. Se eu me atrasar agora, definitivamente vou morrer!

Love by Chance (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora